sábado, 30 de abril de 2022

O apoio ao fim da Rússia (texto de Rubem Gonzalez + mais comentários meus)

Hoje eu entendi finalmente o que significa a palavra ódio para a narrativa mundial, a conversa do Big Brother sobre o ódio é muito interessante neste momento, aqui neste espaço por exemplo você pode transbordar ódio à vontade contanto que seja contra o vilão que eles escolheram, você não pode usar ódio ou que eles determinam o que seja ódio contra qualquer um apenas contra o espantalho que eles criaram.

Antes de continuar a conversa é melhor eu chamar o Putin de bandido que é para driblar o algoritmo, vou chamar ele também de opressor misógino homofóbico genocida e assassino cruel, só assim posso ganhar uma medalhinha do grande Zuckerberg. famoso testa de ferro das organizações criminosas que tanto falamos.

Ódio é uma palavra ferramenta, é aquela palavra que pertence ao conjunto de palavras que servem para domar 90% da boiada do mundo, mas ela não trabalha sozinha existem outras palavras e expressões que tem o mesmo peso, democracia, direitos humanos, combate à corrupção, defesa do meio ambiente e outras xaropadas usadas para manter a boiada na linha.

Hoje posso falar que a Rússia é um inferno na terra e que seu líder é um marginal, que seu povo é violento e vive mergulhado não universo de ódio descer minando violência guerras e invasões pelo planeta, com essa narrativa estamos todos a salvo podemos pedir a morte de todo o povo Russo e depois ir à missa porque as redes sociais Americanas abençoaram a gente.

Nós hoje vivemos numa sociedade totalmente falida ética e moralmente, aceitamos como boiada a narrativa imposta acima, a democracia que vivemos é uma piada de mau gosto, a defesa da democracia não difere da defesa de qualquer regime sórdido em última análise um país é tão bom quanto o governo que ele tem e os aliados que ele possui.

Há mais de cem anos com poucos intervalos podemos ver todo mal que a Rússia fez ao Brasil, é só olhar pelas ruas e ver 90% das nossas lojas e condomínios com os nomes escritos em cirílico, só ver as expressões e as músicas russas que invadiram nossas rádios e tomaram conta da nossa Cultura a ponto de aniquila la.

A Rússia nos proíbe de uma série de coisas, invadiu o nosso país com suas montadoras com as suas empresas, já foram obrigados a admitir publicamente que deram um golpe no Brasil e mantém até hoje várias fundações por todo o país arregimentando o que podemos chamar de autoridades brasileiras.

Essas autoridades já é nossa elite, são os suseranos, os capitães do mato dos nossos quizares do Norte, dos nossos bolcheviques que são donos da moeda Mundial e que formam 10 entre cada 10 economistas desse país e assim impõe a sua moeda e seu regime a todos aqui dentro comprando pouco dos nossos e dando a eles a gerência do rebanho.

Esses russos mantêm mais de 800 bases pelo mundo, muitas delas ligadas ao narcotráfico e ao roubo de riquezas dos países, é famosa a sua agência nacional de espionagem roubos e assassinatos, eles também tem mais de 500 mil homens em outros países e ainda mantém uma Frota de 13 porta-aviões pelo mundo para espantar países pobres e colocar a todos no seu lugar.

Eu segurei até onde pude, tentei manter o máximo os ensinamentos humanistas recebidos dentro da minha casa, só que hoje não dá mais, hoje sim hoje eu tenho um discurso de ódio contra os russos, hoje eu posso dizer que queria que todos eles morressem, que todos os seus 500 mil soldados em 800 bases fosse para o inferno, que a sua elite econômica bolchevique morra queimada viva, que suas cidades sejam de Pragas e que as drogas que eles já consomem as toneladas faça um logo efeito e destruam essa sociedade maligna, virada para o mal há séculos.

Rubem Gonzalez

MEUS COMENTÁRIOS

Um ótimo texto do camarada Rubem González, postado no dia 12 de março e disponível no perfil do Facebook dele e que hoje estrou trazendo ao blog.

O que o atual conflito em questão deixa bem evidente e claro a todos nós é que em matéria de soft power a Rússia deixa e muito a desejar. Pelo que vejo, a Rússia, em matéria de soft power, perde até para países como o México, a Turquia e a Coréia do Sul. Quiçá até para a Argentina.

Certa vez, em palestra, Ariano Suassuna diz que os Estados Unidos, para conquistar um país, já não se valiam mais tanto de exércitos e porta-aviões. Bastava enviar cantores como a Madonna e o Michael Jackson.


Muito embora a Rússia tenha uma tradição de produção de desenhos animados (ou como eles mesmos chamam, mul’tfil’m/мультфильм) que remonta aos tempos soviéticos (vide filmes animados como A rainha da neve, de 1957) e de filmes em live-action (tanto que o famoso cineasta japonês Akira Kurosawa trabalhou um tempo na União Soviética e lá produziu o famoso filme Dersu Uzala), esta é pouco conhecida no Ocidente.

A tal ponto que o único desenho russo em exibição na TV brasileira atualmente é Maša e o Urso. Já o caminho inverso foi mais comum: não foram poucas as novelas mexicanas e brasileiras que foram exportadas para a Rússia (entre elas Escrava Isaura, Tropicália e Terra Nostra).

Durante muito tempo, incluindo nos séculos XVIII, XIX e mesmo na atualidade, a França utilizou-se muito da moda, da literatura e mesmo da ciência como forma de expandir-se culturalmente pelo mundo.

Nos anos 1960, 1970 e 1980, Hong Kong, então possessão britânica no Mar Amarelo, exportava para o mundo filmes de artes marciais, estrelados por figuras como Bruce Lee, Jet Li e Jackie Chan e produzidos por produtoras como a Golden Harvest. Tanto que se vocês assistirem ao primeiro Dragon Ball, notarão que este é muito influenciado por esses filmes, em especial nas coreografias de lutas e na questão dos torneios de artes marciais (ao passo que do Z em diante predominam influências de filmes como Superman II, Star Wars, O Exterminador do Futuro e Teito Monogatari). Basta lembrarmos que o nome de guerra do Mestre Kame nos torneios de artes marciais era Jackie Chun. Em Pokémon existem dois pokémons, Hitmonlee e Hitmonchan, cujos nomes claramente aludem ao Bruce Lee e ao Jackie Chan. E que referências ao cativeiro de cinco andares do filme “O Jogo da Morte”, o último trabalho de Bruce Lee em vida, podem ser vistas em Dragon Ball (vide Muscle Tower na saga Red Ribbon), Mortal Kombat, Kill Bill, Bob Esponja (episódio da quarta temporada no qual o ator Pat Morita, o Senhor Miyagi de Karatê Kid, foi homenageado) e tantos outros.

