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– Manifestante carregando uma bandeira ucraniana com os dizeres “Brasília
Maidan” em Porto Alegre.
No dia 16 de março de
2016, manifestações tiveram lugar em várias partes do país, incluindo São
Paulo, Brasília, Porto Alegre e outras cidades brasileiras. Elas se deram
devido a uma ligação envolvendo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o
qual foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma. Essa ligação
foi monitorada e grampeada pela Operação Lava Jato e em seguida divulgada. O
verdadeiro objetivo da Lava Jato está cada vez mais cristalinamente evidente
depois desse último incidente: pegar Lula custe o que custar. Essa história de
combate à corrupção no fim das contas não passou de um subterfúgio para
esconder perante a população o que a República de Curitiba sempre quis desde o
início das investigações. Mas esse não é o assunto principal a ser tratado.
Em Brasília, manifestantes
protestaram do lado de fora do Palácio do Planalto pedindo a renúncia de Dilma
e a nomeação de Lula para o seu novo cargo. Alguns desses manifestantes
chegaram ao ponto de invadir a casa de Ciro Gomes quando já era 1 hora da
madrugada, mas o político cearense firmemente reagiu e enxotou os
manifestantes. Algo também digno de nota é que em Porto Alegre houve uma
manifestante que trouxe a bandeira azul e amarela da Ucrânia com os dizeres “Brasília
Maidan” (ao que tudo indica, trata-se de uma incitação a que em Brasília haja
uma manifestação similar a que houve em Kiev e outras cidades da Ucrânia
durante o Euromaidan no inverno de 2013/2014, que resultaram na queda do então
presidente ucraniano Yanukovych). Além disso, nas redes sociais, não foram
poucas as pessoas que clamavam para que no Brasil aconteçam manifestações
similares não só ao Euromaidan como também a Primavera Árabe. Olavo de Carvalho
(que é um dos mentores intelectuais da atual onda neoconservadora
republicanóide que está emergindo no Brasil), do alto de sua tacanhice
costumeira e russofobia raivosa, chegou a ponto de dizer que ao povo brasileiro
só resta apelar ao que ele chama de método ucraniano.
No You Tube, Alexandre
Seltz postou um vídeo incitando o povo brasileiro a fazer uma versão tupiniquim
do Euromaidan em Brasília. Ainda no ano passado, Cristiano Alves, o dono do
site “A Página Vermelha”, postou um vídeo alertando a respeito do desejo de
alguns elementos da direita brasileira de repetir em terras tupiniquins o
exemplo ucraniano, os quais para isso faziam encontros e hangouts no You Tube. Pois
bem, agora mostraremos em realidade o que foi o Euromaidan e o que ele trouxe
para a Ucrânia. Espero que a manifestante que foi para as ruas em Porto Alegre
com essa bandeira leia o que será escrito abaixo, assim como o Alexandre Seltz
e todos aqueles que sonhem em repetir o receituário ucraniano aqui no Brasil.
