quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Transhumanismo e a volta de Kamen Rider Black (dois textos traduzidos do russo).

O ideal do transhumanismo - a tentação de se tornar Deus sem ser Deus.

Sabem, há tal observação, quando os animais, nossos menores irmãos, se comunicam com o homem, eles se humanizam – entendem o idioma, manifestam suas emoções. Também o homem, quando ele na Igreja se comunica com Deus, ele mesmo se torna semelhante a Deus.

Mas o mundo moderno propõe um embuste. A cultura de massas impõe a diversão e o prazer: viva intensamente, morra jovem. Para isso todos os meios são bons: diversões, narcóticos, sexo desordenado, homossexualismo. E como resultado o homem se torna depravado, que matou sua alma. A própria cultura tradicional propõe outro modelo de comportamento: é preciso estudar, trabalhar, restringir-se, corresponder aos padrões morais. E apenas tal vida leva a bons frutos.

- A revolução comportamental de muitas maneiras destrói a família tradicional...

- É observado que no casamento é fácil ou na primeira metade da vida, ou na segunda. Se na primeira metade é fácil, significa que as pessoas vivem para si, pela satisfação. E na segunda metade da vida eles colhem frutos amargos: não têm crianças, começam as doenças, eles não necessários a ninguém, e eles já não se amam entre si, por que na base do casamento deles se encontra apenas o princípio sexual, animal. Quando um cônjuge adoece, o outro o abandona ou encontra um substituto mais jovem que ele. Tudo termina na solidão e no vazio.

Mas na cultura tradicional as pessoas na primeira metade da vida, enquanto elas são jovens, enquanto elas têm forças, trabalham, geram e educam crianças. E a segunda metade da vida eles desfrutam com os frutos de seus esforços. Eles vivem cercados por cuidado, eles têm netos. Eles se deleitam com uma velhice longeva. A cultura tradicional dá os frutos em vida.

Fonte: postagem do grupo do VK Volk Gomofob/Волк Гомофоб, 23/08/2020.

Aleksandr Dugin: Transhumanismo – ideia diabólica, sentença de morte à humanidade
É a transição a uma época de ciborgues, híbridos, mutantes, quimeras e virtual, apenas a Tradição salva as pessoas.

A tendência do transhumanismo ganha popularidade em todo o mundo, principalmente no Ocidente, onde ela surgiu. O símbolo dela é um círculo com a letra latina H – de human, humano – e o emblema Plus: “H+”.

O que esta tendência da moda, que traz a ideia de progresso até o fim lógico, promete a seus adeptos e com o que ele ameaça a todas as pessoas, explica o filósofo e politólogo Aleksandr Dugin.

O transhumanismo prevê a criação com base na espécie humana de criaturas mais perfeitas – por meio do uso de todos os meios do progresso tecnológico. “É alcançar por meio do aperfeiçoamento de todas as partes do organismo humano por meio da mudança deles para peças artificiais, indistinguíveis das partes do corpo e dos órgãos internos. Aqui mesmo pertencem à tecnologia imitações da criação ou da inscrição da criação em portadores separados – cartografia, mapeamento do cérebro. As mais novas descobertas na área da estrutura do genoma permitem empreender o ajustamento dos organismos (melhorar as qualidades deles) e no nível básico”, - enumera o filósofo.

Dessa forma, consta Dugin, fala-se, nem mais nem menos, sobre a criação da “pós-humanidade,  que será livre de doenças, imperfeições e no fim das contas alcança a imortalidade física”. Presume-se que o corpo pode ser “alterado ou corrigido”, e depois de um tempo “imprimir em três impressoras D”, e “as redes virtuais se tornam um novo meio de habitação, gradativamente empurrando por completo a realidade habitual para nós”.

O filósofo adverte que o transhumanismo não é simplesmente uma ocupação de excêntricos, designers ou fanáticos do progresso tecnológico. É o “vetor resultante dos últimos séculos, quando a humanidade acreditou seriamente no mito do progresso e evolução”. Portanto, o “H+” é “a última conclusão lógica de toda a época da Nova Era, a Moderna”.

A ideia principal da Moderna, lembra Dugin, era a libertação do homem de todas as limitações que o amarram. De início da religião, das tradições, da sociedade estamental. Depois, caíram sob o golpe o Estado e a Nação, que os liberais tentam substituir na sociedade civil. Depois – “aboliram a ideia normativa sobre os gêneros e a família normal, legalizando as mais diversas formas de mutações de gênero e deturpações”.

E tudo isso passou, consta o filósofo, no campo da aparição e aperfeiçoamento de novas formas de produção, tecnologia de computação, sucessos na programação e síntese de novos materiais. Como resultado gradativamente a ideologia e a tecnologia se fundiram em algo inteiro e indivisível: o progresso tecnológico se tornou um fator ideológico, e a ideologia, por seu turno, se tornou nada mais que uma tecnologia, com o que se explica a mudança pelos estrategistas políticos das classificações de formas da política.

Assim as pessoas do Ocidente “se aproximaram da última fase da libertação da humanidade das fronteiras que o limitam: no Ocidente já não têm religião, nem Estado no sentido pleno da palavra, nem hierarquia política, nem famílias normais”.

Em outras palavras, todas as formas de superação dos limites – ou seja, de transgressão – foram completamente atravessadas. Restou fazer apenas um passo final – atravessar a fronteira da própria espécie humana. Isso é o “H+” – a última palavra do liberalismo. Portanto, o transhumanismo, sublinha Dugin, “não é um estranho fenômeno colateral do desenvolvimento tecnológico, é o fim lógico da Nova Era, nós deveríamos se aproximar disso – para a época dos ciborgues, híbridos, mutantes e quimeras, e nós estamos nos aproximamos disso”.

Dugin não duvida que nos dias de hoje a maioria esmagadora da humanidade não está pronta para se transformar em ciborgues ou mutantes, entretanto “quem o pergunta, é a maioria da humanidade?”

“Toda a história é feita pelas elites. As massas nunca estão preparadas para nada. Mas isso não tem absolutamente nenhum sentido. Não estão prontas – preparam-nos, tanto que ninguém nota”, reconhece o filósofo.

Dugin está convencido de que “o transhumanismo é inevitável nesse caso, se nós aceitarmos a tendência principal da Nova Era – fé no progresso, desenvolvimento e aperfeiçoamento da humanidade”.

“Esta religião – mais precisamente, pseudoreligião – do progresso introduziu na Europa e no mundo a Iluminação – ele lembra. – Gradativamente esta heresia substituiu ou empurrou para a periferia todas as formas tradicionais de religião, sobretudo o cristianismo“.

O filósofo adverte que nesse caminho do progressivo é impossível ficar no meio do caminho: “Dizendo ‘a’, nós somos forçados a dizer ‘b’, ‘v’, ‘g’ e todas as outras letras do alfabeto. ‘H+’ é a última letra. Depois se inicia o idioma de computador”.

A luta de princípios contra o transhumanismo conduzem os tradicionalistas coerentes e fundamentais, que rejeitam não apenas esta última mutação, mas toda a Moderna – a própria ideia de progresso, desenvolvimento, mapa científico do mundo, democracia e liberalismo. Como observa Dugin, eles “aprovaram e aprovam Deus, a Igreja, o Império, os Estamentos, a Potência e os costumes populares”, entendo muito bem que “o mundo moderno – isso não é progresso, mas resultado da decadência, o reinado do Anticristo”. Portanto, avisa o filósofo, lutar contra o ‘H+’, a última transformação da Moderna, aceitando outros lados dela, é sem sentido. Isso significa que “se nós quisermos mudar nosso destino, é voltar ao passado e entender em que lugar nós cometemos o erro fatal”.

No fim o filósofo avisa que o transhumanismo é o processo de cujas mãos: “A crença sagrada confirma que o diabo pode de quase tudo. Mas ele não pode criar o homem. Ele é capaz apenas de parodiá-lo, criar um simulacro dele. ‘H+’ – é obviamente um plano dele”.

Fonte: https://tsargrad.tv/articles/aleksandr-dugin-transgumanizm-djavolskaja-zateja-smertnyj-prigovor-chelovechestvu_25615

Meus comentários:

HENŠIN!!!!

