sábado, 30 de julho de 2016

A Guerra contra a Reprodução.



O Feminismo com 'F' maiúsculo, entendido como o de Segunda Onda consolidado e popularizado a partir dos 1960 e do qual a Terceira Onda é derivação espontânea, é um nítido braço do poder econômico globalista, sendo financiado desde o topo pela elite do capitalismo mundial, a começar pelos petroleiro-banqueiros Rockefellers, que de fato bancaram o fundamento da N.O.W (National Organization for Women), mas abrangendo uma vasta gama de entidades como o FMI, o Fórum Econômico Mundial e gigantescos bancos como o JP Chase & Morgan.[1]
Esse fato, largamente verificável e conhecido tanto por conservadores reacionários quanto por marxistas revolucionários,[2] costuma despertar nos primeiros o interesse na temática do ataque as tradições culturais religiosas e familiares, e nos segundos uma forma de sabotar a Luta de Classes pela substituição da pauta estrutural econômica pelas veleidades da Super Estrutura.
Ambos estão de fato corretos. No entanto, nesse horizonte de abordagem algo essencial se perde, e justo aquilo que é, na realidade, talvez a mais primordial característica dessa ideologia.
Demonstrarei a seguir que o Feminismo é uma doutrina 100% Anti-Reprodutiva. E ainda que isso não esgote sua natureza, havendo outras características importantes, todas as suas pautas, SEM EXCEÇÃO, são voltadas direta ou indiretamente para esse fim anti reprodutivo.
As evidências por si só são flagrantes, atacando ponto a ponto todos os estágios do processo reprodutivo humano como a atração sexual, o relacionamento, gravidez etc.
ATRAÇÃO HETEROSSEXUAL
1.1) Feministas atacam a sensualidade feminina, desencadeador primário do desejo masculino. Não de modo muito direto para não arriar a máscara de respeito a liberdade das mulheres, mas não perdem oportunidade de denunciar como objetificação e exploração da mulher até mesmo atitudes totalmente voluntárias onde essas mesmas mulheres se beneficiam fartamente. Atacam toda a estética sensual, desde a erótica mais leve até a indústria pornográfica que fomentam esse impulso, bem como a prostituição, que além de fazer o mesmo, sempre pode resultar num relacionamento.[3]
1.2) Em paralelo atacam muito mais violentamente o desejo masculino. Eliminando diferenças entre cortejo e assédio ou uma abordagem casual e cantadas ofensivas. Acusam todos os homens de estupradores em potencial e tentam incutir vergonha por seus instintos a ponto de dizer que a simples contemplação da nudez feminina já é violência contra mulheres. Por vezes dizem que tais instintos sequer são naturais, mas resultam de "lavagem cerebral" imposta pelo Determinismo Cultural Patriarcal, outras vezes admitem sua naturalidade demonizando-os por um fatalismo natural incorrigivelmente estuprador.
RELACIONAMENTO HETEROSSEXUAL
2) Criam clima de terror com fraudes como "1/4 das mulheres já foi estuprada" e impõem leis  capazes de condenar inocentes por qualquer acusação falsa de estupro. Atemorizam mulheres com a psicopatia perversa de que existe a "Cultura de Estupro", quanto homens que passam a temer o contato com mulheres devido ao fato delas terem poder jurídico de destruir-lhes a vida com um simples apontar de dedo. Tentam convencer mulheres que acharam uma experiência sexual ruim de que foram estupradas, piorando sua percepção das relações heterossexuais, e ao combater qualquer iniciativa efetiva que possa diminuir a violência sexual taxando-a de "culpabilização da vítima", intencionam eliminar quaisquer meios reais de defesa contra estupradores de fato, indiferenciando-os da grande maioria dos homens.
NO ENTANTO, tudo isso se aplica SOMENTE aos estupros heterossexuais potencialmente reprodutivos. O Feminismo silencia em absoluto para o estupro homossexual e até mesmo para estupro heterossexual de grupos tidos como estéreis, como de mulheres com síndrome de down. [4] Bem como se escandalizam com relacionamentos com larga diferença de idade mas somente quando o homem é o mais velho, visto que mesmo um sexagenário ainda pode ser reprodutivo com uma moça bem jovem, mas não se importam quando a diferença de idade se inverte, visto que mulheres acima dos 45 dificilmente são férteis.
