quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Genealogias políticas: Onyx Lorenzoni e Ernesto Henrique Fraga Araújo


Onyx Lorenzoni

Fonte: postagem publicado no perfil no Facebook do professor Ricardo Costa Oliveira em 12 de novembro de 2018.
Quem trata e cuida da equipe e futuro ministério Bolsonaro? Onyx Dornelles Lorenzoni, veterinário, filho de Rheno Julio Fioravante Lorenzoni, também veterinário e dono de um dos mais antigos e maiores hospitais veterinários do Rio de Grande do Sul, em Porto Alegre e de Dalva Dornelles Lorenzoni. Pela genealogia de Dalva é que se transmite o velho poder da região, mais uma genealogia política do "Antigo Regime" e que prossegue no Brasil com seus valores, cultura de exclusão e desigualdade social histórica. Dalva era filha do Major Sátiro Dornelles de Oliveira Filho, dentista, juiz, prefeito de Vacaria entre 1938 e 1945, grande proprietário e depois dono do 6º Tabelionato de Notas em Porto Alegre, casado com Gabriela Duarte. A genealogia de Gabriela conecta algumas das principais famílias latifundiárias e escravistas dos Campos de Cima da Serra, região ocupada por atividades pastoris desde o final do período colonial. O filho de Onyx Lorenzoni, Rodrigo Marques Lorenzoni, mais um veterinário, já se interessou pela política e se candidatou a deputado pelo DEM, ainda não conseguindo se eleger. Assim caminham as velhas continuidades das oligarquias políticas familiares no Brasil, engana-se quem pense que representam gente nova e contra o sistema vigente, sempre com o lema de que é preciso mudar tudo para que tudo permaneça como sempre esteve.
Ernesto Henrique Fraga Araújo

Fonte: postagem publicado no perfil no Facebook do professor Ricardo Costa Oliveira em 14 de novembro de 2018.
Explicando as origens familiares no Estado e a mentalidade política bizarra de Ernesto Henrique Fraga Araújo, indicado como Ministro das Relações Exteriores. Nasceu em 15/5/1967 em Porto Alegre-RS, filho de Henrique Fonseca de Araújo (Procurador-Geral da República 1975-1979, na ditadura) e Marylin Mendes Fraga Araújo. Sobrinho do Almirante Ernesto de Araújo, ex-Diretor da Escola Superior de Guerra. Ernesto Henrique é neto de Eleutério de Castro Araújo e de Elvira Fonseca de Araújo. Eleutério era Major, comerciante, militante do Partido Republicano Riograndense (PRR), sócio fundador da Associação Comercial de Porto Alegre, membro da Junta Comercial do RS e presidente desse órgão entre 1939 e 1941. O novo ministro possui um dos mais estranhos blogs, ideologia confusa de direita antiglobalização e forma parte do atual desarranjo do sistema mental bolsonarista.


sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Sionismo e antissemitismo: uma estranha aliança ao longo da história (por Allan C. Brownfeld; tradução do inglês para o português)