Gostaria de aproveitar a presente postagem dupla para falar de uma famosa série japonesa que fez grande sucesso aqui no Brasil na primeira metade dos anos 1990, Kamen Rider Black. Pois no próximo domingo, dia 30 de agosto de 2020, teremos a reestreia na TV brasileira de Kamen Rider Black após um hiato de 26 anos, dessa vez pela Rede Bandeirantes.  O licenciamento do seriado nipônico ficou por conta da Sato Company, do empresário nipo-brasileiro Nelson Sato (o mesmo que na época do boom dos tokusatsu no Brasil após o sucesso de Jaspion e Changeman trouxe para cá Cybercop, em 1990). Black será veiculado no horário das 11h50, entrando no lugar de Jaspion, que teve seus 46 episódios concluídos concluído no último domingo.

Kamen Rider Black é a oitava série de toda a franquia Kamen Rider, criada pelo famoso mangaká Šotaro Išinomori (1938 – 1998) nos anos 1970, e foi veiculada na TV japonesa entre 4 de outubro de 1987 a 9 de outubro de 1988, com 51 episódios ao todo e mais dois filmes. Black ainda foi a única série da franquia Kamen Rider que teve uma sequência direta, Kamen Rider Black RX, com 47 episódios mais um filme.

Foto – Black contra Shadow Moon.

Três anos após sua conclusão na TV nipônica, mais precisamente em 22 de abril de 1991, foi a vez de Kamen Rider Black dar o ar de sua graça na TV brasileira, sendo dublado no estúdio da finada Álamo e exibido na também finada Manchete. Na época, Black veio licenciado pela Everest Vídeo (posteriormente Tikara Filmes) junto com Spielvan (aqui chamado de Jaspion 2 – que era a grande aposta da finada licenciadora na época) e Maskman, os quais por sua vez tiveram uma repercussão mediana por aqui. A exibição de Black na TV brasileira pela Manchete durou até 15 de julho de 1994.

Mas espere, o que seriados tokusatsu e transhumanismo têm haver, alguém me perguntaria? Aparentemente, não tem nenhuma relação. Mas, se examinarmos bem, veremos que esse tema foi abordado em várias dessas séries (tanto inéditas quanto aqui exibidas), e o Kamen Rider Black é uma delas.

Kamen Rider Black conta as aventuras de Issamu Minami (originalmente Kohtaro Minami), interpretado por Tetsuo Kurata e dublado no Brasil por Élcio Sodré (o mesmo dublador de personagens como Den Iga/Sharivan em Sharivan, Oyobu em Maskman, Horácio Gomez Bolaños em várias produções dos seriados Chespirito, Širyu de Dragão em Cavaleiros do Zodíaco, César da luz em Samurai Warriors, Akalanata de Fudomyoh em Šurato e Borat no filme homônimo), que junto com seu irmão adotivo Nobuhiko Akizuki nasceu durante um eclipse solar e que foram destinados a disputarem pelo título de Imperador Secular da seita satânica Gorgom. Durante a noite do aniversário de 19 anos deles, os dois foram sequestrados pelos Gorgom, que depois de transformá-los em Imperadores Seculares almejava força-los a lutarem entre si para ocupar o lugar do moribundo Grande Rei. Issamu seria transformado em Black Sun e Nobuhiko em Shadow Moon, respectivamente. E para isso, nos corpos dos dois foram implantadas uma pedra chamada King Stone, que confere grandes poderes ao seu portador. Mas, ao contrário de Nobuhiko que não pode ser salvo, Issamu conseguiu fugir antes da transformação dele ser concluída (via lavagem cerebral), e após ser perseguido e atacado pelos três sacerdotes de Gorgom (Pérola, Danker [originalmente Darom] e Baraom), transforma-se em Kamen Rider Black, o qual passa a usar o poder a eles concedido pelos Gorgom para justamente lutar contra eles e o projeto de dominação da Terra deles.

Foto – Os sacerdotes de Gorgom, com Taurus (originalmente Birugenia) ao meio.

Diferente de outras séries antes exibidas por aqui, Kamen Rider Black tinha uma trama mais sombria e pesada, o que em grande medida ajudou a não apenas atrair a atenção do público na época depois de tantas séries com tramas mais leves. E, além disso, os vilões da vez, os Gorgom, não eram bem um Império maligno como o Gozma em Changeman, o Império dos Monstros em Jaspion e o Império Subterrâneo Tube de Maskman. Tinha mais ares de uma seita satânica, mas que ainda assim tinha seus planos de dominação do plano terreno, cujos planos chegaram a envolver, entre tantos outros, atiçar a cobiça da humanidade em ouro e imbecilizar a humanidade usando uma cantora juvenil de sucesso como vetor.

Algo também digno de nota em Kamen Rider Black é uma presença massiva de colaboradores humanos nas fileiras dos Gorgom, enquanto que em outras séries estes aparecem de forma mais esporádica e pontual (vide o Doutor Kamasawa nos episódios 13 e 14 de Changeman e em Jaspion o Zamurai no episódio 19 e o Silk e a gangue dele no episódio 31). O mais notável deles é o Doutor Kuromatsu, que foi interpretado no Japão por Susumu Kurobe (notório por ter interpretado nos anos 1970 o Hayata nas séries Ultraman) e dublado no Brasil pelo finado João Paulo Ramalho (uma voz muito comum em produções dubladas pela Álamo nos anos 1980 e primeiro metade dos anos 1990; emprestou sua voz a personagens como Aburamu em Jiraya, Imperador Neroz em Metalder, Doutor Jean Marie em Jiban, Lúcifer no quarto filme de Cavaleiros do Zodíaco e Hadler [primeira voz] em Fly: o pequeno guerreiro, além de ter sido o principal dublador de Chuck Norris em São Paulo).

Kuromatsu é um cientista, professor da Universidade de Tohto e ganhador do prêmio Nobel da paz, que era o encarregado de transformar os humanos em monstros mutantes. Usa seu trabalho na Universidade como um santuário para os mutantes de Gorgom e como laboratório para conduzir suas experiências mutantes. Diga-se de passagem, os 17 primeiros episódios da oitava série da franquia Kamen Rider dão justamente ênfase a tais elementos, que agiam como se fosse uma quinta-coluna a serviço de Gorgom na Terra (os quais por sua vez no primeiro terço da série adotam uma estratégia de ação mais sorrateira e discreta). Todos eles (incluindo Kuromatsu) almejando serem reconstruídos como monstros mutantes e poderem desfrutar de vida eterna como monstros de Gorgom. Tal forma de atuação por parte dos Gorgom dura até o episódio 18, quando Kuromatsu é morto pelos sacerdotes de Gorgom e tem sua imagem usada pelo espadachim Taurus (Birugenia no original). Após a morte de Taurus no episódio 35 e o despertar de Shadow Moon, Gorgom declara guerra aberta à humanidade. E o resto é história.

Ou seja, Issamu e Nobuhiko sendo transformados em Imperadores Seculares com grandes poderes, Nobuhiko sendo transformado em Shadow Moon e tendo suas memórias humanas apagadas, humanos como o Doutor Kuromatsu almejando serem reconstruídos como monstros mutantes, Gorgom almejando criar um mundo distópico dominado por monstros mutantes, tudo a haver com o transhumanismo. 

Foto – Doutor Hideomi Kuromatsu.

Em sua exibição original na TV brasileira, Kamen Rider Black não teve seu último episódio veiculado. Muito se especula o motivo pelo qual Black não teve seu último episódio exibido, algo que também aconteceu com Spielvan, Jiban (que por sua vez teve seus últimos episódios dublados na Dubrasil em 2010) e Cybercop. Mas, recentemente, o último episódio da série foi enfim dublado no estúdio da Centauro. A direção ficou sob os cuidados de Nelson Machado (dublador do Kiko em Chaves, dos personagens de Carlos Villagrán Eslava em Chapolin, Darkwing Duck no desenho homônimo, Robin Williams em filmes como Jumanji e do Blanka no filme e no desenho americano de Street Fighter), que por sua vez também emprestou sua voz ao Grande Rei. Élcio Sodré, Francisco Bretas (dublador de personagens como os Reds de Flashman, Goggle Five e Maskman, Retsuga em Jiraya, Hyoga de Cisne em Cavaleiros do Zodíaco, Kaiošin do Leste em Dragon Ball e Capitão em Pinguins de Madagascar) e Luiz Antônio Lobue (dublador do Maohsaik em Sharivan, Desguiller em Goggle Five, Aioria de Leão e Bado de Alkor [esse apenas na segunda dublagem] em Cavaleiros do Zodíaco, Piccolo em Dragon Ball, Larry a lagosta em Bob Esponja e Kowalski em Pinguins de Madagascar) repetem os papeis de Issamu Minami/Black Sun, Nobuhiko Akizuki/Shadow Moon e narrador, respectivamente (será que um dia enfim também veremos os pavorosos e confusos episódios finais de Spielvan sendo dublados?).

