sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A história dos líderes do terrorismo sionista-israelita - O que sabe sobre os líderes israelenses? (Por Mazin B. Qumsiyeh; tradução do espanhol para o português)


Foto – “Nossa raça é uma raça de amos. Nós somos deuses sobre este planeta. Somos tão diferentes das raças inferiores como eles são diferentes dos insetos. Na verdade, comparados com nossa raça, as outras raças são bestas e animais, no máximo, são gado. Nosso destino é governar sobre as raças inferiores. Nosso reino terreno será governado com vara de ferro por nosso líder. As massas irão lamber nossos pés e irão nos servir como nossos escravos” – Menachem Begin, primeiro ministro de Israel entre 1977 a 1983 em um discurso dirigido ao Knesset (parlamento israelense).
Chaim[1] Weizman, (1874-1952) – Nascido em Motol, Rússia, se nacionalizou britânico em 1910. Durante a Primeira Guerra Mundial, Weizman descobriu um método não aprovado de fazer explosivos a partir de substâncias como a acetona e o álcool butílico para ajudar nos esforços bélicos britânicos. Por isso, era muito instrumental na segurança do governo britânico e seu compromisso com o sionismo que posteriormente transformou-se na chamada “Promessa de Balfour” (que foi certificada a Weizman através de uma carta). Também serviu como conselheiro especial para o Ministério Britânico de provisões. Por seus esforços em favor do projeto sionista, foi premiado para ser o primeiro dos primeiros ministros de “Israel”.
David Ben Gurion, Nascido como David Green em Polônia, Rússia (agora Rússia). Assentou-se na Palestina em 1906. Como chefe da Agência Judaica para a Palestina de 1935 a 1948, Ben Gurion direcionou todos os assuntos judaicos a transformar o país, de um multiétnico/multicultural a um estado exclusivamente judeu “para perpetuar sua natureza judaica”. Suas atividades oscilaram entre o desenvolvimento de terras e assentamento dos imigrantes judeus a atividades secretas contra os nativos palestinos e posteriormente (depois da revolução palestina de 1936 se rebelou contra os governantes britânicos). Eis aqui um comentário das Memórias de Rabin sobre Ben Gurion: “Caminhávamos juntos ao ar livre, Ben Gurion nos acompanhava. Allon repetiu sua pergunta, ‘o que devemos fazer com a população palestina?’, Ben Gurion moveu suas mãos em um gesto que quis dizer ‘expulsá-los para fora’” (Memórias de Ytzhak Rabin, versão censurada, publicada no NY Times, em 23 de outubro de 1979; a descrição de Rabin sobre a conquista de Lydda, depois da conclusão do Plano Dalet).
Moše Šarett, (1894-1965), nasceu na Rússia, seu nome original era Šertok. Em 1906 assentou-se na Palestina onde foi membro ativo no Movimento Trabalhista. Em 1933 foi nomeado chefe do departamento política da Agenda judaica na Palestina. Šarett foi o mais próximo a Ben Gurion em sua “luta pela independência do estado judaico”. Em 1948 foi nomeado ministro dos assuntos exteriores e de 1953 a 1955 serviu como primeiro ministro. Šarett viu o fortalecimento da posição israelense através da aliança mais que através da confrontação. Sua colocação como premiê por Ben Gurion em 1955 e retirada em 1956, refletiu o movimento em “Israel” para a confrontação que resulto una Guerra árabe-israelense de 1956.
Levi Eškol, (1895-1969) Nascido como Levi Školnik na Ucrânia (então sob controle russo). Na Primeira Guerra Mundial, serviu na legião judaica, que apoiou as forças britânicas na Palestina. Mudou-se para a Palestina e ajudou na construção do Haganah, um grupo terrorista judaico clandestino que protagonizou a limpeza étnica dos nativos palestinos entre 1947-1949.
Golda Meir, (1898-1978) Nascida como Golda Mabovitz em Kiev, Ucrânia. Sua família emigrou a Milwaukee em 1906. Em 1921, junto com seu marido Morris Meyerson (o nome foi mudado para Meir em 1956), transferiram e assentaram-se na Palestina. Declarou: “não existe um povo palestino”. Seus acordos secretos com o rei Abdullah (da Transjordânia) em 1947 foram cruciais em frustrar a formação do Estado Palestino e o controle hashemita sobre o que atualmente se conhece como “Margem Ocidental (ou Cisjordânia)” (ver Avi Šalim em “A colisão através do Jordão”).
Menahem Begin, Nascido em Brest-Litovsk, Rússia (agora Brest, Belarus). Em 1930, se converteu em um membro ativo do movimento sionista clandestino terrorista e transferiu-se para a Palestina em 1942 de onde se envolveu em atos terroristas como atentados nas zonas de civis palestinos. Procurado por assassinatos pelo Governo Britânicos, por essas atividades, chamou os palestinos de “baratas”.
Ytzhak Šamir, Nascido em 1915 em Ružany[2], uma aldeia do leste da Polônia. Seu sobrenome era Jazwernicki[3] e o mudou. Se alistou no Irgun Zvai Leumi, um grupo terrorista judeu clandestino em 1937, foi envolvido em vários atentados terroristas contra civis. Em 1940 Šamir se juntou com o partido extremista Lohamei Herut Yisrael, ou Gangue Stern. Foi detido duas vezes pelas autoridades britânicas por suas atividades terroristas e fugiu para a França em 1946. Quando foi criado Israel, voltou e trabalhou no Mossad, Agência israelense de informação responsável da continuação do terrorismo contra os nativos palestinos.
Ytzhak Rabin, (1922-1995) nascido em Jerusalém de pais colonos sionistas. Em 1941, Rabin se alistou no Palmaj, uma unidade do exército terrorista clandestina judeu de 1947 a 1948 quando o grupo foi envolvido em operações de limpeza étnica dos habitantes palestinos (segundo Benni Morris que documentou a expulsão dos cidadãos palestinos em Lod e Ramle, foram levados a cabo sob o mando de Rabin). Famoso como ministro de defesa israelense no final dos anos 80 por “romper ossos” dos manifestantes palestinos (a maioria crianças). Rabin uma vez disse “O processo de paz de Oslo, é um novo instrumento para obter os objetivos tradicionais de Israel. Henry Kissinger disse ‘pedi a Rabin para que faça concessões, e me respondeu que não pôde porque Israel é demasiado débil. Então lhe dei armas, e voltou a contestar-me, que no tinha que fazer concessões porque Israel agora é forte’” (do Findley’s Deliberate Deceptions p. 199). Ytzhak Rabin uma vez disso (no Knesset): “Com todos os seus erros, o partido trabalhista fez mais e segue sendo capaz de fazer mais. Nós nunca temos falado sobre Jerusalém. Nós apenas temos feito ‘fait accompli’. Fomos nós que falamos de Jerusalém [a parte anexada]. Os americanos não disseram nada, porque temos construido estes bairros de forma inteligente”.
