Foto
– Um petucano.
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A vitória da chapa Lula-Alencar em 2002 não abriu as portas para um debate
sobre o socialismo. Pelo contrário, liquidou com qualquer vestígio de luta
anticapitalista. Destarte, representou uma adesão da parte do polo operário à
ordem burguesa sem constrangimentos (página 54 e 55).
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O petucanismo, do ponto de vista político, seria o reino onde as divergências
políticas são apenas cosméticas, com o objetivo de criar uma nação democrática
e moderna, com “inserção soberana” na ordem global (página 56).
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Em sua tese “La teoria marxista de la
dependencia”, publicada na UNAM em 1995, Nildo Ouriques diz que a esquerda
petista radical mantem uma interpretação teórica sobre o capitalismo periférico
e como o Brasil nela se insere que no essencial coincide com os postulados de
FHC (página 56).
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Lá ele diz que as divergências partidárias entre os grandes partidos não
representavam problema algum para que ambos os partidos se entendessem no
essencial (página 56).
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A administração petista da ordem instaurada pelo tucanato foi consequência
necessária da comunhão teórica entre os dois blocos. Concomitantemente, o
debata nas ciências sociais é com FHC hegemonizado em São Paulo (página 57).
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Na ausência de divergências teóricas de fundo, sobra a disputa partidária para
iludir e enganar o público e ocupar parte do mundo universitário com
quinquilharias ideológicas e divergências a respeito de questões secundárias. A
tal ponto que o debate sobre “economia política” é reduzido a opções de
política econômica (página 57).
Reflexão
VII – Sobre a adesão do PT à ordem vigente a partir de 2002 com a primeira
eleição de Lula, em meu entendimento isso tem mais haver com pactos de
bastidores tais como a carta aos brasileiros e os compromissos deles
decorrentes, sobre os quais Rui Costa Pimenta falou em algumas ocasiões.
Segundo o dirigente do PCO (Partido da Causa Operária), a elite brasileira
aceitou a vitória de Lula em 2002 com a intenção de impedir que as agitações
sociais que à época ocorreram em países como a Venezuela, Bolívia e Argentina
chegassem ao Brasil (cuja situação social já era potencialmente explosiva dado que 57 milhões de pessoas passavam fome nos últimos anos do governo FHC). E assim, Lula poderia fazer Bolsa Família e outros
programas sociais enquanto que não mexeria em certos pontos sensíveis. Ou seja,
a típica manobra de abandonar os anéis para preservar os dedos. Algo ao qual a
elite brasileira poderia se dar ao luxo na época, dada a conjuntura econômica
mundial pré-crise de 2008.
Reflexão
VIII – Em suas obras, Jessé Souza diz que FHC recriou a República Velha (1889 –
1930), a ponto de fazer do Estado brasileiro um mero orçamento a ser dividido
pela elite dos proprietários do dinheiro, no qual a taxa SELIC chegou a ser
elevada a 45%. Daí que surgiram esquemas de corrupção como Privataria Tucana,
Banestado, mensalão mineiro e tantos outros. Esquemas esses que movimentaram um
montante de dinheiro muito maior que qualquer “mensalão” do PT. E é esse Estado
que o PT assume a partir de 2002, no qual a fração financeira do capital é quem
comanda o processo econômico. Diante de tal situação, o PT adota uma política
de caminhar pelas brechas do sistema, que deu certo até certo ponto. Mais
precisamente, até 2015.
Reflexão
IX – A respeito da comunhão teórica entre petistas e tucanos, não seria uma
situação cujas condições para concretização já estavam postas há muito tempo,
quiçá desde antes da chegada do PT à Presidência da República, e se acentuando
após o PT chegar ao poder? Ainda mais quando lembramos que em vida Brizola e
Darcy Ribeiro chamavam o PT de “esquerda que a direita gosta” e “galinha que
cacareja pela esquerda e bota ovos pela direita” e que os referenciais teóricos
de tucanos e petistas são os mesmos (Raymundo Faoro, Sérgio Buarque, etc...)? O
mesmo Brizola que uma vez disse que tucanos e petistas têm suas cabeças
inseridas dentro do sistema neoliberal.
Reflexão
X – Obviamente que em grande medida FHC hegemonizou o debate nas ciências
sociais devido ao fato de que nomes da CEPAL, do ISEB e da teoria da
dependência como Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos, Vânia Bambirra,
Alberto Guerreiro Ramos, Álvaro Vieira Pinto, André Gunder Frank e outros foram
silenciados e exilados pela ditadura. A tal ponto que Marini teve algumas obras
publicadas no Brasil depois de mais de 40 anos (isso passados mais de 20 anos
depois de seu falecimento, ocorrido em 1997), além do fato de que o silêncio
que paira sobre os nomes deles continuou mesmo depois do fim da ditadura
cívico-militar (e para isso foi instrumental a polêmica que FHC e Serra
travaram com Ruy Mauro Marini em 1978).
Reflexão
XI – Falando em questões secundárias, as diferenças entre Republicanos e Democratas
nos EUA, Socialistas e Republicanos na França, Trabalhistas e Conservadores na
Inglaterra e SPD e Democracia Cristã na Alemanha também não são secundárias,
estando de acordo no essencial estipulado pela estrutura de poder que comanda
os quatro países em questão por trás das cortinas?
Reflexão
XII – E teria sido esse debate sobre “política econômica” condicionado pelos
pactos de bastidores que o PT teve que assinar com a elite brasileira, de modo
a não em pontos sensíveis como a dívida do país (tanto interna quanto externa),
Bolsa Banqueiro e outras mamatas dos donos do poder financeiro?
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