Séries como Kamen Rider Black mostram muito bem que temas como o transhumanismo podem muito bem serem abordados até mesmo em produções destinadas ao público infanto-juvenil (lembrando que o público-alvo da maioria das produções tokusatsu é esse). Também é muito interessante notar que nessas séries, quando você as vê pela primeira vez, há detalhes que passam batidos e que só depois de muitos anos você nota, sendo a presença do transhumanismo uma delas no caso não apenas de Kamen Rider Black, como também de muitas outras e até mesmo em animes como Dragon Ball. E a propósito, dentro de algumas semanas, quando as exibições de Changeman e Jiraya chegarem ao fim, estes vão ser substituídos por Flashman e Jiban, respectivamente. Dentro em breve, faremos uma matéria sobre essas duas séries, nas quais o tema do transhumanismo também é abordado.


Fontes:

Coluna do Daileon #112 – Kamen Rider Black teve a melhor estreia de uma série tokusatsu. Disponível em: https://www.jbox.com.br/2020/08/21/coluna-do-daileon112-kamen-rider-black-teve-a-melhor-estreia-de-uma-serie-tokusatsu/

Kamen Rider Black substituirá Jaspion na Band. Disponível em: https://www.jbox.com.br/2020/08/16/kamen-rider-black-substituira-jaspion-na-band/

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

A hipocrisia da esquerda identitária em quatro fases - assim nasce a cultura do cancelamento (imagem traduzida do russo).

 

De cima para baixo:

1 - Eu me posiciono a favor da liberdade de palavra e da liberdade de pensamentos.
2 - Cada homem tem o direito de se expressar como ele quiser e ninguém tem o direito de criticá-lo!
3 - Sim, eu sou um liberal! Mas e daí? Vivemos no século XXI.
4 - Mas acho as pessoas que não apoiam os LGBT e se posicionam a favor do modo de vida tradicional da família uns burros e grossos.

Meus comentários:

Primeiro de tudo, para evitar eventuais mal-entendidos: nós nada temos contra os homossexuais enquanto indivíduos. O que somos sim contra é a militância identitária LGBT e sua causa deletéria que no fim das contas apenas ajuda a alimentar os Bolsonaros, Felicianos e Malafaias da vida. Inclusive os homossexuais deveriam procurar se espelhar no finado Clodovil, que era um homem que respeitava a sociedade e que em vida dizia que não tinha orgulho da sexualidade dele, mas de quem ele era, e não em figuras desprezíveis como Luiz Mott e Jean Wyllys.

Sobre a imagem em questão, encontrei-a no grupo do VK Medved Gomofob/Медведь Гомофоб. Ela mostra muito bem quem são aqueles que militam a favor das chamadas causas identitárias, tais como liberação do aborto e de narcóticos e direitos LGBTQ. Ou seja, aqueles que nos EUA são chamados de Social Justice Warriors, os quais acham que vão resolver problemas como homofobia e racismo criando uma situação na qual é errado você ser heterossexual, branco e cis. São pessoas que tanto falam em liberdade de expressão e de pensamentos, mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, cancelam todos aqueles que dizem coisas que os desagradem na primeira oportunidade.

Particularmente, acho que faltou na imagem acima mais uma fase, na qual o indivíduo em questão passa a ofender e a cancelar pessoas nas redes sociais quando alguém diz comentários que desagradam a certas militâncias politicamente corretas (vide os recentes ocorridos com a J. K. Rowling, a Lilia Schwarcz e a Marília Mendonça), pois isso é o que tais pessoas merecem por serem tão grossas e estúpidas, até que um dia aprendam a ser mais tolerantes e a não apenas tolerar as diferenças, como também estimulá-las e ai de quem questionar isso.

Assim, passam a tratar certos grupos como vacas sagradas que não podem ser criticados de forma alguma. A tal ponto que para eles transfóbico é todo aquele que, por exemplo, é contra que homens transexuais joguem ao lado de mulheres em competições esportivas, que só mulheres menstruam e que diga que o sexo biológico é realidade e apenas dois existem: o masculino e o feminino. E homofóbico é todo aquele que é contra as pautas do movimento LGBTQ, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e outras tantas, e contra a veiculação de cenas de teor homoerótico em HQs e desenhos destinados ao público infantil de empresas como a Disney, a Nickelodeon e outras.

Por essa linha de raciocínio, então se você é contra a Black Lives Matter por ela ser composta por um bando de supremacistas negros que não tem o menor pudor em vandalizar lojas e humilhar cidadãos brancos nas ruas (além de só sair das tocas deles em tempos de eleição), então você é um racista que odeia raivosamente os negros e que deseja que a Ku Klux Klan extermine todos os negros do mundo. Se você é anti-sionista, então você é um anti-semita inveterado que quer que Hitler saia da tumba dele e promova um novo Holocausto. Se você é contra o wahabismo, então você é um islamofóbico cretino que quer que haja uma nova e massiva Inquisição contra os muçulmanos do mundo todo, como aquela que os reis católicos da Espanha promoveram contra os muçulmanos espanhóis na virada do século XV para o XVI. Se você é contra a independência do Tibete e não vai com a cara do Dalai Lama, então você é um budistofóbico que quer fazer com os budistas de hoje o que foi feito aos budistas japoneses durante a Era Meidži (movimento Haibutsu Kišaku, citado em animes como Samurai X e outros) e derrubar todos os Budas do mundo, como o que o Taliban fez no Afeganistão em 2001 com os Budas de Bamiyan. Se você é contra o feminismo radical por ver que as representantes desse movimento são umas supremacistas que não querem direitos iguais, mas privilégios, e/ou a liberação do aborto por entender que isso é uma brincadeira que vai exacerbar ainda mais o hedonismo e a cultura do descartável hoje existente na nossa sociedade (afinal, a moça que engravida de um desconhecido na balada agora pode ir à clínica de aborto mais próxima que tudo está resolvido - e assim a situação se repete como um círculo vicioso ad aeternum. Ou seja, uma verdadeira ode à inconsequência e à irresponsabilidade), além de atentar para a questão da indústria do aborto, então você é um misógino maldito que odeia as mulheres, atenta contra os direitos reprodutivos delas e quer exterminá-las todas. Se você é contra a liberação da pedofilia, então você tem um ódio mortal de todas as crianças do mundo e quer acabar com todas elas. Se você é contra ONGs de direitos animais como o PETA e também contra a liberação da zoofilia, então você odeia animais e quer vê-los sendo todos extintos por meio de uma caçada monstruosa e impiedosa a todos eles. E por ai vai. Estão vendo o quão perigosa é essa linha de raciocínio dessa gente? Precisa desenhar?

O fato é que agora você pertencer a determinados grupos minoritários da sociedade virou uma verdadeira carteirada. Agora você pode muito bem ser repreendido por fazer algo de errado e usar questões como racismo, homofobia e transfobia para rebater e calar seus críticos, algo similar ao que o Felipe Neto hoje faz com aqueles que o criticam por expor as crianças (que é o atual público-alvo dele) a conteúdos inapropriados a elas (entre eles vídeos cheios de palavrões e alguns comentários de teor homoerótico, além de uma brincadeira de conteúdo sexual no livro dele) usando como carteirada a questão política (por isso que não podemos deixar que a direita bolsonarista monopolize a crítica ao garoto colorido e outros influenciadores digitais tão ou mais venais que ele). Dessa forma, por exemplo, um homem transexual que acha que é uma mulher ou mesmo um sujeito que acha que é um coelho preso a um corpo humano não serão mais tratados como Napoleões de hospício, já que agora ele tem a muleta perfeita para tal.

