Foto - Moro chocando o ovo da serpente.
Reflexão
IV – Hoje a Globo, que foi a ponta de lança midiática do golpe contra Dilma,
fala em pedir perdão ao PT. O mesmo PT que encheu a Globo de dinheiro por meio
de investimentos em verba publicitária nos 13 anos em que ficou no poder. Será
que a Globo falaria em pedir as pazes com o Partido dos Trabalhadores caso
Bolsonaro continuasse a encher as burras da Rede Globo, que nem os governos
anteriores a ele fizeram? Óbvio que não. Bem feito para a emissora da família
Marinho, que agora se encontra em uma situação de contingenciamento financeiro
a tal ponto que vem fazendo uma série de demissões e cortes de salários dos
funcionários.
Reflexão
V – Imaginemos o seguinte cenário: suponhamos que o golpe de 2002 contra Hugo
Chávez na Venezuela tivesse triunfado, e no caos gerado por esse mesmo golpe
surgisse um coronel de Extrema Direita, uma espécie de Órban venezuelano, que
com o tempo resolvesse tomar medidas contra a RCTV. A mesma que foi o braço
midiático do fracassado golpe de 2002 contra Chávez e que em 2007 não teve sua
concessão renovada pelo mesmo Chávez. E ai a RCTV, no desespero, resolve pedir
perdão a Chávez. O que a Globo faz hoje no Brasil é a mesmíssima coisa. No
desespero, resolve pedir perdão até mesmo para aquele que ela derrubou lá
atrás, da forma mais cínica possível.
Reflexão
VI – Nos últimos anos, não foram poucos os partidos e/ou políticos de esquerda
que chegaram ao ponto de prestar apoio à Lava Jato, como o caso da psolista
Luciana Genro. A mesma Luciana Genro que chegou ao ponto de apoiar o golpe de
Extrema Direita na Ucrânia e a se posicionar a favor da queda de Maduro na
Venezuela. Também tivemos o caso de Fernando Haddad, que chegou a dizer que
Moro vinha fazendo um bom trabalho a despeito de erros na prisão de Lula. Isso
foi o que me motivou a anular meu voto no segundo turno das eleições
presidenciais de 2018. Como uma esquerda que, salvo raras exceções, não viu
desde o início todo o jogo politiqueiro da Lava Jato e não enfrentou Moro,
Dallagnol, Palludo e companhia limitada em seu campo, o campo da política, é
que o golpe aconteceu como aconteceu e Lula ficou preso por um ano e meio. Quem
precisa de Moro e Dallagnol com uma esquerda como essa que se auto-sabota, só
para começo de conversa?
Reflexão
VII – Muitos dos quadros que atuaram na Lava Jato também atuaram no caso
Banestado no tempo do FHC. Que foi o maior esquema de desvio de divisas para o
exterior da história do Brasil, que movimentou um montante de dinheiro muito
maior que qualquer mensalão do PT – cerca de R$ 124 bilhões (valores da época)
foram para o ralo por meio das contas CC5. Tal escândalo foi abafado por Sérgio
Moro quando lá apareceram tucanos de alta plumagem como FHC e Serra e empresas
de mídia. Isso para não falar dos esquemas denunciados por Rodrigo Tacla Duran,
ex-advogado da Odebrecht, comandados por figuras como Carlos Zucolotto
(padrinho de casamento de Sérgio Moro e ex-sócio da esposa de Moro) e Marlus
Arns e as boladas bilionárias da Petrobrás e da Odebrecht (que Lula chamou de
“criança esperança do Dallagnol”). O que mostra muito bem que Moro, Dallagnol,
Palludo e companhia limitada têm seus corruptos de estimação. Seria o Zucolotto
e Arns o Queiroz e o Wasseff da família Moro, respectivamente? E o DD, seria o
(ou um dos) Queiroz da Lava Jato como um todo?
Reflexão
VIII – Os partidários da Lava Jato volta e meia falam que ela recuperou cerca
de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, sendo que os prejuízos foram centenas de
vezes maiores, fora os milhões de desempregados. E mesmo que tais coisas sejam
ditas a eles, ainda assim defendem as ações da Lava Jato, sob a alegação de que
isso foi culpa dos corruptos investigados por Moro, Dallagnol, Palludo e
companhia limitada. E ainda te acusam de ser conivente com a corrupção, sendo
que uma coisa não tem nada haver com a outra. Por causa dessa brincadeira toda,
muitos engenheiros viraram motoristas de Uber e a economia brasileira cada vez
mais se desindustrializa. Custava a Lava Jato ser cirúrgica e punir apenas os
culpados, deixando o corpo das empresas intacto (como se faz em países sérios
como os EUA, a França e a Alemanha)? Haja vista que na Alemanha, por exemplo,
muitas das empresas que na época colaboraram e apoiaram Hitler estão até hoje
no mercado, tais como a Hugo Boss, a BMW e outras tantas.