Allan C. Brownfeld é um colunista sindicalizado e editor associado do Lincoln Review, um jornal publicado pelo Lincoln Institute for Research and Education, e editor do Issues, o jornal trimestral do Conselho Americano para o Judaísmo. Este artigo foi reimpresso da edição de Julho-Agosto de 1998 do Washington Report on Middle East Affairs (P.O. Box 53062, Washington, DC 20009).
Tem sido por muitos anos uma tática da parte daqueles que almejam silenciar o debate aberto e discussão da política dos EUA no Oriente Médio acusar os críticos de Israel de “antissemitismo”.
Em um artigo amplamente discutido entitulado "J'Accuse" (Commentary, Setembro de 1983), Norman Podhoretz acusou os principais jornalistas da América, jornais e redes de televisão de “antissemitismo” por causa de sua reportagem sobre a guerra no Líbano e seu criticismo da conduta de Israel. Entre aqueles que foram tão acusados estão Anthony Lewis do The New York Times,  Nicholas von Hoffman, Joseph Harsch do The Christian Science Monitor, Rowland Evans, Robert Novak, Mary McGrory, Richard Cohen e Alfred Friendly do The Washington Post e muitos outros. Estes indivíduos e suas novas organizações não foram criticados por reportagens ruins ou péssimos padrões jornalísticos; ao invés disso, eles foram o assunto da acusação de antissemitismo.
Podhoretz declarou: "... O início da sabedoria em pensar sobre essa questão é reconhecer que a vilificação de Israel é o fenômeno para ser endereçado, não o comportamento israelense que o provocou... aqui nós estamos lidando com uma erupção do antissemitismo”.
Para compreender Norman Podhoretz e outros que se envolveram em tais acusações, nós devemos reconhecer que o termo “antissemitismo” experimentou uma grande transformação. Até recentemente, aqueles culpados dessa ofensa foram amplamente entendidas como sendo aqueles que irracionalmente antipatizavam os judeus e o Judaísmo. Hoje, entretanto, o termo é usado de uma maneira bem diferente – uma que trata não apenas a liberdade de expressão como também ameaça banalizar o próprio antissemitismo.
O antissemitismo tem sido redefinido para significar tudo que se opor às políticas e interesses de Israel. Pode-se dizer que o início dessa redefinição data, em parte, da publicação de 1974 do livro O Novo Antissemitismo por Arnold Forster e Benjamin R. Epstein, líderes da Liga Anti-Difamação da B’nai B’rith. A natureza do “novo” antissemitismo, de acordo com Forster e Epstein, não é necessariamente aos judeus enquanto judeus, ou ao judaísmo, mas ao invés disso uma atitude crítica a Israel e suas políticas.
Posteriormente, Nathan Perhnutter, quando ele era diretor da Liga Anti-Difamação, disse que “Tem havido uma transformação do Antissemitismo americano em tempos recentes. A bruta intolerância anti-judaica outrora tão comum neste país, é hoje incômodo... Enquete após enquete indicam que os judeus são um dos grupos mais bem considerados da América”.
Posturas ‘semiticamente neutras'
Perlmutter, entretanto, recusou-se a declarar vitória sobre tal bigotry. Ao invés disso, ele a redefiniu. Ele declarou:
“A busca por paz no Oriente Médio está cheia de campos minados para os interesses judaicos... Preocupações judaicas que são confrontadas pelas posturas semiticamente neutras daqueles que acreditam que se apenas Israel faria isso ou aquilo, o Oriente Médio poderia tornar-se tranquilo e a avenida do Ocidente a seus interesses estratégicos e lucros no Golfo Pérsico poderiam ser assegurados. Mas a qual custo para a segurança de Israel? A segurança de Israel, disse claramente, significa mais aos judeus hoje que a posição deles nas enquetes de opinião...”
O que Perlmutter fez foi substituir o termo “interesses judaicos” pelo que é, em realidade, “interesses israelenses”. Ao trocar os termos do debate, ele criou a situação no qual qualquer um é crítico de Israel se torna, ipso facto, “antissemita”.
A tática de utilizar o termo “antissemitismo” como uma arma contra dissidentes não é de agora. Dorothy Thompson, a distinta jornalista que foi um dos primeiros inimigos do nazismo, viu-se ela mesma criticando as políticas de Israel logo após sua criação. Apesar de sua valente cruzada contra Hitler, ela, também, foi sujeita a acusação de “antissemitismo.” Em uma carta ao The Jewish Newsletter (6 de abril de 1951) ela escreveu:
Realmente, eu acho que ênfase contínua deve ser colocada sobre o prejuízo extremo à comunidade judaica de rotular pessoas como eu mesma como antissemítica... O Estado de Israel tem que aprender a viver na mesma atmosfera do livre criticismo que cada outro Estado no mundo deve tolerar... Existem muitos assuntos nos quais escritores neste país estão, por causa destas pressões, se tornando covardes e mesquinhos. Mas as pessoas não gostam de serem covardes e mesquinhas, toda vez que alguém cede a tal pressão alguém está cheio de desprezo e seu autodesprezo se manifesta em um ressentimento daqueles que o causaram.
Um quarto de século depois, o colunista Carl Rowan (Washington Star, 5 de fevereiro de 1975) relatou:
“Quando eu escrevi minha coluna recente sobre o que eu percebo como sendo uma erosão sutil de apoio a Israel nessa cidade, eu não tinha a menor ilusão de qual seria a reação. Eu estava preparado para um bombardeio de cartas a mim e jornais trazendo minha coluna me acusando de ser ‘antissemítico’... O correio encontrou minhas piores expectativas... Este choramingo de xingamentos sem base é certamente um caminho para tornar amigos em inimigos”.
O que poucos americanos compreendem é que tem sido uma longa aliança história – do fim do século XIX até os dias de hoje – entre o sionismo e os verdadeiros antissemitas – daqueles que planejaram os pogroms na Rússia tzarista à própria Alemanha Nazista. A razão pela afinidade de que muitos líderes sionistas sentiram por antissemitas se torna clara conforme esta história emerge.
Theodor Herzl
Quando Theodor Herzl, o fundador do sionismo político moderno, serviu em Paris como correspondente para um jornal de Viena, ele esteve em um contato próximo com os principais antissemitas da época. Em sua biografia de Herzl, Labirinto do Exílio, Ernst Pawel informa que aqueles que financiaram e editaram o La Libre Parole, um periódico dedicado “à defesa da França Católica contra ateus, republicanos, franco-maçons e judeus”, regularmente convidava Herzl para suas casas.
Aludindo a tais conservadores e suas publicações, Pawel escreveu que Herzl “viu-se ele próprio cativado” por tais homens e suas idéias:
“La France Juive [de Edouard Drumont] atingiu-o como uma performance brilhante e – bem similar [o notável Questão Judaica de Eugenl Dühring dez anos depois – ele aflorou emoções poderosas e contraditórias... Em 12 de junho de 1895, enquanto estava trabalhando no Der Judenstaat, [Herzl] notou em seu diário, ‘muito da minha atual liberdade conceitual eu devo à Drumont, porque ele é um artista’. O elogio parece extravagante, mas Drumont retribuiu no ano seguinte com uma resenha brilhante do livro de Herzl em La Parole Libre”.
No fim, Pawel argumenta, "Paris mudou Herzl, e os antissemitas franceses debilitaram a irônica complacência irônica dos judeus não judeus”. Contudo Herzl não foi completamente contrariado com o antissemitismo. Em uma carta particular a Moritz Benedikt, escrita nos dias finais de 1892, ele escreve: “eu não considero o movimento antissemita totalmente danoso. Ele irá inibir a exibição ostensiva da riqueza conspícua, refreará o comportamento inescrupuloso de financistas judeus, e contribuirá de muitas formas para a educação dos judeus... a esse respeito nós parecemos estar de acordo.”
O livro de Herzl Der Judenstaat (“O Estado Judeu”) foi amplamente depreciado pelas lideranças judaicas da época, que viam a si mesmas como cidadãos franceses, alemães, ingleses ou austríacos e judeus por religião – sem interesse em um Estado Judaico separado. Os antissemitas, por outro lado, avidamente saudaram o trabalho de Herzl. Os argumentos de Herzl, Pawel assinala, eram “todos indistinguíveis daqueles usados pelos antissemitas”. Uma das primeiras revisões apareceu no Westungarischer Grenzbote[1], um jornal antissemita publicado em Bratislava por Ivan von Simonyi, um membro da Dieta[2] húngara. Ele elogiou tanto o livro quanto Herzl, e foi tão levado com seu entusiasmo que ele pagou a Herzl uma visita pessoa. Herzl escreveu em seu diário:
“Eu estranho seguidor, o antissemita de Bratislava Ivan von Simonyi veio me ver. Um sexagenário hipervivo, hiperfalante com uma estranha simpatia pelos judeus. Balança para frente e para trás entre fala perfeita racional e total absurdo, acredita no libelo de sangue[3] e ao mesmo tempo vem com as mais sensíveis ideias modernas. Me ama”.
Após o bárbaro pogrom de Kišinev de abril de 1901, quando centenas de judeus foram mortos ou feridos, Herzl veio à Rússia para negociar V. K. Plehve, o ministro do interior russo que incitou o pogrom. Herzl disse ao líder cultural judaico Chaim Žitlovskij: "Eu tenho uma promessa vinculativa de Plehve de que ele irá adquirir uma carta pela Palestina por nós em 15 anos no exterior. Há uma condição, entretanto, os revolucionários devem parar sua luta contra o governo russo."
Žitlovskij se irritou com Herzl por negociar com um assassino de judeus, e ciente de que Herzl foi enganado, persuadiu-o a abandonar a ideia. Ainda assim, as lideranças sionistas na Rússia concordaram com o governo de que a real responsabilidade pelos pogroms residia no Bund judaico, um grupo socialista que advogava reformas democráticas no regime tzarista. Os sionistas queriam que os judeus se mantivessem alheios à política russa até que fosse a hora de partir para a Palestina.