Mas, de onde será que surgiu a famigerada cultura do cancelamento? Nada surge do nada, e a cultura do cancelamento não é exceção. Em um ensaio publicado em 1926 em um jornal londrino, Chesterton previu esse fenômeno com um século de antecedência ao dizer o seguinte: “Nós logo estaremos em um mundo no qual um homem pode ser silenciado por dizer que dois mais dois são quatro, no qual os gritos de um grupo furioso serão erguidos contra qualquer um que disser que as vacas têm chifres, no qual as pessoas irão perseguir a heresia de dizer que o triângulo é uma figura de três lados e enforcar um homem por enlouquecer uma multidão com a notícia de que a grama é verde”. O ovo da serpente chamada cultura do cancelamento foi chocado por ninguém menos que o politicamente correto em voga nos últimos 30 anos ao criar uma situação na qual a menor crítica a determinados grupos já é estigmatizada com palavras como racismo, homofobia, transfobia e outras afins. E junte a isso na receita da poção o fenômeno da “semiologização da realidade” (apud José Paulo Netto), no qual para um indivíduo a fantasia subjetiva está acima da realidade e não o contrário, mais o surgimento das redes sociais e uma crescente agressividade das militâncias politicamente corretas e mexa bem que pronto, a receita do desastre já está pronta. Agora a serpente saiu do ovo e está à solta, picando quem quer que ela venha a encontrar no caminho dela.


E que diferença há entre esses militantes de Internet da esquerda identitária que recentemente cancelaram nas redes sociais figuras como a J. K. Rowling, a Lilia Schwarcz e a Marília Mendonça por dizerem coisas que lhes desagradaram e o gabinete do ódio comandado pelo 02 e pelo 03, que por meio das redes sociais destrói a reputação daqueles que se desentenderam com Bozo pai, como foi o caso de Joice Hasselmann, Alexandre Frota, o finado Bebbiano e outros, ou mesmo a estrutura de gabinete do ódio que o Ciro Gomes e os partidários do político cearense estão criando também nas redes sociais na qual eles destroem a reputação do Lula, do PT e dos outros partidos da esquerda brasileira (o mesmo Cirão da Massa que, diga-se de passagem, acusa hipocritamente veículos como o Brasil 247 e o DCM de serem o gabinete do ódio petista)? Em essência, nenhuma. Os fins são os mesmos e os meios, idem. Apenas o muda a polaridade ideológica. Ou seja, até nisso a direita bolsonarista e a esquerda identitária se completam.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Os motins coloridos em Belarus e nos EUA (dois textos traduzidos do russo)

Situação de Belarus (por Aleksandr Dugin)

Sobre Belarus: por muito tempo não podiam entender o que acontece. De um lado, a típica revolução colorida pelos padrões de Soros. De outro, estilo incompreensível de interpretação dos meios de comunicação russos – com crítica aberta a Lukašenko. A história com a ČVK[1] mostrou-se uma operação especial do GUR[2] da Ucrânia. Com isso se explica.

Agora se tornou um pouco mais claro na totalidade. Moscou está insatisfeita com as oscilações de Lukašenko em relação à Criméia, à Ucrânia e a muitos outros pontos. Lukašenko está insatisfeito com Moscou em virtude da pressão direta e do encargo de conduzir os negócios com Minsk aos intermediários desagradáveis a Lukašenko – os oligarcas. As pretensões mútuas se remexem a partir dos dois lados. As eleições e protestos, assim como a reação das autoridades – nisso nada incomum. Nos EUA é levada uma guerra civil completa das mesmas forças – BLM, feministas e outros batalhões de Soros contra a “ditadura” de Trump. Sempre há insatisfeitos. Mas patrocinadores sérios junto aos insatisfeitos se encontram apenas em determinados momentos agudos politica e geopoliticamente. Em Belarus – Maidan, apoiada pelos globalistas – não exatamente pelos EUA, mas precisamente pelos globalistas, aqueles que agora nos próprios EUA derrubam Trump. E isso é perfeitamente independente de Lukašenko ser ruim ou bom. É uma revolução colorida nos interesses do mundo unipolar agonizante do liberalismo em colapso. Ou seja, por trás dos que se levantaram contra Lukašenko está de forma cristalina o puro mal. Isso não é o povo, isso é uma sociedade pós-moderna, que traz com os cascos o abismo.

Mas então de onde vem a reação dos meios de comunicação russos? É um absurdo em tais questões sérias agir pelo princípio: “acabou-se mal”, “bem feito para você”. A seguinte cadeia de raciocínios pode ser exatamente a única explicação lógica dessa reação russa sobre o que acontece em Belarus: Lukašenko torce a vara (em algo já torceu), o Ocidente o estigmatizou e começa a derrubá-lo seriamente, e a ele nada resta a fazer, a não ser recorrer à ajuda militar de Moscou. Além disso, a Lituânia e a Polônia podem determinar os eventos e criar para Lukašenko um perigo militar direto. Então nós traremos exércitos. Na Ucrânia não introduziram claramente, então pelo menos introduziremos na Bielorrússia fraterna. Eu entendo muito bem que essa não é uma estratégia muito sábia e particularmente não sutil. Mas se não há tal explicação, então não há nada em absoluto.

Fonte: postagem de Aleksandr Dugin no perfil do Facebook dele, 17/08/2020.

Como estão interconectadas as sociedades BLM e LGBT?


BLM e LGBT – as duas porcarias mais estranhas, as mais entediantes, mas o principal, as mais destrutivas no mundo. Eles inflamam pela luta contra o racismo, contra a violência e discriminação em relação aos negros, esquecendo em absoluto sobre que eles mesmos também discriminam pessoas brancas. Os segundos são grandes esquisitões e psicopatas ainda maiores com desvios de orientação sexual, problemas com auto-identificação e a parte restante do buquê individual de diagnóstico deles. A propaganda de seus olhares de esquerda sob o molho da igualdade de todas as pessoas que rasga as cabeças de pessoas direitas une todos eles. O aborrecimento, ressentimento aos malvados brancos naturais, e nada mais.

Estas duas comunidades apoiam uma a outra, propagandeando ideias e visões dos outros. Um exemplo disso é a outrora grandiosa nação Alemanha, que chafurdou na política de esquerda liberal, que permitiu a todos dilacerar legalmente a nação em pedaços. A mesma exortação para votar na embaixada da Federação Russa em Berlim contra a emenda na nova constituição, com protestos diários perto dela. As ruas da Alemanha há muito tempo se dividem entre estas duas comunidades. Vergonha e ignomínia, eu digo a vocês. E isso não apenas com a Alemanha, infelizmente.

Nunca notaram as semelhanças de ações desses loucos? Infratores negros destruindo lojas, acusando os “rocizdas” brancos de violações de direitos e liberdades, que se disfarçam de negros, enquanto que o orgulho gay acusa os naturais de infração dos direitos e liberdades deles. Nisso tudo, ocasionalmente, enviam cartas a si próprios com ameaças, armam cenas onde os ofendem com palavras, se experimentam em um teatro dramático. Fazem um monte de paradas, ações de protestos, demonstrações e outras ações públicas em apoio de seus movimentos. Nas nações ocidentais eles se tornaram uma classe mais elevada em absoluto, tendo grandes direitos e liberdades do que as pessoas comuns.

Lutemos contra eles! Com quaisquer métodos e sem análise! Vitória por nós!

Fonte: postagem feita no dia 16 de agosto de 2020 no grupo do VK Rossijskoe anti-LGBT obŝestvo dviženije im. Jorgena/Росийское анти-ЛГБТ общество движение им. Йоргена.

Meus comentários:

Dessa vez quis fazer uma postagem um pouco diferenciada em relação às anteriores: quis fazer uma postagem dois em um, com dois textos traduzidos do russo que falam sobre o mesmo assunto – os motins coloridos que hoje estamos vendo tanto em Belarus quanto nos Estados Unidos.

Primeiro de tudo: os globalistas sobre os quais Dugin fala obviamente trata-se de grandes multibilionários como George Soros (o mesmo Soros que nos anos 1990 foi denunciado pelo Doutor Enéas como sendo um sujeito ligado ao narcotráfico internacional), os irmãos Koch e Elon Musk. Em todas as revoluções coloridas ocorridas no espaço pós-soviético desde os anos 1980 a mão do primeiro sempre está presente. Haja vista que nos últimos anos governos de países como Polônia, Hungria e Rússia trataram de expulsar as ONGs ligadas ao megaespeculador. O segundo apoiou ostensivamente a ação golpista no Brasil por meio de seus think thanks como a Atlas Network e a Students for Liberty. E o terceiro confessou sua participação no golpe contra Evo Morales na Bolívia (visando apropriar-se das reservas de lítio da nação andina, já que os carros elétricos da Tesla não funcionam sem lítio) e disse na cara dura que se for preciso dará golpe em quem ele quiser.