3) Atacam relacionamentos estáveis estendendo o conceito de violência doméstica para o plano verbal e psicológico, englobando até "violência simbólica" e criando mecanismo legais irreversíveis incentivando mulheres a denunciar seus companheiros ante qualquer flutuação de humor que normalmente resultaria apenas em discussão temporária, eliminando a diferença entre dificuldades normais de relacionamento e violência de fato. Sem qualquer resultado positivo em coibir a violência doméstica real, visto que isso aumentaria os índices de bons relacionamentos. Chegam ao ponto de propor a qualquer parte terceira ou ao próprio Estado o poder de denunciar uma suposta violência doméstica à revelia da suposta violentada, bem como, negando a realidade de que a quase totalidade da violência doméstica é bi-lateral, coíbem iniciativas de tratamento do casal em conflito que quer sair do ciclo vicioso da violência doméstica real.
4) Com fortíssima influência nas varas de divórcio lograram obter que processos de separação sejam na quase totalidade das vezes extremamente lucrativos para quem fica com a guarda das crianças, quase sempre as mães, e incentivam ao máximo que se faça o possível para infernizar a vida do ex-companheiro, o que leva qualquer homem prudente a pensar muito antes de desejar ter um relacionamento estável e filhos. Ao mesmo tempo acusam os homens de não quererem se comprometer por medo de mulheres "empoderadas", que de fato podem arruinar-lhes a vida financeira e psicológica definitivamente, só não sendo a situação ainda pior porque a maioria das mulheres não quer usar tais recursos apesar dos esforços feministas de convencê-las de que são todas oprimidas, exploradas e estupradas pelo Patriarcado e que somente a destruição da instituição da paternidade pode "libertá-las".
APOLOGIA A SEXUALIDADE NÃO REPRODUTIVA
5) Além de ignorar por completo o estupro homossexual, escondem a imensa quantidade de pessoas que alternam fases heterossexuais com fases homossexuais ou mesmo que são constantemente bissexuais, estimulando massivamente a homossexualidade ao mesmo tempo que sustentam a fraude que Toda ela é biologicamente inata e irresistível, quando isso na verdade se aplica apenas à parte dela.[5] O que faz com que muitos que poderiam ter relacionamentos hétero reprodutivos acabem se focando exclusivamente em relacionamentos homo. Ao mesmo tempo acusam a heterossexualidade de ser uma imposição social, caindo em flagrante contradição.
6) Ao mesmo tempo que atacam o impulso sexual masculino, incentivam a promiscuidade feminina, pois em plena era da contracepção avançada esta é pouco relevante em contraposição ao fato de que homens preferem buscar parceiras não promíscuas para estabelecer famílias. O efeito colateral desse incentivo, a gravidez indesejada, pode ser solucionada pelo incentivo ao aborto.
7) Incentivam a "desconstrução" do gênero por saberem que masculinizar as mulheres reduz drasticamente sua propensão reprodutiva, pois para competir em pé de igualdade com homens, é preciso no mínimo não engravidar. Afinal, Feminismo é a ideia radical de que as mulheres são (deveriam se comportar como) homens! Ao mesmo tempo visam afeminar os homens tornando-os menos atraentes para mulheres, o que é inofensivo em termos reprodutivos visto que por mais femininos que homens se sintam, eles jamais irão engravidar.
APOLOGIA DA VIDA NÃO REPRODUTIVA
8) Incentivam ao máximo que mulheres procurem ocupações que dificultarão ou mesmo impedirão por completo suas oportunidades reprodutivas, insistindo que somente a carreira pode libertá-las da opressão do lar, trocando-a pela exploração do trabalho, e declarando que a não total equivalência entre homens e mulheres em certos cargos implica em discriminação, que só pode ser compensada pelo esforço feminino ainda maior para o carreirismo.
Todavia, cabe notar que a mais óbvia e tradicional opção de vida não reprodutiva, o celibato religioso, é desencorajado porque isso fortaleceria religiões que se por um lado retiram indivíduos do população reprodutiva, por outro lado a apoiam pelo incentivo sócio cultural a instituição familiar.
