Figura 1 - O Ocidente e o Resto
Por Lucas Novaes
De
acordo com a Enciclopédia Internacional das Ciências Sociais, a expressão
“cultura política” é um termo que faz referência ao “conjunto de atitudes, crenças e sentimentos que dão significado a um
processo político e que proporcionam os pressupostos e regras que governam o
comportamento no sistema político”.
Quando
utilizada em um contexto geral, a cultura política chegou a ser representada dentro
algum dos principais sistemas históricos. Quem fez isso foi o advogado e figura
política canadense William S. Stewart, que concluiu que todo o comportamento
político na história das nações pode ser incluído em algum dos 8 exemplos principais:
Anarquismo, Oligarquia, Corporativismo Tory, Fascismo, Liberalismo clássico,
Liberalismo radical, Socialismo democrático e Socialismo Leninista. Stewart
morreu em 1938. Desde então, importantes eventos históricos como a Segunda
Guerra Mundial, a Guerra Fria e a unilateralidade americana ocorreram.
Outro
autor que nos permite a reflexão sobre o assunto é o teórico russo Aleksander
Dugin. Para Dugin, a era moderna é marcada pela existência e embate entre três
poderosas teorias políticas: o Liberalismo, o Socialismo e o Nacionalismo. O
Liberalismo surgiu primeiro, sob influências francesas e inglesas. O Socialismo
veio depois, como contraponto à primeira teoria. O Nacionalismo (utilizado por
Dugin para se referir ao Fascismo italiano e ao Nacional Socialismo alemão) surgiu
por último para enfrentar as duas primeiras e também foi o primeiro a ser
derrotado, dando início à ordem bipolar. O Socialismo chegou a ter uma grande
influência na política nacional de diversos países, principalmente no auge da
Guerra Fria, mas foi enfraquecido nos anos 1980 e hoje atua sob uma esfera
limitada e desorganizada na escala global. O Liberalismo (político, econômico e
social) atualmente exerce sua hegemonia sobre o mundo.
Há
de se constatar também que existem nuances entre esses três sistemas e a
história nos mostrou que é possível concatenar elementos de uma teoria com um
regime onde outra teoria é considerada a “oficial”. O modelo norte-coreano, com
sua ideologia “Juche”, pode ser visto como um exemplo de sistema Socialista
aplicado para os interesses de uma nação específica em um mundo hostil a mesma.
Nos pôsteres propagandísticos governamentais coreanos, está presente uma grande
exaltação da soberania nacional e do seu povo, além do desprezo pelo imperialismo,
representado pelas investidas americanas (fato esse que leva muitos socialistas
ocidentais, especialmente os antissoviéticos a não considerar a Coréia do Norte
como um país “socialista de verdade”). Essa última expressão é marca registrada
de partidos minúsculos como o PSOL e o PSTU, além de políticos como a Luciana
Genro. Além desses exemplos fusionistas, muitos grupos de esquerda na América
Latina foram capazes de encontrar um elo entre a ideologia socialista original
e seu materialismo com a religiosidade católica (marca cultural da América
Ibérica). Nos Estados Unidos, o Liberalismo individualista impera em quase
todas as esferas da cultura americana. Apesar disso, por mais contraditório que
pareça, muitos conservadores americanos enxergam a existência de um
nacionalismo que está intimamente ligado com o Capitalismo e a cristandade. A
história nos ensina que a “tradição” dos Estados Unidos foi o abandono dos
hábitos e costumes culturais de todos os povos estrangeiros que lá resolvem
residir e a ingressão deles no estilo de vida consumista e cosmopolita. Ser
conservador nos EUA é, portanto, conservar a revolução liberal e o livre
mercado.
Existe,
entretanto, uma nova maneira de se perceber os desdobramentos políticos e a dinâmica
das disputas partidárias (seus interesses no plano econômico, social e
militar). Essa nova maneira lida com a forma pela qual os principais termos da
política (Direita, Esquerda, Centro, Socialismo, Capitalismo, Fascismo,
Liberalismo etc.) são interpretados ao redor do mundo e nos mostra o processo
de convergência das interpretações dos países da periferia (América Latina,
Oriente Médio, Ásia) para o centro (Europa e, principalmente, o mundo
Anglo-Saxão). Mais detalhes sobre essa maneira serão explicados na segunda
parte do artigo.
REFERÊNCIAS:
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