O México, por seu turno, tem toda uma tradição de exportação de novelas para o resto do mundo, as quais geralmente eram exibidas no Brasil pelo SBT. Até houve adaptações de novelas mexicanas para o Brasil feitas pelo SBT, entre elas Carrossel e Carinha de Anjo (cujos textos são de origem argentina, tendo sido escritos pelo dramaturgo argentino Abel Santa Cruz). Também fizeram muito sucesso pelo mundo os seriados produzidos pelo comediante Roberto Gomez Bolaños, o Chespirito, em especial Chaves (originalmente el Chavo del Ocho) e Chapolin (originalmente el Chapulin Colorido), nos quais ele não apenas era o protagonista, como também o escritor dos roteiros. Como também os filmes da era de ouro do cinema de ouro mexicano, estrelados por figuras como Cantinflas (para o qual alguns dos atores que depois trabalharam no Chaves e no Chapolin, como o Ramón Valdez e a Angelines Fernández, trabalharam) e outros.

Também não foram poucas as novelas argentinas exibidas no Brasil como A Estranha Dama, Amor Cigano e Lalola, ou mesmo que ganharam versões brasileiras.  Como foi o caso de Papá Corazón (adaptada pela TV Tupi em 1976 como Papai Coração, a primeira Carinha de Anjo brasileira), La Pícara Sonãdora (adaptada pela Televisa em 1991 com o mesmo título e pelo SBT em 2001 como Picara Sonhadora), Pequena Travessa (originalmente Me llama Gorrión, de 1972, depois adaptada pela Televisa em como Mi Pequeña traviesa entre 1997 a 1998 e pelo SBT entre 2002 e 2003), Chiquititas (que do SBT ganhou duas versões brasileiras) e mesmo novelas infanto-juvenis de grande sucesso como Violetta.

A Turquia nos últimos anos exportou novelas para o mundo, algumas das quais foram exibidas pela TV Bandeirantes, entre elas Fatmagul, A Escolha e Um Milagre.

A Coreia do Sul tem se valido muito do k-pop, no qual são muito comuns conjuntos compostos por garotos e garotas jovens (as chamadas girlbands e boybands), em matéria de soft power. No Brasil, nos últimos anos, não foram poucas as publicação de quadrinhos sul-coreanos, os chamados manhwa. Que diferente do mangá japonês tem leitura da esquerda para a direita. Também tivemos um desenho sul-coreano exibido na TV brasileira, Pucca.

E olha que eu não estou falando nem dos Estados Unidos e nem do Japão.

E a Rússia, pelo que vejo, não teve nada de parecido no quesito soft power. Tanto que em episódios como o da atual guerra contra a Ucrânia ela fica em uma posição muito difícil ante a guerra informativa que é movida contra ela. Vide o caso do massacre em Buča, que foi imputado à Rússia da mesma forma que imputaram o massacre de Srebrenica à Sérvia durante a Guerra da Bósnia (1992 – 1995). A Rússia pode estar vencendo a guerra no campo de batalha, mas no campo da informação (em outras palavras, a InfoWar) a história é outra.

sábado, 23 de abril de 2022

Freeza e Rei Vegeta, parte VIII

 

Foto – Rei Vegeta III.

E com vocês, a oitava parte da série de artigos Freeza e Rei Vegeta, com uma resposta minha ao último vídeo publicado por Lilia Schwarcz no canal do You Tube dela.

Recentemente, mais precisamente no dia 23 de abril de 2022, a historiadora Lilia Schwarcz (a mesma Lilia Schwarcz que há dois anos foi cancelada por tecer comentários nada elogiosos a um clipe da Beyoncé e que em 2019 postou um vídeo em seu canal endossando certos malabarismos linguísticos no português sob o pretexto de combate ao racismo) postou em seu canal no You Tube um vídeo de três minutos e seis segundos de duração para lá de pavoroso, a respeito da descoberta do Brasil (no ano passado, ela postou um vídeo de conteúdo similar sobre o mesmo tema).

Vamos começar com o conceito de descobrimento. Segundo o Dicionário Online de Português, entre os significados do verbo descobrir inclui-se: 1 – tirar o que cobre, protege; 2 – abrir, destampar; 3 – Encontrar o que era desconhecido, que estava escondido, achar; 4 – Divulgar algo nunca divulgado, denunciar, revelar; 5 – Passar a conhecer alguma coisa, constatar.

Levando em consideração os significados da palavra acima listados, fica bem claro e evidente que a historiadora não procura entender a palavra, o termo descobrimento dentro da perspectiva europeia da época. Dessa forma, pode-se dizer que ela cometeu um anacronismo ao atribuir uma visão de algo ocorrido no século XV segundo os valores e princípios atuais.

Ademais, a questão do descobrimento da América não é uma questão de quem teriam sido os pioneiros, se foi os indígenas ou os europeus, e sim de que os portugueses e espanhóis, à época, desbravaram terras até então desconhecidas a eles e o mais importante de tudo: as colocaram no mapa do mundo por meio do processo de expansão marítima deles.

Pioneiro por pioneiro, cabe aqui lembrar que os primeiros europeus que aportaram na América não foram os espanhóis ou os portugueses, e sim os escandinavos, nos séculos X e XI, que sob a liderança de navegadores como Erik o Vermelho e seu filho Leif Erikson estabeleceram colônias na Groenlândia e no atual Canadá (Vinland). Só que como o empreendimento nórdico em Vinland, por uma série de fatores (entre eles a hostilidade por parte dos povos indígenas locais, chamados nas sagas nórdicas de skraelinger), teve vida curta e no fim das contas foi uma aventura sem grandes consequências macrohistóricas, não se diz que Leif Erikson foi o descobridor da América, e sim Cristóvão Colombo. A tal ponto que durante muito tempo acreditou-se que as histórias contadas pelas sagas nórdicas sobre Vinland não eram mais que histórias, até a descoberta em 1960 do sítio arqueológico de L’Anse aux Meadows na Terra Nova.