Para uma melhor
compreensão do que se passou na Ucrânia, é necessário abordarmos alguns
aspectos de sua história mais antiga, já que esse processo finca raízes que
remonta há séculos. A ex-república soviética possui um problema de divisões
internas: no Oeste, em especial na região da Galícia-Volínia (fronteiriça com a
Polônia), há uma maior simpatia para com a Europa Ocidental. E no leste e no
sul, onde estão cidades como Kharkov[1], Odessa, Donetsk,
Dnepropetrovsk, Lugansk e outras, há uma orientação muito mais voltada para a
Rússia. Na Idade Média, havia um estado inicialmente centrado em Novgorod e
depois em Kiev, a Rus’ de Kiev, a qual foi estabelecida em 862 pelo chefe
varegue Rurik e que em 1054 se dividiu em vários principados, entre eles
Smolensk, Chernigov, Vladimir-Suzdal, Galícia-Volínia, Novgorod, Ryazan, Yaroslav,
Turov, Pinsk, Minsk e outros. Entre 1237 a 1240, a maioria deles foram
conquistados pelos mongóis sob a liderança de Batu Khan e o general Subotaï, e
assim transformados em vassalos tributários da Horda de Ouro, um dos quatro
khanatos mongóis que emergiram da fragmentação do Império Mongol a partir de
1260. Ante o domínio tártaro-mongólico, diferentes orientações entre esses
principados apareceram: Alexandre Nevskiï, príncipe de Novgorod e notório por
ter vencido os suecos na batalha do rio Neva em 1240 e os Cavaleiros Teutônicos
em 1242 na batalha do lago Chudskoe, aliou-se aos mongóis, a ponto de ter
recebido em 1252 de Batu Khan o título de Grão-Duque de Vladimir-Suzdal, a
máxima honraria que um príncipe russo na época poderia ter. Essa orientação
para o leste foi continuada depois pelos príncipes de Moscou, sob o patrocínio
da Horda Dourada (a qual tinha interesse em criar dentro das terras russas um
contraponto ao crescimento polaco-lituano), os quais passaram em meados do
século XIV a serem os coletores de tributos dos principados russos à Horda. Já
a oeste, no Principado da Galícia, o príncipe Danylo procurou ajuda ocidental
para poder se livrar do domínio tártaro-mongólico, mas seu intento malogrou com
a expedição do general mongol Burundaï sobre seus domínios em 1258/1259. As atuais
terras bielorrussas, por sua vez, caíram mais ou menos na mesma época sob
domínio lituano.
Entretanto, por volta de 1360, a Horda Dourada entrou em um processo de decadência, devido a conflitos intestinos entre pretendentes ao
trono dentro do khanato mongol, gerando assim uma situação de anarquia e caos interno. Tirando vantagem
dessa situação, a Lituânia e a Polônia conquistaram algumas das terras do sul e
oeste até então sob vassalagem tártaro-mongólica, incluindo a Galícia-Volínia,
Kiev e Chernigov. Mas a Horda de Ouro, que esboçou um reerguimento a partir de
1380, conseguiu manter a vassalagem sobre os principados orientais e
setentrionais. O jugo tártaro-mongol sobre os principados setentrionais e
orientais persistiu até 1480, quando Ivã III o Grande os derrotou na batalha do
rio Ugra.
Uma vez livre do jugo
tártaro-mongólico, os russos, sob a liderança de Moscou e depois da queda de
Constantinopla na mão dos turcos otomanos em 1453 alegando serem a Terceira
Roma, iniciaram seu processo expansionista. Ao leste, os russos conquistaram a
bacia do rio Volga destruindo os khanatos de Kazan (1552) e Astrakhan (1556), e
mais a leste o khanato da Sibéria nas décadas de 1580 e 1590. Todos eles
originários da fragmentação da Horda de Ouro no curso do século XV. Ao longo do
século XVII, a Rússia deu continuidade às conquistas orientais, alcançando o
lago Baikal nos idos de 1630, o Oceano Pacífico na década seguinte e a
península de Kamchatka na virada do século XVII para o XIX. Essa expansão para
o leste teve seu clímax entre 1858 a 1860, com a conquista da região da bacia
dos rios Amur e Ussuri, até então pertencentes à China. Ao sul, no decorrer dos
séculos XVIII e XIX, a Rússia conquistou o Cáucaso e a Ásia Central, e o último
remanescente da Horda Dourada, o khanato da Criméia (vassalo do Império
Otomano), conquistado em 1783.
