domingo, 24 de abril de 2016

O cuspe de Jean Wyllys e suas trágicas consequências eleitorais.


Figura 1 - Duas figuras. O mesmo fenômeno. Os brasileiros são enganados novamente.

Por Lucas Novaes

Dentro dos últimos 7 dias, o país parou para ver a Câmara dos Deputados aprovar, por ampla maioria, a continuação do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Muitos dos 367 votos favoráveis ao prosseguimento vieram de ex-aliados do governo petista que, vendo a aceleração da crise política e sua consequente polarização, resolveram abandonar suas alianças. Mas, infelizmente, foi um caricato conflito entre dois políticos e não a própria votação que tomou, em forma de discussões, conta das redes sociais.
E é claro que estamos falando da polêmica envolvendo Jean Wyllys e Jair Bolsonaro (do que mais poderia ser?). Após o termino da votação, os deputados federais teriam trocado farpas, levando Jean a cuspir em direção a sua inimizade política número um. No dia seguinte, a Internet foi inundada de notícias relatando o acontecimento. Nas redes sociais, esse assunto foi mais repercutido do que a própria consumação da vitória temporária dos oposicionistas contra o governo. Diversas páginas de posições ideológicas distintas manifestaram sua opinião sobre o ocorrido, uns escolhendo o lado do político do PSC e outros estando no lado do deputado do PSOL. A postagem de Jean Wyllys justificando seus atos recebeu quase meio milhão de curtidas (muito acima de qualquer publicação na história do deputado fluminense).
Esse conflito teve resultados desastrosos, chegando a tal ponto de engatar e difundir ideias revisionistas de que o Coronel Alberto Brilhante Ustra (conhecido chefe do DOI-CODI, responsável pela tortura de diversos militantes que se posicionavam contra a ditadura militar no Brasil) não seria um torturador de fato, ou mesmo que seus crimes estariam justificados considerando que seus perseguidos “defendiam também uma ditadura, só que socialista”.
Todo esse conflito virtual de proporções inéditas nos leva a indagações: o que aconteceu foi um ocorrido eventual e natural? Seria tudo isso premeditado? Temos que ratificar que nessa “guerrinha” não houve perdedor algum. Os dois lados envolvidos se projetaram nacionalmente com ainda mais intensidade. Ganharam milhares de novos fãs e acionaram a maquinaria de idiotas úteis para propagandearem a seu favor. Esse fato pode ser comprovado em números pelos mecanismos de estatísticas do Facebook. Jean Wyllys conquistou 285.128 novos seguidores em um período de 7 dias (um novo recorde semanal, representando um aumento em mais de 3000% se comparado aos ganhos da semana anterior) em sua página oficial e já pode se considerar o mais novo “puxador de votos” nacional. Por sua vez, Jair Bolsonaro (que já detinha o posto de 3º político brasileiro mais popular na rede social de Mark Zuckerberg e estava com seu crescimento estagnado) ganhou 153.582 novos seguidores. 
A cuspida de Jean Wyllys pode ser considerada a de maior efeito eleitoral na história deste país. Ela também veio no momento mais oportuno: vivemos na sociedade do espetáculo e das intrigas pessoais. Atos isolados valem mais do que discussões e ideais. Coincidência ou não, as duas figuras promovidas pelo “grande espetáculo” são os maiores exemplos atuais da dicotomia liberal. Um deles, apesar de se proclamar um “patriota”, adota a agenda neoconservadora que prega a privatização dos tesouros nacionais, redução do aparelho estatal (exceto na parte de segurança pública) e apela ao populismo elitista com toques de (falso) moralismo do tipo protestante. O outro, apesar de se intitular socialista, despreza as maiores experiências de libertação nacional da história recente (Coréia do Norte, União Soviética, Irã) sob o mantra propagado pela imprensa ocidental de que “são países autoritários”. Além disso, é um promovedor das agendas sociais liberais financiadas pelo dinheiro de ONGs nacionais e estrangeiras (nesse ponto, o deputado “socialista” defende os mesmos valores da Globo, considerada golpista pelo PSOL).

Figura 2 - Uma mão...

Figura 3 - Lava a outra...

UM TERCEIRO ELEMENTO ENTRA NO JOGO: BOLSONARO FILHO

Quando dizemos que as consequências desse embate foram “desastrosas”, justificamos nossa fala não somente pelo fato de que dois dos políticos liberais mais nefastos do Brasil promoveram-se mais uma vez, e tudo isso com o apoio da grande mídia. Para completar o desastre, Eduardo Bolsonaro (filho de Jair Bolsonaro) também foi posto em evidência ao tomar partido de seu pai na briga, o que inclui uma tentativa malsucedida de cuspe à Wyllys. Nas eleições gerais de 2014, o político do PSC conquistou (apenas) pouco mais de 80 mil votos. Agora, graças ao envolvimento de seu nome nas discussões virtuais, poderá triplicar ou mesmo quadruplicar sua quantidade de votos. Sua página oficial no Facebook recebeu 141.859 novos seguidores.

Figura 4 – Achavam que as coisas não poderiam piorar?

QUEM SÃO OS CULPADOS?
Os editores chefes de grandes órgãos de imprensa e os colunistas de sites populares devem tomar para si a responsabilidade por incidentes como esse. São eles que promovem tais atitudes excêntricas quando premiam os envolvidos com ainda mais cobertura e convites para entrevistas. Não é por acaso que o crescimento na popularidade de Jair Bolsonaro começa a decolar a partir de 2010, com suas declarações polêmicas e intrigas com artistas e outros políticos recebendo cobertura e convites para entrevistas nos jornais, revistas e canais de TV famosos. O sensacionalismo midiático é uma característica fortemente presente na imprensa nacional. Bolsonaro foi alavancado pelo sensacionalismo e, com seu sucesso, também ajudou a promover Jean Wyllys devido a suas constantes provocações ao psolista. Isso fez com que essa dupla ascendesse por meio da retroalimentação eleitoral causada pelas farpas trocadas entre seus apoiadores. A dinâmica é simples: um puxa votos para o outro e vice-versa. A existência de um só faz sentido caso esteja adjunta a do outro.
Não é desnecessário mencionar também que ambos são responsáveis por difundir confusões ideológicas nas mentes dos jovens. Bolsonaro é visto por muitos como um patriota, um nacionalista que salvará o país de uma suposta “ditadura comunista do Partido dos Trabalhadores”. Bolsonaro nada tem de nacionalista. Ele é um liberal neoconservador com viés de privatização e impele elitismo contra os beneficiários de programas sociais (diz amar o território tupiniquim, mas enxerga a maioria de seus próprios cidadãos como “preguiçosos” e “vagabundos”). Jean Wyllys, por sua vez, também nada tem de socialista. O Socialismo é uma ideologia coletivista pautada na emancipação dos trabalhadores de todas as nações. Jean demonstra não comungar com tais objetivos: serve como garoto propaganda do sionismo (máquina de genocídio contra a população árabe), adere a uma interpretação individualista e consumista (pró-mercado) do Feminismo e dos direitos LGBT e está ligado a artistas cosmopolitas do Rio de Janeiro.

CONCLUSÃO:
O esclarecimento acerca do real caráter das disputas culturais e midiáticas é a melhor forma de combater o emburrecimento dos interessados nos assuntos da política. O blog resistenciaterceiromundista tem esse objetivo e irá continuar com suas análises políticas rotineiras sob uma perspectiva não liberal.

REFERÊNCIAS:
http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/camara-aprova-prosseguimento-do-processo-de-impeachment-no-senado.html
http://www.portalcafebrasil.com.br/artigos/sua-excelencia-tiririca/

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