Foto – Os Richthofen em foto de
família.
As
eleições se aproximam, e junto com elas os debates eleitorais. E nesses tempos é
comum ver políticos de partidos como o PSDB e o DEM exumarem o cadáver de Celso
Daniel, morto em janeiro de 2002 em circunstâncias até hoje não devidamente
esclarecidas, em debates eleitorais contra políticos do PT e assim submetê-los
a verdadeiras saias justas. E, obviamente, usando o caso como arma eleitoreira
contra seu adversário político. Entretanto os tucanos, do alto de seus periódicos
ataques retóricos contra o PT, nunca esclareceram até hoje a respeito da
ligação de Manfred Albert von Richthofen, morto junto com sua esposa Marísia
von Richthofen no dia 31 de outubro do mesmo 2002, por sua filha Suzane von
Richthofen em conluio com os irmãos Cravinhos, com o PSDB. Em vida o finado
engenheiro teuto-brasileiro foi ou não foi operador de caixa 2 dos tucanos? Em
outras palavras, teria sido ele o antecessor (ou um dos) de Paulo Preto?
Manfred
Albert von Richthofen nasceu em Erbach[1], situada no estado de
Baden-Württemberg, sudoeste da Alemanha, no dia 3 de fevereiro de 1953. Nasceu
no seio de uma família nobre alemã, os von Richthofen, que remonta ao século XVII.
Mudou-se para o Brasil em decorrência de convite de trabalho e aqui conheceu
Marísia Abdalla, então estudante de medicina, nos anos 1970. Os dois se casaram
e tiveram dois filhos: Suzane Louise von Richthofen e Andreas Albert von
Richthofen.
Na
época de seu falecimento, foi divulgado na imprensa que Manfred Albert von
Richthofen era sobrinho-neto de Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen (1892
– 1917), ás da aviação alemã da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e que
entrou na história com a alcunha de o Barão Vermelho (em alemão Der Rote Baron). Notabilizou-se por ter
abatido 80 aviões inimigos antes de ser abatido e morto em combate.
Foto – Manfred Albrecht Freiherr von
Richthofen (1892 – 1918), o Barão Vermelho (em alemão Der Rote Baron), ás da aviação alemã da Primeira Guerra Mundial.
No
momento do crime, Suzane abriu uma maleta de seu pai que continha cerca de oito
mil reais, seis mil euros e cinco mil dólares, além de algumas joias
pertencentes ao casal, em vã tentativa de simular um latrocínio (que rapidamente
foi descartada pelos investigadores do caso). Essa quantia foi entregue a
Cristian Cravinhos como forma de pagamento por sua participação no plano e
depois usada para comprar uma moto.
O
que me interessa no caso Richthofen e o que me faz escrever sobre tal hediondo crime
ocorrido há 16 anos não é o caso em si, e sim suas conexões políticas, em
especial com o tucanato de São Paulo e seu jeito de fazer política, os quais ocupam
o Palácio do Bandeirante há um quarto de século (e que obviamente pretendem se
perpetuar no poder no estado mais importante do Brasil por mais um bom tempo no
mínimo no melhor estilo PRI mexicano). Além de manter a memória do caso acesa
para que não caia no esquecimento (algo que obviamente é muito interessante a
certas forças políticas). Diga-se de passagem, vejo a dita esquerda excessivamente
preocupada com Jair Bolsonaro e sua retórica truculenta e ao mesmo tempo não
dando a devida atenção a Geraldo Alckmin (vulgo picolé de chuchu). Geraldo
Alckmin, em realidade, é um Bolsonaro sem a retórica truculenta e com a pose de
democrata que o político carioca não tem. Em outras palavras, enquanto que o
primeiro é o cachorro que late, o segundo é o cachorro que morde e mata sem
piedade.
Se
tais fatos virem à tona no presente momento, com certeza vão cair como se fossem
uma bomba atômica no colo dos tucanato paulista, em especial de políticos como
Geraldo Alckmin (vulgo “Santo da Odebrecht”) e José Serra (vulgo Nosferatu). E
assim destruir de uma vez por todas sua aura de santos que os tucanos desfrutam
perante parcela significativa da população. Tão ou mais devastador quanto a
hora que as denúncias de Rodrigo Tacla Duran sobre a prática de prevaricação e da
indústria de delação premiada será para o cada vez mais decrescente prestígio
que o Judge Murrow e a Operação Lava Jato ainda desfrutam. Seria literalmente o
prego no caixão deles. Ainda mais tendo em vista o pleito eleitoral vindouro
(se é que vai acontecer mesmo).
Foto – Brasão da família von Richthofen.
