“Em 1941, Yitzhak Shamir (que viria a ser o sétimo
primeiro-ministro de Israel) cometeu ‘um crime imperdoável do ponto de vista
moral: ele pregou uma aliança com H17l3r, com a Alemanha N4z1st4, contra a
Grã-Bretanha’. Enquanto ainda se consideravam parte do Irgun, os Sternistas
(membros do Lehi) enviaram uma proposta de aliança aos n4zist4s.
‘O estabelecimento do histórico estado judeu numa base
nacional e totalitária, e vinculado por um tratado com o Reich Alemão’, o documento
dos sternistas dizia, ‘oferece ser parte ativa na guerra pelo lado Alemão’. E
adiciona que o NMO [Irgun] é intimamente ligado aos movimentos totalitários da
Europa em sua ideologia e estrutura (“The Stern Gang: Ideology, Politics, and
Terror 1940-1949” por Joseph Heller, professor da Universidade Hebraica de
Jerusalém).
Yitzhak Yzernitsky – que mais tarde se chamaria de Yitzhak
Shamir, um dos primeiros-ministros que mais longevos no cargo do Estado de
Israel, se tornou o comandante das operações da Gangue Stern após Avraham Stern
ser morto pelo Exército Britânico em fevereiro de 1942. Sob a liderança de
Shamir, foram tentados 14 assassinatos contra oficiais britânicos, com 2 deles
sendo bem-sucedidos, a do Lorde Moyne, o Ministro Britânico residente no
Oriente Médio, que estava no Cairo, e o representante da ONU para a Palestina,
Conde Folke Bernadotte, que levou três tiros no coração de acordo com as ordens
do comandante de operações da Gangue Stern, Yitzhak Shamir.
O Conde Folke Bernadotte reconhecia direitos humanos
universais e defendia o direito palestino de retornar às suas terras e
propriedades das quais foram despossuídos e etnicamente limpos pelos sionistas
naquela época.
No início de 1948, forças paramilitares judias começaram a
sitiar mais terras na Palestina. Ao fim de julho, mais de 400 mil palestinos já
tinham sido obrigados a deixar suas casas, e sua situação como refugiados
apenas começava.
Em maio daquele ano, o diplomata sueco Conde Folke
Bernadotte foi escolhido como mediador da ONU na Palestina. Sua missão era
chegar a um acordo pacífico. O Conde pesquisou aldeias palestinas devastadas e
visitou campos de refugiados na Palestina e na Jordânia. A escala o desastre
humanitário se tornou evidente quando testemunhou as péssimas condições de
vida, longas filas para obter alimentos básicos e escassa ajuda médica.
O Conde Bernadotte não era estranho ao desastre humano; com
a Cruz Vermelha, resgatou mais de 30 mil prisioneiros de guerra dos campos de
concentração n4z1st4s. Agora, ele defendia o direito dos palestinos de voltar
para suas casas.
No primeiro Relatório de Progresso de 16 de setembro de
1948, apresentado pelo Mediador para a Palestina nomeado pela ONU, Conde Folke
Bernadotte, reconheceu-se o direito de regresso como a chave para a resolução
do conflito na Palestina. Bernadotte escreveu:
‘Nenhum acordo pode ser justo e completo se o reconhecimento
não for do direito do refugiado árabe de retornar ao seu lar do qual foi
despejado. Seria uma ofensa contra os princípios da justiça elementar que estas
vítimas inocentes do conflito fossem negadas do Direito de Retorno às suas
casas enquanto os imigrantes judeus fluem para a Palestina, e, de fato, ao
menos oferecem a ameaça da substituição permanente dos refugiados árabes que se
enraizaram a terra por séculos’.
A primeira proposta do Conde pedia por fronteiras fixas
através da negociação, uma união econômica entre os dois estados e o retorno
dos refugiados palestinos – a proposta foi negada.
Em 17 de setembro, um dia depois de seu relatório para a
ONU, a carreata do Conde Bernadotte foi emboscada em Jerusalém. Ele foi
alvejado e liquidado pelos terroristas da Gangue Stern. O assassinato foi
aprovado pelos três homens ‘centrais’ do Lehi: Yitzhak Yezernitsky (o futuro
primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Shamir), Nathan Friedmann (também chamado
de Natan Yellin-Mor) e Yisrael Eldad (também conhecido Scheib). Menachem Begin,
fundador do Likud, o sexto primeiro-ministro de Israel e um dos líderes do
grupo terrorista sionista, o Irgun, honrou Stern ao colocar seu retrato num
selo postal. A Carta da Gangue Stern, ou, mais apropriadamente, os princípios
promulgados por Stern, incluíam o estabelecimento de um Estado Judeu do ‘Nilo
ao Eufrates’, a "transferência dos árabes palestinos para regiões fora do
Estado Judeu, e a construção do Terceiro Templo de Jerusalém". Eles
mantinham escritórios fora do Oriente Médio, incluindo Varsóvia, Paris, Londres
e Nova Iorque, esta última chefiada por Benzion Netanyahu, pai de Benjamin
Netanyahu.
Stern é reverenciado em Israel até hoje, e há um
assentamento nomeado em sua honra, bem como um selo postal.