Da mesma forma que, por exemplo, para os navegadores nórdicos nos séculos IX a XI foi uma descoberta a chegada a terras como as ilhas Faroe, a Islândia, a Groenlândia e a Terra Nova (diga-se de passagem, a expansão viking foi a primeira grande expansão marítima europeia), para os espanhóis e portugueses nos séculos XV e XVI igualmente foi uma descoberta a chegada à América e a outras regiões do globo até então eram desconhecidas a eles. E da mesmíssima forma que para os astecas ou os incas seria um descobrimento eles chegarem à Europa ou à África. Do ponto de vista deles, obviamente.

É como você, quando começar a jogar um jogo como Civilization ou Rise of Nations, se vê diante de um grande mapa todo escuro e com um único ponto claro. Que é o ponto no qual o teu jogo começa. Na medida em que o jogo progride e tuas unidades vão avançando por terrenos até então desconhecidos e começam a fundar cidades, povoados e fortalezas você começa a mapear o que até então estava oculto por uma tela negra. Você está descobrindo o que até então lhe era desconhecido, em outras palavras.

Segundo, ela alega que a chegada dos portugueses ao Brasil atual não foi um descobrimento ou o achamento, e sim uma invasão. Como podemos falar que os portugueses invadiram o Brasil, sendo que o Brasil, como nós o conhecemos hoje em dia, não existia? Sendo que à época o que havia na costa brasileira eram várias tribos que praticavam um estilo de vida caçador-coletor (similar ao que os ancestrais dos atuais alemães e escandinavos levavam na Antiguidade e em grande parte da Idade Média), que constantemente viviam em conflitos umas com as outras e que ao contrário dos maias, dos astecas ou dos incas nunca formaram nenhuma grande civilização?

Fazendo uma analogia, isso seria a mesma coisa que dizer que o Império Romano invadiu a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a Bulgária ou a Romênia nos primeiros séculos da Era Cristã, que o Império Árabe-Islâmico invadiu o Egito, a Líbia, a Argélia, a Tunísia, o Marrocos, Portugal e Espanha nos séculos VII e VIII, que o Império Mongol invadiu o Iraque, a Síria, a Turquia, o Paquistão ou a Romênia nos séculos XIII e XIV, ou que o Império Russo conquistou a Ucrânia e Belarus durante as partilhas da Polônia no final do século XVIII, durante o reinado de Catarina a Grande (1762 – 1796).

Terceiro, ela alega que os portugueses massacraram milhões de indígenas durante o processo de colonização daquilo que mais tarde veio a se constituir como o Brasil e que houve um genocídio à época da colonização.

Foto – Lilia Moritz Schwarcz.

Sim, de fato, houve o despovoamento das Américas durante o referido processo, por conta de diversos motivos (tais como guerras e epidemias trazidas pelos europeus, contra as quais o organismo ameríndio não tinha defesa imunológica). Entretanto, a fala dela durante o vídeo me passa a impressão de que ela pensa que antes de 1500 não havia conflitos entre os povos indígenas que aqui viviam e que havia a mais completa e total harmonia entre eles.

Como será que a Lilia Schwarcz pensa que grupos indígenas como os tupis se expandiram pelo interior e pela costa brasileira nos séculos X e XI? Distribuindo flores aos grupos indígenas que até então estavam estabelecidos por essas bandas? Ou foi desalojando tribos rivais, os vencendo em combate e eventualmente os absorvendo (ao menos parcialmente)? Óbvio que foi a segunda opção. Nisso, muito sangue de tribos indígenas rivais (entre eles os tapuias) foi derramado. Parece que para ela os indígenas que aqui viviam antes de 1500 nunca tiveram passado de conquistadores, verdadeiros bons selvagens à imagem e semelhança das ideias de pensadores europeus dos séculos XVI a XVIII, como Erasmo de Roterdã, Tomas Morus e Jean Jacques Rousseau.

Quarto, que houveram de fato levantes e motins contra a colonização portuguesa, mas ao mesmo tempo ela omite o outro lado da história (não sei se por ignorância ou má fé): de que durante o mesmo processo colonizador não foram poucos os casos de tribos indígenas que se aliaram aos portugueses. Nos quais determinados grupos indígenas buscavam o auxílio lusitano contra grupos indígenas rivais. Vide o episódio da França Antártica, no qual os portugueses contaram com o apoio dos tupiniquins e guaianás, enquanto que os franceses se aliaram aos tupinambás e goitacazes. E como se, por exemplo, não houvesse uma forte presença indígena entre os bandeirantes (diga-se de passagem, a expressão bandeira veio do costume tupiniquim de levantar bandeiras em sinal de guerra).

A fala dela passa a impressão de que tais interações entre indígenas e portugueses nunca existiram. Parece que ela analisa as relações inter-raciais do período colonial brasileiro segundo o parâmetro das relações inter-raciais dos Estados Unidos (onde não houve o mesmo grau de miscigenação que houve nas Américas Portuguesa e Espanhola).

Nessas alianças entre portugueses e indígenas, era comum chefes tribais indígenas fornecerem suas filhas aos colonizadores, por meio da prática do cunhadismo. Que era uma antiga prática indígena que consistia de incorporar estranhos à comunidade através do casamento com mulheres de uma tribo. Graças a tais casamentos entre portugueses e mulheres indígenas, surgiu um extrato mestiço na América Portuguesa (futuro Brasil). Parem e pensem: no começo da colonização portuguesa, o português que veio para cá era de um número bem reduzido em comparação com os indígenas. Sem costurar tais alianças com certas tribos indígenas, seria impossível para a colonização portuguesa vingar e dar origem ao Brasil que nós conhecemos.

O discurso de Lilia Schwarcz é, a meu ver, bem perigoso. Pode não ser a intenção dela, mas é um discurso que ao ficar remoendo todos esses episódios sem levar em conta as diversas nuances das relações entre portugueses, indígenas e negros, legitima coisas como, por exemplo, depredações e incêndios de estátuas de figuras como Pedro Álvares Cabral, Borba Gato e outras figuras importantes para a construção do Brasil como nós o conhecemos.