-
A Lava Jato teve seu ovo chocado graças a um aparato legal que a ela permitiria
posteriormente, com a conivência da imprensa elitista, pavimentar o caminho
eleitoral para a queda do PT. Nisso desempenha papel importante idéias do
pseudomoralismo da elite brasileira e a influência que estas exercem até mesmo
na esquerda brasileira (página 142).
-
Zé da Justiça chegou a dizer em artigos de jornal, na época dos protestos que
levaram à queda de Dilma, que o povo brasileiro é culturalmente corrupto e que
a corrupção é generalizada no Brasil. Um prato cheio para a Lava Jato, na
medida em que legitima suas narrativas (página 143-144).
-
O governo Dilma enfiou no próprio ventre a faca envenenada da balela da
corrupção patrimonialista criada para criminalizar os partidos populares. Com o
apoio do Ministério da Justiça petista, foram criadas leis de exceção que
transformaram a Lava Jato em uma máquina golpista. O golpe tornou-se questão de
tempo dado a fragilidade do campo popular, desprovido de uma narrativa que fizesse
contraponto ao moralismo de fancaria da Lava Jato (página 144).
Reflexão
IX – Ciro Gomes, na UNE no ano passado, proferiu um discurso no qual falou como
se fosse um bolsominion. Disse “o Lula tá preso, babaca” e fez coro ao
moralismo de fancaria da Lava Jato ao dizer que não foi preso por ser honesto –
e assim não vendo toda a politicagem que a prisão do ex-Presidente envolveu. Depois dessa, perdi todo o respeito que tinha pelo político cearense, hoje do
PDT.
Um ano antes, o irmão de Ciro Gomes, Cid Gomes, em encontro do PT no Ceará
que ocorreu logo após a vitória de Bolsonaro, também disse “o Lula tá preso,
babaca” e repetiu mentiras ventiladas pela grande imprensa e pela direita, como
a de que o PT precisa fazer autocrítica e que aparelhou o Estado brasileiro em
seu favor. Como sair do pesadelo bolso-lavajatista falando como se fosse um
deles e com retóricas que legitimam as ações deles (incluindo um processo de
lawfare contra os próprios irmãos Gomes), só para começo de conversa?
Reflexão
X – Se a Lava Jato chocou o ovo da serpente chamada Jair Bolsonaro, o Governo
Dilma, por meio de uma série de leis de exceção criadas sob os auspícios do
então ministro Zé da Justiça, chocou o ovo da serpente chamada Operação Lava
Jato. Portanto, pode-se que dizer que o Zé da Justiça indiretamente chocou o
ovo da serpente chamada Jair Bolsonaro e que essa foi a verdadeira contribuição
do PT para a ascensão de Bolsonaro ao poder, ao contrário do que grupos como a
Nova Resistência, a Legião Nacional Trabalhista ou os ciristas falam.
Reflexão
XI – Ainda em 2010, no ocaso do segundo governo Lula, foi promulgada a Lei da
Ficha Limpa, e o único partido de esquerda que posicionou-se contrário a lei
foi o PCO, para o qual tal lei não é para caçar corruptos, mas para punir, encarcerar
e perseguir a esquerda. Não deu outra, pois tal foi usada em 2018 para impugnar
a candidatura Lula. O que é o juiz, senão um político que veste toga, que
comumente ganha salários muito acima do teto legal e que geralmente vem de
famílias abastadas, por vezes até de dinastias jurídicas? É de não entender
tais coisas elementares que a esquerda brasileira chegou ao ponto em que se
encontra hoje.
Reflexão
XII – A adesão de setores expressivos da esquerda brasileira ao identitarismo
inspirado pelo Partido Democrata dos EUA, por si só, não criou as condições
necessárias para a ascensão de Bolsonaro ao poder. E o mesmo pode ser dito, por
exemplo, a respeito do IBOPE que apresentadores como Danilo Gentili (hoje p* da
vida com o Bozo) e programas como o CQC deram a ele nesses anos todos, ou mesmo a maneira como José Padilha retratou políticos como Lula no seriado do Netflix "O mecanismo" (onde atribuiu a Lula uma fala que na verdade foi proferida por Romero Jucá). Isso
tudo jogou lenha na fogueira, mas as condições para a ascensão do miliciano
carioca ao poder foram criadas pela Lava Jato: primeiro, inoculando na
população um ódio visceral à política e a ela atribuindo toda sorte de mazelas
(em conluio com a grande imprensa, obviamente). E segundo, prendendo Lula sem
provas, com clara intenção politiqueira. Portanto, a narrativa da Nova
Resistência e da Legião Nacional Trabalhista é uma meia-verdade. Pois se a
adesão da esquerda ao identitarismo e o IBOPE na TV jogaram lenha na fogueira,
a Lava Jato jogou gasolina na mesma fogueira. A mesma fogueira que virou um
incêndio e agora, ironicamente, a consome.
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