MATERNIDADE
9) Atacam o próprio conceito de maternidade, considerando-a até mesmo como um "mito", bem como com o mito de que a sociedade prega e exige a "mãe perfeita", fingindo ser um incrível tema tabu as óbvias dificuldades reais para ter e criar filhos. Ultimamente tem incentivado e popularizado depoimentos de pais que "se arrependeram" de ter filhos e estão preparando para abrir uma nova frente de combate por meio da "violência obstetrícia", que seguramente incluirá a obscurecimento de que a maior parte desta é praticada por mulheres para transformá-la em mais uma forma de opressão patriarcal. E seguramente sem fornecer qualquer solução no sentido de minimizar o problema, não demorarão a alardear que o mesmo está aumentando.[6]
10) Apoiam massivamente o Aborto Incondicional querendo elevá-lo até mesmo ao nível de um Direito Humano Fundamental removendo toda e qualquer forma de ônus financeiro, jurídico ou moral. (Abortismo)[7]  Entre outros, essa ideologia, que na verdade transcende o próprio Feminismo, tem como objetivo lesar os impulsos maternais, pregando o desprezo pela vida intra uterina.
CONTENÇÃO POPULACIONAL
Essa cruzada anti-reprodutiva só não é mais escancarada porque é evidente que a maioria das mulheres é hétero, gosta de homens e quer ter filhos, portanto, para sustentar a imagem hipócrita de luta pelos "direitos das mulheres", o ataque tem que ser menos explícito embora não menos insidioso.
Diante disso é quase desnecessário apontar o fato que o Feminismo de Segunda Onda sai da absoluta obscuridade para retumbante sucesso mundial em menos de uma década assim que passou a ser financiado pela Fundação Rockefeller, que há várias décadas já trabalhava intensamente no ramo de contenção do crescimento populacional.[8]
E não importa aqui se essa contenção é boa ou ruim, e sim perguntar: Com todas essas evidências é possível haver dúvida de que o movimento é totalmente anti-reprodutivo?
A única coisa que impede que isso seja assumido e evidente como o é nas palavras das feministas mais radicias é o fato de que o movimento precisa fingir ser algo em favor das mulheres.
Resumindo, a reprodução humana:
- Pressupõe a Heterossexualidade, demonizada como heternormatividade compulsória enquanto se glorifica e se exalta a homossexualiade;
- Demanda a Cissexualidade (visto que os papéis de gênero mais tradicionais são os mais desejáveis em termos de atração para o gênero oposto), ao passo que se exalta a transexualidade;
- Necessita do impulso sexual, especialmente o masculino, que é atacado de todas as formas como objetificação da mulher;
- Exige o flerte e sedução predominantemente feito por homens, atacados como assédio sexual e já amplamente criminalizados;
- Precisa do Ato Sexual, considerado como estupro (Toda relação heterossexual é estupro!);
- Tem como efetiva concretização primeiro a Fecundação, considerada indesejável e rejeitada em nome do "empoderamento feminino";
- E em segundo a  Gravidez levada até o nascimento, atacada por meio do Abortismo;
Como todos esses estágio se dão, para todos os efeitos de coesão social,  preferencialmente dentro de famílias estáveis e saudáveis, consideradas como o fundamento primário da Opressão Patriarcal, perceba que TODOS ESSES ESTÁGIOS SÃO EXAUSTIVAMENTE ATACADOS PELO FEMINISMO!
O QUARTO (e oculto) ELEMENTO
Há que se considerar haver excelentes argumentos a favor da contenção populacional. É inegável que os recursos naturais são limitados e que a tecnologia não parece compensar uma explosão demográfica descontrolada. Mas mesmo havendo um fim legítimo e justificável, cabe perseguí-lo por meios hipócritas e obscuros?