O chefe da polícia secreta em Moscou, S. V. Zubatov, era simpático ao sionismo como uma forma de calar os opositores judaicos do regime repressivo tzarista. Em seu livro O destino dos judeus, Roberta Strauss Feuerlicht relata que o Sionismo encantou muito ao chefe de polícia Zubatov, assim como a todos os antissemitas, porque ele leva o problema judaico para outro lugar. Tanto Zubatov quanto os sionistas almejavam destruir o Bund, Zubatov para proteger seu país, e os sionistas para proteger o deles. O sucesso do sionismo é baseado em um índice de miséria judaica; quanto maior a miséria, maior é o desejo de emigrar. A última coisa que os sionistas queriam era melhorar as condições na Rússia. Os sionistas serviram a Zubatov como espiões policiais e subversores do Bund...
Em seu livro História Judaica, Israel Šahak salienta que:
“Relações estreitas sempre existiram entre sionistas e antissemitas; exatamente como alguns dos conservadores europeus, os sionistas pensavam que eles poderiam ignorer o caráter ‘demoníaco’ do antissemitismo e usar os antissemitas para seus próprios propósitos... O próprio Herzl aliou-se com o notório Conde von Plehve, o ministro antissemita do tsar Nicolau II; Žabotinskij fez um pacto com Petljura, o líder reacionário ucraniano cujas forças massacraram cerca de 100.000 judeus em 1918-1921... Talvez o exemplo mais chocante desse tipo é o prazer com o qual lideranças sionistas na Alemanha deram boas vindas à ascensão de Hitler ao poder, por que eles compartilhavam sua crença na primazia da ‘raça’ e sua hostilidade à assimilação dos judeus entre os ‘arianos’. Eles parabenizar Hitler em seu triunfo sobre o inimigo em comum – as forças do liberalismo”.
`Nós Judeus'
O Doutor Joachim Prinz, um rabino sionista alemão que subsequentemente emigrou aos Estados Unidos, onde ele se tornou vice-presidente do Congresso Mundial Judaico e um líder na Organização Sionista Mundial, publicou em 1934 o livro Wir Juden (“Nós Judeus”) para celebrar a assim chamada Revolução Alemã e a derrota do liberalismo. Ele escreveu:
“O significado da Revolução Alemã para a nação alemã irá eventualmente ser claro para aqueles que a criaram e formaram sua imagem. Seu significado para nós deve ser estabelecido lá: a sorte do liberalismo está perdida. A única forma de vida política que auxiliou a assimilação judaica está afundada”.
A vitória do nazismo descartou a assimilação e o casamento inter-religioso como uma opção para os judeus. “Nós não estamos tristes com isso,” disse o Doutor Prinz. Quanto ao fato de que os judeus estavam sendo forçados a se identificarem como judeus, ele disse “o cumprimento de nossos desejos.” Depois, ele afirma:
“Nós queremos que a assimilação seja substituída por uma nova lei: a declaração de pertencimento à Nação Judaica e à Raça Judaica. Um Estado construído sobre o princípio da pureza da nação e raça pode apenas ser honrado e respeitado por um judeu que declara seu pertencimento à sua própria raça. Tendo então assim declarado, ele nunca será capaz de lealdade falha a um Estado. O Estado não pode querer outros judeus, mas como declarar a si mesmos como pertencentes à nação deles...”
O Doutor Šahak compara a simpatia inicial de Prinz pelos nazistas com a de muitos que abraçaram a visão sionista, não entendendo por completo as possíveis implicações: “Certamente, o Doutor Prinz, como muitos outros simpatizantes iniciais e aliados do Nazismo, não percebeu onde que esse movimento estava levando...”
A proposta de aliança nazi-sionista
Contudo, ainda em janeiro de 1941, o grupo sionista LEHI, um de seus líderes, Yitzhak Šamir, que posteriormente tornou-se primeiro ministro de Israel, aproximou-se dos nazistas, usando o nome de sua organização aparentada, o Irgun (NMO). O adido naval na embaixada alemã na Turquia transmitiu a proposta do LEHI a seus superiores na Alemanha. Lemos em parte:
“É por vezes dito nos discursos e elocuções dos principais políticos da Alemanha Nacional Socialista que uma Nova Ordem na Europa requer como pré-requisito a radical solução da questão judaica através da evacuação. A evacuação das massas judaicas da Europa é uma precondição para resolver a Questão Judaica. Isso pode ser feito possível e completo através do assentamento dessas massas no lar do povo judeu, a Palestina, e através do estabelecimento de um estado judaico em suas fronteiras históricas”.
A proposta do LEHI continua:
"O NMO… é bem familiarizado com a boa vontade do governo do Reich Alemão e as autoridades dele em relação à atividade sionista dentro da Alemanha e em relação aos planos de emigração sionista.” Continua afirmando:
“O estabelecimento do Estado Judaico histórico em uma base nacional e totalitária e ligado por um tratado com o Reich Alemão estaria nos interesses do fortalecimento da futura posição de poder germânica no Oriente Próximo... O NMO na Palestina se oferece para tomar parte ativa na guerra ao lado da Alemanha… A cooperação do movimento da liberdade israelita pode também estar na linha com um dos recentes discursos do chanceler do Reich Alemão, no qual Herr[4] Hitler enfatizou que qualquer combinação e qualquer aliança poderia ser firmada a fim de isolar a Inglaterra e derrota-la”.
Os nazistas rejeitaram esta proposta para uma aliança porque, é relatado, eles consideraram o poder militar do Lehi “insignificante” [Para mais sobre isso, veja: M. Weber; “Sionismo e o Terceiro Reich” na edição de Julho-Agosto de 1993 do Journal, pp. 29-37.]
Rabbi David J. Goldberg, em seu livro Para a Terra Prometida: uma história do pensamento sionista, discute a vida e o pensamento do líder do sionismo revisionista, Vladimir Žabotinskij, que era a grande influência sobre a vida de Menachem Begin. “os princípios básicos da filosofia política de Žabotinskij”, escrete Goldberg:
“são subserviência ao conceito primordial de terra pátria: lealdade a um líder carismática, e a subordinação do conflito de classe aos objetivos nacionais. Isso irritou Žabotinskij quando ele, mais de 20 anos depois, foi acusado de imitar Mussolini e Hitler. Sua irritação era justificada: ele os anteviu... Dado que para Žabotinskij ecoando Garibaldi ‘não há valor no mundo mais alto que a nação e a terra pátria’, não é de todo surpreendente que ele possa ter recomendado uma aliança com um antissemita ucraniano nacionalista... Em 1911, em um ensaio intitulado ‘O jubileu de Ševčenko’, ‘ele elogiou o poeta xenófobo ucraniano por seu espírito nacionalista, apesar de ‘explosões de fúria selvagem contra os poloneses, os judeus e outros vizinhos’, e por provar que a alma ucraniana tem um ‘talento para independência cultural criativa, alcançando a esfera mais alta e sublime’”.
Em uma resenha do livro em Memory’s Kitchen: A Legacy from The Women of Terezin, Lore Dickstein, escrevendo no The New York Times Book Review, nota que “Anny Stern era uma das sortudas. Em 1939, após meses de confusão com a burocracia nazista, o exército de ocupação alemão nos calcanhares dela, ela fugiu para a Tchecoslováquia com seu jovem filho e emigrou para a Palestina. Na época da partida de Anny, a política nazista estimulava a emigração. ‘Você é um sionista?’ Adolf Eichmann, especialista de Hitler em assuntos judaicos, a perguntou. ‘Ja wohl’, ela respondeu. ‘Bom’, ele disse. ‘Eu também sou um sionista. Eu quero que todos os judeus partam para a Palestina’”.
Um 'Relacionamento próximo'
A questão que tem sido feita por muitos comentaristas que o sionismo tem uma relação próxima com o nazismo. Ambas as ideologias pensam sobre os judeus em uma maneira étnica e nacionalista. De fato, o teórico nazista Alfred Rosenberg frequentemente citava escritores sionistas para provar a tese dele de que os judeus não podem ser alemães.
Em seu estudo, O Significado da História Judaica, o rabino Jacob Agus faz esta avaliação:
“Nessa formulação extrema, os sionistas políticas concordam com o antissemitismo ressurgente nas seguintes proposições: 1. Que a emancipação dos judeus na Europa foi um erro. 2. Que os judeus podem operar nas terras da Europa apenas como uma influência disruptiva. 3. Que todos os judeus no mundo eram uma única “gente” a despeito dos diversos alinhamentos políticos deles. 4. Que todos os judeus, ao contrário de outros povos da Europa, eram únicos e não-integráveis; 5. Que o antissemitismo era a expressão natural do sentimento popular das nações europeias, consequentemente, inextirpável”.
O teórico nazista Rosenberg, que foi executado como resultado de sua condenação por crimes de guerra nos julgamentos de Nuremberg, declarou sob exame direito que estudou os escritos de historiadores judaicos [IMT, vol. 11, pp. 451-452]. Ele continuou:
“Parece-me que após uma época de generosa emancipação na direção dos movimentos nacionais do século XIX, uma parte importante da nação judaica encontrou seu caminho de volta à sua própria tradição e natureza, e segregou-se conscientemente cada vez mais de outras nações. Foi um problema que foi discutido em muitos congressos internacionais, e [Martin] Buber, em particular, um dos líderes espirituais da comunidade judaica europeia, declarou que os judeus deveriam retornar ao solo da Ásia, para que apenas lá as raízes do sangue judaico e o caráter nacional judaico possam ser encontrados”.
Reimpresso do
The Journal of Historical Review,
(Janeiro/Fevereiro de 1999)
The Journal of Historical Review:
P.O. Box 2739 , Newport Beach, CA 92659, USA. Assinatura: $40 por ano (doméstico).


