Foto – Boris Nemtsov ao lado de Boris
Yeltsin.
Falso
herói. É assim que eu vejo Boris Nemtsov. Um ano se passou desde a morte de
Boris Nemtsov. Nemtsov faleceu em 27 de fevereiro de 2015, quando foi morto
próximo ao Kremlin. Ele era um político de oposição a Vladimir Putin na Rússia,
mas muito impopular perante o povo. Entretanto, sua morte gerou certa comoção, a
ponto de na ocasião em Moscou ter tido uma marcha em homenagem a ele e até a
programação de um evento no Rio de Janeiro frente ao Consulado da Rússia no Rio
de Janeiro para se colocar velas e flores em homenagem a esse sujeito. Eu sou
Boris Nemtsov uma ova. E vou explicar a razão.
Primeiro
de tudo, Boris Nemtsov era um canalha de marca maior. Haja vista que era homem
de confiança de Boris Yeltsin na década de 1990, assim como amigo de Boris
Berezovskiï, um dos muitos oligarcas que emergiram na Rússia após o fim da
União Soviética se apropriando do antigo patrimônio estatal soviético e que
durante o governo Putin se exilou para a Inglaterra alegando perseguição
política. Através de laranjas como o iraniano Kia Joorabchian, Boris
Berezovskiï, em conluio com o então presidente Alberto Dualib, ajudou a
emporcalhar o Corinthians durante os anos da infame parceria com a MSI (Media Sports Investments), a qual usou o
Corinthians como um meio de lavar dinheiro de atividades ilegais. Essa parceria
terminou em investigações por parte do Ministério Público Brasileiro e que cujos
efeitos nocivos levaram o Corinthians ao rebaixamento para a Segunda Divisão no
Campeonato Brasileiro de 2007, algo até então inédito para o time do Parque São
Jorge. Berezovskiï faleceu em 2013, tendo sido encontrado morto em sua casa em
Londres.
E isso
não é tudo. Boris Nemtsov era, entre outras coisas, favorável a que a Rússia
saísse da Ucrânia. Quer dizer, que para ele tudo bem o Ocidente ingerir na
Ucrânia e apoiar os mais abjetos neofascistas em seus intentos, tal como fez na
Croácia na década retrasada durante a desintegração da Iugoslávia. Da mesma
forma com que a Croácia de Franjo Tudjman era uma herdeira político-ideológica
da Ustaša de Ante Pavelić, o regime agora vigente em Kiev é herdeiro
político-ideológico dos nacionalistas ucranianos liderados por Stepan Bandera (os
quais na Segunda Guerra Mundial tal como os Ustaše colaboraram maciçamente com
os nazistas[1])
e que almeja colocar a Ucrânia na OTAN. Mas a Rússia querer zelar por sua
segurança e de seus concidadãos que lá vivem, isso não pode? Qual será a lógica
desses liberalóides russos? Que hipocrisia é essa, afinal?
Foto – Nemtsov e Berezovskiï juntos.
Uma
Ucrânia na OTAN seria para a Rússia o mesmo que um Tibete independente alinhado
com o Ocidente para a China: como se estivesse com uma adaga prestes a ser
fincada em seu pescoço. Com a Ucrânia dentro da OTAN o Ocidente poderia
empreender uma nova Operação Barbarossa contra a Rússia, podendo ataca-la em
três frentes que nem a Alemanha Hitlerista fez na Segunda Guerra Mundial: uma
ao sul através da Ucrânia, uma mais ao norte através dos países bálticos e
outra no Ártico através da Noruega. Da mesma forma, um Tibete independente
alinhado com o Ocidente poderia deixar as cidades do sul, do oeste e do leste
da China expostos à ataques contra suas principais cidades. Além disso, nas
regiões sul e leste da Ucrânia, também conhecida como a região da Nova Rússia
(em russo Novorossiya/Новороссия), grande parte da população que lá vive é de
etnia russa, e desde o golpe em Kiev é alvo de limpeza étnica desses
neofascistas que desejam uma Ucrânia etnicamente homogênea e sem minorias (haja
vista o massacre de Odessa em dois de maio de 2014 por parte de militantes
neofascistas pró-Maidan).
Portanto,
a Rússia tem todo o direito de intervir na Ucrânia e não desejar que Kiev entre
na OTAN. Da mesma forma com que na década retrasada a Iugoslávia de Slobodan
Milošević[2] tinha todo o direito de
manter sua integridade territorial e acabar com a escalada neofascista da
Croácia e da Eslovênia e de fundamentalismo islâmico na Bósnia e em Kosovo.