E, como se trata de uma historiadora renomada na academia brasileira, famosa por ter publicado obras sobre o Período Imperial Brasileiro (1822 – 1889) e sobre a Primeira República (1889 – 1930), tratar o período de uma forma bem maniqueísta como se a história do Brasil colônia fosse uma mera sucessão de massacres contra indígenas (e nisso repetindo feito um papagaio lendas negras como aquela que os ingleses e os holandeses criaram em torno da história da colonização espanhola da América) e negros, sem levar em conta que estes também foram parte ativa da construção do Brasil, ao ouvir o que ela disse no último vídeo dela senti-me no dever de escrever essa resposta a ela.

Para fechar, uma pergunta retórica a você, Lilia, com todo o respeito: você há dois anos foi cancelada nas redes sociais por ter dito em coluna na Folha de São Paulo comentários nada elogios sobre um clipe da Beyoncé. Não acha que está mais que na hora de parar de endossar as pautas desses justiceiros sociais, antes que eles te piquem de novo?

Por que para os zelotes desses movimentos de justiceiros sociais não existem certas pautas moderadas ou pela metade. E isso é o que você parece não entender. É por causa de pessoas como você, que bate palma para certos malabarismos linguísticos sob o pretexto de combater o racismo, que hoje há uma galera que fala em linguagem neutra (ou não binária) e um dia será errado (e até crime passível de prisão) você falar o português corretamente.

Em outras palavras, a linguagem neutra nada mais é que o escalonamento natural e inexorável do fato de que lá atrás vieram com um papo de que favela tem que ser chamada de comunidade, negro de afrodescendente, índio de povo originário, é errado usar palavras e expressões como denegrir e a “coisa está preta”, entre outros malabarismos linguísticos. Essa história de linguagem neutra não começou ontem e não irá parar nesse ponto. Vai escalonar cada vez mais.

Foto – Freeza, pouco antes de destruir o Planeta Vegeta.

Fontes:

Aula | Descobrimento do Brasil? Disponível em: Aula | Descobrimento do Brasil? - YouTube

Aula | O Brasil foi descoberto? Disponível em: Aula | O Brasil foi mesmo descoberto? - YouTube

16 termos racistas para abolir do seu vocabulário. Disponível em: 16 termos racistas pra abolir do seu vocabulário - YouTube

História do Brasil: os 500 anos do país em uma obra completa, ilustrada e atualizada. São Paulo: Folha de São Paulo, 1997.

Significado de descobrir. Disponível em: Descobrir - Dicio, Dicionário Online de Português

Tupis. Disponível em: Tupis – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

sábado, 16 de abril de 2022

Animais Fantásticos e Sailor Moon: o ontem e o hoje

 

Foto – Cartaz do filme “Animais Fantásticos 3: os segredos de Dumbledore”.

Recentemente, estreou na China o filme “Animais Fantásticos 3: os segredos de Dumbledore”. Trata-se de um spin-off de Harry Potter, baseado no livro "Animais Fantásticos e onde habitam", publicado em 2001. Por solicitação do governo chinês, todas as cenas, diálogos e referências ao relacionamento homossexual entre o protagonista, Alvo Dumbledore, e o bruxo das trevas Gellert Grindenwald foram removidas. Um corte de seis segundos foi feito no filme omitindo tal relação.

Nós apoiamos tal decisão. Visto que um filme infanto-juvenil não é o lugar para esse tipo de coisa.

Como de praxe, a lacrolândia não gostou nem um pouco dessa notícia. E o que a lacrolândia, pelo que vejo, não entende é que uma coisa é colocar esse tipo de coisa em um desenho como South Park, que é destinado a uma audiência mais madura. E outra bem diferente é colocar esse tipo de coisa em um filme ou desenho destinado ao público infanto-juvenil, sem a mesma maturidade para lidar com esse tipo de coisa (que nem estúdios como a Disney e o Cartoon Network vêm fazendo ultimamente).

Mas eu gostaria de aproveitar esse episódio não para falar sobre ele em si mesmo, mas para relembrar a vocês que houve um tempo em que os Estados Unidos que hoje estão despontando na produção desse tipo de conteúdo para o público infanto-juvenil também censuravam produções infanto-juvenis de origem estrangeira com presença de conteúdo LGBT.

Mais precisamente, gostaria de relembrar a vocês a respeito de um caso ocorrido há 27 anos nos mesmos Estados Unidos. Trata-se do caso envolvendo o anime Sailor Moon, da mangaká Naoko Takeuči.

Sailor Moon foi publicado originalmente em 1991, nas páginas da revista Nakayoši, publicada pela editora Kodanša. Fortemente inspirado pelos seriados do gênero Super Sentai, Sailor Moon pertence ao gênero maho šodžo (garota mágica). A publicação de Sailor Moon se estendeu até 1997, com 52 capítulos e 18 volumes ao todo.

Um ano mais tarde, em 1992, a obra de Takeuči ganhou versão animada nas mãos da Toei Animation. Ao todo 200 episódios foram produzidos entre 1992 a 1997, dividido em cinco fases distintas: Sailor Moon (episódios 1 a 46), Sailor Moon R (episódios 47 a 89), Sailor Moon S (episódios 90 a 127), Sailor Moon Super S (episódios 128 a 166) e Sailor Moon Stars (episódios 167 a 200), e mais cinco OVAs. Pelo fato de que a produção da versão animada foi feita quando o mangá ainda estava em produção, sequências inexistentes nos quadrinhos (os chamados fillers) foram criadas com o intuito de impedir que a história da versão animada alcançasse o mangá (algo muito comum na indústria da produção de animes, diga-se de passagem).

Foto – Naoko Takeuči, a criadora de Sailor Moon.

Depois de fazer muito sucesso em seu país de origem, a versão animada de Sailor Moon chegou aos Estados Unidos em 1995, pela empresa DiC Enterteinment. E, chegando ao país de Edgar Allan Poe e Mark Twain, a obra foi submetida à censura por conta da presença de conteúdo LGBT. E isso começa ainda na primeira temporada.