Theodor Herzl


Menachem Begin discursando em um comício politico em Israel, 1948. Na frente está o emblema do partido Herut ("Liberdade"), que ele liderou (Este foi o antecessor do atual partido Likud). O emblema mostra um mapa do Eretz Israel, ou "Grande Israel," que inclui não apenas a Margem Ocidental, mas toda a Jordânia a suas fronteiras com o Iraque. Detrás, na parede, há um retrato do líder sionista Vladimir Žabotinskij. Nos anos que antecederam à fundação do Estado israelense em 1948, Begin liderou o Irgun Zvai Leumi, uma organização sionista terrorista. Posteriormente, ele serviu como primeiro-ministro de Israel, 1977-1983.


NOTAS:

[1] Em alemão “Fronteiras da Hungria Ocidental”.
[2] Denominação dada ao Parlamento nos tempos do Sacro Império Romano-Germânico e posteriormente usada em países como a Hungria, a Suécia, a Suíça, a Finlândia e o Japão.
[3] Alegações, geralmente sensacionalistas, de que uma pessoa ou um grupo delas participa de sacrifícios de outras pessoas, onde geralmente é dito que o sangue das vítimas (geralmente crianças) sacrificadas é utilizado em rituais e/ou atos de canibalismo.
[4] Pronome de tratamento honorífico alemão que significa senhor, lorde.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Bolsotucanismo - Tucanos e aves do terror.



