Figura 1 - Duas figuras. O mesmo fenômeno. Os brasileiros são
enganados novamente.
Por Lucas Novaes
Dentro dos últimos 7
dias, o país parou para ver a Câmara dos Deputados aprovar, por ampla maioria,
a continuação do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Muitos dos 367
votos favoráveis ao prosseguimento vieram de ex-aliados do governo petista que,
vendo a aceleração da crise política e sua consequente polarização, resolveram
abandonar suas alianças. Mas, infelizmente, foi um caricato conflito entre dois
políticos e não a própria votação que tomou, em forma de discussões, conta das
redes sociais.
E é claro que estamos
falando da polêmica envolvendo Jean Wyllys e Jair Bolsonaro (do que mais
poderia ser?). Após o termino da votação, os deputados federais teriam trocado
farpas, levando Jean a cuspir em direção a sua inimizade política número um. No
dia seguinte, a Internet foi inundada de notícias relatando o acontecimento.
Nas redes sociais, esse assunto foi mais repercutido do que a própria
consumação da vitória temporária dos oposicionistas contra o governo. Diversas
páginas de posições ideológicas distintas manifestaram sua opinião sobre o
ocorrido, uns escolhendo o lado do político do PSC e outros estando no lado do
deputado do PSOL. A postagem de Jean Wyllys justificando seus atos recebeu
quase meio milhão de curtidas (muito acima de qualquer publicação na história
do deputado fluminense).
Esse conflito teve
resultados desastrosos, chegando a tal ponto de engatar e difundir ideias
revisionistas de que o Coronel Alberto Brilhante Ustra (conhecido chefe do
DOI-CODI, responsável pela tortura de diversos militantes que se posicionavam
contra a ditadura militar no Brasil) não seria um torturador de fato, ou mesmo
que seus crimes estariam justificados considerando que seus perseguidos
“defendiam também uma ditadura, só que socialista”.
Todo esse conflito
virtual de proporções inéditas nos leva a indagações: o que aconteceu foi um
ocorrido eventual e natural? Seria tudo isso premeditado? Temos que ratificar
que nessa “guerrinha” não houve perdedor algum. Os dois lados envolvidos se
projetaram nacionalmente com ainda mais intensidade. Ganharam milhares de novos
fãs e acionaram a maquinaria de idiotas úteis para propagandearem a seu favor.
Esse fato pode ser comprovado em números pelos mecanismos de estatísticas do
Facebook. Jean Wyllys conquistou 285.128 novos seguidores em um período de 7
dias (um novo recorde semanal, representando um aumento em mais de 3000% se
comparado aos ganhos da semana anterior) em sua página oficial e já pode se
considerar o mais novo “puxador de votos” nacional. Por sua vez, Jair Bolsonaro
(que já detinha o posto de 3º político brasileiro mais popular na rede social
de Mark Zuckerberg e estava com seu crescimento estagnado) ganhou 153.582 novos
seguidores.
A cuspida de Jean Wyllys pode ser considerada a de maior efeito
eleitoral na história deste país. Ela também veio no momento mais oportuno:
vivemos na sociedade do espetáculo e das intrigas pessoais. Atos isolados valem
mais do que discussões e ideais. Coincidência ou não, as duas figuras
promovidas pelo “grande espetáculo” são os maiores exemplos atuais da dicotomia
liberal. Um deles, apesar de se proclamar um “patriota”, adota a agenda
neoconservadora que prega a privatização dos tesouros nacionais, redução do
aparelho estatal (exceto na parte de segurança pública) e apela ao populismo
elitista com toques de (falso) moralismo do tipo protestante. O outro, apesar
de se intitular socialista, despreza as maiores experiências de libertação
nacional da história recente (Coréia do Norte, União Soviética, Irã) sob o
mantra propagado pela imprensa ocidental de que “são países autoritários”. Além
disso, é um promovedor das agendas sociais liberais financiadas pelo dinheiro
de ONGs nacionais e estrangeiras (nesse ponto, o deputado “socialista” defende
os mesmos valores da Globo, considerada golpista pelo PSOL).