Na primeira temporada de Sailor Moon somos apresentados à organização maligna Negaverso, liderada pela Rainha Beryl e seus quatro reis celestiais Jedite, Neflite, Zyosite e Kunzite (rebatizado como Malašite na versão americana). Todos eles possuem nomes derivados de pedras e minerais: Jedite vem de jadeite, Neflite vem de nefrite (outro nome para a pedra de jade), Zyosite e Kunzite vem dos minerais de mesmo nome e Beryl vem do mineral berílio.

Foto – Os quatro reis celestiais do Negaverso. Jedite (acima) e Neflite (abaixo) à esquerda, Zyosite (acima) e Malašite (abaixo) à direita. Rainha Beryl ao centro.

Entre os quatro reis celestiais (em japonês šitennoh; 四天王), dois deles, Zyosite e Kunzite (rebatizado como Malašite na versão americana), tem uma relação amorosa um com o outro. Tal relação é exclusiva da animação, e uma vez nos Estados Unidos Zyosite, que possui uma feição bem afeminada, foi transformado em mulher. Até ganhou uma voz feminina.

Em 1996 a primeira temporada de Sailor Moon vem ao Brasil, na trilha do sucesso de Cavaleiros do Zodíaco, sendo veiculada pela finada Rede Manchete. Tal como a maioria dos animes dublados no Brasil à época, Sailor Moon foi dublado no estúdio Gota Mágica, sob a direção de Gilberto Baroli (o mesmo dublador de personagens como o Doutor Benton Quest em as novas aventuras de Johnny Quest, o Sargento Ibuki em Changeman, os irmãos gêmeos Saga e Kanon em Cavaleiros do Zodíaco, o Dodoria em Dragon Ball Z e o Doutor Myuu em Dragon Ball GT).

E a alteração feita nos Estados Unidos veio para cá. Zyosite foi transformado em mulher e ganhou a voz da dubladora Noeli Santisteban, que em Chaves dublou a Cândida no episódio “Festival de burrice”, a Paty no episódio “O sonho que deu bolo” e a Glória no episódio duplo “As novas vizinhas” e a Tetis de Sereia em Cavaleiros do Zodíaco e que naquele mesmo ano também dublou a Marine (originalmente Umi) em Guerreiras Mágicas de Reyarth, o Fly e o Goku (ela foi a primeira dubladora do Goku no Brasil, diga-se de passagem).

Já Kunzite também foi chamado de Malašite por aqui e na dublagem brasileira ganhou a voz de Ronaldo Artnic, que à época dublou o Geki de Urso e o Aldebaran de Touro em Cavaleiros do Zodíaco, Hyunkel em Fly: o Pequeno Guerreiro (originalmente Dragon Quest: Dai no Daibouken) e depois se tornou o locutor do finado estúdio Álamo.

Foto – Zyosite (direita) e Malašite (esquerda).

Sailor Moon fez um considerável sucesso no Brasil, tanto entre o público feminino quanto entre o público masculino, a ponto de à época ser considerado como um anime de garotas que era assistido por garotos. Entretanto, com a crise que levou à posterior falência da emissora fundada por Adolpho Bloch as temporadas seguintes não vieram ao Brasil ainda nos anos 1990.

Apenas em 2000, por meio do canal a cabo Cartoon Network e da Rede Record, é que as fases seguintes da obra de Naoko Takeuči chegaram ao Brasil. Com as dublagens sendo feitas em outro estúdio: no lugar da Gota Mágica, que faliu no final dos anos 1990, entra a BKS, tradicional estúdio paulistano e herdeiro direto da AIC (Arte Industrial Cinematográfica), que à época também dublou outras produções nipônicas como Sakura Card Captors e Samurai X e que anos mais tarde dublou Dragon Ball Kai.

Os trabalhos foram feitos sob a direção de Daniela Piquet (dubladora de personagens como a Sakura em Sakura Card Captors, a Serena em Sailor Moon R em diante e a Misao em Samurai X) e Márcia Gomes (dubladora de personagens como a Mai/Change Phoenix em Changeman, Janine em Caça Fantasmas, Andy Panda em Pica Pau, Glória e Elizabeth em Chaves e Éris no especial O Santo Guerreiro de Cavaleiros do Zodíaco).

Entre parte do fandom de Sailor Moon, a dublagem da BKS não é lá muito bem quista, entre outras coisas, por conta das mudanças das vozes das personagens principais. Visto que nenhuma das dubladoras que dublaram as sailors em 1996 voltou a dublá-las quatro anos mais tarde.

Foto – Haruka Tenō, a Sailor Urano (direita), e Mičiru Kaiō, a Sailor Netuno (esquerda).

Mais adiante, na Fase S, a terceira fase da obra de Naoko Takeuči, nós somos apresentados a duas novas heroínas: Haruka Tenō, a Sailor Urano, e Mičiru Kaiō, a Sailor Netuno. No Brasil, as duas personagens ganharam as vozes de Rosana Beltrame (voz de personagens como Betty deVille em Rugrats, Mamãe Urso em Pequeno Urso e avó do Caillou em Caillou) e Márcia Regina (voz de personagens como a Lenge em Šurato, Misty em Pokémon, Yumi Komagata e Misanagi em Samurai X e de atrizes como Gwyneth Paltrow, Jennifer Love Hewitt e Scarlet Johansson), respectivamente.

Haruka e Mičiru são lésbicas e namoradas uma da outra. Tanto na versão americana quanto na versão brasileira, a relação das duas heroínas foi transformada em uma relação de parentesco na qual elas foram apresentadas como se fossem primas muito próximas entre si.

Foto – Olho de Peixe.

Na quarta fase, Super S, somos apresentados ao personagem Olho de Peixe, membro do Trio Amazonas que é abertamente homossexual e crossdresser que veste roupas femininas e usa maquiagem. Em determinados momentos da trama, Olho de Peixe mostrou-se atraído por outros homens. Na versão americana, Olho de Peixe foi transformado em uma mulher biológica, e ganhou voz feminina na dublagem em inglês (assim como nenhuma indicação de que ele é homem).

Na versão brasileira, Olho de Peixe ganhou a voz de Marcelo Campos, o mesmo dublador de personagens como Roger Klotz em Doug, Jabu de Unicórnio e Mu de Áries em Cavaleiros do Zodíaco, Šurato no anime homônimo, Terry Bogard nos OVAs de Fatal Fury, Trunks em Dragon Ball Z, GT e Super, entre outros.

