sábado, 1 de agosto de 2020

Quem chocou o ovo da serpente chamada Jair Bolsonaro? (Resumo do livro "A guerra contra o Brasil", de Jessé Souza, parte 5/6).


Foto - Cironaro.
Reflexão XXII – O identitarismo ao qual parte significativa da esquerda aderiu principalmente após o fim da Guerra Fria e o surgimento de governos socialdemocratas tais como Bill Clinton nos EUA, François Mitterrand na França, Tony Blair na Inglaterra e Gerhard Schroeder na Alemanha, tem se mostrado o coveiro da esquerda a nível global. Na medida em que os partidos de esquerda começaram a se preocupar mais se o gay ou a lésbica podem ou não casar na Igreja, se o homem transexual que acha que é mulher pode ou não jogar em competições esportivas femininas ou se aborto tem que liberar ou não que o indivíduo de classe baixa poder comer três vezes por dia e desfrutar de segurança transformaram-se em verdadeiras ONGs de direitos humanos e deixaram para trás um espaço que agora os populistas de direita ocupam. Portanto, não é de surpreender que o identitarismo passou a ser malvisto por aqueles que hoje se sentem mais representados por partidos como os alemães AfD e Pegida, os italianos Cinco Estrelas e Lega Nord, o grego Aurora Dourada, os húngaros Jobbik e Fidesz, o polonês Prawo i Sprawiedliwość (lei e justiça), o francês Rassemblement National (antigo Front National) e outros que muitos partidos da esquerda tradicional. Segundo Rui Costa Pimenta, dirigente do PCO, a política identitária tem um caráter reacionário, na medida em que se trata de um elemento de confusão que instiga a briga de pequenos clãs, não representa nenhum setor das grandes massas, é sectária e particularista por ser uma espécie de nacionalismo, reformista no pior sentido da palavra a ponto de achar que uma lei resolve o problema de determinado grupo sem se dar conta de quem faz, executa e julga as leis e que se trata de algo a ser combatido.


Reflexão XXIII – Os ressentimentos privados de que Jessé Souza fala não surgiram do nada. A defesa de minorias, da maneira como é feita, cria uma situação na qual aliena grandes parcelas da população a ponto de criar uma situação na qual com o tempo será errado você ser homem, branco, heterossexual, cis e que não comungue com essa degeneração toda. Isso principalmente a partir do momento em que as militâncias politicamente corretas tornam-se cada vez mais agressivas e agridem qualquer um que diga algo que não seja do agrado deles (vide que fizeram nas redes sociais com o Bernardinho depois que ele disse que o Tiffany é um homem e com a J. K. Rowling depois que ela disse que o sexo biológico é real e que só mulheres menstruam). Em nome do combate ao preconceito, vivem dando tapas e bofetadas na cara do bom senso ao achar que é bonito homens transexuais participarem de ligas esportivas femininas (que, diga-se de passagem, é a mesmíssima coisa que você colocar ciborgues e/ou monstros mutantes para jogarem ao lado de humanos normais - imagine só, o Wolverine ou o Hulk jogando em um time de futebol junto com humanos normais, que bonito que seria, não?), por exemplo. E isso invariavelmente joga o povão no colo de gente como Crivella, Feliciano, Malafaia e outros dessa estirpe.
Reflexão XXIV – Enquanto que em países como a Rússia, a Polônia e a Hungria Putin, Duda e Órban tomam medidas contra a propagação da ideologia de gênero e proíbem a entrada das ONGs ligadas ao megaespeculador George Soros, a esquerda no Ocidente defende toda essa degeneração ligada ao projeto da sociedade aberta de Soros e Popper. A tal ponto que vemos figuras como o Henry Bugalho defender o megaespeculador quando gente da direita o ataca (quando a esquerda deveria afirmar a venalidade de Soros e ao mesmo apontar as imprecisões do discurso da direita e que ele, entre outras coisas, conspirou em favor da debacle do bloco soviético e o apoio a revoluções coloridas). Tais exemplos são bem paradigmáticos do fosso que vem se formando entre líderes como Putin, Órban e Duda de um lado e de outro a esquerda que embarcou na onda do identitarismo.

Reflexão XXV – O sujeito que perdeu o emprego porque a fábrica na qual trabalhava se mudou para a China em busca de mão-de-obra mais barata está mais preocupado com o que: em ter um emprego decente, poder comer três vezes ao dia e desfrutar de um SUS de qualidade, ou se a garota que engravidou de um desconhecido na balada ou no baile funk pode ou não abortar, se a maconha do jovem universitário de alta classe média é ou não legal e se o homossexual pode ou não casar na Igreja? Óbvio que a primeira opção. E é por não se dar conta disso que a esquerda em muitos países chegou ao ponto em que chegou. Diga-se de passagem, a defesa de minorias do neoliberalismo progressista carrega em seu próprio âmago as contradições que a levam à ruína.
Reflexão XXVI – Como a esquerda cirandeira quer acabar com mazelas como homofobia, racismo, preconceito e obscurantismo gerando na população sentimentos como ódio, repulsa, repugnância e asco? Isso é o mesmo que querer lavar sangue com sangue, ou querer apagar um incêndio com gasolina. Isso é o que, por exemplo, o Felipe Neto (vulgo garoto colorido) faz quando trava polêmica com o Silas Malafaia quando o pastor evangélico conclamou um boicote à Disney pelo fato de ter sido veiculado em um desenho para o público infanto-juvenil (Star vs as forças do mal) e não em um anime yaoi uma cena de um beijo entre dois homens, quando posta no canal dele conteúdo inadequado a crianças (sendo que o público-alvo dele é esse), lança livro para crianças com uma brincadeira inadequada para elas e quando numa feira do livro fez uma compra massiva de HQs com cenas inadequadas para menores de idade e a distribui sem o lacre negro que indica que tal conteúdo é impróprio para certos públicos. Ou seja, qualquer coisa que se fale contra determinados agora é racismo, homofobia, preconceito e outras palavras do gênero, mesmo que o sujeito em questão esteja fazendo algo errado. Com isso, está se criando uma bomba que para ser desarmada muito difícil será.

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