Foto – Moro e Bolsonaro (vulgo Zobo): as duas faces de Janus contrapostas entre si.
Recentemente, o juiz Sérgio Moro (vulgo Judge Murrow) aceitou o convite para fazer parte de seu governo. Ao que tudo indica, Moro (que poucos antes do primeiro turno das eleições presidenciais soltou uma delação de Antônio Palocci na qual o ex-prefeito da cidade de Ribeirão Preto acusa Lula e Dilma de ter conhecimento de todas as tramas de corrupção da Odebrecht e da Petrobrás durante seu governo. Delação essa que foi recusada pelo Ministério Público por falta de provas) será ministro da Justiça do governo Bolsonaro (cargo esse que foi ao oferecido ao juiz paranaense pelo vice de Bolsonaro, General Hamilton Mourão, faz algumas semanas). Em minha opinião, isso é um escárnio. Trata-se da consolidação da meganhagem de toga e de farda na política brasileira. Fazendo uma analogia, é o mesmo que em uma final da Copa do Brasil (ou do Campeonato Brasileiro nos tempos em que ainda havia o sistema misto, antes da adoção do sistema de pontos corridos. Que espero que um dia volte, diga-se de passagem), em um jogo entre Vasco e Flamengo o juiz anular dois ou três gols legítimos e expulsar metade do time de São Januário, marcar três ou quatro pênaltis inexistentes e não anular dois ou três gols em posição de impedimento a favor do Flamengo e ainda após o jogo ser agraciado com um alto cargo na diretoria do clube da Gávea. E de quebra também anunciarem que o juiz em questão recebeu o convite durante o jogo.
Mas isso por outro lado não é não de se surpreender, levando em consideração o fato de que Moro é um tucano e Bolsonaro nada mais é que um tucano de retórica truculenta e sem a pose de bom moço que políticos como Dória, Aécio Neves, José Serra, FHC, Alckmin e outros tucanos de alta plumagem não têm. Ou seja, no futuro governo Bolsonaro Moro estará em casa para continuar a fazer a politicagem que vem fazendo desde 2014. Em outras palavras, ele está assumindo ao Brasil o que ele realmente é: um político de toga a serviço da Casa Grande. Com a diferença que nessa posição terá ainda mais poder para fazer o que ele já faz no comando da camarilha do Paraná. Também se comenta em seu nome para ser candidato para a presidência da República em 2022.
Em seus vários artigos publicados na Revista Caros Amigos, Gilberto Felisberto Vasconcellos cunhou o termo “petucanismo”, referente às semelhanças de cosmovisões e narrativas discursivas entre petistas e tucanos. Posteriormente, o professor catarinense Nildo Ouriques também fez uso do termo, para referir-se aos pontos em comum entre os dois partidos nas políticas que ambos implementaram a partir de 1995.
Inspirando-me no petucanismo do ex-colunista da finada Revista Caros Amigos, aqui eu cunho o termo “bolsotucanismo” para referir-me a fenômeno similar, só que no tange a tucanos e a Jair Bolsonaro e seu entorno político-ideológico. Se os petistas padecem do problema de repetirem muitas das mesmas narrativas dos tucanos (em grande parte devido a suas origens uspianas), no essencial Bolsonaro e os tucanos defendem as mesmas coisas e também se utilizam das mesmas narrativas. Política externa de atrelamento às grandes potências (e nisso Bolsonaro apenas repete o discurso de Serra de quando o tucano paulista assumiu o Itamaraty no governo Temer), agenda econômica neoliberal (e o que é Paulo Guedes? Nada menos que o Armínio Fraga de Bolsonaro), estado mínimo, insensibilidade social, governo para o 1% mais rico do país, entre outros pontos em comum entre os dois. Além disso, tanto Bolsonaro quanto os tucanos olham a questão da corrupção de forma bem similar: como sendo um problema da elite política incrustrada no Estado que o privatiza para si, tendo como base leituras como a de figuras do conservadorismo liberal tupiniquim como Raymundo Faoro e Sérgio Buarque de Holanda, e não da ingerência do “impoluto” mercado no Estado de que Marx já falou em 1848. O ódio ao pobre e aos desfavorecidos do sistema de modo geral igualmente os une. Com a diferença que em um é mais aberto e em outro mais velado.
Vemos também tanto em alguns tucanos como Dória quanto em Bolsonaro a criação de uma imagem de forasteiro do sistema, onde ambos surfaram na onda de criminalização da política e do antipetismo rábico iniciada pela Lava Jato em conluio com a Rede Globo a partir de 2014. Quando em realidade tal monólogo (parafraseando Robert Rams) não passa de um conto da carochinha, ainda mais tendo em vista que estamos falando de um lado de um sujeito que está na política há três décadas, já acumula sete mandatos como Deputado Federal e colocou seus filhos na política e de outro um sujeito que só para começo de conversa pertence a uma família poderosa na política e na economia brasileira desde os tempos coloniais. Moro não só deu início a tal monólogo aqui no Brasil como também dele se utilizou nesse tempo todo, passando ao país uma imagem de moralizador da política e de forasteiro do sistema sendo que ele, um sujeito que para começo de conversa pertence a um dos poderes mais corruptos da nação (onde salários muito acima do que a lei permite para funcionários públicos são muito comuns, geralmente turbinados por penduricalhos dos mais variados) e que protegeu os tucanos no caso Banestado, também é parte desse mesmo sistema.
Em artigo recente publicado em próprio blog pessoal, Alfarrábios, o próprio Gilberto Felisberto Vasconcellos diz o seguinte a respeito do fenômeno Bolsonaro:
“Os pruridos culturais serão desmanchados rapidamente em função do dinheiro e do poder. Dória, o trumpinho bandeirante, declara-se fervoroso adepto do bolsonarismo. É que no fundo em todo tucano existe um Jair Bolsonaro nadando nas águas do anticomunismo”.
Partindo dessa premissa, de que todo tucano em realidade é um Bolsonaro enrustido e que o Bolsonaro nada mais é que um tucano sem pose de bom moço e que por trás da bela plumagem dos tucanos (animal notório por sua predação dos ovos de aves como a arara-azul em lugares como o Pantanal) se esconde uma pavorosa e horrenda ave do terror (referência a um grupo de aves predadoras incapazes de voar que viveram entre 60 a 1,8 milhões de anos atrás nas Américas [entre o Paleoceno e Mioceno], e que compreendem vários gêneros, todos eles pertencentes à família Phorusracidae) esperando o momento certo para se revelar, nós chegamos à conclusão de que o bolsotucanismo nada mais é a expressão político-ideológica do velho reacionarismo de parte significativa da sociedade brasileira, atravessada pelo secular legado da escravidão que até hoje a molda, a despeito de a escravidão ter sido abolida formalmente há 130 anos. De um lado, temos a cara polida, refinada e elegante e a pose de bom moço representada não apenas pelos tucanos como também por outros partidos orgânicos da elite brasileira como o DEM e o PMDB. E de outro, o discurso mais abertamente truculento, escravocrata e reacionário representado por aves do terror como o holding familiar Bolsonaro e Wilson Witzel (governador do Rio de Janeiro eleito recentemente).
Não apenas os políticos em questão como também programas policiais como Cidade Alerta e Ratinho e filmes como Tropa de Elite (a despeito de ter tido méritos em questões como a exposição da hipocrisia da classe média universitária dos bairros nobres do Rio de Janeiro no que toca ao problema do tráfico de drogas no primeiro filme e as ligações do alto escalão da política com o tráfico no segundo filme) onde se reforça a ideia de que bandido bom é sinônimo de bandido morto (especialmente quando o indivíduo em questão é negro e/ou pobre morador de favela e não veste roupas chiques e caríssimas e não mora em condomínios fechados e/ou bairros nobres. Em outras palavras, gourmet or not gourmet, that’s the question) nada mais são que uma expressão dessa chaga secular. Eles são apenas a ponta do iceberg do problema, e enquanto o Brasil nunca questionar o legado de meio milênio de escravidão e abolir tal chaga de uma vez por todas, tais aves do terror (quer sejam elas travestidas de tucanos, araras, papagaios, cacatuas ou outras aves de exuberante plumagem, quer sejam elas aves do terror que se assumem enquanto tais) continuarão a aparecer na política com sua demagogia barata ad eternum.