Também na fase Super S, a vilã Zirconia é transformada em homem, por conta de temores de que a sua relação com a rainha Nehellenia fosse de caráter romântico. Já na versão brasileira, Zirconia não passou por essa mudança de gênero e ganhou a voz da recém-finada Isaura Gomes, a mesma dubladora de personagens como Jane Jetson em Jetsons, Turanga Leela em Futurama, Helen Bennett em Seis Biônicos, Betty Rubble em Flinstones e Dona Clotilde em Chaves (episódios dublados em 2018, no estúdio Som de Vera Cruz).

Foto – Zirconia.

Na versão americana de Sailor Moon, ainda houve outras censuras menores, incluindo censuras em cenas de transformações e em cenas nas quais os personagens estão tomando banho. Outros animes, tais como Sakura Card Captors, também passaram pelo crivo da censura norte-americana da época por motivos similares (casos sobre os quais pretendo falar em futuros artigos).

Voltando aos dias de hoje, eu particularmente não consigo entender como que os Estados Unidos, nessa questão, mudaram tanto de duas décadas e meia para cá. Antes, esse tipo de conteúdo em produções infanto-juvenis era objeto de censura (e de forma sensata, diga-se de passagem). Hoje, vemos estúdios como a Disney e o Cartoon Network produzindo desenhos como Casa Coruja, Steven Universo e outros, com esse tipo de temática. Tratando desenhos destinados ao infanto-juvenil como se fosse um anime yaoi enrustido.

Haverá alguma influência de Pink Money nessa história toda ou algo similar? Haverá alguma engenharia social perversa por trás de tudo isso? Talvez quem sabe a mesma engenharia social que fará com que um dia seja errado você ter um cachorro ou um gato em casa, comer carne de verdade (e não certas empulhações que já podem ser vistas nas prateleiras dos supermercados), falar o idioma pátrio corretamente, ser heterossexual (ou mesmo um homossexual não afeminado), cis-gênero, professar alguma religião e por ai vai.

Fontes:

Animais Fantásticos: Warner remove cena LGBT na China. Disponível em: ANIMAIS FANTÁSTICOS: WARNER REMOVE CENA LGBT NA CHINA - YouTube

China censura diálogo sobre relação gay em Animais Fantásticos 3. Disponível em: China censura diálogo sobre relação gay em “Animais Fantásticos 3” - POPline (portalpopline.com.br)

Representatividade LGBTQI+ em Sailor Moon. Disponível em: Representatividade LGBTQI+ em Sailor Moon - Valkirias

Sailor Moon (adaptações ocidentais). Disponível em: Sailor Moon (adaptações ocidentais) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Sailor Moon – 10 coisas que você precisa saber. Disponível em: Sailor Moon: 10 coisas que você precisa saber (legiaodosherois.com.br)

Sailor Moon – 15 ways It was censored in America (em inglês). Disponível em: Sailor Moon: 15 Ways It Was Censored In America | ScreenRant

Sete animes censurados no Ocidente. Disponível em: 7 animes censurados no ocidente (omelete.com.br)

sábado, 9 de abril de 2022

Lula e Mandela: a farsa e a tragédia.

 

Foto – Lula e Mandela (foto de 2008).

Certa vez, mais precisamente em sua obra “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, escrito entre 1851 e 1852, Karl Marx disse que “a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

Recentemente, o ex-presidente Luís Ignácio Lula da Silva soltou a seguinte pérola: de que o aborto deve ser encarado como uma questão de saúde pública sob a alegação de que mulheres pobres morrem tentando abortar enquanto que as mulheres ricas podem fazer o mesmo no exterior, embora pessoalmente fosse contra o aborto. Como não poderia deixar de ser, figuras políticas como Silas Malafaia, Damares Alves, Marco Feliciano e o próprio presidente Jair Bolsonaro repudiaram a fala de Lula, e até mesmo figuras ligadas ao próprio Partido dos Trabalhadores.

Sobre essa questão, reiteramos aqui que nós somos contrários ao aborto. E entendemos que o aborto não é uma questão de saúde pública como seus defensores afirmam, e sim uma das muitas ferramentas de controle social da parte dos donos do mundo. Tal qual, por exemplo, todo esse ativismo contra o cigarro de tabaco e pela liberação de narcóticos mais pesados como maconha e cocaína, direitos animais (que terminará um dia com nós sendo presos por andar com um cachorro na rua, por ordenhar uma vaca ou por comer carne de verdade), veganismo (que a meu ver nada mais é que um balão de ensaio para que na frente uma ração humana seja imposta a nós enquanto que os donos do mundo comem tudo do bom e melhor), “neutralização” do idioma (terminará com nós sendo cancelados ou mesmo presos por falar de forma correta e não segundo o dialeto “neutro” imposto sobre nós), entre outras aberrações.

E a questão não para por ai. É também uma questão de não abrir uma caixa de Pandora que está bem debaixo de nossos pés.

Para além do fato de que quando uma mulher está grávida ela carrega outra vida em seu ventre, há também outra questão subjacente. Que mundo nós queremos que nossos descendentes vivam, e que tipo de cultura iremos legar a eles, com o aborto liberado da forma como certos eugenistas querem? Uma cultura de irresponsabilidade para com o outro e para consigo mesmo, insensatez, individualismo exacerbado e hedonismo, na qual o prazer momentâneo de alguém é colocado acima de tudo e todos? Ou seja, uma situação na qual a vida humana se torna tão ou mais descartável quanto a boneca inflável que pode ser comprada em uma loja de quinquilharias?

Nessa situação, a guria pode muito bem ir à balada e engravidar de algum desconhecido que basta ir à clínica de aborto mais próxima que tudo está resolvido. E o ciclo se repete sucessivamente. Eu engravido eu aborto, eu engravido eu aborto, eu engravido eu aborto, até que as sequelas (tanto físicas quanto psicológicas) de abortos consecutivos se acumulam no corpo da garota e esta chegue a uma situação de invalidez. Talvez até morte.

E a coisa não irá parar por ai. Vocês se lembram que em Cavaleiros do Zodíaco (originalmente Saint Seiya), mais precisamente na saga de Asgard (criada exclusivamente para a animação), tem um personagem chamado de Bado de Alkor? Ele, que junto com Mime e Siegfried era um dos Guerreiros Deuses mais poderosos e contra o qual o Ikki passou altos perrengues até ser vencido.