Quando Yitzhak Shamir, o futuro primeiro-ministro de Israel
na década de 1980 foi questionado sobre sua colaboração com os fascistas, ele
disse: ‘O inimigo do meu inimigo é meu amigo.’ (Tom Segev, One Palestine
Complete, p. 464).
Jabotinsky colaborou com o fascista italiano Benito
Mussolini e ambos apoiaram a ideologia do outro. De fato, uma academia naval na
Itália Fascista foi estabelecida para treinar milícias sionistas. Foi a
Academia Naval de Betar, e foi construída e operada com as bênçãos dos
fascistas. Muitos dos futuros comandantes da marinha israelense treinaram neste
lugar, sob supervisão fascista. Os cadetes nesta academia apoiavam o regime de
Mussolini, além de apoiar as guerras coloniais de expansão italiana na África,
sobretudo a Segunda Guerra Ítalo-Etíope.
Referências:
HELLER, Joseph. The Stern Gang: Ideology, Politics, and
Terror 1940-1949. Psychology Press, 1995.
VADASARIA, Shaira. 1948 to 1951: The racial politics of
humanitarianism and return in Palestine. Oñati Socio-Legal Series, [s. l.], v.
10, ed. 6, p. 1242–1269, 2018”.
Fonte: https://www.youtube.com/post/UgkxUQ7YtSSB8lGhhKGFVYknyKFmv-Zd1f8j
MEUS
COMENTÁRIOS:
Este é mais um texto do canal do You Tube da página História
Islâmica que trago para cá a respeito da questão do passado terrorista de altos
figurões da política israelense. No ano passado, trouxe alguns destes textos
para cá, adicionados de comentários meus. Abaixo, os links:
A tragédia e a farsa - quem chocou o ovo da serpente chamada Hamas?
A reabilitação do terrorismo em Israel
Também trouxe em 2018 textos que eu trouxe do site Radio
Islam, a respeito do histórico de conchavos e colaboração dos sionistas com a
fina flor do antissemitismo europeu, desde os tempos do caso Dreyfus e dos
pogroms da Rússia Imperial tardia. Nazistas inclusos, obviamente.
Sionismo e antissemitismo: uma estranha aliança ao longo da história
Para não ficar repetitivo, mas resumindo a ópera: Bolsonaro pai, assim como os filhos e partidários dele, são uns leões para falar do passado do italiano Cesare Battisti no tempo em que este foi membro do grupo PAC (Proletari Armati per el Comunismo, na sigla em italiano), durante os anos de chumbo da Itália (anos 1970 e 1980). Também volta e meia falam do passado de altos figurões do Partido dos Trabalhadores e outros partidos da esquerda brasileira durante a ditadura-civil brasileira, tais como José Dirceu, José Genoíno, Carlos Minc, Diógenes do PT e Dilma Rousseff, por conta da atuação deles em grupos como o VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), Colina (Comando de Libertação Nacional), o VAR-Palmares, e mais a atuação em episódios como a guerrilha do Araguaia (tanto que em 2005, quando José Genoíno foi depor na CPI do mensalão, Bolsonaro pai trouxe à audiência o coronel Lício Maciel, captor de Genoíno no Araguaia, com claro fim de constrangimento do petista). Também chegou a falar em alguns momento a respeito do tal dinheiro que Leonel Brizola teria recebido de Fidel Castro para financiar guerrilha na serra do Caparaó, no Rio Grande do Sul, contra a ditadura civil-militar da qual Bolsonaro é apoiador.
Na arena internacional, eles também enchem a boca para falar em terrorismo de grupos como o Hamas e o Hezbollah, e do alto da verborragia e demagogia tão típica deles, ainda por cima tentam ligar os grupos em questão ao PT em particular e à esquerda de modo geral. E só irmos às redes dos filhos de Bolsonaro e mesmo de aliados deles para vermos postagens com esse tom de verborragia.
Primeiro que, como Mansur Peixoto muito bem pontua em um dos
textos sobre o assunto, foi precisamente a vanguarda sionista que introduziu e
difundiu no Oriente Médio o conceito de guerra urbana via atentados terroristas
e até mesmo de grupos terroristas paramilitares.
E segundo e mais importante de fato: o mesmo Bolsonaro se cala a respeito de passado análogo das primeiras lideranças israelenses. Os filhos dele igualmente se calam a esse respeito. Há uma foto de dois dos filhos de Jair Bolsonaro, Carlos (vulgo 02) e Eduardo (vulgo 03), desfilando pelas ruas de Israel com camisetas do Mossad e da IDF (Israel Defense Force, na sigla em inglês), respectivamente. Os quais surgiram precisamente a partir dos grupos paramilitares sionistas que atuavam na Palestina sob o mandato britânico. Em outras palavras, estamos falando de uma época da qual o PT nem ao menos sonhava em nascer.
Foto – 02 e 03 desfilando pelas ruas de Israel com camisetas dos órgãos de inteligência israelenses.
E penso eu que se formos pesquisar, por exemplo, os políticos de escalão mais baixo e os ministros dos gabinetes dos premiês de Israel, encontraremos mais gente envolvida com tais grupos paramilitares. Para não ficarmos presos apenas aos premiês de Israel com passado de atuação em grupos de terrorismo paramilitar como o Irgun, o Haganah e o Stern.
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