Entretanto, a oeste,
esse expansionismo foi mais lento e gradual, pois a Rússia teve que enfrentar
poderes mais fortes e organizados como a Suécia, a Polônia-Lituânia e o Império
Turco-Otomano. No oeste, a Rússia Imperial iniciou um processo de reconquista
das terras russas sob domínio polaco-lituano. O primeiro grande passo desse
movimento de reconquista foi dado entre 1654 a 1667, com a conquista de Kiev e
das terras a leste do rio Dnieper na sequência da rebelião dos cossacos sob a
liderança de Bogdan Khmelnitskiï, o qual no curso de seu levante buscou o
auxílio do tsar russo, Alekseï Mikhailovich. A conquista russa da atual Ucrânia
oriental foi ratificada pelo tratado de Andrussovo em 1667. Durante o reinado
de Catarina a Grande (1762 – 1796), esse processo de reconquista alcançou seu
clímax com as três partilhas da Polônia (1772, 1793 e 1795) junto com a Áustria
e a Prússia. Como resultado, a Comunidade Polaco-Lituana foi riscada do mapa e
as fronteiras ocidentais russas alargadas. Entretanto, uma dessas regiões, a
Galícia-Volínia, não passou para o domínio russo, e sim para o domínio austríaco
ainda na primeira partilha da Polônia. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a
Galícia-Volínia, junto com outras regiões do oeste da Ucrânia e Belarus, voltou
a ser parte da Polônia como resultado da Guerra Polaco-Soviética de 1919 a
1921, e com a queda da Polônia nas mãos dos alemães no começo da Segunda Guerra Mundial, os russos, sob a liderança
de Stalin, aproveitaram a situação para retomar os territórios que até o fim da
Primeira Guerra Mundial lhes pertenciam. E desta vez a Galícia-Volínia foi
enfim conquistada pelos russos.
Durante os anos em que a
atual Ucrânia ocidental esteve sob domínio polaco-lituano, esforços foram
feitos para criar divisões na etnos
russa, a exemplo da criação da Igreja Greco-Católica Ucraniana (denominação
essa da qual pertence a maior parte dos ucranianos e seus descendentes
estabelecidos no Brasil) e da Igreja Greco-Católica Bielorrussa durante a União
Eclesiástica de Brest em 1596, com a intenção de cooptar para o lado da
Polônia-Lituânia e do Papa de Roma a lealdade das populações ortodoxas ante o crescimento
do poder da Rússia Imperial a leste. Ambas as Igrejas possuem liturgia e
hierarquia Greco-Bizantina (incluindo os padres e sacerdotes casados), mas sua
comunhão é com o Papa de Roma.
A nova fé foi aceita
pelas elites dessas regiões sob domínio polaco-lituano como uma forma de
conservar seu status privilegiado, mas o mesmo não se verificou com o povo, o
qual preferiu conservar sua religião original. Isso deu início a um terrível
episódio de perseguições religiosas aos ortodoxos que não aceitaram a nova fé,
onde a figura do bispo de Polotsk Josafat[2] Kuntsevych (uma espécie de
equivalente dos séculos XVI e XVII do cardeal croata Aloysius Stepinac[3]) se destacou, chegando ao
ponto de jogar a carne dos camponeses ortodoxos mortos aos cães.
