segunda-feira, 20 de julho de 2020

Quem chocou o ovo da serpente chamada Jair Bolsonaro? (resumo do livro "A guerra contra o Brasil", de Jessé Souza, 1/6).



Foto - A serpente chocando seus ovos.
- Alguns grupos como a Nova Resistência (https://www.facebook.com/novaresistenciabrasil/photos/a.504357659741639/1329929323851131/?type=3&theatere a Legião Nacional Trabalhista (http://lntbrasil.com.br/a-esquerda-vai-acabar-reelegendo-jair-bolsonaro/?fbclid=IwAR1SdDm_4cvNO1wSPHEeOteC-iIj1QQl_rEy7xX7GhNBEYEK-YUhp7TMhJkatribuem o triunfo de Bolsonaro em 2018 à adesão do PT e outros partidos de esquerda ao identitarismo inspirado pelo Partido Democrata dos EUA. Os partidários de Ciro Gomes (assim como o próprio), do alto da verborragia deles, atribuem o triunfo do miliciano carioca a uma suposta má vontade do PT para com ele. E Nildo Ouriques diz que o triunfo do miliciano se deveu ao desgaste daquilo que ele chama de sistema petucano e que nada teve haver com Steve Bannon e o esquema de comunicação Cambridge Analytica (http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/586304-o-governo-bolsonaro-trara-mais-violencia-e-desigualdade-mas-a-esquerda-liberal-nao-tem-respostas-a-altura-entrevista-com-nildo-ouriques). Será que tais narrativas fazem sentido? (Introdução).

- A partir de 2013, tanto a elite brasileira quanto a norte-americana se irmanam contra a hegemonia popular petista (página 99).
- Segundo denúncias do WikiLeaks, desde meados de 2009 juízes e procuradores brasileiros têm sido treinados por agentes americanos por meio de diversas formas de “cooperação informal”. Moro é uma figura carimbada desses “cursos de capacitação” (página 100).
- Por conta da prévia colonização da esquerda brasileira pelo discurso do moralismo de fancaria da direita, foi o próprio governo Dilma, por meio de seu Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (a quem Paulo Henrique Amorim em vida carinhosamente chamava de “Zé da Justiça”), que criou em 2013 as condições legais para o lawfare da Lava Jato (página 100).