Recentemente, dando uma zapeada na TV, descobri no canal a cabo Nickelodeon um programa que claramente apoia o golpe colorido nos Estados Unidos sob a alegação do combate ao racismo. Tal programa é um especial do “Nick News” e foi veiculado na última segunda-feira, entre 23h30 a 0h30. Cheguei a dar uma olhada no programa em questão (que é apresentado pela cantora Alicia Keys, outra que adora bancar a mulher empoderada perante o público) por alguns minutos e eu simplesmente não tive estômago para continuar vendo.

Isso só pode ser uma piada de péssimo gosto. Como pode falar sobre combate ao racismo dando apoio a um movimento comandado por um bando de racistas que apoiam tudo o que não presta (incluindo a agenda da sodomia) e que vandalizam lojas e humilham cidadãos brancos nas ruas a ponto de fazê-los se ajoelharem perante eles? Fora o fato de que essa gente aborda o tema da forma mais rasteira e hipócrita possível, além de politiqueira.  Caso Joe Biden se eleja Presidente dos EUA, o que irá acontecer com toda essa conversa sobre o tema? Vai sumir do mapa como se nunca tivesse existido?

E a propósito, onde será que a Alicia Keys, a Beyoncé e a Nickelodeon estavam quando o Obama não apenas fez deportações massivas de mexicanos, como também bombardeou a Líbia e outros países africanos? A truculência policial da qual a Black Lives Matter tanto se queixa só existe agora, com o Trump no poder? Por que só agora com o Trump que vem ao caso, a ponto de ser motivo para massivos protestos? E quando será que veremos artistas que tanto falam em empoderamento feminino como a Alicia Keys e a Beyoncé pedirem por Black Lives Matter na Líbia, no Haiti ou na Libéria, onde negros são vendidos como escravos em mercados a céu aberto, por exemplo?

Curiosamente, é a mesma Nickelodeon que também embarcou na onda da lacração em desenhos animados PARA CRIANÇAS. A Nickelodeon encheu o desenho Avatar: a lenda de Korra de personagens com tais orientações e declarou que o Bob Esponja era gay (e detalhe: Bob Esponja é de uma espécie que se reproduz por um método assexuado – brotamento, além do fato de que isso foi feito só depois que o criador do desenho, Stephen Hillenburg, faleceu). Vejam como as coisas estão interligadas.

Uma vez, Brizola disse que se a Rede Globo apoia algo, então devemos ser contra. E se for contra algo, devemos apoiar. Se um grande conglomerado do showbusiness como a Nickelodeon está apoiando a revolução colorida nos EUA, então devemos ser contra isso. Não vai surpreender nem um pouco se programas similares aparecerem em canais da Disney e outros canais afins.

E falando em revoluções coloridas (vulgo Revoluções Felipe Neto), bandeiras coloridas também apareceram em Belarus nos protestos que pedem a queda de Lukašenko, no poder desde 1994. Vejam essa imagem que achei no grupo Medved Gomofob/Медведь Гомофоб:

São duas feministas lésbicas que se dizem psicólogas e que claramente apoiam a queda de Lukašenko (levando em consideração a bandeira branca-vermelha-branca, que foi a bandeira de Belarus entre o fim da URSS e a ascensão de Lukašenko, é agora usada pelos manifestantes que querem a queda de Lukašenko). O cartaz da esquerda diz: “Eu sou psicóloga. Nós organizamos ajuda psicológica grátis às pessoas que vivenciaram os eventos em Belarus. Compartilhem essa informação! #VivaBelarus #Psicologiapelosdireitosdohomem”, e a da direita “Eu sou psicóloga e apoio Belarus. Se é necessária ajuda psicológica a vocês – vocês podem recebe-la gratuitamente. Conosco mais de 120 especialistas. #vivaBelarus #psicólogospelosdireitosdohomem”.

E mais essa:

Enquanto que o motim colorido nos EUA tem a intenção de influenciar os resultados da eleição de novembro em favor de Joe Biden, a revolução colorida em Belarus, assim como a na Ucrânia há seis anos, tem a clara intenção de aumentar o cerco sobre a Rússia na fronteira ocidental. A mesma fronteira ocidental pela qual a Rússia foi invadida pela Polônia entre 1610 a 1612, pela Suécia na Guerra do Norte, pela França na Guerra Patriótica de 1812 e pela Alemanha nazista e seus aliados na Segunda Guerra Mundial. Em uma eventual queda de Lukašenko, será mais uma faca apontada para o pescoço russo (lembrando que em 1812 Napoleão adentrou no território russo por meio da Lituânia e de Belarus, e na Segunda Guerra Mundial Belarus também foi usada pelos nazistas e seus aliados centro-europeus para invadir a União Soviética).

Lembremo-nos do aviso do finado Slobodan Milošević na última entrevista dele, pouco antes de vir a falecer na prisão em Haia, em 2006:

“Russos! Eu agora me dirijo a todos os russos; nos Bálcãs também consideram como russos os habitantes da Ucrânia e de Belarus. Olhem para nós e lembrem-se – convosco farão o mesmo, quando vocês se dividirem e derem brecha. O Ocidente é um cão raivoso, ele vos agarrará na garganta. Irmãos lembrem-se do destino da Iugoslávia! Não permitam assim agir convosco!”

Milošević ai disse que disse que depois da queda da Iugoslávia o próximo alvo do Ocidente e de globalistas como Soros e Musk seria justamente a Rússia. Algo que fica evidente quando vemos o que se passa na Ucrânia desde 2004 e em Belarus agora. E depois da Rússia, fatalmente farão o mesmo com a China (com o ocorrido recente em Hong Kong sendo um ensaio, uma prévia, disso).

NOTAS:

[1] Sigla em russo para Častnaja voennaja kompanija/Частная военная компания (empresa militar privada).

[2] Em russo Glavnoe Upravlenije razvedki Ministerstvo Ukrainy/Главное управление разведки Министерство обороны Украины (Diretoria Central de intelgência do ministério da defesa da Ucrânia). Serviço de inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia.

sábado, 15 de agosto de 2020

"Racismo reverso e BLM" (texto traduzido do russo)

"Pague aos negros”

Em cada esquina, negros e “protetores dos direitos deles” gritam que os brancos ofendem os negros, que os primeiros devem se arrepender.

Apresso a lembrar a vocês que a cada ano o número de direitos para negros apenas aumenta. Eles consideram todos os brancos racistas brancos e evocam-nos às seguintes coisas:

Se você é branco, sacrifique o dinheiro aos negros.

Dê total vantagem em todas as questões aos negros, do contrário você é racista.

Tem uma propriedade livre – dê aos negros.

Se você fala uma palavra para os negros você é racista e é preciso te demitir.

Lute contra os “opressores brancos”, do contrário você é racista.

Na escolha de trabalho dê propriedade aos negros, do contrário você é racista.

#BlackLivesMatter (Vidas negras importam) – tese correta; #AllLivesMatter (todas as vidas importam) – você é racista e opressor.

Absurdo total das bocas dos típicos representantes do movimento BLM. Na verdade a única meta nas palavras e ações deles é a pressão na população branca, com a meta de concessão de grandes privilégios aos negros em detrimento dos brancos.

Isso é “racismo reverso”, que já há muito tempo adquiriu um caráter de massas.

Foto do comício do movimento “Black Lives Matter”.

“Black Lives Matter”

As ações dos representantes desse movimento não causam aprovação junto ao homem normal. Comícios pacíficos se transformam em saques, incêndios culposos e pilhagens, enfrentamentos com a polícia, que lança pedras.

Enfrentamento com a polícia

«Demolição de monumentos»

A histeria massiva e demolição de monumentos dedicados a estadistas históricos é uma grande provocação por parte do movimento BLM.

A estupidez dos representantes desse movimento chega ao ponto de que eles derrubam monumentos de defensores dos direitos dos negros (que lutaram pelos direitos desses mesmos medíocres).

Tudo o que fazem, permitam-me dizer, as “pessoas” é a eliminação do patrimônio histórico. Todas as pessoas justas irão condenar tais atos.

Derrubada de monumento a Colombo.