Foto – Reconstituição de uma Titanis, uma das chamadas “aves do terror”. De origem sul-americana, foi o único grupo dessas aves predadoras que durante o Grande Intercâmbio Americano que se seguiu à formação do istmo da Panamá que colonizou a América do Norte.
Não é a toa que boa parte daqueles que antes votavam nos tucanos transferiram seu voto para o político carioca (especialmente as alas mais reacionárias da classe média nacional) em 2018. E não é à toa também que Bolsonaro não apenas pediu votos para Aécio Neves como também disse que gostaria de ser o vice-presidente do político mineiro de alma carioca em 2014. Que esse ano o tucano João Dória se aproximou da ave do terror Jair Bolsonaro durante o pleito eleitoral. Que a classe dominante nacional, ao ver que seus candidatos de predileção não decolaram nas pesquisas de intenção de voto, apostou suas fichas em Bolsonaro. E que agora Moro aceitou fazer parte do governo Bolsonaro. Tudo isso nada é que expressões daquilo que eu chamo de “bolsotucanismo”, as duas faces de Janus no âmbito político-ideológico do velho reacionarismo das elites e alas mais reacionárias da classe média tupiniquim de matiz escravagista.

Foto – Moro junto de tucanos e Michel Temer.
Fontes:
Aves do terror. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Aves_do_terror
Darcy Ribeiro, na visão de Gilberto Vasconcellos: pensador rebelde e anti-imperialista. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/169-noticias/noticias-2015/546955-darcy-ribeiro-na-visao-de-gilberto-vasconcellos-pensador-rebelde-e-anti-imperialista
JAIR BOLSONARO criou um personagem no The Economist e a falsa bandeira do Judiciário. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OMfL5GvTbyo&ab_channel=InternationalPostResearchOk
Se a Rede Globo não for à missa, o Cristo Redentor será jairedirevangélico. Disponível em: http://gilbertofelisbertovasconcellos.blogspot.com/2018/10/se-rede-globo-nao-for-missa-o-cristo.html

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A história dos líderes do terrorismo sionista-israelita - O que sabe sobre os líderes israelenses? (Por Mazin B. Qumsiyeh; tradução do espanhol para o português)