Pois bem, em Asgard havia uma superstição na qual se acreditava que gêmeos traziam má sorte às famílias e as destruíam. Portanto, as famílias deveriam escolher uma das crianças e abandonar a outra. E uma delas foi a família dos irmãos gêmeos Shido e Bado. O primeiro foi o escolhido da família, enquanto que o segundo foi abandonado no meio de um bosque (mas que foi milagrosamente salvo por um aldeão, que passou a cria-lo como um filho adotivo). E, por ter sido o abandonado da família, Bado com o tempo passou a alimentar um ressentimento muito forte para com o irmão. Algo que se agrava ainda mais no momento em que eles são escolhidos como Guerreiros Deuses. Mais uma vez, Shido foi o escolhido, enquanto que Bado mais uma vez foi o abandonado, tendo que se contentar em ser sombra do irmão.

Pois bem. O ponto ao qual quero chegar é o seguinte: quem não me garante que uma vez liberado o aborto de forma irrestrita, não comecem a falar em legalizar o abandono de crianças? Em outras palavras, comecem a falar em legalizar o aborto depois que a criança já está nascida e fora do ventre da mãe? E nesse caso, usando como pretexto o fato de que existem famílias pobres que não tem condições materiais e financeiras para criar seus filhos? A propósito, cabe aqui lembrar que a família dos irmãos Shido e Bado mostrada em Cavaleiros do Zodíaco era uma família bem abastada, cheia de posses, criados e cavalos, ao que tudo indica pertencente à alta sociedade, ou mesmo à nobreza de Asgard.

Foto – Bado de Alkor, o tigre das sombras.

Nesse sentido, penso eu que deveria haver sim uma educação sexual para a juventude, a partir de por volta dos 15 anos de idade, como uma finalidade preventiva, de modo que mostre que o sexo não é aquilo que filmes pornográficos e animes e mangás do gênero hentai mostram. Já repararam, a propósito, que os filmes, quadrinhos e desenhos pornográficos nunca mostram a garota grávida ou com alguma DST depois do intercurso sexual?

Por fim, a questão das ONGs estrangeiras que apoiam essa pauta no Brasil. Ao redor do mundo, fundações eugenistas como a Fundação Ford, Fundação Macarthur e Fundação Rockefeller estão na linha de frente da promoção da liberação do aborto pelo mundo.

Desde no mínimo 2012 que a atuação dessas ONGs internacionais vem sendo denunciadas no Brasil.

Mais recentemente, tivemos o caso da deputada Christine Tonietto (PL-RJ), que voltou a tocar nesse assunto.


A meu ver, não pode existir discussão séria sobre aborto sem levar em consideração a atuação dessas ONGs internacionais que carregam os sobrenomes de algumas das famílias mais poderosas do mundo e todo o esquema de controle e engenharia social por trás dessas iniciativas. Não é uma questão de saúde pública como muitos incautos podem pensar.

Agora, voltando à declaração do ex-presidente da República, que pleiteia voltar à Presidência da República no fim do presente ano. Ao tomar conhecimento do fato fiquei com uma pulga atrás da orelha. E então pensei com meus botões: para que o Lula fosse solto da prisão depois de quase 600 dias encarcerado nas masmorras da Lava Jato, será que ele não teve que fazer algum acerto nebuloso, que nem aquele que Nelson Mandela fez com os Rockefeller em 1990?

Na ocasião, Mandela, preso 27 anos antes depois de ter assassinado três policiais negros pertencentes à tribo zulu (tribo essa que possui uma rivalidade secular com os xhosa, a tribo a qual Mandela pertencia em vida), foi solto depois após um conchavo com David Rockefeller no qual caso ele se tornasse Presidente da nação africana as minas de diamantes do país seriam exploradas pela família Rockefeller, uma das famílias mais ricas do mundo.

Até então, as minas de diamante sul-africanas pertenciam ao Estado sul-africano. Após ser solto da prisão, Mandela é eleito presidente da África do Sul. E uma vez Presidente, ele passa a posse e a exploração das minas de diamantes para as mãos da família Rockefeller. Minas essas nas quais os trabalhadores negros continuaram a ser submetidos a condições muito precárias.

Essa realidade foi parcialmente exposta no filme “Diamantes de Sangue”, de 2006, que contou com a participação de atores como Leonardo di Caprio e Jennifer Connelly. Filme que em muito desagradou ao próprio Mandela (ainda que a trama do filme em questão se passe em Serra Leoa, durante o período da guerra civil na nação africana).

E vou mais além. Será que depois de toda uma de golpes de Estado, a reaparição de governos de esquerda no mapa político latino-americano não foi condicionada debaixo de certos termos, sendo um deles a abertura dos governos em questão (entre eles Alberto Fernández na Argentina, Luis Arce na Bolívia e Gabriel Boric no Chile) a tais pautas de controle e engenharia social, assim como também a questões como separatismo mapuche (e assim minando aos poucos as soberanias argentina e chilena), presença de ONGs estrangeiras na Amazônia e outras?

Foto – Mandela e David Rockefeller.

FONTES:

A farsa fascinante dos falsos ídolos. Disponível em: A farsa fascinante dos falsos ídolos | Diário da Manhã (dm.com.br)

Diamantes negros – como o partido de Nelson Mandela criou uma elite negra na África do Sul. Disponível em: Diamantes negros (uol.com.br)

Lula defende direito ao aborto e recebe críticas até do PT | CNN 360º. Disponível em: Lula defende direito ao aborto e recebe críticas até do PT | CNN 360º - YouTube

O lado oculto de Nelson Mandela. Disponível em: O lado oculto de Nelson Mandela « Brejo dos Pensamentos (wordpress.com)

Rockefeller e Nelson Mandela. Disponível em: Rockefeller e Nelson Mandela | Allan L. Dos Santos (wordpress.com)

quinta-feira, 7 de abril de 2022

A escalada de russofobia pelo mundo e a dupla moral ocidental

 

Foto – Tweet da professora Roksana sobre o caso.

Nos últimos dias, temos visto alguns eventos no mínimo preocupantes, decorrentes da invasão russa à Ucrânia. Mais precisamente, uma escalada de russofobia varrendo o mundo.