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– “Duas botas – par”. Pôster soviético alusivo a respeito da colaboração entre
os nacionalistas ucranianos e os nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Quando a Alemanha nazista lançou a Operação Barbarossa em 22 de junho de
1941, três grupos de exércitos invadiram a URSS: um ao norte, através dos
países bálticos na direção de Leningrado (atual São Petersburgo); outro pelo
centro, passando por Belarus visando tomar Moscou; e um ao sul pela Ucrânia. No oeste da Ucrânia, principalmente na
Galícia, os nazistas foram acolhidos como libertadores por grande parte da
população. Em maio de 1943 foi criada a 14ª divisão de granadeiros da Waffen
SS, a divisão Galychyna. Entre as principais figuras ucranianas que lutaram ao
lado dos alemães na guerra estão Stepan Bandera, Roman Shukhevych e Yaroslav
Stetsko, os quais faziam parte de um grupo terrorista chamado OUN-UPA, os quais
há tempos causavam problemas para as autoridades polonesas na atual Ucrânia
Ocidental, realizando chacinas de povos como tchecos, russos e poloneses que
viviam em solo ucraniano. Mas, ao mesmo tempo em que o colaboracionismo com os
nazistas era forte no oeste, no leste a situação era diferente, já que a
lealdade ao poder soviético era dominante e praticamente geral. A partir do
final de 1941 e começo de 1942 os sucessos nazistas começaram a minguar com o
fracasso do cerco a Moscou. Na primavera de 1942 os nazistas conquistaram a
Criméia e o Donbass, e no verão avançaram até as proximidades de Stalingrado
(atual Volgogrado) no médio Volga. Em Stalingrado os nazistas sofreram uma
derrota decisiva nas mãos do general Georgiï Zhukov[4], seguido da derrota da
Operação Cidadela em Kursk e a libertação a Ucrânia oriental em outubro e
novembro de 1943, assim como de Smolensk, Bryansk e Belarus oriental. O ano de
1944 marcou o fim da presença nazista em solo soviético com a “Operação
Bagration”. Na mesma época também foram libertadas Romênia, Bulgária,
Tchecoslováquia e Hungria, além de ajudar Tito na libertação da Iugoslávia. A
guerra na Europa chegou ao fim com a tomada de Berlim em 1º de maio de 1945.
No pós-guerra a Polônia
comunista lutou contra os remanescentes da OUN-UPA até 1947 e a URSS até 1949.
Com a morte de Shukhevych em 1950 nas mãos da NKVD, o grupo perdeu sua
capacidade combativa. Após a guerra Stepan Bandera se refugiou na Alemanha,
aonde veio a ser morto pelo espião soviético Aleksander Shelyepin em 1959. Mas
isso não significou o fim dos fascistas ucranianos. Através das rotas de fuga
conhecida como ratlines, muitos dos oficiais nazistas e seus colaboradores
fugiram da Europa para locais como o Oriente Médio, América do Sul, Estados
Unidos e Canadá. Um político dos EUA chamado Frank Wisner deu abrigo em seu
país a muitos antigos colaboradores dos nazistas de países como Ucrânia,
Croácia e Hungria.
Com o fim da URSS e a
independência em 1991, a Ucrânia, tal como a Rússia durante a Era Yeltsin e ao
contrário do que aconteceu em Belarus após a ascensão de Lukashenko ao poder,
foi flagelada por um processo de privataria onde grande parte do antigo
patrimônio estatal soviético passou para a mão de oligarcas a preço de banana
(nada muito diferente do que aconteceu no Brasil e na América Latina mais ou
menos na mesma época, diga-se de passagem). Com tal patrimônio em mãos, os
oligarcas passaram a usá-lo como um mero meio de enriquecimento à custa da
miséria do povo, assim como passaram a influenciar por trás das cortinas a
política do país. Mas para o povo a situação só piorou com o fim da URSS.
Problemas como o desemprego, a miséria, a fome, a contaminação por AIDS, vício
em drogas, prostituição e abandono de crianças passaram a grassar pelo país. Na
política a corrupção em todos os níveis também aumentou vertiginosamente. Mas,
diferente do que ocorreu na Rússia após a subida de Vladimir Putin ao poder em
2000, em que uma parte significativa da oligarca pós-soviética foi presa,
alijada do poder e/ou exilada, a situação não mudou em nada na Ucrânia, mesmo
com as sucessivas mudanças de governo. Em 2004, uma revolução colorida, a Revolução Laranja, teve lugar na Ucrânia após denúncias de suposta fraude eleitoral que teria beneficiado Viktor Yanukovych, o candidato pró-Rússia. Como resultado, assumiram o poder um grupo pró-Ocidente liderado por Viktor Yushchenko e Yuliya Tymoshenko. Uma das medidas que Yushchenko e
Tymoshenko tomaram foi transformar Roman Shukhevych e Stepan Bandera em heróis
da Ucrânia, assim como passaram a promover a história do Holodomor como uma
justificativa para suas políticas de distanciamento com a Rússia e maior
aproximação com o Ocidente e assim utilizando a crise de fome de 1932/1933 de
um jeito idêntico ao que Israel faz com o Holocausto. Mas isso chegou ao fim em
2010 com a eleição de Viktor Yanukovych. Stepan Bandera e Roman Shukhevych
tiveram seus títulos revogados em 2011. E ai chegamos no Euromaidan.
