De cima para
baixo:
1 - Eu me
posiciono a favor da liberdade de palavra e da liberdade de pensamentos.
2 - Cada homem tem o direito de se expressar como ele quiser e ninguém tem o
direito de criticá-lo!
3 - Sim, eu sou um liberal! Mas e daí? Vivemos no século XXI.
4 - Mas acho as pessoas que não apoiam os LGBT e se posicionam a favor do modo
de vida tradicional da família uns burros e grossos.
Meus comentários:
Primeiro de
tudo, para evitar eventuais mal-entendidos: nós nada temos contra os
homossexuais enquanto indivíduos. O que somos sim contra é a militância
identitária LGBT e sua causa deletéria que no fim das contas apenas ajuda a
alimentar os Bolsonaros, Felicianos e Malafaias da vida. Inclusive os
homossexuais deveriam procurar se espelhar no finado Clodovil, que era um homem
que respeitava a sociedade e que em vida dizia que não tinha orgulho da
sexualidade dele, mas de quem ele era, e não em figuras desprezíveis como Luiz
Mott e Jean Wyllys.
Sobre a
imagem em questão, encontrei-a no grupo do VK Medved Gomofob/Медведь Гомофоб.
Ela mostra muito bem quem são aqueles que militam a favor das chamadas causas
identitárias, tais como liberação do aborto e de narcóticos e direitos LGBTQ.
Ou seja, aqueles que nos EUA são chamados de Social Justice Warriors, os quais
acham que vão resolver problemas como homofobia e racismo criando uma situação
na qual é errado você ser heterossexual, branco e cis. São pessoas que tanto
falam em liberdade de expressão e de pensamentos, mas ao mesmo tempo,
paradoxalmente, cancelam todos aqueles que dizem coisas que os desagradem na
primeira oportunidade.
Particularmente,
acho que faltou na imagem acima mais uma fase, na qual o indivíduo em questão
passa a ofender e a cancelar pessoas nas redes sociais quando alguém diz
comentários que desagradam a certas militâncias politicamente corretas (vide os
recentes ocorridos com a J. K. Rowling, a Lilia Schwarcz e a Marília Mendonça),
pois isso é o que tais pessoas merecem por serem tão grossas e estúpidas, até
que um dia aprendam a ser mais tolerantes e a não apenas tolerar as diferenças,
como também estimulá-las e ai de quem questionar isso.
Assim, passam
a tratar certos grupos como vacas sagradas que não podem ser criticados de
forma alguma. A tal ponto que para eles transfóbico é todo aquele que, por
exemplo, é contra que homens transexuais joguem ao lado de mulheres em
competições esportivas, que só mulheres menstruam e que diga que o sexo
biológico é realidade e apenas dois existem: o masculino e o feminino. E homofóbico
é todo aquele que é contra as pautas do movimento LGBTQ, como o casamento entre
pessoas do mesmo sexo e outras tantas, e contra a veiculação de cenas de teor homoerótico
em HQs e desenhos destinados ao público infantil de empresas como a Disney, a Nickelodeon e outras.
Por essa
linha de raciocínio, então se você é contra a Black Lives Matter por ela ser
composta por um bando de supremacistas negros que não tem o menor pudor em
vandalizar lojas e humilhar cidadãos brancos nas ruas (além de só sair das
tocas deles em tempos de eleição), então você é um racista que odeia raivosamente
os negros e que deseja que a Ku Klux Klan extermine todos os negros do mundo.
Se você é anti-sionista, então você é um anti-semita inveterado que quer que
Hitler saia da tumba dele e promova um novo Holocausto. Se você é contra o
wahabismo, então você é um islamofóbico cretino que quer que haja uma nova e
massiva Inquisição contra os muçulmanos do mundo todo, como aquela que os reis
católicos da Espanha promoveram contra os muçulmanos espanhóis na virada do século
XV para o XVI. Se você é contra a independência do Tibete e não vai com a cara
do Dalai Lama, então você é um budistofóbico que quer fazer com os budistas de
hoje o que foi feito aos budistas japoneses durante a Era Meidži (movimento
Haibutsu Kišaku, citado em animes como Samurai X e outros) e derrubar todos os
Budas do mundo, como o que o Taliban fez no Afeganistão em 2001 com os Budas de
Bamiyan. Se você é contra o feminismo radical por ver que as representantes
desse movimento são umas supremacistas que não querem direitos iguais, mas
privilégios, e/ou a liberação do aborto por entender que isso é uma brincadeira
que vai exacerbar ainda mais o hedonismo e a cultura do descartável hoje
existente na nossa sociedade (afinal, a moça que engravida de um desconhecido
na balada agora pode ir à clínica de aborto mais próxima que tudo está
resolvido - e assim a situação se repete como um círculo vicioso ad aeternum. Ou seja, uma verdadeira ode
à inconsequência e à irresponsabilidade), além de atentar para a questão da
indústria do aborto, então você é um misógino maldito que odeia as mulheres,
atenta contra os direitos reprodutivos delas e quer exterminá-las todas. Se
você é contra a liberação da pedofilia, então você tem um ódio mortal de todas
as crianças do mundo e quer acabar com todas elas. Se você é contra ONGs de
direitos animais como o PETA e também contra a liberação da zoofilia, então
você odeia animais e quer vê-los sendo todos extintos por meio de uma caçada
monstruosa e impiedosa a todos eles. E por ai vai. Estão vendo o quão perigosa
é essa linha de raciocínio dessa gente? Precisa desenhar?