No Brasil, tivemos o caso da professa Roksana Valeeva Rosa, casada com um brasileiro e que ministrava aulas de russo no interior paulista, resolveu sair do Brasil depois que passou a sofrer ataques russofóbicos após o início das operações militares da Rússia na Ucrânia. Em maio, o casal irá morar na Rússia.

Ataques a Igrejas ortodoxas ligadas ao Patriarcado de Moscou também foram observados: em Buenos Aires, capital da Argentina, a Catedral da Anunciação, principal templo ortodoxo russo portenho, foram feitas no dia dois de abril pichações comparando Putin a Stalin e os chamando de genocidas. Uma comparação que faz alusão ao famigerado Holodomor, ocorrido em 1932 e que segundo os nacionalistas ucranianos teria ceifado cerca de quatro milhões de vidas ucranianas à época. O Holodomor que, a propósito, nos últimos anos vem sendo utilizado pela Ucrânia pós-independência de uma forma similar a que o estado de Israel vem usando o Holocausto desde 1948 (assunto sobre o qual falaremos em um próximo artigo).

Foto – Pichações na Catedral da Anunciação, principal templo ortodoxo da Argentina, em Buenos Aires.

E antes mesmo desse evento, a presidente das associações de entidades russas na Argentina, Silvana Jarmoluk, esteve denunciando outras manifestações de hostilidade à Rússia e aos russos.

Desde que as operações militares na Ucrânia, para além de sanções econômicas levantadas pelos países ocidentais, viu-se uma escalada massiva de cancelamento da nação eslava. No âmbito esportivo, a FIFA excluiu a Rússia da repescagem das eliminatórias da Copa do Mundo (na qual ia enfrentar a Polônia, que por sua vez acabou ficando com a vaga) e os times russos foram barrados das principais competições europeias de clubes (entre eles o Spartak de Moscou, um dos principais e mais tradicionais times russos, que ia jogar contra o RB Leipzig pelas oitavas-de-final da Liga Europa [antiga Copa da UEFA]). O Grande Prêmio da Rússia, que ocorre em Soči desde 2014, foi limado do calendário da Fórmula 1 desse ano. Ainda na Fórmula 1, Nikita Mazepin foi despedido de sua equipe, a Haas.

Na área cultural, a 59ª Bienal de Veneza o pavilhão da Rússia ficará fechado e o evento não contará com a presença de Aleksandra Sukhareva e Kirill Savčenkov, os dois artistas escolhidos para representar a Rússia. Na semana de moda de Paris, a participação do estilista russo Valentin Judaškin foi cancelada por ele não ter se posicionado quanto aos acontecimentos na Ucrânia.

A música russa foi proibida na Polônia, e gatos de origem russa foram proibidos de participar de competições por ordem da Federação Felina Internacional.

Na Alemanha, tivemos o caso do maestro russo Valerij Georgiev, apoiador de Putin que foi demitido do cargo de condutor chefe da Orquestra Filarmônica de Munique por se recusar a condenar a ofensiva russa na Ucrânia. O mesmo aconteceu com a soprano russa Anna Netrebko, também apoiadora de Putin, que foi afastada de encanções de peças pelo Metropolitan Opera de Nova York.

A Universidade de Milão cancelou um curso sobre Fëdor Dostoevskij, um dos maiores nomes da literatura mundial. Também na Itália, mas em Genova, um festival de teatro também dedicado a Dostoevskij foi cancelado. Na França as delegações russas foram banidas do Festival de cinema de Cannes, exceto aquelas que se declarem contra o presidente Putin. A participação russa foi vetada do Eurovision.

E o mais gozado dessa situação toda é que quando a Alemanha incitou e provocou a guerra na Iugoslávia no começo dos anos 1990 ao reconhecer as independências da Croácia e da Eslovênia (a Alemanha recém-reunificada, sob a liderança de Helmut Kohl, inclusive armou os croatas e os eslovenos com armas até então armazenadas em depósitos militares da antiga Alemanha Oriental), ninguém cancelou a Nina Hagen, o Ivan Rebroff ou qualquer outro músico alemão.

Quando houve a guerra das Malvinas, em 1982, ninguém cancelou o Paul MacCartney, o Sting, o Freddy Mercury ou qualquer outro cantor ou músico inglês.

Quando a França invadiu a Líbia em 2011 (junto com os Estados Unidos e a Inglaterra) e o Mali em 2013, ninguém cancelou a Zaz, o Manu Chao ou qualquer outro músico francês. A França pode participar tranquilamente da Copa de 2014, assim como os times franceses das competições europeias de futebol à época.

E quando os Estados Unidos invadiram o Iraque em 1991 e depois em 2003, ninguém cancelou o Michael Jackson, a Madonna ou o Isaac Hayes.

Dois pesos, duas medidas. Uns podem mais que outros.

Fontes:

Artistas, pilotos, autores e gatos. A onda de cancelamentos aos russos depois da invasão ordenada por Putin. Disponível em: ObjetivaCast WebRadio - Artistas, pilotos, autores e gatos. A onda de cancelamentos aos russos depois da invasão ordenada por Putin – Observador

Gatos russos são banidos de competições pela Federação Felina Internacional. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2022/03/4991478-gatos-russos-sao-banidos-de-competicoes-pela-federacao-felina-internacional.html

Não se pode cancelar uma cultura inteira ou prejudicar os russos só por serem russos. Disponível em: Não se pode cancelar uma cultura inteira ou prejudicar os russos só por serem russos - CartaCapital

Nomes da música erudita são “cancelados” por serem russos. Disponível em: Nomes da música erudita são “cancelados” por serem russos - Diário Causa Operária (causaoperaria.org.br)

Professora russa desiste de viver no Brasil. Disponível em: Professora Russa desiste de viver no Brasil por Russofobia - Diário Causa Operária (causaoperaria.org.br)

Rusofobia: vandalizan la principal iglesia ortodoxa del país y denuncian discriminación (em espanhol). Disponível em: Rusofobia: vandalizan la principal iglesia ortodoxa del país y denuncian discriminación - El Argentino Diario

Vandalizaron la principal iglesia ortodoxa rusa del país (em espanhol). Disponível em: Vandalizaron la principal iglesia ortodoxa rusa del país - Diario El Sol. Mendoza, Argentina.