A
explicação mais comum e difusa a respeito do que teria levado a jovem Suzane von
Richthofen a cometer parricídio seria o fato de seus pais serem contra seu
namoro com o então namorado, Daniel Cravinhos, que pertencia a uma classe
social diferente da dela. Ou será que a verdadeira razão do parricídio em
realidade é outra, tendo assim outras coisas em jogo e que até hoje não foi
devida revelada às pessoas?
À
época de sua morte, Manfred Albert von Richthofen trabalhava na Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário S.A.). Lá entrou em novembro de 1998. Em junho de
2002, tornou-se diretor de engenharia da mesma empresa. Como membro da DERSA,
ele era um dos responsáveis pelo projeto de construção do Rodoanel Mário Covas
em São Paulo, o qual contorna a cidade interligando várias rodovias.
Originalmente, o trecho oeste do Rodoanel deveria custar R$ 339 milhões,
segundo o orçamento dado pelo consórcio Queiroz Galvão/Constran, que venceu a
licitação da obra em setembro de 1998. Mas consumiu R$ 1 bilhão em obras e
indenizações por desapropriação. Ou seja, um aumento de custos de mais de 70%
em relação ao custo original. Na empresa estatal Manfred recebia mensalmente R$
11 mil, enquanto que sua esposa Marísia, que matinha um consultório
psiquiátrico, ganhava em torno de R$ 20 mil. Entretanto, tinha uma fortuna
estimada em cerca de R$ 2 milhões (11 milhões em valores atualizados). Para
chegar a esse nível de riqueza só com o salário da Dersa, seria necessário que
Manfred economizasse seu salário e nada gastasse por muitos e muitos anos. Em
outras palavras, que vivesse em um regime de austeridade de gastos por muitos e
muitos anos. Algo inviável para uma família que à época do crime vivia em uma
mansão no Brooklin, um dos bairros mais nobres de São Paulo. E é ai que entra a
conexão do caso Richthofen com o tucanato.
Na
época do parricídio um promotor afirmou que o patriarca da família Richthofen não
apenas operava por meio da obra do Rodoanel o caixa 2 tucano das eleições de
2002 de Geraldo Alckmin para governador de São Paulo e José Serra para presidente
da República como também tinha contas milionárias na Suíça. E, como era de se
esperar, a mídia hegemônica do nosso país silenciou a esse respeito. Uma década
e meia se passou desde então e nada foi devidamente esclarecido.
Se
Manfred Albert von Richthofen tivesse sido em vida operador de caixa 2 do PT,
do PDT ou de qualquer outro partido de esquerda e se esse esquema de corrupção
da Dersa/Alstom a algum desses partidos fosse ligado, uma coisa é certa: a
imprensa hegemônica grande estardalhaço faria em cima do caso e o usaria da
forma mais politiqueira possível para atacar o PT, falaria em “mar de lama”
(como feito no segundo governo Vargas), que o país foi tomado por uma quadrilha
de ladrões e cobraria providências a esse respeito, tal como fez em cima do
mensalão, do petrolão e em toda sorte de escândalos no qual o partido de Lula,
Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Paulo Bernardo, José Dirceu e José Genoíno
esteve envolvido. Quem sabe até seriam feitos clamores para a abertura de um processo
de impeachment com interesses politiqueiros no meio. Mas, como isso diz
respeito ao impoluto tucanato de São Paulo, partido orgânico das elites locais
por excelência e ao qual esses veículos de mídia de modo geral são mais
simpáticos (não custa lembrar que no estado de São Paulo os tribunais, o
Ministério Público, as polícias e a Assembleia Legislativa são aparelhados
pelos tucanos), verdadeiro silêncio de cemitério sobre esse assunto paira tal
como se faz com outros casos de corrupção envolvendo o tucanato tais como o
Banestado, a Privataria Tucana, o Trensalão e tantos outros.
Assim
sendo, essa história toda de que a jovem garota teria matado seus pais junto
com os irmãos Cravinhos por sua família não aceitar seu namoro seria uma cortina
de fumaça, um húmus para encobrir o real motivo do crime, relacionado com os
trambiques nos quais seu pai teria supostamente se envolvido em vida? E não só
isso, também seriam cortinas de fumaça essa história (independente da
veracidade – uma coisa não exclui a outra) de que ela é uma psicopata, uma
pessoa de má índole e histórias afins? E de onde Manfred von Richthofen arrumou
todo aquele dinheiro que no momento de sua morte foi encontrado por sua filha
(incluindo todos aqueles dólares e euros)? Uma coisa é certa: do nada é que ele
não surgiu e certamente ele não chegou a tamanho nível de riqueza apenas com
seu salário na Dersa, a ponto de permitir poder viver em um dos bairros mais
nobres de São Paulo e em uma mansão com duas garagens (além de outras
propriedades, incluindo um sítio). De algum lugar apareceu. Seria dinheiro
extraído das contas da família na Suíça? E com que dinheiro as joias saqueadas
foram compradas?