“Saques, ajoelhamentos e uma visão comum das coisas”.

O ajoelhamento não é de forma alguma um sinal de “respeito e aprovação”, mas alguma obediência servil e sinal de submissão aos negros e ao movimento “Black Lives Matter”.

Policiais curvam os joelhos diante dos manifestantes.

Os saques de lojas e massivas desordens nas cidades da América e da Europa não são sinal de protesto e movimento pacífico, mas simplesmente um índice de desejos reais e objetivos dos protestantes e participantes do movimento “Black Lives Matter”.

Negros saqueiam loja durante protesto.

Resultado:

O movimento “Black Lives Matter” é apenas provocação e “luta contra os brancos”.

Na verdade os participantes do movimento apenas “pilham” lojas, derrubam monumentos históricos e destroem o patrimônio, ofendem pessoas brancas, assim como “enchem-se” de privilégios.

Fonte: Postagem no grupo do VK Rossijskoe anti-LGBT dviženije imena Jorgena/Российское анти-ЛГБТ движение имени Йоргена, postada no dia 26 de julho de 2020.

Meus comentários:

Vemos claramente que a Black Lives Matter, uma ONG que como muitos de nós sabemos é financiada pelo megaespeculador George Soros (o mesmo Soros cuja mão está sempre presente nas famigeradas revoluções coloridas mundo e esteve presente na debacle do bloco soviético), a despeito de toda a sua fraseologia contra o racismo e a violência policial contra negros, é na verdade uma Ku Klux Klan de negros. Fica também claro que na história do X-Men o lugar dos militantes da Black Lives Matter (muitos dos quais, diga-se de passagem, são brancos de classe média para cima, como fica bem claro nas fotos e vídeos de manifestações da ONG) não seria entre os pupilos do Professor Xavier, mas no bando de malfeitores do Magneto.

A Black Lives Matter diz combater o racismo e a violência policial, até ai tudo bem. O problema é que eles ajudam a criar uma situação na qual é errado você ser branco. Chegam ao ponto de importunar pessoas brancas nas ruas, humilhá-las e pedir que elas se ajoelhem e peçam desculpas pelo que foi feito em séculos passados. E combater o racismo criando uma situação na qual é errado você ser branco é a mesma coisa que lavar sangue com sangue, ou então querer apagar um incêndio com gasolina. As coisas só tenderão a piorar e isso fatalmente jogará muitas pessoas no colo da Ku Klux Klan e outros movimentos de extrema direita. É por causa de gente como esses militantes da BLM que hoje o trabalhador americano médio sente-se mais representado pelo Trump que por qualquer um desses medalhões do Partido Democrata como Biden, casal Clinton e Obama.

A respeito do movimento em si, no canal da Nova Resistência saiu um vídeo de uma garota síria, na qual ela conta algumas coisas bem interessantes. Que o que hoje vemos nos EUA é uma revolução colorida que já vinha sendo há certo tempo preparada para influenciar os resultados das eleições norte-americanas desse ano em favor de Joe Biden, o candidato democrata, o candidato orgânico do Deep State norte-americano e que a morte do George Floyd na verdade serviu de gatilho para que esse processo de golpe de Estado fosse deflagrado, tal qual a questão da suposta fraude na eleição bielorrussa. Ou seja, trata-se de uma politicagem em essência nada diferente daquela vista aqui no Brasil há dois anos, em que uma série de manobras foram feitas para prejudicar Lula em favor de representantes orgânicos da direita e que no fim elegeram o Bozo. Ou mesmo os esforços que hoje estão sendo feitos para derrubar Aleksandr Lukašenko em Belarus, sob a alegação de supostas fraudes em favor dele nas eleições bielorrussas. Apenas mudam os meios. E também o fato de que os militantes da Black Lives Matter apenas saem das tocas deles em tempos de eleições e que a polícia dos EUA na era Obama era tão ou mais truculenta com os negros e ninguém se queixava disso na época. E não preciso nem falar sobre os países africanos que foram bombardeados pelos EUA na era Obama, incluindo a Líbia.

Aliás, falando em Líbia, algo bem curioso a respeito da Black Lives Matter é o fato de que não existe BLM ou algo do tipo em países como o Haiti, a Libéria ou a Líbia, onde negros são escravizados e até vendidos em mercados como se fossem mercadorias. Na Líbia, no tempo de Gaddafi, os negros tinham direitos, algo que nunca tiveram antes. E depois que Gaddafi foi deposto e cruelmente morto, surgiram mercados nos quais negros são vendidos como escravos a preço de banana. Percebe-se claramente que a Black Lives Matter na verdade é um grupo de pressão que faz politicagem em favor dos Democratas.

Também é digno de nota um vídeo no qual uma mulher negra diz aos ativistas da Black Lives Matter que eles são um bando de hipócritas que não dão importância alguma quando negros são mortos por outros negros em bairros negros e só causam estardalhaço quando negros são mortos por policiais brancos.

E também é incrível notar como esses militantes da Black Lives Matter só são valentes com estátuas de pessoas mortas há muito tempo e cidadãos desarmados e acham que o problema do racismo se resolve assim. Eles podem derrubar quantas estátuas quiserem, que enquanto a estrutura de poder do sistema global que os oprime manter-se intacta o racismo do qual são vítimas igualmente será mantido intacto. Pode-se inclusive colocar no lugar das estátuas de figuras como Cristóvão Colombo, Edward Colston, Winston Churchill e Leopoldo II estátuas de figuras como Michael Jackson, Bob Marley, Peter Tosh, Martin Luther King, Nelson Mandela, Morgan Freeman, Oprah Winfrey e tantas outras que a situação não vai mudar uma única vírgula, e pessoas como Elon Musk, George Soros, Jeff Bezos, Bill Gates, Charles Koch e tantos outros continuarão pisando na cara deles do mesmo jeito. Ou seja, só vão mudar a paisagem das cidades. Como disse recentemente Rui Costa Pimenta, essa gente da Black Lives Matter na verdade luta contra fantasmas.

Enquanto isso, aqui no Brasil, na onda da revolução colorida que hoje vemos se desenrolar nos EUA, tivemos recentemente o caso da historiadora Lilia Moritz Schwarcz, autora de obras como “Lima Barreto: triste visionário”, “Nas barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos” e “O Império em procissão”, que recentemente foi cancelada depois que escreveu na Folha de São Paulo um artigo intitulado “Beyoncé erra ao glamorizar negritude com estampa de oncinha”. Lá a historiadora tece críticas ao novo clipe da Beyoncé (a mesma Beyoncé que por meio de sua linha Ivy Park é acusada de explorar mão-de-obra semiescrava no Šri Lanka e outros lugares da Ásia) e disse que a “diva pop precisa entender que a luta antirracista não se faz só com pompa, artifício hollywoodiano, brilho e cristal”. Entre aqueles que cancelaram a historiadora estão figuras como a cantora Iza e o ator Ícaro Silva, assim como diversos comentaristas em redes sociais. Chegaram ao ponto de taxá-la de racista, grande vergonha e arrogante. Lilia Schwarcz depois se retratou, admitindo que errou e pediu desculpas a movimentos negros e feministas. Mal sabe ela que essa gente que agora a cancela e a apedreja nas redes sociais um dia vai querer a cabeça dela servida em uma bandeja caso isso venha a se repetir futuramente.

Foto – A “empoderada” Beyoncé infligindo chibatas em uma mulher trabalhadora do Šri Lanka.

Entretanto, cabe aqui ressaltar que a própria Lilia Schwarcz, assim como a J. K. Rowling antes dela, ajudou a chocar o ovo da serpente que a picou recentemente e que irá picá-la de novo na hora em que voltar a dizer coisas que desagradem à determinadas militâncias politicamente corretas. Pois ela mesma, em um dos vídeos do canal dela do YouTube postado em março, disse que 16 palavras não podem ser usadas por causa de um suposto conteúdo racista e escravocrata. Ou seja, ela acha que os problemas que os negros enfrentam há séculos no Brasil se resolvem mudando palavras e conceitos! O que nada mais é que perfumar fezes.