Ademais, em diversos locais do mundo, quase sempre países mais desenvolvidos, em especial na Europa, a população já está diminuindo, e invés dos esforços se concentrarem na áreas ainda de crescimento explosivo, como África e Ásia, elas se intensificam mais e mais em locais com taxas de fecundidade negativas, o que demanda um fluxo migratório que termina por estimular o crescimento dos países mais pobres. Já não deveria estar claro que dever-se-ia deter as abordagens anti-reprodutivas nos países mais desenvolvidos e transferi-las para os menos desenvolvidos?[9]
Tudo isso nos leva ao último fator. Vimos que o Feminismo é anti-reprodutivo, pauta esta que é harmônica com o ataque a instituição familiar, que é justamente a célula reprodutiva da sociedade e existe exatamente para regular essa função. Bem como também afeta a classe trabalhadora pela desarticulação cultural da mesma instituição que leva a um individualismo hedonista além de uma "Luta de Gêneros" que prejudica a Luta de Classes, como agravante de muitos esquerdistas ainda acreditarem nessa aliança.
Mas sempre há um elemento oculto nas razões que movem a maior parte das pessoas, e nesse caso penso que essa quarta característica motivacional do Feminismo é muitíssimo pior que todas as demais combinadas, uma vez que a anti-reprodução é mesmo em muitos contextos defensável, o ataque a família pode obedecer perspectivas futurológicas potencialmente bem intencionadas, como a platônica [10], e mesmo o ataque a classe trabalhadora, ainda que pérfida, ao menos ainda é racional.
Trata-se de pura MISANTROPIA. Isto é, o ódio, ou desprezo, pela própria humanidade, que a meu ver anima muitas das forças psicossociais incluindo vertentes do ambientalismo e mesmo de "direitos dos animais", que são usados por muitos misântropos para disfarçar, as vezes até para si mesmos, seu desprezo pelo Ser Humano, e consequentemente, ou antecedentemente, por si próprios. Isso sem contar, o Anti-Natalismo. [11]
Que outro propósito tão tanático poderia possuir um movimento frequentemente anti Eros que chega ao ponto de demonizar a reprodução e mesmo a maternidade?
Mas isso deixo para analisar numa outra ocasião.

Marcus Valerio XR
30 de Julho de 2016

Referências

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1. Alguns de meus textos que demonstram isso mais detalhadamente são: Da Esquerda Para Trás (http://xr.pro.br/Ensaios/Da_Esquerda_para_Tras.html) também disponível em vídeo palestra em http://youtu.be/-Q0mfpvrFf4, Invertendo a Igualdade (http://xr.pro.br/Ensaios/Invertendo_a_Igualdade.html) e Postagem de 08/01/15 (http://xr.pro.br/JANEIRO2015.html#8 e também no Facebook em https://www.facebook.com/MarcusValerioXR/posts/10205883134460505). Dentre outros.
2. Como facilmente encontrado no site de Olavo de Carvalho (http://olavodecarvalho.org) e no site do Partido da Causa Operária (http://www.pco.org.br/)
3. Há uma notória ambiguidade no Feminismo a esse respeito, havendo autoras e militantes favoráveis à prostituição, pornografia e uso da sensualidade se estas forem de livre escolha e benefício da mulher, vendo-as até como forma de empoderamento, bem como há muitas outras que vem isso no sentido oposto, como formas de degradação e exploração das mulheres. Mas estou convencido de que essa ambiguidade é ilusória, e em parte resultante de uma confusão derivada do fato de que conservadores também condenam essas práticas, gerando em muitas feministas uma típica reação contraditória devido ao fato de sua ideologia ser flagrantemente hostil ao conservadorismo. Mas quando levado criteriosamente a cabo, e quando mais fortalecido, o Feminismo se posiciona, curiosamente, ao lado do conservadorismo nesse sentido, como já está demonstrado nos países mais feministas do mundo, onde já foram proibidas, ou ao menos restritas, a prostituição (Suécia e França), boates de Strip Tease (Islândia), ou modalidades de pornografia (Inglaterra), para citar uns poucos exemplos. Isso ocorre por ser perfeitamente consistente com a estrutura de pensamento feminista anti-patriarcal, pelo fato de que tais instituições, ao contrário do que pensam conservadores, não apenas suportam como podem ser vitais à sobrevivência do Patriarcado, visto que oferecem uma válvula de escape para a sexualidade masculina pouco ofensiva à instituição familiar normal, sem a qual a única opção seriam as arriscadas aventuras extra conjugais com muito mais potencial de lesar o casamento.
