Foto
– O novo logo do PT.
Recentemente,
o PT, em meio à campanha presidencial para o segundo turno das eleições
presidenciais 2018, lançou um novo logo. Nesse novo logo vemos a troca da
tradicional cor vermelha petista por um novo logo verde e amarelo. Junto com o
novo logo também veio uma nova foto de campanha onde não se vê a figura do
ex-presidente Lula e sem os dizeres “Haddad é Lula 13”. Agora é só Haddad e
Manuela d'Ávila e nada mais. O que falar a esse respeito?
No
mínimo, preocupante. Será isso uma manobra da parte do próprio PT querendo
fazer agrado ao eleitorado reacionário ao adotar o verde-amarelo dos patos
amarelos (verde amarelo esse que nada mais é que a defesa do Brasil do 1% mais
rico. Ou seja, do Brasil da Casa Grande e Senzala)? Só falta daqui a pouco anexar
um “meu partido é o Brasil” nesse mesmo logo em futuras propagandas. Pois se
for isso, uma coisa é certa: o PT está muito iludido se acha que vestindo a
camisa dos patos amarelos e fazendo acordos com os Bolsonaros chiques (ou seja,
PSDB, PMDB, DEM e partidos afins) vai vencer o Bolsonaro bruto e assim conquistar o voto de ao menos parte do eleitorado do político carioca.
Ou
será que isso em realidade vem confirmando o que o Duplo Expresso e o camarada
Rui Costa Pimenta vêm falando há tempos a respeito da existência de uma sexta
coluna (parafraseando Dugin) dentro do seio do próprio Partido dos
Trabalhadores (e não duvido que essa ideia “genial” tenha saído da “brilhante”
mente do José Eduardo Cardozo, o nosso querido e ilustre Zé da Justiça)? Assim
sendo, a sexta coluna interna do PT, pelo visto, está começando a mostrar suas
próprias garras e a que realmente veio. Ou seja, que podemos estar vendo o
prenúncio de um golpe interno dentro do próprio PT.
Em
meu entendimento, já está bem claro o que o PT jurídico almeja: rifar Lula,
deixá-lo apodrecer na cadeia (e se eventualmente ele vir a morrer nas masmorras
do Paraná cinicamente no máximo vão soltar uma nota de lamento pelo ocorrido),
tomar conta do próprio PT e assim transformar o PT em um partido elitista,
similar a PMDB, PSDB, PTB, DEM, PSL e outros tantos. Ou seja, expurgar o PT de
seu histórico conteúdo popular-trabalhista. Dessa forma, o PT está fazendo uma
grande guinada à direita e se tornando mais um partido dentro da política
brasileira. Destino um tanto similar ao que teve o PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro) depois do fim da ditadura civil-militar (cuja sigla foi entregue à
oportunista Ivete Vargas pelo general Golbery do Couto e Silva em detrimento do
grupo de Brizola) aguarda o PT com isso.
Foto – O antes: Haddad é Lula 13.
Fala-se
também que o PT está mudando. Discordo disso. Como o PT pretende retomar o
espaço que vem perdendo desde 2012 abandonando suas raízes trabalhistas, sua
militância e se tornando mais um partido dentro do sistema? E como Haddad
pretende se eleger presidente sem, para começo de conversa, colocar a prisão
ilegal do ex-presidente Lula no centro do debate político (a ponto de dizer que
o problema de Lula era de natureza jurídica e não política e que não há
conspiração contra Lula, mas tão somente erro jurídico. E assim dando
legitimidade à condenação do ex-presidente e silenciando sobre a meganhagem de
toga que ajudou a parir Bolsonaro)?