Isso é algo que o professor José Paulo Netto condena, pois não muda em nada a situação concreta das pessoas que vivem sob tais condições. Como ele mesmo citou em palestra de 2012, a favela vira comunidade e as pessoas que lá moram continuam tendo suas caras pisadas por traficantes, policiais e milicianos. Os índios passam a ser chamados de povos originários e continuam tendo suas terras invadidas por garimpeiros e madeireiros e sendo mortos por jagunços de fazendeiros. Os negros passam a ser chamados de afrodescendentes e continuam a ser estigmatizados como ladrões e jogados nas prisões como se fossem lixo como de praxe. Entre tantos outros exemplos que aqui podem ser citados. Seguindo ao exemplo do ilustre professor, também não contem conosco para o politicamente correto, que nada mais é que aquele que chocou o ovo da serpente chamada cultura do cancelamento, na medida em que criou uma situação na qual determinados grupos são transformados em vacas sagradas que não podem ser criticados, mesmo que estejam fazendo algo errado.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

A ideologia de gênero é o terraplanismo da esquerda identitária.

Foto – A famosa frase de Chesterton.

“Nós logo estaremos em um mundo no qual um homem pode ser silenciado por dizer que dois mais dois são quatro, no qual os gritos de um grupo furioso serão erguidos contra qualquer um que dizer as vacas têm chifres, no qual as pessoas irão perseguir a heresia de dizer que o triângulo é uma figura de três lados, e enforcar um homem por enlouquecer uma multidão com a notícia de que a grama é verde” – G. K. Chesterton.

O pensador, ensaísta e escritor britânico católico Gilbert Keith Chesterton (1874 – 1936) já não está mais neste mundo há oito décadas e meia, e é incrível ver como o que ele disse no ensaio “On Modern Controversy”, publicado no “Illustrated London News” em 14 de agosto de 1926 se tornou realidade no mundo distópico de pós-verdade em que vivemos, no qual o mais importante não é o que a coisa é de fato, e sim o que determinados indivíduos acham que é. A atualidade de Chesterton é tamanha que ele, com quase um século de antecedência, previu a cultura de cancelamento que hoje vemos e que vitimou recentemente personalidades como a J. K. Rowling e a Lilia Schwarcz (depois que essa teceu críticas ao novo disco de Beyoncé).

Para o dia dos pais 2020, a empresa Natura resolveu escolher como garoto-propaganda do ano a Thammy Gretchen. Algo no mínimo de deixar qualquer um de cabelo em pé, visto que muito embora a filha de Gretchen tenha feito a famigerada cirurgia de mudança de sexo, por dentro ainda ela é uma mulher. Lembremo-nos da famosa frase de Brizola sobre o jacaré: “Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”. É uma frase que pode muito bem ser aplicada à Thammy Gretchen. Muito embora por fora a filha de Gretchen se pareça com um homem, por dentro tem ovário, sua fisiologia é feminina, o genótipo dela ainda é XX (ou seja, feminino) e antes de fazer cirurgia tinha seios e útero. E só foi capaz de desenvolver barba depois de ter tomado altas doses de hormônio masculino. Como é que ela não é mulher? Pois da mesma forma que o Michael Jackson não deixou de ser um negro pelo fato de ter clareado a pele em decorrência do vitiligo, a filha da Gretchen não deixou de ser uma mulher só por ter feito a cirurgia de mudança de sexo. Precisa desenhar?

A repercussão em torno do caso foi no mínimo muito interessante e ao mesmo tempo um tanto previsível. De um lado, houve aqueles que se indignaram com isso, dizendo que tal homenagem era inapropriada pelo fato de que a filha de Gretchen é uma mulher mutilada e não um verdadeiro homem. Do outro lado, também houve aqueles que argumentaram no sentido contrário e apoiaram tal decisão alegando que pai é aquele cuida da criança independente do parentesco sanguíneo (entre eles o garoto colorido). E é sobre isso que quero falar na presente coluna.

Foto – A lista de todos os gêneros. Preserve para não esquecer (em russo).

A respeito de minha opinião sobre o ocorrido em si: eu particularmente não gostei nem um pouco dessa homenagem. Hoje homenageamos uma mulher barbada mutilada, que só é homem por fora e, portanto, incapaz de engravidar uma mulher. E amanhã, o que veremos? O Tiffany sendo homenageado em um futuro dia das mães depois de eventualmente adotar uma criança? Isso abre um precedente para que futuramente vejamos coisas ainda piores e mais bizarras. Como por exemplo, uma Barbie humana ou um homem-dragão da vida, que se encheu de tatuagens que lembram escamas e que chegou ao ponto de colocar garras nos dedos da mão, bifurcar a língua, desfigurar o rosto por completo e colocar chifres na testa (além de se achar um animal preso a um corpo humano), ser homenageado. E ai daqueles malditos preconceituosos que não entendem o sofrimento do dito cujo que eventualmente não gostarem dessa homenagem. Serão cancelados sem dó nem piedade. E no momento em que a robótica e a inteligência artificial estiverem em um patamar ainda mais adiantado, veremos humanos que se transformaram em ciborgues e criaturas artificiais criadas em laboratórios (e, portanto incapazes de gerarem descendência por meios naturais) sendo homenageados. Ou seja, nessa brincadeira toda poderiam ser homenageados como pais até mesmo os androides 16, 19 e 20 de Dragon Ball Z (que diferente dos androides 17 e 18 e do Cell são seres puramente mecânicos). Ou quem sabe um ser humano que foi reconstruído como um monstro mutante, quando a engenharia genética e a biotecnologia estiverem em patamares mais avançados. E isso os lacradores de plantão, em sua ânsia por justiça social, não enxergam.

A miopia de lacradores de plantão como o Felipe Neto é tamanha que eles não se dão conta do mundo que eles estão ajudando a parir. Que vai muito além de um mundo no qual é errado você ser branco, heterossexual, cis e anti-lacração (parafraseando o que o próprio garoto colorido disse em 2010 no vídeo sobre as bandas coloridas que na época faziam sucesso entre a juventude brasileira). Estão abrindo os portões do inferno para um futuro de distopia tecnológica transhumanista, no qual a coisa mais normal do mundo será você se transformar em um ciborgue ou em um monstro mutante geneticamente aprimorado.

Se hoje começamos a ver como normais coisas como transexualismo e brincadeira de lincantropia (como a que o finado Dennis Avner, o homem-tigre, fez em vida), então no futuro teremos que engolir pessoas se transformando em seres cibernéticos, como fez o Doutor Man em Bioman (Seriado Super Sentai de 1984, inédito no Brasil e que fez muito sucesso na França nos anos 1980 – sucede a Dynaman e antecede a Changeman), o Doutor Hinelar em Megaranger (Super Sentai de 1997, também inédito no Brasil e que foi adaptado nos EUA como Power Rangers no Espaço – sucede a Carranger e antecede a Gingaman), o Doutor Maki Gero em Dragon Ball Z e a Frost no Mortal Kombat 11, ou se reconstruindo como monstros mutantes, como o Doutor Kuromatsu queria fazer em Kamen Rider Black. Ou seja, ajudarão a tornar realidade um mundo de terra arrasada como o visto em O Exterminador do Futuro e nos futuros do Cell e do Trunks na saga Cell de Dragon Ball Z (saga essa cuja trama foi claramente inspirada no Exterminador do Futuro). Ou mesmo o futuro que os Gorgom tinham em mente para a Terra em Kamen Rider Black, no qual a civilização humana seria destruída e o Planeta tomado de assalto por uma horda de monstros mutantes.

Será que chegaremos a uma paradoxal e irônica situação na qual todos esses vilões e organizações e impérios malignos do mundo fictício como o Novo Império Gear (império maligno de Bioman) do já citado Doutor Man, o Império Gozma do rei Bazoo, o Império dos monstros de Satan Goss, o Cruzador Imperial Mess do Monarca La Deus, o Império Water da Rainha Pandora, o Império Subterrâneo Tube do rei Zeba, a Destrap do Barão Kageyama, o Exército Armado Cerebral Volt (império maligno de Liveman, o sentai de 1988) do grande Professor Bias, os Gorgom e o Crisis perderam nas páginas de revistas e telas, mas tornaram-se vitoriosos no mundo real? E no momento em que a situação chegar a tal ponto, será que teremos que criar máquinas do tempo para consertar o estrago feito, como visto tanto no Exterminador do Futuro quanto na saga Cell de Dragon Ball Z (e assim correndo o risco de bagunçar a linha do tempo da história da humanidade)?