4. Na realidade pessoas com Síndrome de Down não são necessariamente estéreis, havendo casos de mulheres portadoras da síndrome que engravidaram, ainda que raríssimos. No entanto persiste no senso comum a crença nesse esterilidade (http://www.movimentodown.org.br/2013/01/as-mulheres-com-sindrome-de-down-e-a-gravidez-2/)
5. A quantidade de evidência da flexibilidade da homossexualidade é tão esmagadora que só mesmo uma doutrinação brutal para impedir sua percepção. Não apenas o relatório Kinsey (https://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Kinsey).
6. Nesse caso estou arriscando uma previsão. O problema da violência obstetrícia já tem sido levantado com alguma projeção, embora com poucas iniciativas feministas independentes. Pode ser que da mesma forma como outras pautas maternistas, como amamentação ou apologia ao parto normal, isso seja feita de forma bem intencionada por militantes que até se consideram feministas embora não estejam realmente vinculadas às ONGs financiadas. Mas 2e isso se tornar uma pauta "oficial" do movimento, coordenada desde os órgãos internacionais como ocorre com as pautas da Violência Doméstica ou do Estupro, aposto alto que ocorrerá como sugeri.
7. Já publiquei uma ampla literatura sobre o Abortismo, que pode ser acessada a partir de http://xr.pro.br/Ensaios/Abortismo.html.
8. No texto A Fundação do Feminismo de Segunda Onda (http://xr.pro.br/Ensaios/Abortismo.html), exponho algumas evidências a respeito e em especial a brilhante palestra da Dr. Renata Gusson, que aborda detalhadamente esses fatos.
9. Objeto de meu texto Hipótese Benevolente para a Cruzada Anti-Reprodutiva (http://www.xr.pro.br/Ensaios/Hipotese_Benevolente.html).
10. Embora muitos conservadores atribuam esse projeto a Marx, o primeiro grande pensador a teorizar sobre a abolição da família e estatização foi  Platão, há 2.300 anos no Livro V de sua mais famosa obra, A República. Comento isso em (http://www.xr.pro.br/SETEMBRO2015.HTML#13/https://web.facebook.com/MarcusValerioXR/posts/10207912966765044) e (http://www.xr.pro.br/DEZEMBRO2015.HTML#10/https://web.facebook.com/MarcusValerioXR/posts/10208456890362794).
11. Esse foi o tema de um anexo de minha Dissertação de Mestrado Otimismo X Pessimismo (http://www.xr.pro.br/monografias/OTIMISMOXPESSIMISMO.HTML), bem como de ensaios menores como Em Defesa da Humanidade (http://www.xr.pro.br/Ensaios/Humanidade.html) e no periódico de 21/01/2010 em  http://www.xr.pro.br/JANEIRO-MARCO2010.HTML.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

A farsa do conservadorismo da Rede Globo.


Foto – Logo de “Liberdade, Liberdade”, a atual novela global das 23h00.
No dia 12 de julho de 2016, na novela das 23h00 da Rede Globo, “Liberdade, Liberdade”, houve uma de sexo entre dois homens, interpretados pelos atores Caio Blat e Ricardo Pereira. A repercussão em torno dessa cena foi grande, como não poderia deixar de ser. Alguns internautas em redes sociais comentaram que gostaram da cena em questão e chegaram até a agradecer à Rede Globo. Maitê Proença disse que essa cena foi um marco na história da TV brasileira. Entretanto, para mim, isso não me surpreende nem um pouco. A Rede Globo tem todo um histórico de cenas e temáticas GLBTT em suas novelas que remonta desde a década retrasada. E o que ela faz em suas novelas, diga-se de passagem, é em sua essência repetir aqui o que muitos seriados dos Estados Unidos e da Inglaterra fazem (entre eles Sherlock, Doctor Who, Glee e outros), ou do que no Japão animes e mangás dos gêneros yaoi e yuri fazem (o primeiro é destinado ao público gay e o segundo ao público lésbico. Em outras palavras, hentai para o público GLBTT).
