quarta-feira, 20 de abril de 2016

O Elitismo Gastronômico das elites brasileiras.



Figura 1 - Existem pessoas dispostas a pagar quase 200 reais por esta lagosta

Por Lucas Novaes.

Os últimos meses no Brasil foram marcados por intensas disputas políticas que antecederam a recente primeira etapa do processo de impeachment da atual presidenta Dilma Rousseff e que foi votado pelos mais de 500 deputados federais. Nesse processo de confrontação, é comum a “ridicularização” do lado adversário por ambas as partes. Faz parte do jogo político e, às vezes, tais atos não tem muito a dizer aos que não fazem parte dessa luta. Porém, algumas dessas demonstrações de escárnio revelam um certo teor elitista presente no pensamento de muitos brasileiros. A recente taxação dos militantes pró-governo como “mortadelas” por parte de grupos rivais, mais do que ridicularizar os trabalhadores e manifestantes que não necessitam de grandes quantias de dinheiro para defender seus ideais partidários, revela a mentalidade de que se deve consumir e esse consumo deve custar a mais alta quantia possível, mesmo quando relacionado a um assunto essencial para a vida humana: a alimentação.

O mandamento de que se deve desprezar alimentos economicamente viáveis mesmo quando eles fornecem a energia necessária para horas de atividades só tem a favorecer os donos do poder financeiro. Os grupos de militância antipetista instaurados no Brasil hoje contam, muitas vezes, com o dinheiro de organizações ricas com interesses que vão contra o trabalhador. Alguns dos movimentos anti-PT incluem o Movimento Brasil Livre, Instituto Misses Brasil e o Estudantes pela Liberdade. Todos eles contam com o financiamento de multimilionários estrangeiros. Que moral tem esses grupos para criticar as organizações sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) por não ter o poder financeiro necessário para oferecer pratos exóticos e caros para seus seguidores?  Nenhuma.


Figura 2 – Nas redes sociais, convencionou-se vincular o pão com mortadela aos trabalhadores e a coxinha à classe média despolitizada.

As preferências alimentícias dos trabalhadores não devem ser expostas com a intenção de que sejam ironizadas. Considerando que a maioria do povo brasileiro não faz parte das classes mais altas (ou das médias que se consideram altas), as opções alimentares do mesmo são mais limitadas, mas certamente não menos dignas. Muitos de nós não têm condições (nem vontade) de visitar os restaurantes mais caros dos Shopping Centers durante o intervalo para almoço de seus trabalhos. Pagar 40, 50, 60 ou mais reais por um prato de comida não é uma realidade universal. Devido a isso, popularizaram-se as chamadas “quentinhas” vendidas em restaurantes comuns do comércio popular. Muitas delas oferecem comidas gostosas e de qualidade por um preço acessível (geralmente de 10 a 20 reais) e, por isso, são alternativas ao elitismo gastronômico dos estabelecimentos alimentícios voltados para o público pertencente às classes sociais mais abastadas. Rejeitar os estabelecimentos supercaros que não oferecem qualquer custo benefício e sim “Status” é fazer parte da resistência. 


Figura 3 - Um “rolezinho” feito por funcionários dos Correios

REFERÊNCIAS:
http://www.e-konomista.com.br/d/pratos-brasileiros-mais-caros-do-brasil/
https://www.facebook.com/EsquerdaRevolucionaria/photos/pb.484149994993623.-2207520000.1459757613./1098013423607274/?type=3
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/08/com-pao-e-mortadela-grupo-ironiza-protesto-pro-dilma-na-capital-4829451.html
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizPJjsaA3kSWVj47PXBMdkTmnlTN2Ac9pKL01Z-peBUuIqKW898-vlCpDwS-O4Oc9DMMHV4e5Kzo55fYPz2qXj3nl7LqqwL0oXMuSXbIU8EEeOjBHTidXOJTYuXIMpW8irg0kyxDuzyS4/s1600/coxinhamortadela.png
http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=359380

Um comentário:

  1. E pior que o tacanha do presidente da FIESP, o sionista Benjamin Steinbruch, disse que o trabalhador não precisa tirar uma hora de almoço, pode comer seu pão com mortadela com a mão esquerda e manejar a máquina com a direita. Que filho da puta dos grandes!

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