Foto – “Nossa raça é uma raça de amos. Nós somos deuses sobre este planeta. Somos tão diferentes das raças inferiores como eles são diferentes dos insetos. Na verdade, comparados com nossa raça, as outras raças são bestas e animais, no máximo, são gado. Nosso destino é governar sobre as raças inferiores. Nosso reino terreno será governado com vara de ferro por nosso líder. As massas irão lamber nossos pés e irão nos servir como nossos escravos” – Menachem Begin, primeiro ministro de Israel entre 1977 a 1983 em um discurso dirigido ao Knesset (parlamento israelense).
Chaim[1] Weizman, (1874-1952) – Nascido em Motol, Rússia, se nacionalizou britânico em 1910. Durante a Primeira Guerra Mundial, Weizman descobriu um método não aprovado de fazer explosivos a partir de substâncias como a acetona e o álcool butílico para ajudar nos esforços bélicos britânicos. Por isso, era muito instrumental na segurança do governo britânico e seu compromisso com o sionismo que posteriormente transformou-se na chamada “Promessa de Balfour” (que foi certificada a Weizman através de uma carta). Também serviu como conselheiro especial para o Ministério Britânico de provisões. Por seus esforços em favor do projeto sionista, foi premiado para ser o primeiro dos primeiros ministros de “Israel”.
David Ben Gurion, Nascido como David Green em Polônia, Rússia (agora Rússia). Assentou-se na Palestina em 1906. Como chefe da Agência Judaica para a Palestina de 1935 a 1948, Ben Gurion direcionou todos os assuntos judaicos a transformar o país, de um multiétnico/multicultural a um estado exclusivamente judeu “para perpetuar sua natureza judaica”. Suas atividades oscilaram entre o desenvolvimento de terras e assentamento dos imigrantes judeus a atividades secretas contra os nativos palestinos e posteriormente (depois da revolução palestina de 1936 se rebelou contra os governantes britânicos). Eis aqui um comentário das Memórias de Rabin sobre Ben Gurion: “Caminhávamos juntos ao ar livre, Ben Gurion nos acompanhava. Allon repetiu sua pergunta, ‘o que devemos fazer com a população palestina?’, Ben Gurion moveu suas mãos em um gesto que quis dizer ‘expulsá-los para fora’” (Memórias de Ytzhak Rabin, versão censurada, publicada no NY Times, em 23 de outubro de 1979; a descrição de Rabin sobre a conquista de Lydda, depois da conclusão do Plano Dalet).
Moše Šarett, (1894-1965), nasceu na Rússia, seu nome original era Šertok. Em 1906 assentou-se na Palestina onde foi membro ativo no Movimento Trabalhista. Em 1933 foi nomeado chefe do departamento política da Agenda judaica na Palestina. Šarett foi o mais próximo a Ben Gurion em sua “luta pela independência do estado judaico”. Em 1948 foi nomeado ministro dos assuntos exteriores e de 1953 a 1955 serviu como primeiro ministro. Šarett viu o fortalecimento da posição israelense através da aliança mais que através da confrontação. Sua colocação como premiê por Ben Gurion em 1955 e retirada em 1956, refletiu o movimento em “Israel” para a confrontação que resulto una Guerra árabe-israelense de 1956.
Levi Eškol, (1895-1969) Nascido como Levi Školnik na Ucrânia (então sob controle russo). Na Primeira Guerra Mundial, serviu na legião judaica, que apoiou as forças britânicas na Palestina. Mudou-se para a Palestina e ajudou na construção do Haganah, um grupo terrorista judaico clandestino que protagonizou a limpeza étnica dos nativos palestinos entre 1947-1949.
Golda Meir, (1898-1978) Nascida como Golda Mabovitz em Kiev, Ucrânia. Sua família emigrou a Milwaukee em 1906. Em 1921, junto com seu marido Morris Meyerson (o nome foi mudado para Meir em 1956), transferiram e assentaram-se na Palestina. Declarou: “não existe um povo palestino”. Seus acordos secretos com o rei Abdullah (da Transjordânia) em 1947 foram cruciais em frustrar a formação do Estado Palestino e o controle hashemita sobre o que atualmente se conhece como “Margem Ocidental (ou Cisjordânia)” (ver Avi Šalim em “A colisão através do Jordão”).
Menahem Begin, Nascido em Brest-Litovsk, Rússia (agora Brest, Belarus). Em 1930, se converteu em um membro ativo do movimento sionista clandestino terrorista e transferiu-se para a Palestina em 1942 de onde se envolveu em atos terroristas como atentados nas zonas de civis palestinos. Procurado por assassinatos pelo Governo Britânicos, por essas atividades, chamou os palestinos de “baratas”.
Ytzhak Šamir, Nascido em 1915 em Ružany[2], uma aldeia do leste da Polônia. Seu sobrenome era Jazwernicki[3] e o mudou. Se alistou no Irgun Zvai Leumi, um grupo terrorista judeu clandestino em 1937, foi envolvido em vários atentados terroristas contra civis. Em 1940 Šamir se juntou com o partido extremista Lohamei Herut Yisrael, ou Gangue Stern. Foi detido duas vezes pelas autoridades britânicas por suas atividades terroristas e fugiu para a França em 1946. Quando foi criado Israel, voltou e trabalhou no Mossad, Agência israelense de informação responsável da continuação do terrorismo contra os nativos palestinos.
Ytzhak Rabin, (1922-1995) nascido em Jerusalém de pais colonos sionistas. Em 1941, Rabin se alistou no Palmaj, uma unidade do exército terrorista clandestina judeu de 1947 a 1948 quando o grupo foi envolvido em operações de limpeza étnica dos habitantes palestinos (segundo Benni Morris que documentou a expulsão dos cidadãos palestinos em Lod e Ramle, foram levados a cabo sob o mando de Rabin). Famoso como ministro de defesa israelense no final dos anos 80 por “romper ossos” dos manifestantes palestinos (a maioria crianças). Rabin uma vez disse “O processo de paz de Oslo, é um novo instrumento para obter os objetivos tradicionais de Israel. Henry Kissinger disse ‘pedi a Rabin para que faça concessões, e me respondeu que não pôde porque Israel é demasiado débil. Então lhe dei armas, e voltou a contestar-me, que no tinha que fazer concessões porque Israel agora é forte’” (do Findley’s Deliberate Deceptions p. 199). Ytzhak Rabin uma vez disso (no Knesset): “Com todos os seus erros, o partido trabalhista fez mais e segue sendo capaz de fazer mais. Nós nunca temos falado sobre Jerusalém. Nós apenas temos feito ‘fait accompli’. Fomos nós que falamos de Jerusalém [a parte anexada]. Os americanos não disseram nada, porque temos construido estes bairros de forma inteligente”.
Ehud Barak, Nascido como Ehud Borg, filho de imigrantes da Europa do Leste na Palestina. Posteriormente adotou o nome hebreu de Barak. Começou seu treinamento e serviço militar em 1959. Foi membro de uma unidade de assassinatos secretos que assassinou a um número de líderes políticos palestinos no Líbano (por exemplo, Beirute 1976) e o assassinato de líderes da resistência nos territórios ocupados. Foi recompensado com sua rápida ascensão no exército como chefe de exército mais jovem da história israelense.