Isso é mais um tapa na cara daqueles que acham que a Globo é uma emissora totalmente conservadora (ou seja, tanto no campo político quanto no campo moral). A emissora fundada por Roberto Marinho, embora seja de fato conservadora em termos políticos, social e moralmente falando não comunga com o discurso neoconservador republicanóide de gente como Jair Bolsonaro e seus filhos, Marco Feliciano, Magno Malta, Silas Malafaia, Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad Ibrahim) e outros. Apenas em termos políticos é que o discurso da Rede Globo comunga com o das citadas figuras, pois ambos não se sentem a vontade com um partido de massas no poder e que eventualmente resolva fazer aqui no Brasil uma versão tupiniquim da Ley de Medios e assim ameaçando o status quo privilegiado da Rede Globo dentro da mídia nacional, tal qual a citada lei fez na Argentina com oligopólios de mídia como o El Clarín. Mas, enquanto Bolsonaro, Feliciano, Malafaia e companhia limitada se mostram refratários a temas como liberação de casamento entre pessoas do mesmo sexo, ideologia de gênero e liberação de drogas e do aborto, o mesmo não se verifica não apenas com a Rede Globo como também com outros veículos de comunicação de massa como a Revista Veja (o que já foi explicado em artigos anteriores postados nesse blog).
E aí eu pergunto a certos incautos: o que tem de revolucionário uma cena de sexo gay em uma novela da Rede Globo (a ponto de ser algo estremeça as bases do atual sistema vigente)? Tal cena é tão revolucionária quanto, por exemplo, a propaganda do Boticário do dia dos namorados do ano passado, um filme de conteúdo pornográfico GLBTT nos cinemas ou um mangá/anime dos gêneros yaoi e yuri nas bancas, livrarias e canais de televisão do Japão: nada. E o que terá de revolucionário, por exemplo, se um dia a Rede Globo, em uma futura novela, veicular uma cena de sexo lésbico ou quem sabe até necrófilo, zoófilo ou pedófilo e/ou exibir um anime yaoi ou yuri? Também nada. Revolucionário talvez apenas dentro da cabeça oca de gente como o Olavo de Carvalho e seus colegas do Mídia sem Máscara, que, do alto de sua tacanhice típica e costumeira, vêm comunismo em todos os lugares possíveis e imagináveis (sendo que em realidade o que ele faz é trazer para o Brasil as teorias conspiratórias dos republicanos estadunidenses). Alguns incautos acham que a veiculação dessa cena em uma novela global é uma forma de combater o ódio que muitos têm em relação aos homossexuais (assertiva essa que eu, diga-se de passagem, acho no mínimo muito duvidosa quanto a seus efeitos práticos. Coisas como essas invariavelmente acabam ajudando a fortalecer os Bolsonaros, os Malafaias e os Felicianos da vida). Sendo que isso, em realidade, trata-se de um ato de finalidade mercadológica visando explorar comercialmente o público GLBTT. É o dedo de Midas do capital que tudo transforma em ouro (vulgo mercadoria a ser vendida por determinado preço no mercado). Em outras palavras, trata-se de capitalismo puro e simples. Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
Além disso, isso se trata de mais um exemplo da grande mídia corporativa privada submetendo a população àquilo que Ludovico Silva (o qual, diga-se de passagem, é pouco conhecido no Brasil) chamava de mais valia ideológica. Segundo o finado filósofo marxista venezuelano, a mais valia ideológica seria a extensão da exploração que o trabalhador é submetido na fábrica em casa, pois mesmo em seu lar a pessoa se encontra presa à lógica do sistema de produção capitalista na medida em que é exposta e eventualmente consome os produtos que a televisão divulga, permanecendo em um estado de “produção” mesmo pensando que está em casa descansando. Ideologicamente, a mais valia ideológica tem como finalidade transformar o trabalhador em um guardião do sistema vigente, com a superestrutura mental e ideológica sendo condicionada pela superestrutura socioeconômica com a finalidade de reforçar a exploração do trabalho pela mesma estrutura. Portanto, a televisão, tal qual instituições como o judiciário e outras, é um órgão que tem partido, o partido do capital multinacional (e isso é algo que os proponentes do Escola sem Partido ignoram olimpicamente, seja por pura ignorância, por conveniência ou por má fé. Ou talvez porque não queiram mexer com gente poderosa).

