Figura
1 - Na foto, um dos políticos mais subestimados na
história do Brasil
Por Lucas Novaes.
No
mês passado, dia 7 de março de 2016 neste mesmo blog, foi postado o texto intitulado
“Por que nacionalistas brasileiros não devem apoiar Jair Bolsonaro”, cujo link
se encontra aqui: http://resistenciaterceiromundista.blogspot.com.br/2016/03/por-que-nacionalistas-brasileiros-nao.html, e que explica algumas das principais
razões pelas quais Bolsonaro é um inimigo dos brasileiros: deseja privatizar a
Petrobrás, acredita que o Bolsa Família está criando uma ditadura do
proletariado, é amante da ditadura militar entreguista de 1964-1985 e deseja
colocar o país ainda mais sob a esfera de domínio norte-americana (erro
geopolítico gravíssimo). As visões atuais do deputado pelo estado do Rio de
Janeiro estão alinhadas com o discurso liberal conservador anglo-americano,
discurso esse que está envenenando a mente de milhares de brasileiros e
eliminando qualquer possibilidade de uma oposição real e digna contra a visão
de mundo liberal centro-esquerdista hegemônica.
Bolsonaro,
que constantemente faz uso de um discurso populista barato para angariar votos,
é uma cereja em cima do bolo de problemas e confusões que é a nova direita
brasileira: um crescente componente político cujo objetivo é o de acelerar o
processo de destruição de grande porção dos conformes ideológicos nacionais e
dar lugar a uma americanização acelerada e forçada na mentalidade nacional.
Algo que me irrita bastante é o uso que essa direita vem fazendo das falas de
Enéas Carneiro contra Luís Inácio “Lula” da Silva para justificar o ódio contra
os petistas (a exemplo do que fez o canal do You Tube Ficha Social e figuras como Nando Moura e Maro Filósofo). Tal apropriação é indevida e entenderemos o porquê adiante.
Primeiramente,
Enéas era um crítico da grande imprensa e seu sensacionalismo e descaso para
com os acontecimentos de importância, chegando a mencionar os exemplos de Veja
e a IstoÉ em sua entrevista no programa Roda Viva, em 1994. Nessa mesma
ocasião, o finado político acreano afirmou defender um estado “forte, técnico e
intervencionista” e criticou as privatizações do modelo neoliberal. Essas
afirmações entram em conflito com o ideário libertário presente na frase de
efeito “Menos Marx, Mais Mises”. O plano econômico da direita hoje não é nada
além do velho entreguismo do PSDB nos anos 1990: privatização das estatais em
nome da globalização, só que, desta vez, com uma nova roupagem e novos gurus
“intelectuais” a exemplo de Rodrigo Constantino e Kim Kataguiri.
Em
diversas ocasiões, Enéas deixou bem claro que não apoiaria nenhum dos
candidatos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ou do Partido dos
Trabalhadores (PT) na corrida presidencial. A nova direita brasileira, por sua
vez, foi rápida em concentrar suas energias na defesa do candidato Aécio Neves,
do PSDB, em sua disputa contra Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de
2014. Bolsonaro chegou ao cúmulo de dizer que gostaria de ser o vice-presidente
de Aécio (algo imperdoável, considerando que os tucanos governam para as grandes
empresas, para o capital internacional e para a grande imprensa que tanto aloprou
Bolsonaro durante todos esses anos). É uma tremenda falta de amor próprio.
Figura
2 - Resposta de Enéas após ser perguntado se apoiaria
Lula ou FHC em um eventual segundo turno (situação que acabou se concretizando)
Para
concluir, lembremos que Enéas era um grande orador; um político que prezava
pelo uso correto da língua portuguesa e dono de um vocabulário imenso. Também
possuía conhecimento em diversas áreas do saber: matemática, física, química,
biologia e português. Esse perfil visivelmente se contrasta com o modo de falar
truculento e facilmente irritável de Bolsonaro, e também com sua clara falta de
consciência histórica, chegando a atribuir aos Estados Unidos o posto de
responsável pela vitória dos Aliados contra a Alemanha nazista durante a
Segunda Guerra Mundial (pérola proferida em entrevista recente). Qualquer um
com o mínimo de dados históricos a sua disposição e capacidade de análise
interpretativa sabe que a União Soviética foi a principal maquinaria militar na
derrocada dos nazistas (que perderam mais de 2/3 de seus homens no front
oriental).
Caso
ainda não esteja convencido de que existem contradições fortíssimas entre os
pensamentos de Enéas e os da nova direita liberal conservadora brasileira, peço
respeitosamente que leia essa entrevista de 1998 vinculada no jornal Tribuna da
Imprensa (RJ) em 09 de fevereiro do mesmo ano e tenha suas dúvidas
esclarecidas:
http://brasil.iwarp.com/eneas.html
REFERÊNCIAS:
https://www.youtube.com/watch?v=xltea42NxUU
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/698/entrevistados/especial_eleicoes_eneas_e_lula_1994.htm
http://www.cljornal.com.br/nacional/na-historia-nao-existe-entreguismo-tao-deslavado-quanto-no-governo-fhc/
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/05/seria-uma-honra-ser-vice-de-aecio-diz-bolsonaro.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Eastern_Front_(World_War_II)
http://brasil.iwarp.com/eneas.html
Estou adorando o blog. Finalmente alguém está falando o que precisa ser falado sobre a hegemonia liberal globalista e a americanização da esquerda e da direita brasileiras. Só faço uma sugestão: a interface do blog, com a foto do Comandante Chávez e mesmo o nome "terceiro-mundista" dão um tom muito esquerdista ao blog que provavelmente irá afastar qualquer pessoa de direita. Não que eu seja contra o Comandante Chávez, muito pelo contrário, ele é um grande ícone da resistência terceira-mundista, porém está disseminado o discurso anticomunista psicótico de Olavo de Carvalho, que coloca o Foro de SP como uma entidade super poderosa que trama a implantação do comunismo no continente, e mesmo a grande mídia alerta contra o "bolivarianismo". Minha dica apenas visa atrair pessoas de direita para o blog, embora eu mesmo tenha dúvidas se isso seja possível em tempos de histeria coletiva.
ResponderExcluirBom comentário!
ExcluirQuanto a interface, eu acatei tua sugestão.
ResponderExcluirOlá, Tirso. Sou um dos colaboradores do blogue. Nosso objetivo é fazer análises políticas sobre o Brasil e o mundo sob um ponto de vista multipolar e anti-imperialista Obrigado pelas dicas.
ResponderExcluirEntão oq vc tem a falar sobre a Venezuela, vamos aos fatos, resistência a que, a tecnologia, a saúde, direita e liberalismo não são a msm coisa, podem ter pontos em comum mas não é a msm coisa.
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