Ehud Barak, Nascido como Ehud Borg, filho de imigrantes da Europa do Leste na Palestina. Posteriormente adotou o nome hebreu de Barak. Começou seu treinamento e serviço militar em 1959. Foi membro de uma unidade de assassinatos secretos que assassinou a um número de líderes políticos palestinos no Líbano (por exemplo, Beirute 1976) e o assassinato de líderes da resistência nos territórios ocupados. Foi recompensado com sua rápida ascensão no exército como chefe de exército mais jovem da história israelense.
Ariel Sharon, seu nome real Arik Scheinerman, nascido na Palestina durante a ocupação britânica em 1929, de pais imigrantes russos colonos sionistas na Palestina. Em 1953, organizou a infame “Unidade 101” distribuindo o terror ao longo das fronteiras da Palestina, aterrorizando as populações civis palestinas para obriga-las a fugir de seus lugares e terras próximas às fronteiras. Em 14 de outubro de 1953, Sharon e sua unidade cometeram um massacre na aldeia de Qibya (então sob a jurisdição jordaniana). Ben Gurion mentiu quando disse que o massacre foi cometido por enfurecidos fazendeiros judeus (como se demonstrou com os documentos posteriormente). 69 civis palestinos dos anos 70 foram assassinados (a maioria mulheres e crianças). Suas tropas, no começo dos anos 70 foram encarregadas de “pacificar Gaza”. Impôs uma brutal política de repressão, dinamitando lugares e derrubando campos de refugiados inteiros, impondo severos castigos coletivos e encarcerando a centenas de cidadãos palestinos. Toda a zona foi transformada em uma prisão. Foi o impulsionador do projeto dos assentamentos, na fundação do partido extremista Likud e um número indeterminado de “logros”. Foi o arquiteto da invasão do Líbano. Seus mercenários financiados e armados da Falange, sob suas ordens cometeram os massacres dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Šatila. Sendo atualmente investigado e demandado por Crimes contra a Humanidade. Seus crimes continuam até nossos dias.
Šimon Peres, seu verdadeiro nome Šimon Perski, nasceu em 1923 em Wisznia[4], Polônia (hoje Belarus). Junto com seus padres, veio à Palestina em 1934 (sob mandato britânico). Se alistou no grupo terrorista judaico Haganah e serviu como chefe de seus recursos humanos em 1940. Foi o arquiteto do programa nuclear israelense. Nomeado em 1953 como diretor geral do Ministro da Defesa, imediatamente começou a explorar o desenvolvimento nuclear. Nos anos 50 e finais dos 60 Israel desenvolveu seu programa nuclear primário com a ajuda da França, mantendo a doutrina “ambígua” de Peres. Os EUA e Grã Bretanha entre outros países, olharam para o outro lado. Foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz pelos acordos de Oslo. O Comitê Nobel recentemente firmou uma carta questionando por tê-lo premiado com o Nobel da paz (baseando-se sobre suas ações recentes como membro do governo de Šaron).
* O Prof. Mazin Qumsiyeh é um cientista genético da Universidade de Yale, EUA e cofundador da Coalizão Palestina Direito ao retorno, Al-Awda.
Comentários:
Infelizmente, Jair Bolsonaro sagrou-se vencedor no pleito presidencial de 2018. Algo para mim previsível, diga-se de passagem, tendo em vista todo o clima de histeria burra antipetista que o Brasil vivencia desde 2012 (e não raro tenho a impressão de que o próprio Haddad não quis vencer esse pleito). E o curioso é que o mesmo Bolsonaro que antes de Dilma Rousseff ser eleito presidente pela primeira vez, nos idos de 2009 e 2010, dizia que a gaúcha não poderia ser eleita presidente da República por seu passado de envolvimento em grupos de guerrilha como o Colina e o VAR-Palmares. Pela lógica do político carioca, Begin, Ben Gurion, Weizman, Peres, Šaron, Rabin, Meir e outros que ocuparam o cargo de premiê em Israel não poderiam ter sido ocupado tal cargo, já que, como o texto acima mostra, também aprontaram das suas antes de se tornarem premiês.
Entre outras coisas, Bolsonaro, um partidário do sionismo cristão, pretende transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Em outras palavras, quer reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Infelizmente, não vi a esquerda que tanto bateu na tecla do que ele pensa sobre determinados grupos como gays, lésbicas, negros, mulheres e outros discutir com o político a respeito desse assunto de real importância. E assim a esquerda cometeu um erro crasso (se é que a esquerda, nessas eleições desde o início fraudulentas, quis realmente ganhar).
Os países árabes já manifestaram que vão retaliar comercialmente o Brasil caso o político carioca resolva de fato fazer o que pretende fazer, o que representaria uma agressão aos palestinos. Segundo dados de Miriam Leitão, enquanto que o Brasil tem um superávit comercial de US$ 7,7 bilhões com os países árabes, tem um déficit de US$ 527 milhões com Israel. No que pode custar muito caro ao que ainda resta da indústria e do agronegócio nacional (e depois Bolsonaro, hipocritamente, fala que quer fazer uma política exterior livre de direcionamentos ideológicos). Questão de tempo será vermos nas ruas de cidades como Benghazi, Cairo, Rabat, Casablanca, Damasco, Aleppo, Bagdá, Sirte, Mosul, Kirkuk, Tripoli, Argel, Tunis e tantas outras bandeiras brasileiras sendo queimadas junto com bandeiras de Israel e dos EUA (e quem sabe até retratos e bonecos do próprio Bolsonaro).
E não é só isso, um dos filhos de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo Estado de São Paulo, lançou há dois anos o projeto de lei 5358/16, que criminaliza não apenas o nazismo como também o comunismo. Caso venha a ser aprovado futuramente (algo bem provável a meu ver, diga-se de passagem), serão punidos todos aqueles que distribuírem propaganda com o símbolo da foice e do martelo e quem fizer apologia a regimes comunistas. Isso sob o pretexto de que regimes comunistas supostamente mataram mais de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo e teriam implantado censura à imprensa, a opiniões e a religiões. E o curioso é que ele, seu pai e seus irmãos são apoiadores e apologistas do sionismo (a tal ponto que falam em trazer tecnologia de Israel para resolver o problema da seca no Nordeste), que tem todo um histórico não apenas de crimes e massacres sobre o povo palestino (incluindo os citados no texto acima (que a julgar por seu conteúdo é do começo dos anos 2000), entre eles os massacres de Sabra e Chatila perpetrados por Ariel Šaron em 1982) como também de discriminação sobre os palestinos que ainda vivem em solo israelense. Ou seja, que moral será que o holding familiar Bolsonaro (parafraseando o professor Ricardo Costa Oliveira) tem para falar em criminalizar nazismo e comunismo sendo que tem ossos a esconder em seu armário? Logo eles, que volta e meia fazem apologia do sionismo israelense? Se é assim então, que se proíbam não só os símbolos relacionados ao movimento sionista como também ao regime cívico-militar que eles igualmente também apoiam. São uns grandes hipócritas.

