Figura 1 - Propaganda alarmista
divulgada nas redes sociais pede o cancelamento da revista semanal
Por Lucas Novaes.
No final de fevereiro deste ano (2016), o jornalista André Petry foi anunciado como novo diretor de Redação da revista de maior circulação no Brasil, a Veja. Esse fato causou uma certa comoção entre os conservadores brasileiros que agora acreditam que a “porta-voz” da classe média brasileira se tornou esquerdista, ou mesmo comunista como alguns andam vinculando. Essa crença se deve ao fato de que André Petry "costuma gerar polêmica devido a suas opiniões contrárias ao que ele considera intromissão da Igreja na vida política nacional em temas como aborto e pesquisas com células-tronco". E também por ele representar uma linha política mais moderada em relação ao que estamos acostumados nas publicações da revista do grupo Abril. A jornalista Joice Hasselmann, demitida da publicação em 2015, está entre as indignadas com a mudança: "Eu avisei! A @VEJA não é mais a mesma há muito tempo e jamais será. Meu pescoço foi só o começo".
Mas qual seria o motivo para tanto alarde? Nesta
publicação, iremos mostrar qual é a ideologia da Veja e suas intenções na
política nacional para que não existam mais mal-entendidos tanto pela direita
como pela esquerda. Primeiramente, é necessário revelar que a Veja faz parte de
um dos maiores conglomerados de comunicação da América do Sul: o grupo Abril,
dono de diversas outras publicações semanais populares. A maioria delas não
está relacionada a política. Portanto, focaremos aqui apenas as que nos revelam
dados interessantes para o tema em questão. Não deve ser novidade para ninguém
que acompanha o mundo político que a Veja já fez diversos ataques ao PT, ao
socialismo e as esquerdas em geral, inclusive, tentando interferir diretamente
nas eleições por meio de capas “bombásticas” contra algum candidato ou partido.
Figura 2 - Na véspera das eleições presidenciais de 2014, a
revista Veja tenta descaradamente prejudicar a candidata Dilma Rousseff em
favor de seu preferido, Aécio Neves.
Esses ataques são majoritariamente direcionados a
esquerda econômica e ao PT. Sendo um grupo empresarial gigante e monopolizador,
a Abril teme qualquer investida que busque frear sua força e seu domínio
midiático. O Partido dos Trabalhadores, que vem governando o Brasil há 13 anos,
possui grupos interessados em propostas de democratização da mídia. Apesar
desses grupos não terem tido a força necessária para implementar suas ideias na
prática, o simples fato de ser cogitado tal atitude deixa os empresários por
trás da Abril e outros grandes grupos como a Globo preocupados. Afinal, eles
não querem que seu monopólio seja quebrado (tal como aconteceu com o El Clarín
e o La Nación na Argentina com a Ley de
Medios implementada durante o governo de Cristina Kirchner). Isso também
explica a clara simpatia da Veja pelo PSDB (um partido que não está interessado
em fazer reformas na área da comunicação que venham a prejudicar o monopólio de
grandes empresas).
Mas os interesses políticos não se resumem a interesses
econômicos. Se por um lado, a Veja se caracteriza pelas suas opiniões
econômicas liberalizantes (portanto, direitistas), no que tange a visões sobre
cultura e costumes, a revista da Abril poderia ser caracterizada como “esquerda
liberal” (aos mesmos moldes do Partido Democrata nos Estados Unidos e outros
grandes partidos de centro-esquerda na Europa).
Figura 3 - Revista Nova Escola (da editora Abril) demonstra
sua simpatia pela "ideologia de gênero", defendida por partidos de esquerda
como PSOL e PSTU e repudiada por políticos conservadores como Marco Feliciano e
Jair Bolsonaro.
Figura 4 - A revista Veja, assim como outras publicações
gigantes do ramo, está interessada na promoção da causa homossexual.
As chamadas “causas liberais” de grupos minoritários,
muito fortes nos países capitalistas do primeiro mundo, são aderidas,
financiadas e divulgadas em países de terceiro mundo como o Brasil pelas
grandes empresas. Desta forma, tanto a Veja como a Época, IstoÉ e outras
grandes publicações estão interessadas nas militâncias liberais, consideradas
de “esquerda".
Conclusão:
Portanto, a linha editorial da revista Veja é marcada
pela adesão dos interesses econômicos da direita e culturais da esquerda,
representando o estilo de vida liberal da classe média brasileira: voltada aos
próprios interesses individualistas e que não se importa com as camadas mais
populares do Brasil (camadas essas marcadas pela forte religiosidade –
conservadorismo social, e pelo desejo de um estado intervencionista que traga a
justiça social por meio de medidas econômicas que redistribuam a renda do país,
hoje concentrada nas mãos de grandes banqueiros).
Os interesses do PSDB para o Brasil coincidem com os
interesses da revista Veja e de boa parte da chamada direita brasileira. Porém,
existe uma parte dessa mesma direita que não se satisfaz com o PSDB
(considerado muito moderado e “centrista”, assim como o Partido Democrata nos
Estados Unidos). Essas pessoas estão mais interessadas em políticos como os da
família Bolsonaro, ideologicamente muito mais próximos do Partido Republicano (direita
americana) e por isso estão zangadas com a nova direção da revista da Abril,
que está mais interessada nas políticas neoliberais centristas de Barack
Obama.
Resumindo a ópera: a Veja também é parte da hegemonia liberal de que o Dugin fala.
ResponderExcluirBem colocado e com boas referências. De fato André Petry sempre foi voz destoante na tablóide semanário da Abril e penso que só não é demitido para a manutenção de uma ilusão de diversidade de opiniões.
ResponderExcluirSeria bom também mostrar que o site Brasil Post (http://www.brasilpost.com.br/), que replica matéria do Huffington Post, é possivelmente o maior portal brasileiro atual de Feminismo e Ideologia de Gênero, e é mantido pela mesma Editora Abril.
Mas há muito mais no que se refere a oposição de Veja ao PT além de motivos ideológicos. Como explico aqui http://www.xr.pro.br/Ensaios/Civita.html