O fato é que agora
você pertencer a determinados grupos minoritários da sociedade virou uma
verdadeira carteirada. Agora você pode muito bem ser repreendido por fazer algo
de errado e usar questões como racismo, homofobia e transfobia para rebater e
calar seus críticos, algo similar ao que o Felipe Neto hoje faz com aqueles que
o criticam por expor as crianças (que é o atual público-alvo dele) a conteúdos
inapropriados a elas (entre eles vídeos cheios de palavrões e alguns comentários
de teor homoerótico, além de uma brincadeira de conteúdo sexual no livro dele) usando
como carteirada a questão política (por isso que não podemos deixar que a
direita bolsonarista monopolize a crítica ao garoto colorido e outros
influenciadores digitais tão ou mais venais que ele). Dessa forma, por exemplo,
um homem transexual que acha que é uma mulher ou mesmo um sujeito que acha que
é um coelho preso a um corpo humano não serão mais tratados como Napoleões de
hospício, já que agora ele tem a muleta perfeita para tal.
Mas, de onde
será que surgiu a famigerada cultura do cancelamento? Nada surge do nada, e a
cultura do cancelamento não é exceção. Em um ensaio publicado em 1926 em um
jornal londrino, Chesterton previu esse fenômeno com um século de antecedência
ao dizer o seguinte: “Nós logo estaremos em um mundo no qual um homem pode ser
silenciado por dizer que dois mais dois são quatro, no qual os gritos de um
grupo furioso serão erguidos contra qualquer um que disser que as vacas têm
chifres, no qual as pessoas irão perseguir a heresia de dizer que o triângulo é
uma figura de três lados e enforcar um homem por enlouquecer uma multidão com a
notícia de que a grama é verde”. O ovo da serpente chamada cultura do
cancelamento foi chocado por ninguém menos que o politicamente correto em voga
nos últimos 30 anos ao criar uma situação na qual a menor crítica a
determinados grupos já é estigmatizada com palavras como racismo, homofobia,
transfobia e outras afins. E junte a isso na receita da poção o fenômeno da
“semiologização da realidade” (apud José Paulo Netto), no qual para um
indivíduo a fantasia subjetiva está acima da realidade e não o contrário, mais o
surgimento das redes sociais e uma crescente agressividade das militâncias
politicamente corretas e mexa bem que pronto, a receita do desastre já está
pronta. Agora a serpente saiu do ovo e está à solta, picando quem quer que ela
venha a encontrar no caminho dela.
E que
diferença há entre esses militantes de Internet da esquerda identitária que
recentemente cancelaram nas redes sociais figuras como a J. K. Rowling, a Lilia
Schwarcz e a Marília Mendonça por dizerem coisas que lhes desagradaram e o
gabinete do ódio comandado pelo 02 e pelo 03, que por meio das redes sociais
destrói a reputação daqueles que se desentenderam com Bozo pai, como foi o caso
de Joice Hasselmann, Alexandre Frota, o finado Bebbiano e outros, ou mesmo a
estrutura de gabinete do ódio que o Ciro Gomes e os partidários do político
cearense estão criando também nas redes sociais na qual eles destroem a
reputação do Lula, do PT e dos outros partidos da esquerda brasileira (o mesmo
Cirão da Massa que, diga-se de passagem, acusa hipocritamente veículos como o
Brasil 247 e o DCM de serem o gabinete do ódio petista)? Em essência, nenhuma.
Os fins são os mesmos e os meios, idem. Apenas o muda a polaridade ideológica.
Ou seja, até nisso a direita bolsonarista e a esquerda identitária se
completam.
Verdade. Tanto os militantes petistas quanto os bolsonaristas são completamente cegos e alienados, e só faltam cuspir marimbondos quando suas vacas sagradas - que são os políticos dos quais tanto babam o ovo - são criticadas, e suas verdadeiras faces mostradas ao mundo, sem máscaras.
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