Foto – Ludovico Silva (1937 – 1988).
Um bom exemplo de mais-valia ideológica e seu funcionamento é o fato de que hoje em dia, na Inglaterra, segundo o vídeo russo “Методы пропанды извращений средствами кинематографа” (Métodos de propaganda de perversões pelos meios cinematográficos, em português), postado originalmente pelo canal do You Tube “Научи Хорошему 2.0 (”Ensine o que é bom 2.0”), uma enquete foi feita por sociólogos europeus e revelou-se que metade dos jovens britânicos não sabem se são garotos ou garotas, e que apenas 46% dos britânicos de 18 a 24 anos pesquisados se consideram totalmente heterossexuais, ao passo que essa porcentagem entre os entrevistados britânicos acima de 60 anos sobe para 88%, para 78% entre os de 40 a 59 anos e para 58% entre os de 25 a 39 anos. A mesma pesquisa também revelou que quase todos aqueles que se dizem de orientação sexual não tradicional se tornaram assim por causa do que viam nos programas de televisão que assistiam, e não por causa de defeitos congênitos. Em outras palavras, essas pessoas em questão tratam-se de heterossexuais enrustidos que ficam bancando o gayzão ou a sapatona para passarem uma imagem de descolados e moderninhos perante os outros (ou seja, aquilo que eu chamo de homossexualismo de modinha). E esse tipo de comportamento nada mais é que o mesmo do gay que fica bancando o heterossexual para passar uma imagem de machão perante os outros, só que com sinal invertido.
O mesmo vídeo em questão menciona a existência de cinco métodos de propaganda de perversões utilizados pela mídia de massa: 1 – Introdução do tema das perversões no enredo da produção, ou escolha para ecranização[1] de uma história originalmente dedicada a pederastas; 2 – Uso do humor na exaltação/discussão do tema das perversões; 3 – Demonstração de perversões enquanto norma de conduta. Troca das palavras “pederasta” e “pervertido” pelos eufemismos “gay”, “homossexual” e etc.. (ou seja, dar um nome gourmet à coisa); 4 – Formação da imagem do pervertido como uma personalidade refinada, criativa. Invoque nos espectadores emoções de empatia aos sodomitas; 5 – Envolvimento de pervertidos assumidos nas filmagens dos filmes, seus avanços em altos postos na esfera da mídia de massa e da cultura.
Obviamente que o sistema que aí está nenhum amor nutre pela comunidade GLBT e seus integrantes, apenas os usa como massa de manobra para atingir seus objetivos. E, no momento em que eles não mais forem úteis ao mesmo sistema, serão descartados como se fossem peões de um jogo de xadrez. Grandes capitalistas estão por trás não são de movimentos GLBT como também por trás de movimentos a favor do aborto, de liberação de drogas como maconha e outras, de ideologia de gênero, entre outras porcarias que eles apoiam e financiam através do dinheiro que eles fornecem através de suas ONGs e fundações. Como parte da elite global que concentra em suas mãos o poder e a maior parte da riqueza existente no globo, eles obviamente almejam a perpetuação de seu status privilegiado ad eternum. O que se faz através de uma estratégia de destruição moral das massas e desvio de atenção de seus reais problemas. Assim, a atenção das massas é desviada do combate ao poder de gente como George Soros, Rockefeller, Rotschild (os mesmos Rotschild que eram os principais credores do Brasil nos tempos do Império e da Primeira República), Bilderberg, irmãos Koch (os mesmos que financiam aqui no Brasil grupos como o Movimento Brasil Livre) e outros tubarões das finanças internacionais, ou mesmo de empresas transnacionais como a Monsanto e as sete irmãs do petróleo (as mesmas que ajudaram a desestabilizar o Oriente Médio e o norte da África) para coisas de importância muito menor como identidade de gênero, sexualidade, a droga que consome, poder abortar ou não depois de engravidar em uma balada ou uma micareta e porcarias afins.