E
o que é pior, Haddad, recentemente visitou Joaquim Barbosa (o mesmo Joaquim
Barbosa que foi o algoz do PT no julgamento do mensalão há seis anos) sob a
alegação de procurar os melhores quadros para combater a corrupção e em recente
pronunciamento enalteceu o Estado Policial e prometeu fortalecer ainda mais o
Estado Policial aqui estabelecido. A ponto de falar que continuam a Lava Jato (a
mesma Lava Jato que além de arruinar economicamente o Brasil por meio da tábua
rasa feita à empresas como a Odebrecht e a Petrobrás colocou a pecha de
organização criminosa na testa do PT e que jogou nas masmorras de Curitiba a
maior liderança popular brasileira), o apoio à Polícia Federal, ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário continua no combate à corrupção (a corrupção dos
tolos, obviamente). Desse jeito, só vai alimentar o monstro que cedo ou tarde
irá lhe devorar (além de em muitas pessoas, a mim incluso, causar desânimo em
querer nele votar), além de assinar um atestado de burrice. Mas o que esperar
de alguém que olha a questão de forma similar a que olham pessoas como Deltan
Dallagnol e Jair Bolsonaro (o que pode ser conferido no artigo publicado por
ele na edição nº 129 da revista Piauí)?.
A
meu ver, Haddad precisa para o ano passado ler o livro “A elite do atraso: da
escravidão à Lava Jato”, de Jessé Souza (entre outras obras do sociólogo
potiguar). Ele, que tem como referenciais teóricos autores como Sérgio Buarque de
Holanda e Raymundo Faoro e que engole toda a mistificação da realidade (vide
conceitos como patrimonialismo e homem cordial, onde apenas o Estado é visto
como corrupto e o “mercado” como o espaço das virtudes por excelência) feita pelos expoentes do liberalismo conservador tupiniquim e que ao sistema vigente é bem conveniente.
Foto – E o depois: só Manuela D’Ávila
e Fernando Haddad juntos.
Jessé
Souza fala que um dos grandes problemas da esquerda brasileira é o fato de que
ela não possui suas próprias narrativas e reproduz as narrativas da direita
(sobre o qual já falamos anteriormente). E isso é o que a meu ver deu margem
para em vida Brizola e Darcy Ribeiro classificarem o PT como “esquerda que a
direita gosta” e “UDN de macacão”. Exemplo ilustrativo do problema da carência
de narrativas próprias de expressivos setores da esquerda brasileira pode ser
visto no tweet abaixo que eu achei navegando pela Internet:
Foto – Mensagem de Twitter comparando
Hugo Chávez com Bolsonaro.
É
por causa de uma esquerda como essa, que reproduz o discurso e as mentiras do
sistema como se fosse um papagaio amestrado, que o imperialismo pode fazer as
barbaridades que fez com países como o Iraque, a Líbia, a Síria, a Venezuela, o
Irã, o Afeganistão, a Palestina, a ex-Iugoslávia, a Ucrânia e tantos outros. E
é por causa de uma esquerda como essa que nunca que os militares do país
deixarão de seguir e serem cooptados pela cartilha ideológica vinda da Nova
Cartago e todo o pacote nela contido. E esse é um dos vários pontos onde pode
ser visto o abismo qualitativo entre a esquerda no Brasil e na Venezuela.
Ao
renunciar a seus símbolos em plena campanha eleitoral e vestir a camisa
verde-amarela do adversário, a chapa Haddad-Manuela dá um atestado de frouxidão
e mostrando que é o melhor cabo eleitoral que o político carioca jamais poderia
sonhar em ter.
Fontes:
Fernando
Haddad – “Vivi na pele o que aprendi nos livros: um encontro com o
patrimonialismo brasileiro”. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/vivi-na-pele-o-que-aprendi-nos-livros/
Haddad
diz esperar apoio de tucanos: “há social-democracia ainda no PSDB”. Disponível
em: https://www.facebook.com/groups/1660530967346561/?multi_permalinks=1983802965019358¬if_id=1539403764482028¬if_t=group_highlights
O
“verde amarelismo” não derrota o fascismo – colunistas da COTV, por Natália
Pimenta. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WdBYAcnomr0&t=106s&ab_channel=CausaOperariaTV
PT
diminui Lula e a cor vermelha nos materiais de campanha de Haddad. Disponível
em: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/eleicoes/2018/10/10/haddad-lula-manuela-campanha-cores-logotipo-pt-vermelho.htm
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