Foto
– Batalhão Azov, um dos muitos bandos terroristas de Extrema Direita na Ucrânia
pós-Euromaidan.
O Euromaidan, a despeito
das manifestações que tiveram lugar em Kiev e outras cidades ucranianas, em
realidade não passou de um golpe civil-oligárquico. Civil por causa das pessoas
nas ruas protestando contra o governo Yanukovych. E oligárquico pelo fato de
estar inserido dentro das brigas de oligarquias que geraram o golpe por trás
das cortinas. De um lado a oligarquia do leste, mais favorável à Rússia e que
tinha entre seus representantes o antigo presidente Viktor Yanukovych. E de
outro, uma oligarquia mais ligada ao oeste do país e que tem como seus
expoentes Igor Kolomoïskiï (governador biônico de Dnepropetrovsk e a terceira
pessoa mais rica do país) e o atual presidente Petro Poroshenko. Isso sem
contar com o apoio externo que o golpe recebeu, incluindo financiamento de
várias ONGs internacionais, entre elas a Open Society do magnata e megaespeculador
húngaro-americano George Soros. O mesmo George Soros que é o maior financiador
de campanhas a favor da liberação da maconha e outras drogas mundo afora e que
foi um dos grandes beneficiários da privataria na América Latina.
As manifestações do Euromaidan
tiveram início em novembro de 2013, quando Viktor Yanukovych se recusou a fazer
o acordo de associação com a União Européia, preferindo ao invés disso uma maior associação com a Rússia. Ao mesmo tempo, surgem
denúncias seletivas de corrupção envolvendo seu governo, servindo de estopim
para a mobilização artificial das massas para derrubar o então presidente
ucraniano. Após uma série de protestos que se arrastaram por alguns meses,
Yanukovych caiu no dia 22 de fevereiro. Durante o Euromaidan, a tática da falsa
bandeira foi amplamente utilizada. Culpou-se o Berkut (polícia ucraniana) por
ter atirado em manifestantes, sendo que em realidade provou-se mais tarde que
quem perpetrou esses disparos foram snipers de grupos de Extrema Direita
apoiados pelo Ocidente.
Ao fim, Yanukovych foi deposto
e fugiu da Ucrânia. Ele foi substituído por uma junta provisória composta por
partidos liberais e forças de extrema direita fascistóides (entre eles grupos
como o Svoboda [palavra essa que em idiomas como o russo e o ucraniano
significa liberdade] e o Setor de Direita [ucraniano Sektor Pravyÿ/Сектор
Правий). Esses grupos, politica e ideologicamente falando, são nada menos que os
herdeiros dos colaboradores ucranianos dos alemães na Segunda Guerra Mundial.
Cinco dias mais tarde, foi revogada uma lei de 2012 assinada por Yanukovych que
dava aos idiomas falados pelas minorias étnicas do país tais como os russos do
sul e do leste e os húngaros e tchecos das respectivas zonas fronteiriças o
status de idiomas nacionais. A junta de Kiev também criminalizou o Partido
Comunista Ucraniano (a terceira força política do país na época), assim como
novamente reabilitou Stepan Bandera e outros que foram transformados em heróis
durante o governo Yushchenko e destituiu o Berkut, colocando em seu lugar uma
polícia treinada e comandada por especialistas ocidentais (em especial
norte-americanos e canadenses).