Figura 2 - Uma mão...
Figura 3 - Lava a outra...
UM
TERCEIRO ELEMENTO ENTRA NO JOGO: BOLSONARO FILHO
Quando dizemos que as
consequências desse embate foram “desastrosas”, justificamos nossa fala não
somente pelo fato de que dois dos políticos liberais mais nefastos do Brasil
promoveram-se mais uma vez, e tudo isso com o apoio da grande mídia. Para
completar o desastre, Eduardo Bolsonaro (filho de Jair Bolsonaro) também foi
posto em evidência ao tomar partido de seu pai na briga, o que inclui uma
tentativa malsucedida de cuspe à Wyllys. Nas eleições gerais de 2014, o
político do PSC conquistou (apenas) pouco mais de 80 mil votos. Agora, graças
ao envolvimento de seu nome nas discussões virtuais, poderá triplicar ou mesmo
quadruplicar sua quantidade de votos. Sua página oficial no Facebook recebeu
141.859 novos seguidores.
Figura 4 – Achavam que as coisas não poderiam piorar?
QUEM
SÃO OS CULPADOS?
Os editores chefes de
grandes órgãos de imprensa e os colunistas de sites populares devem tomar para
si a responsabilidade por incidentes como esse. São eles que promovem tais
atitudes excêntricas quando premiam os envolvidos com ainda mais cobertura e
convites para entrevistas. Não é por acaso que o crescimento na popularidade de
Jair Bolsonaro começa a decolar a partir de 2010, com suas declarações
polêmicas e intrigas com artistas e outros políticos recebendo cobertura e
convites para entrevistas nos jornais, revistas e canais de TV famosos. O
sensacionalismo midiático é uma característica fortemente presente na imprensa
nacional. Bolsonaro foi alavancado pelo sensacionalismo e, com seu sucesso,
também ajudou a promover Jean Wyllys devido a suas constantes provocações ao
psolista. Isso fez com que essa dupla ascendesse por meio da retroalimentação
eleitoral causada pelas farpas trocadas entre seus apoiadores. A dinâmica é
simples: um puxa votos para o outro e vice-versa. A existência de um só faz
sentido caso esteja adjunta a do outro.
Não é desnecessário
mencionar também que ambos são responsáveis por difundir confusões ideológicas
nas mentes dos jovens. Bolsonaro é visto por muitos como um patriota, um
nacionalista que salvará o país de uma suposta “ditadura comunista do Partido
dos Trabalhadores”. Bolsonaro nada tem de nacionalista. Ele é um liberal
neoconservador com viés de privatização e impele elitismo contra os
beneficiários de programas sociais (diz amar o território tupiniquim, mas
enxerga a maioria de seus próprios cidadãos como “preguiçosos” e “vagabundos”).
Jean Wyllys, por sua vez, também nada tem de socialista. O Socialismo é uma
ideologia coletivista pautada na emancipação dos trabalhadores de todas as
nações. Jean demonstra não comungar com tais objetivos: serve como garoto
propaganda do sionismo (máquina de genocídio contra a população árabe), adere a
uma interpretação individualista e consumista (pró-mercado) do Feminismo e dos
direitos LGBT e está ligado a artistas cosmopolitas do Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO:
O
esclarecimento acerca do real caráter das disputas culturais e midiáticas é a
melhor forma de combater o emburrecimento dos interessados nos assuntos da
política. O blog resistenciaterceiromundista tem esse objetivo e irá continuar
com suas análises políticas rotineiras sob uma perspectiva não liberal.
REFERÊNCIAS:
http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/camara-aprova-prosseguimento-do-processo-de-impeachment-no-senado.html
http://www.portalcafebrasil.com.br/artigos/sua-excelencia-tiririca/
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