Foto – Doutor Man (originalmente Doutor Hideo Kageyama), o vilão-mor de Bioman e líder do Novo Império Gear, que em determinado momento da vida dele se transformou em um ciborgue. Interpretado pelo finado Munemaru Kōda e por Takaya Haši (forma jovem, apenas no episódio 26).

Com razão, a esquerda se queixa do fato de que entre os partidários de Bolsonaro há pessoas que acreditam em bizarrices como design inteligente (que nada mais é que uma tentativa de dar um verniz científico ao criacionismo cristão) e terraplanismo. Só que um desses setores da esquerda, a chamada esquerda identitária, também não fica atrás nesse quesito ao advogar bizarrices anti-científicas como a ideologia de gênero. Afinal, que diferença há entre quem nega a esfericidade da Terra e quem diz que existem centenas de gêneros e que os sexos são meras construções sociais? Em essência, nenhuma. Ambos negam o conhecimento científico para moldá-lo segundo as conveniências político-ideológicas deles.

E que moral aqueles que advogam ideologia de gênero, uma ideologia que além de postular que os sexos são construções sociais, inventar milhares de gêneros biologicamente inexistentes e que prega que para a pessoa o que importa não é o que ela é, mas o que ela acha que é (ou seja, a fantasia subjetiva do indivíduo está acima da realidade, e não o contrário), e assim promovendo aquilo que o Professor José Paulo Netto chama de “semiologização da realidade”, tem em dizer que os partidários do Bolsonaro que acreditam em terra plana e design inteligente são uns obscurantistas que odeiam a ciência? Nenhuma. Pois essa gente vive diariamente dando tapas na cara em áreas da ciência tais como fisiologia humana e anatomia. Pode-se dizer inclusive que esses lacradores de plantão são ainda piores, pois além de acusarem hipocritamente certas pessoas de fazerem o mesmo que eles mesmos fazem, vivem dando bofetadas na cara da ciência e do bom senso sob o pretexto de combater o preconceito e outras fraseologias coloridas típicas deles.

Diga-se de passagem, é a ideologia de gênero que ao semiologizar a realidade quem abre o caminho para o terraplanismo, além de legitimá-lo. Afinal, se segundo a minha fantasia subjetiva eu sou um dragão preso a um corpo humano ou então um transformer, então eu posso muito bem achar, também de acordo com a minha fantasia subjetiva, que o Planeta Terra é plano e não esférico. Como também posso achar, por exemplo, que o céu é dourado e não azul, que a Lua é quadrada e não esférica, que a bola quadrada do Kiko existe, que o Sol é uma grande esfera de gelo, que a grama é prateada e não verde, que a nota de R$ 10,00 vale R$ 1000,00, que os carros que passam pela estrada são ideias moventes, entre tantas outras bizarrices.

Esse mundo de distopia high-tech começa com a realidade sendo semiologizada para atender aos caprichos de determinados grupos. Esse foi o primeiro passo, o surgimento da pós-verdade, onde as fantasias subjetivas de determinados indivíduos se sobrepõe à realidade. Dessa semiologização da realidade surge a cultura do cancelamento. Isso Chesterton previu há um século. Na medida em que a tecnologia foi tornando-se cada vez mais avançada e aprimorada, chegamos ao segundo estágio: tornar tais fantasias “realidade”, quer seja por meio de brincadeira de mudança de sexo, quer seja por meio de brincadeira de licantropia. Em nome do combate ao preconceito e da lacração, aceitam esse tipo de coisa e acham bonito verem homens transexuais jogando em ligas esportivas femininas ao lado de mulheres. Nesse caso, que a ciência se lasque, segundo os lacradores de plantão. Chega-se a um ponto em que você pertencer a determinados grupos minoritários é uma verdadeira carteirada (algo que fica evidente nesse caso envolvendo a filha de Gretchen, em que as pessoas se esquecem de que a dita cuja é uma reacionária que prestou apoio a Moro e a Bolsonaro). Posso fazer quantas m* forem que pelo fato de eu pertencer a tais grupos sou incriticável.

Foto – Thammy “in Moro we trust” Gretchen.

Chegamos a um ponto em que já não podemos tratar mais tais indivíduos como Napoleões e Josefinas de hospício. O estrago já está feito e a passagem para o terceiro estágio é praticamente um pulo. Torna-se apenas uma questão de tempo até que a robótica, a inteligência artificial, a engenharia genética e a biotecnologia alcancem um patamar ainda mais elevado. É a consumação do transhumanismo, tanto em sua vertente cibernética quanto em sua vertente biotecnológica. E assim personagens como o Doutor Man, o Doutor Hinelar, as máquinas assassinas do Exterminador do Futuro, os soldados genéticos do M. Bison que aparecem no malfadado filme Street Fighter – a batalha final (1994), os monstros do Doutor Keflen, a Frost, o Sektor e os androides do Dragon Ball (incluindo o Cell e o Super 17) sairão das páginas de livros e HQs e das telas televisivas para o mundo real. Uma vez concebidas, essas monstruosidades cibernéticas e biotecnológicas começam a se achar discriminadas pelos humanos normais, passado certo tempo conquistam alguns direitos e chega uma hora em que alguns desses começam a jogar em ligas esportivas ao lado de humanos normais. E ai que moral nós teremos para dizermos não a tais reivindicações, com o precedente que hoje está sendo dado com a entrada de atletas transexuais em competições esportivas femininas? Nenhuma. E dai para o quarto estágio, um mundo de terra arrasada como aqueles vistos em O Exterminador do Futuro e nos futuros do Trunks e do Cell na saga Cell de Dragon Ball Z nos quais os seres humanos são sistematicamente perseguidos e mortos perante monstruosidades cibernéticas e biotecnológicas é mais um pulo. Até enfim chegarmos ao quinto e último estágio: o fim total da humanidade. Se um dia chegarmos a esse ponto, uma coisa é certa: a esquerda identitária terá uma culpa imensa no cartório e terá que se ver diante dos tribunais da história.

Foto – Será que um dia isso se tornará realidade?

Alguém poderia dizer a mim que estou paranoico por ter visto muitos filmes e desenhos animados com cenários apocalíticos que apresentam mundos de terra arrasada. Ai é que vocês se enganam, meus caros. Hoje vemos empresas como a Tesla (a mesma Tesla que deu o golpe na Bolívia para se apoderar das reservas de lítio da nação andina – sem o lítio, carros elétricos não funcionam) desenvolvendo e apresentando seus robôs em feiras e exposições científicas. Alguns deles já são capazes de se locomover sozinhos, reconhecer rostos e se comunicar sem qualquer ajuda externa. E amanhã, do que mais serão capazes? Será que algum dia tais criaturas criadas em laboratório serão capazes de se voltarem contra os seres humanos e exterminá-los impiedosamente? Um dia, robôs, androides e ciborgues foram máquinas que só existiam em livros de autores como Issac Asimov e desenhos, filmes, jogos de videogame e seriados tais como Jetsons, Kikaider, Super Vicky, Inspetor Bugiganga, Os Centurions, Transformers, O Exterminador do Futuro, Robocop, Jaspion, Spielvan, Metalder, Jiraya, Jiban, Winspector, Solbrain, Exceedraft, animes do gênero Gundam (entre eles Gundam Wing, o único exibido na TV brasileira), seriados tokusatsu dos gêneros Super Sentai (entre eles Changeman, Flashman e Power Rangers, os mais famosos aqui no Brasil) e Kamen Rider (entre eles Kamen Rider Black e Kamen Rider Black RX), Mortal Kombat, Tekken, Dragon Ball, Futurama e tantos outros. Hoje, estão se tornando realidade.

No fim, é como já disse várias vezes: esquerda identitária e direita bolsonarista são como o yin e o yang do taoísmo, as faces de Janus na mitologia romana e os personagens Piccolo e Kami Sama da franquia Dragon Ball – duas faces de uma mesma moeda (ou se preferirem, uma unidade contraditória) que se completam um ao outro, na medida em que um justifica a existência do outro e vice-versa. E até na questão do anti-cientificismo ambos se complementam um ao outro.


Foto – O jacaré de Brizola.

Fontes:

Os pós-modernos e a semiologização da realidade – Prof. José Paulo Netto. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jmAv65ilwwE

Robôs-taxi autônomos podem ser a nova tecnologia de mobilidade para 2020. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1350709/2019/04/robos-taxis-autonomos-podem-ser-a-nova-tecnologia-de-mobilidade-para-2020/