Foto
– Manifestações do Euromaidan em Kiev.
Uma onda de escalada de
terror neofascistóide tomou conta do país. Houve episódios como o ocorrido em
Odessa no dia 2 de maio de 2014, onde uma central sindical onde estavam
reunidos trabalhadores e estudantes de esquerda foi incendiada por um desses
bandos de terroristas neofascistóides. Em realidade, esses bandos de
terroristas de Extrema Direita em realidade não passam de peões nas mãos dos
oligarcas ucranianos, muitos deles judeus, como é o caso de Igor Kolomoïskiï. No
episódio 94 (“Laços entre irmãos” na versão brasileira) de Cavaleiros do
Zodíaco, Shun de Andrômeda diz ao Guerreiro Deus Bado de Alkor que Hilda de
Polaris se aproveitava do ódio que ele nutria por seu irmão gêmeo, e assim
intentava transformá-lo em uma máquina de guerra cruel e sanguinária. Os
oligarcas ucranianos fazem a mesmíssima coisa se aproveitando do secular ódio
que eles nutrem em relação à Rússia, a ponto de usá-los como bucha de canhão em
seu intento de meter a mão nas indústrias do Donbass. Que uma coisa fique bem
clara: os oligarcas judeus da Ucrânia nenhuma simpatia em realidade nutrem por
esses elementos. Para eles, jogá-los contra os russos do Donbass é a mesma
coisa que matar dois coelhos com um golpe só. Em outras palavras, unir o útil
ao agradável.
Ante essa situação, vendo-se
privado de alguns de seus direitos e acima de tudo temendo sofrer uma chacina
nas mãos desses elementos e temendo sofrerem o mesmo destino que sofreram os
sérvios de Krajina (região sul da Croácia) em 1995, os russos da Criméia
organizaram um referendo onde se perguntava a população se eles queriam
continuar sendo parte da Ucrânia ou se voltariam a ser parte da Rússia após um
hiato de 60 anos. O resultado não poderia ser outro: os habitantes da Península
do Mar Negro em sua esmagadora maioria decidiram pela reintegração à Rússia. Em
maio do mesmo ano, houve ainda os referendos que fizeram as repúblicas populares
de Donetsk e Lugansk se separarem de Kiev. Ambos os referendos foram mal-vistos
pelo mesmo Ocidente “livre e democrático” que seis anos antes foi favorável à
independência de Kosovo em relação à Sérvia, por supostamente terem violado a
soberania ucraniana.
Desde então, a Ucrânia
se encontra esfacelada como país, com uma situação de guerra civil que não tem
previsão para chegar ao fim e que tem levado milhares de pessoas a buscarem
asilo na Rússia e nos outros países vizinhos da Ucrânia. Economicamente, o país
está cada vez mais falido e endividado e que agora não vive sem a ajuda de
empréstimos do FMI e do Ocidente. No Donbass os esforços de Kiev para esmagar
as repúblicas de Donetsk e Lugansk são cada vez mais infrutíferos. No fim das
contas, o que representou o Euromaidan para a Ucrânia? Saiu do poder um
corrupto e em seu lugar entrou um sujeito tão ou mais corrupto quanto o
antecessor. Para piorar ainda mais a situação, chegou-se a ponto de estrangeiros
ocuparem cargos importantes no novo governo ucraniano (entre eles o
ex-presidente georgiano Mikhail Sakashvili, que hoje é o governador da
província de Odessa). Hoje em dia a Ucrânia não passa de uma falida e caótica
colônia ianque no coração da Europa.