Há
quatro anos, Suzane von Richthofen recebeu autorização judicial para cumprir o
restante de sua pena em regime semiaberto, mas não apenas pediu a Justiça para
continuar presa em regime fechado como também descartou seus advogados e seu então
tutor Denivaldo Barni a despeito de todos os anos de dedicação. Haveria algo a
mais em jogo nessa decisão da parte de Suzane? Comenta-se por toda parte e com
claros e fortes indícios de veracidade que o cerco e a proteção que a envolvem
desde o início é decorrente de uma forte ação de personagens ligados ao tucanato,
cujo objetivo seria esconder o real móvel do crime: o dinheiro do caixa 2
tucano que estaria depositado em duas contas na Suíça no Discount Bank and
Trust Company (DBTC), abertas em 1998.
Em
2006, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MPE)
fizeram investigações após descobrirem documentos sobre a movimentação de uma
empresa de engenharia em São Paulo, de nome M.A.V.R. Engenharia, registrada no
nome do patriarca da família Richthofen e com sede na Rua Barão de Suruí, Campo
Belo, zona sul de São Paulo, próximo à antiga casa da família. A mesma
documentação também trouxe dois números de contas com depósitos em dinheiro em
bancos na Suíça. Investigações foram feitas para descobrir se Suzane e seu pai
são os titulares dessas duas contas. Contas essas para as quais podem ter sido
remetido dinheiro supostamente desviado de obras do Trecho Oeste do Rodoanel
Mário Covas. Segundo matéria do jornal O Estado de São Paulo, as contas já
haviam sido descobertas pela CPI do Banestado três anos antes, mas que a
titularidade ainda não tinha sido comprovada. Como era de se esperar, tais
investigações foram jogadas para debaixo do tapete.
Aliás,
falando em Banestado, será que essas contas que estariam em nome do finado engenheiro
teuto-brasileiro e de sua filha parricida também não passavam pelo crivo da
lavanderia do Banestado em Nova York antes de ir à Suíça? Levando em
consideração que a lavanderia do Banestado era usada para esquentar o dinheiro
dos principais de corrupção do Brasil nos anos 1990, o montante de US$ 30
bilhões que foi movimentado por essa lavanderia entre 1996 a 1999 e o dinheiro
que teria sido roubado das obras, não seria me surpreenderia nem pouco o senhor
Richthofen tê-la usado para tal. E a roubalheira da Dersa por um acaso não
teria relação não apenas com o Banestado, como também com outros escândalos de
corrupção envolvendo o tucanato, entre eles o trensalão, a privataria tucana e
tantos outros (e até mesmo a roubalheira nas APAEs do Paraná na qual a esposa
do juiz Moro estaria envolvida)?
Levando
em consideração tais fatos elencados, não é de surpreender que talvez Suzane
mais segura no presídio se sinta que fora dele. Bem provavelmente, ela é um
arquivo vivo que guarda muitas informações comprometedoras que dizem respeito a
muitos bacanas da política (especialmente os tucanos que comandam o Estado mais
rico da federação há um quarto de século) e de círculos empresariais e
magistrados paulistanos (não custa lembrar que os esquemas de corrupção sempre
se dão com a presença de agentes do “impoluto” mercado que os liberais defendem
com tanto ardor). E talvez ela mesma consciência disso tenha. E que uma vez
fora da prisão é bem possível que a matem da forma mais misteriosa e sorrateira
possível em uma operação de queima de arquivo, tal como feito com PC Farias em
1996. É provável também que exista um acordo onde ela, em troca de sua vida e
segurança, não abra a boca a respeito do que a levou realmente a cometer o
hediondo crime. Afinal, estamos falando de uma gente que para fazer valer seus
interesses e exercer seu poder não medem palavras e nem atos, bem ao contrário
dos republicanos petistas. Muito menos de um falastrão de plantão como Jair
Bolsonaro.
Como
dito em artigos anteriores, uma das coisas que mais me enoja e me causa asco no
caso da prisão de Lula é ver o homem sendo preso e condenado a mais de 10 anos
de encarceramento ao mesmo em que os verdadeiros bandidos do país continuam
soltos, rindo das nossas caras e bancando as vestais da moralidade perante nós.