Escalada essa que também contou com o apoio do mesmo Ocidente que hoje apoia a
escalada neofascista que a Ucrânia hoje vivencia. Diga-se de passagem, tanto na
Croácia quanto na Bósnia e em Kosovo houve grandes chacinas de sérvios durante
o processo, a exemplo do que aconteceu em Krajina[3] em 1995 durante a Operação
Tempestade por parte da Croácia, em várias partes da Bósnia habitadas por
sérvios (Republika Srpska) por parte
dos fundamentalistas islâmicos liderados por Alija Izetbegović e em Kosovo por
parte do Exército de Libertação de Kosovo. Todos eles sob os auspícios da OTAN
e do dito “mundo livre e democrático”. É dever moral tanto dos revolucionários
da Novorossiya como também do governo russo impedir que tragédias como as
ocorridas em Krajina e na Republika Srpska se repitam do lado da Rússia e que a
Novorossiya um dia vire uma espécie de Nova Galícia, com a população de etnia
russa que lá habita sendo substituída após uma maciça limpeza étnica por
colonos uniatas[4]
vindos da Ucrânia Ocidental e assim transformando a região em uma espécie de
grande Palestina europeia (com direito aos russos que ainda restarem por lá
sendo submetidos a toda uma legislação discriminatória que os transformará em
cidadãos do segunda ou terceira classe, a qual incluiria, entre outras coisas,
a proibição de se falar o idioma russo, de se usar o cirílico russo e não o
ucraniano em locais públicos e de se professar a Ortodoxa ligada ao Patriarcado
de Moscou).
É mais
do que óbvio que o caso da morte de Boris Nemtsov foi uma falsa
bandeira, tal como também foi morte do fiscal Alberto Nisman na
Argentina e o atentado a redação do semanário francês Charlie Hebdo, entre
tantos outros exemplos. Segundo o artigo Wikipédia em português sobre o artigo,
“Operação de Bandeira Falsa (False
Flag em Inglês) são operações conduzidas por governos, corporações ou outras
organizações que aparentam ser realizadas pelo inimigo de modo a tirar partido
das consequências resultantes. O nome é retirado do conceito militar de
utilizar bandeiras do
inimigo”. Em outras palavras, são situações em que um sujeito, governo ou
organização x comete um atentado e/ou um assassinato e depois se culpa por isso
um sujeito, governo ou organização y com o intento de desmoralizá-lo perante o
povo através de uma grande campanha de desgaste de sua imagem pública, tal como
aconteceu, por exemplo, com Getúlio Vargas no Brasil.
Na
Rússia, obviamente pretendeu-se usar esse caso para desmoralizar Putin, de
forma a destruir sua popularidade perante o povo russo e assim justificar uma
eventual mudança de regime em Moscou através de uma revolução colorida como as
ocorridas na Ucrânia em 2004 e 2014, provavelmente entrando no lugar de Putin
algum entulho da Era Yeltsin. Após a morte de Nemtsov, a grande mídia ocidental
muito politizou o caso (ainda que Nemtsov possa ter sido vítima de um crime
comum sem vinculação política alguma) e ficou falando que ele foi vítima de uma
perseguição política feita pelo governo russo e o transformando em uma espécie
de mártir (o que ele de forma foi). Tal como na Argentina, a mídia reacionária
de lá, composta por oligopólios como o El Clarín e o La Nación, usaram o caso
da morte de Alberto Nisman com a mesma intenção em relação à presidente
Cristina Kirchner, assim como de desmoralização do Irã perante a comunidade
internacional através da exumação o caso AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina) e da tese de sua suposta
culpa na explosão ocorrida em 1994 (a qual no presente momento o atual
presidente Mauricio Macri está exumando). O que poderia muito bem justificar
uma eventual invasão ocidental ao Irã que nem as feitas contra Iraque e ao
Afeganistão.
Foto – Boris Nemtsov ao lado de Yuliya
Tymoshenko e Petro Poroshenko.
Fontes
A era
MSI. Disponível em: http://www.meutimao.com.br/historia-do-corinthians/fatos-marcantes/a_era_msi
Através
do regime Macri o sionismo quer uma nova guerra contra o Irã. Disponível em:
Operação
de Bandeira Falsa. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_de_bandeira_falsa
Breaking News: False Flag in Moscow!. Disponível em: http://thesaker.is/breaking-news-false-flag-in-moscow/
Escândalo
do Corinthians. Disponível em: http://www.muco.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=403
Paul Craig Roberts – The CIA may have just
assassinated Boris Nemtsov in Moscow to blame Putin. Disponível em: http://kingworldnews.com/paul-craig-roberts-cia-may-just-assassinated-boris-nemtsov-moscow-blame-putin/
Ukrainian nationalism – its roots and nature. Disponível em: http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2014/02/ukrainian-nationalism-its-roots-and.html
NOTAS:
[1] Segundo o artigo do blog Vineyard of
Saker sobre o nacionalismo ucraniano, as piores atrocidades da Segunda Guerra
Mundial por parte das forças do Eixo não foram cometidas pelas tropas
hitleristas, e sim pelos Ustaše na Croácia e pelos nacionalistas ucranianos na Ucrânia.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos deles fugiram para países como a
Alemanha Ocidental, os EUA e o Canadá através de rotas de fugas conhecidas como
ratlines.
[2] Leia-se Milochevitch, pois no
servo-croata e no bósnio as partículas š e ć tem valor de ch e tch,
respectivamente.
[3] Leia-se Kraiina, pois no
servo-croata, assim como em idiomas como o alemão, o holandês, o polonês, o
húngaro, o tcheco, o eslovaco, as línguas escandinavas e bálticas, o esloveno,
o bósnio e outras, a partícula j tem valor de i.
[4]
Relativos à Igreja
Greco-Católica Ucraniana, também conhecida como Igreja Uniata. Possui rito e
liturgia bizantina, mas é ligada ao Papado Romano. Criada em 1596 sob os
auspícios da Monarquia Polonesa e do Papado Romano na União de Brest com o
intuito de, entre outras coisas, criar divisões na etnos russa.
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