Foto – Bolsonaro (vulgo Zobo) sendo batizado no Rio Jordão pelo pastor Everaldo. Isso enquanto o impeachment de Dilma Rousseff corria no Senado.
Fontes:
Bolsonaro explica porque Dilma não pode ser presidente. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mpPtjF5U1fY&ab_channel=CarlosBolsonaro
Brasil deve perder bilhões com submissão de Bolsonaro a Netanyahu. Disponível em: https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/373948/Brasil-deve-perder-bilhões-com-submissão-de-Bolsonaro-a-Netanyahu.htm
Hamas urges Brazil to drop plan to move embassy to Quds (em inglês). Disponível em: http://iqna.ir/en/news/3467127/hamas-urges-brazil-to-drop-plan-to-move-embassy-to-quds

NOTAS:

[1] Leia-se “Rraim”. No hebraico, assim como em idiomas como o alemão, o polonês e o tcheco, a partícula ch tem o som de r aspirado.
[2] Leia-se “Rujany”.
[3] Leia-se “Iazvernitski”. No polonês o j tem valor de i curto, o w de v e o c de ts.
[4] Leia-se “Vichnia”. No polonês o sz o mesmo do ch no português e no francês, do sh no inglês, do s no húngaro e do š em idiomas como o tcheco, o eslovaco, o lituano, o letão, o sérvio-croata e outros.

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