A Primavera Árabe começou
com liberais protestando nas ruas e desembocou em Al Qaeda, Estado Islâmico e
outros grupos terroristas de matiz wahhabita-salafista. O Euromaidan começou
com liberais protestando nas ruas e desembocou em Setor de Direita, Svoboda,
Batalhão Azov e outros grupos terroristas de Extrema Direita. Pergunto a não
apenas a essa imbecil que carregou a bandeira ucraniana com os dizeres em
questão como também ao Alexandre Seltz e a todos aqueles que, consciente ou
inconscientemente, querem que o exemplo ucraniano se repita em terras
tupiniquins: é isso que vocês querem para o Brasil? Ou seja, que o país se
torne uma terra de caos, guerra civil, ódios raciais e anarquia interminável,
além de um estado zumbi? Pois eu não quero isso. Se isso vier a acontecer,
vocês carregarão a culpa pela tragédia que irá se abater sobre o país.
Foto
– Dilma e Yanukovych. Encontro em Brasília, 2011.
Fontes:
Amarilis Demartini &
Caimmy de Sá – O ensaio do golpe da direita globalista no Brasil. Disponível
em: http://legio-victrix.blogspot.com.br/2015/12/amarilis-demartini-caimmy-de-sa-o.html
Crise Ucraniana: os
crimes de Stepan Bandera. Disponível em: http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2014/06/crise-ucraniana-os-crimes-de-stepan.html
Direita brasileira quer
repetir receita ucraniana. Disponível em:
Espectros da Maidan:
Manifestantes pedem golpe à la Ucrânia no Brasil. Disponível em: http://br.sputniknews.com/brasil/20160317/3847890/maidan-manifestantes-golpe-ucrania-brasilia.html
Lava Jato monitora
ligação entre Lula e Dilma Rousseff nesta manhã. Disponível em: http://odia.ig.com.br/brasil/2016-03-16/lava-jato-monitora-ligacao-entre-lula-e-dilma-rousseff-nesta-manha.html
Notícias sobre a Ucrânia
(em russo com legendas em português). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Kvb75WEYmEo
O que é Olavo de Carvalho? Quem
já sabemos... Disponível em: http://vermelhosnao.blogspot.com.br/2016/03/o-que-e-olavo-de-carvalho-quem-ja.html
O verdadeiro Holodomor que o
capitalismo trouxe para a Ucrânia. Disponível em: http://mundoalternativo360.blogspot.com.br/2013/04/o-verdadeiro-holodomor-que-o.html.
Será tão absurdo
comparar Brasil atual com a Ucrânia? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3fD9qRdVKDg
Study proves Maidan snipers were western-backed opposition’s false flag
(em inglês). Disponível
em:
Valentin Rusov – Ucrânia
hoje. Disponível em: http://legio-victrix.blogspot.com.br/2014/08/valentin-rusov-ucrania-hoje.html
Ucrânia: a classe
operária, como classe, não participa de modo algum desses acontecimentos.
Disponível em: http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2014/01/ucrania-classe-operaria-como-classe-nao.html
Ucrânia resiste à
russificação. Disponível em: http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/europa/14758--ucrania-resiste-a-russificacao.html
Ukrainian nationalism – its roots and his nature (em inglês). Disponível em:
NOTAS:
[1] Leia-se “Rrarkoff”, pois no russo,
assim como em idiomas como o farsi, o árabe e o mongol, a partícula kh (cirílico
х) tem o mesmo valor do ch no alemão e no polonês, do j no espanhol e do h no
inglês e no húngaro: r aspirado. E, quando uma palavra termina em v, este ganha
o som de ff.
[2] Leia-se Iosafat, pois em idiomas como
o polonês, o alemão, o holandês, o húngaro, as línguas escandinavas e bálticas,
o servo-croata, o bósnio, o esloveno, o eslovaco e outros do leste, norte e
centro da Europa, a partícula j tem valor de i.
[3] Leia-se Stepinats, pois no
servo-croata, assim como em idiomas como o polonês, o húngaro, o esloveno, o
eslovaco, o mandarim, o lituano, o letão e o tcheco, a partícula c tem valor de
ts.
[4] Leia-se Jukov, pois no russo a
partícula zh (cirílico Ж) tem valor de j.
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