- Isso por meio da lei 12.850/13, que tipifica os crimes de organização criminosa e obstrução da justiça, dessa forma permitindo expedientes como “delações premiadas” e “prisões cautelares”. Por meio dessas armas, a Lava Jato pratica, de forma legalizada, tortura psicológica com prisões cautelares, extorsão e fraude (página 100).
- E soma-se a isso o apoio da imprensa venal, Globo à frente (que passa a dar total apoio a tais narrativas por mais mentirosas que fossem) (página 100).
- A partir daquele momento, a Lava Jato entra em ação, se transformando em uma espécie de “bomba atômica” da guerra híbrida dos EUA no Brasil. E sua ação logo começa a reverberar na vida política brasileira (página 101).
- Com a Lava Jato, criou-se uma espécie de “legalidade paralela”, na qual o Estado passa a ser dominado não mais por uma lógica que tende a ser impessoal, a da lei. Em seu lugar, entram interesses privados e corporativos de toda espécie, que agem como “partidos privados” que colonizam o falso moralismo do combate à corrupção (página 101).
- Isso tudo feito em aberta cooperação ilegal com os órgãos americanos de espionagem no comando da Operação (página 101).
- Moro e Dallagnol, em conjunto com sua máfia de procuradores no MP e juízes coniventes, passam a atuar de forma aberta como partido político e grupo de pressão autônomo. Assim, o dito combate à corrupção é só uma fachada para legitimar a mudança de governo no tapetão, que era de interesse tanto de forças internas quanto externas (páginas 102-103).
- Entretanto, a maioria da esquerda não se dá conta dos reais objetivos da Lava Jato. É exigida blindagem da Lava Jato até mesmo por movimentos populares e sindicatos. A Lava Jato passa a agir como partido privado e como organização criminosa, colonizando a justiça e adaptando os procedimentos legais a seus interesses políticos. Por meio de dossiês, ameaças e extorsões, passa a ter o poder de condenar e absolver e mantem os tribunais subservientes (página 103).
- A corrupção começa a ser usada, de novo, como arma simbólica contra a população. Esse é o combustível da Lava Jato e das figuras abjetas que ela ajudou a levar ao poder (páginas 103-104).
- A Lava Jato exerce influência política decisiva por meio do serviço sujo da delação de Palocci em pleno clima eleitoral e da prisão ilegal e forjada de Lula, o que permitiu a eleição de Bolsonaro. A história mostra que, no fim das contas, os ditos paladinos da lei da moralidade são os maiores corruptos (página 104).
- Na ficha suja da Lava Jato consta: milhões de desempregados e a destruição de ramos industriais inteiros, que outrora exportavam tecnologia e eram competitivos a nível internacional (página 104).
Reflexão I – Sobre a Lava Jato, penso eu que Jessé Souza, nesse livro, deveria ter dedicado pelo menos uns 2 ou 3 parágrafos à Operação Mãos Limpas (italiano Mani Pulite), ocorrida na Itália entre 1992 a 1994. Não apenas pelo fato de a Lava Jato ter sido inspirada na Mãos Limpas (vide o texto que Moro escreveu em 2004 sobre a Mãos Limpas - https://www.conjur.com.br/dl/artigo-moro-mani-pulite.pdf), como também o fato de que aqui no Brasil a Lava Jato repetiu o desastre político que a operação comandada por Antonio de Pietro legou à Itália: a Mãos Limpas abriu o caminho para Silvio Berlusconi, então magnata da mídia e presidente do AC Milan que anos antes sabotou os esforços da Rede Globo de entrar no mercado italiano via Tele Montecarlo (Paulo Henrique Amorim fala sobre isso no livro “O Quarto Poder”), tornar-se premiê da Itália. Ao passo que no Brasil a Lava Jato, por meio de uma série de manobras, criou as condições para que Jair Bolsonaro, um militar expulso do Exército nos anos 1980 e que durante 30 anos foi um Deputado inexpressivo do baixo clero, tornar-se Presidente da República.
Reflexão II – As passagens acima elencadas mostram que a narrativa que Ciro Gomes e seus partidários vendem não fazem sentido algum. Que a ascensão de Bolsonaro é um processo bem mais complexo do que eles imaginam e que Bolsonaro nada mais é que o fruto podre que a Lava Jato legou ao Brasil. Para ser mais preciso, Bolsonaro é o verdadeiro legado da Lava Jato ao Brasil, depois de toda a terra arrasada sobre o sistema político brasileiro nesses últimos seis anos e toda a ação politiqueira dela visando beneficiar aos tucanos. E, além disso, Ciro Gomes foi ministro da integração nacional no 1º governo Lula, manteve certa proximidade com o PT nesses anos todos, se posicionou contra o impeachment de Dilma e dizia que sequestraria o Lula em uma embaixada para que não fosse preso. Achar que em um eventual segundo turno entre Ciro e Bolsonaro o sistema de comunicação de Bolsonaro não ia usar isso para desmoralizar o pedetista é ser no mínimo ingênuo. Isso para não falar do fato de que inventariam toda sorte de histórias cabeludas para desmoralizá-lo do mesmo jeito, tal como foi feito com Haddad.
Reflexão III – Quem acha que as forças internas e externas que derrubaram Dilma em 2016 por meio daquele processo fraudulento iam deixar que alguém se elegesse dois anos depois com uma agenda sócio-político-econômica diferente da deles é ser no mínimo muito idiota. E isso não apenas os ciristas, como também praticamente toda a esquerda brasileira, não entende. Ou que na Bolívia vão deixar o Evo Morales ou algum político a ele ligado subir ao poder pela via eleitoral depois de tudo o que aconteceu no país andino no ano passado. Por isso que se diz que as eleições 2018 foram uma fraude. Fica evidente que essa gente articulou um golpe, investiu muito dinheiro sujo em um golpe e deu golpe para ficar só sair do poder escorraçada.

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