E entre os piratas que jogaram o homem ao mar para ser devorado pelos tubarões
obviamente que o impoluto tucano (ao qual o juiz Moro é ideologicamente ligado)
se inclui, junto com a Rede Globo do Fifagate, a Lava Jato da indústria da
delação premiada, o juiz Moro que arquivou o caso Banestado (que não custa
lembrar tinha Alberto Yousseff, o mesmo Yousseff que recentemente fez denúncias
fajutas contra Gleisi Hoffmann, como doleiro), entre tantos outros.
As
eleições 2018 estão se aproximando e espero que no momento em que forem
indagados sobre Celso Daniel, espero que os petistas retruquem a respeito de
Manfred von Richthofen e a eles digam o seguinte: “vocês querem tanto que o
caso Celso Daniel seja resolvido? Ok, nós vamos resolver. Mas só se vocês
primeiro nos esclarecerem a respeito das ligações de Manfred von Richthofen com
vocês, tucanos”.
Foto – Ranking dos maiores casos de
corrupção da história recente do Brasil. Note-se que perto dos tucanos,
pemedebistas, demos e de empresas de mídia como a Rede Globo os petistas não
passam de grandes trombadinhas. Também se percebe aqui o modus operandi do juiz Moro desde no mínimo os tempos do Banestado
(a na maneira como ele procedeu na delação de Palocci é exemplo bem
paradigmático disso): atacar os ladrões de galinha ao mesmo tempo em que
protege e acoberta os verdadeiros bandidos. A mesma coisa que no xadrez você
sacrificar um peão ou um bispo para fortalecer o rei ou a rainha.
Fontes:
Banestado
em NY “lava” dinheiro de corrupção. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u45660.shtml
Bens
dos Richthofen são investigados. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2707200612.htm
Caso
Richthofen – DERSA/Rodoanel – corrupção e desvio de verba pública. Disponível
em: https://blogdasandrapaulino.wordpress.com/2015/09/14/caso-richthofen-dersarodoanel-corrupcao-e-desvio-de-verba-publica/
[DVD
– TV] – Investigação criminal: Suzane von Richthofen e irmãos Cravinhos.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_RJf8Q04pjQ&ab_channel=RinaldoCortez
Engenheiro
assassinado a mando da filha era homem-chave do Rodoanel. Disponível em: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,engenheiro-assassinado-a-mando-da-filha-era-homem-chave-do-rodoanel,20021108p20949
Esta
menina matou os pais. Disponível em: https://www.terra.com.br/istoegente/172/reportagens/capa_suzana_01.htm
Filha
e namorado confessam ter matado casal em SP. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2002-nov-08/filha_namorado_confessam_matado_casal_sp
MP
apura conta de Suzane von Richthofen na Suíça. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/brasil/casorichthofen/interna/0,,OI1199949-EI6792,00-MP+apura+conta+de+Suzane+von+Richthofen+na+Suica.html
O
caso Von Richthofen, o Rodoanel, Serra e Alckmin. Disponível em: https://limpinhoecheiroso.com/2015/03/02/o-caso-von-richthofen-o-rodoanel-serra-e-alckmin/
O
pai de Suzane era operador do PSDB? Disponível em: https://www.brasil247.com/pt/colunistas/lulamiranda/202370/O-pai-de-Suzane-Richthofen-era-operador-do-PSDB.htm
Richthofen (Adelsgeschlecht). Disponível em: https://de.wikipedia.org/wiki/Richthofen_(Adelsgeschlecht)
RouboAnel de São Paulo – a filha
assassina que incomoda os tucanos. Disponível em: http://naotecalaseducador.blogspot.com/2013/11/rouboanel-de-sao-paulo-filha-assassina.html
NOTA:
[1] Leia-se “Erbarr”. No alemão, assim
como em idiomas como o tcheco e o polonês, a partícula ch tem o mesmo som do kh
no russo, árabe, persa e mongol, do j no espanhol e do h em idiomas como o
húngaro e o inglês: r aspirado forte.
Interessante. Mas não vejo possibilidade de usar isso politicamente. Tentativa nesse sentido será retaliada com a acusação de que a "esquerda" ou o PT se aliam até a Suzane Von Richthofen como arma política. A mídia faria uma cobertura absolutamente fraudulenta e qualquer ganho eleitoral seria neutralizado. Olavo de Carvalho, que apesar de fingir ser uma anti globalista, sempre se alia à plutocracia na hora realmente crucial, vai destacar as longínquas relações do PT com psicopatas, e fazer toda uma epopéia retórica com direito a citações shakesperianas.
ResponderExcluirE o caso Banestado, você vê melhores possibilidades de uso político??
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