E onde entra a questão da televisão e da mais valia ideológica que ela submete às pessoas nessa história toda? Como dito acima, a televisão é um órgão cujo funcionamento está dentro da lógica capitalista e que cujo partido é o dos interesses do grande capital transnacional aqui estabelecido. E esses, por seu turno, a usam para fazer valer seus interesses e levar adiante sua agenda de perpetuação de poder (explicação essa que eu vejo como muito mais plausível do que as teorias de conspiração que o Olavo de Carvalho e sua trupe vivem vomitando).
E isso também mostra o quanto o ser humano se encontra moralmente decadente nos dias de hoje. E essa não é a primeira vez que isso acontece: no processo de decadência e ocaso de diversas civilizações ao longo da história o fator moral esteve largamente presente, como foi o caso do Império Romano e da China Imperial. No caso romano, os vários povos germânicos que durante séculos viviam nas fronteiras além dos rios Reno e Danúbio são comumente vistos como os responsáveis pelo fim do Império Romano. Entretanto, o que a ação deles e dos hunos fizeram foi nada mais que destruir algo que já estava podre por dentro e o episódio da deposição de Rômulo Augusto pelo chefe hérulo Odoacro em 476, o golpe de misericórdia que pôs fim a existência do Império Romano Ocidental. Nos momentos de agonia final do Império Romano Ocidental, a taxa de natalidade da população diminuiu muito, ter filhos era visto como um fardo e práticas como o aborto e o infanticídio se disseminaram cada vez mais, assim como orgias, banquetes, bebedeiras e a prática crescente de atos sexuais não-tradicionais (zoofilia incluso), tornando assim a sociedade romana cada vez mais hedonista. Na China do final da Dinastia Qing[2] (1644 – 1912), houve o problema da epidemia do vício em ópio principalmente a partir da derrota sofrida para a Inglaterra na Primeira Guerra do Ópio (1839 – 1842). A situação chegou a tal ponto que, quando Mao assumiu o poder, o país contava com cerca de 70 milhões de drogados não só em ópio como também em outras drogas como heroína e morfina (ou seja, cerca de 12% de sua população). Apenas depois que o problema do ópio foi resolvido (através da repressão ao tráfico e destruição da produção da droga e toda a logística nela envolvida) que a China pode sair desse buraco.
Por fim, queremos deixar bem claro que nada temos contra homossexuais enquanto seres humanos. Nessa condição eles merecem todo nosso respeito e repudiamos todo e qualquer ato de violência contra eles. Mas, por outro lado, o já mencionado homossexualismo de modinha, esse sim merece nosso repúdio. Assim como repudiamos a exploração comercial que a Rede Globo e outros grandes conglomerados de mídia nacionais e internacionais fazem em cima deles, transformando esse estilo de vida em uma espécie de mercadoria a ser consumida.

Foto – Meme mostrando Batman falando a verdade para Robin a respeito da cena de sexo gay em “Liberdade, Liberdade”, da Rede Globo.
Fontes:
Cena de sexo gay em “Liberdade, Liberdade” movimenta as redes sociais. Disponível em: http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/07/cena-de-sexo-gay-em-liberdade-liberdade-movimenta-redes-sociais.html
Cuando mueren las naciones (em espanhol). Disponível em: http://www.ministeriosprobe.org/docs/naciones.html
Ecranisation (em inglês). Disponível em: https://en.wiktionary.org/wiki/ecranisation
Métodos de programação de perversão na TV (em russo com legendas em português). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P3tLtHTiuh8
RW: How Maoist Revolution wiped out drug addiction in China (em ingles). Disponível em: http://revcom.us/a/china/opium.htm.
Sociedade: o frenesi dos avatares coloridos e a doutrina dos manipulados. Disponível em: http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2015/11/sociedade-o-frenesi-dos-avatares.html
Televisão: fábrica de mais-valia ideológica. Disponível em: http://eteia.blogspot.com.br/2012/01/televisao-fabrica-de-mais-valia.html



[1] Do inglês ecranisation. Nas artes cinematográficas, termo utilizado para designar a adaptação de um livro, história ou outra forma de trabalho gráfico ou escrito em filme.
[2] Leia-se “Tsin”, pois no mandarim a partícula q tem valor de ts.