Ariel Sharon, seu nome real Arik Scheinerman, nascido na Palestina durante a ocupação britânica em 1929, de pais imigrantes russos colonos sionistas na Palestina. Em 1953, organizou a infame “Unidade 101” distribuindo o terror ao longo das fronteiras da Palestina, aterrorizando as populações civis palestinas para obriga-las a fugir de seus lugares e terras próximas às fronteiras. Em 14 de outubro de 1953, Sharon e sua unidade cometeram um massacre na aldeia de Qibya (então sob a jurisdição jordaniana). Ben Gurion mentiu quando disse que o massacre foi cometido por enfurecidos fazendeiros judeus (como se demonstrou com os documentos posteriormente). 69 civis palestinos dos anos 70 foram assassinados (a maioria mulheres e crianças). Suas tropas, no começo dos anos 70 foram encarregadas de “pacificar Gaza”. Impôs uma brutal política de repressão, dinamitando lugares e derrubando campos de refugiados inteiros, impondo severos castigos coletivos e encarcerando a centenas de cidadãos palestinos. Toda a zona foi transformada em uma prisão. Foi o impulsionador do projeto dos assentamentos, na fundação do partido extremista Likud e um número indeterminado de “logros”. Foi o arquiteto da invasão do Líbano. Seus mercenários financiados e armados da Falange, sob suas ordens cometeram os massacres dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Šatila. Sendo atualmente investigado e demandado por Crimes contra a Humanidade. Seus crimes continuam até nossos dias.
Šimon Peres, seu verdadeiro nome Šimon Perski, nasceu em 1923 em Wisznia[4], Polônia (hoje Belarus). Junto com seus padres, veio à Palestina em 1934 (sob mandato britânico). Se alistou no grupo terrorista judaico Haganah e serviu como chefe de seus recursos humanos em 1940. Foi o arquiteto do programa nuclear israelense. Nomeado em 1953 como diretor geral do Ministro da Defesa, imediatamente começou a explorar o desenvolvimento nuclear. Nos anos 50 e finais dos 60 Israel desenvolveu seu programa nuclear primário com a ajuda da França, mantendo a doutrina “ambígua” de Peres. Os EUA e Grã Bretanha entre outros países, olharam para o outro lado. Foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz pelos acordos de Oslo. O Comitê Nobel recentemente firmou uma carta questionando por tê-lo premiado com o Nobel da paz (baseando-se sobre suas ações recentes como membro do governo de Šaron).
* O Prof. Mazin Qumsiyeh é um cientista genético da Universidade de Yale, EUA e cofundador da Coalizão Palestina Direito ao retorno, Al-Awda.
Comentários:
Infelizmente, Jair Bolsonaro sagrou-se vencedor no pleito presidencial de 2018. Algo para mim previsível, diga-se de passagem, tendo em vista todo o clima de histeria burra antipetista que o Brasil vivencia desde 2012 (e não raro tenho a impressão de que o próprio Haddad não quis vencer esse pleito). E o curioso é que o mesmo Bolsonaro que antes de Dilma Rousseff ser eleito presidente pela primeira vez, nos idos de 2009 e 2010, dizia que a gaúcha não poderia ser eleita presidente da República por seu passado de envolvimento em grupos de guerrilha como o Colina e o VAR-Palmares. Pela lógica do político carioca, Begin, Ben Gurion, Weizman, Peres, Šaron, Rabin, Meir e outros que ocuparam o cargo de premiê em Israel não poderiam ter sido ocupado tal cargo, já que, como o texto acima mostra, também aprontaram das suas antes de se tornarem premiês.
Entre outras coisas, Bolsonaro, um partidário do sionismo cristão, pretende transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Em outras palavras, quer reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Infelizmente, não vi a esquerda que tanto bateu na tecla do que ele pensa sobre determinados grupos como gays, lésbicas, negros, mulheres e outros discutir com o político a respeito desse assunto de real importância. E assim a esquerda cometeu um erro crasso (se é que a esquerda, nessas eleições desde o início fraudulentas, quis realmente ganhar).
Os países árabes já manifestaram que vão retaliar comercialmente o Brasil caso o político carioca resolva de fato fazer o que pretende fazer, o que representaria uma agressão aos palestinos. Segundo dados de Miriam Leitão, enquanto que o Brasil tem um superávit comercial de US$ 7,7 bilhões com os países árabes, tem um déficit de US$ 527 milhões com Israel. No que pode custar muito caro ao que ainda resta da indústria e do agronegócio nacional (e depois Bolsonaro, hipocritamente, fala que quer fazer uma política exterior livre de direcionamentos ideológicos). Questão de tempo será vermos nas ruas de cidades como Benghazi, Cairo, Rabat, Casablanca, Damasco, Aleppo, Bagdá, Sirte, Mosul, Kirkuk, Tripoli, Argel, Tunis e tantas outras bandeiras brasileiras sendo queimadas junto com bandeiras de Israel e dos EUA (e quem sabe até retratos e bonecos do próprio Bolsonaro).
E não é só isso, um dos filhos de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo Estado de São Paulo, lançou há dois anos o projeto de lei 5358/16, que criminaliza não apenas o nazismo como também o comunismo. Caso venha a ser aprovado futuramente (algo bem provável a meu ver, diga-se de passagem), serão punidos todos aqueles que distribuírem propaganda com o símbolo da foice e do martelo e quem fizer apologia a regimes comunistas. Isso sob o pretexto de que regimes comunistas supostamente mataram mais de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo e teriam implantado censura à imprensa, a opiniões e a religiões. E o curioso é que ele, seu pai e seus irmãos são apoiadores e apologistas do sionismo (a tal ponto que falam em trazer tecnologia de Israel para resolver o problema da seca no Nordeste), que tem todo um histórico não apenas de crimes e massacres sobre o povo palestino (incluindo os citados no texto acima (que a julgar por seu conteúdo é do começo dos anos 2000), entre eles os massacres de Sabra e Chatila perpetrados por Ariel Šaron em 1982) como também de discriminação sobre os palestinos que ainda vivem em solo israelense. Ou seja, que moral será que o holding familiar Bolsonaro (parafraseando o professor Ricardo Costa Oliveira) tem para falar em criminalizar nazismo e comunismo sendo que tem ossos a esconder em seu armário? Logo eles, que volta e meia fazem apologia do sionismo israelense? Se é assim então, que se proíbam não só os símbolos relacionados ao movimento sionista como também ao regime cívico-militar que eles igualmente também apoiam. São uns grandes hipócritas.

Foto – Bolsonaro (vulgo Zobo) sendo batizado no Rio Jordão pelo pastor Everaldo. Isso enquanto o impeachment de Dilma Rousseff corria no Senado.
Fontes:
Bolsonaro explica porque Dilma não pode ser presidente. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mpPtjF5U1fY&ab_channel=CarlosBolsonaro
Brasil deve perder bilhões com submissão de Bolsonaro a Netanyahu. Disponível em: https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/373948/Brasil-deve-perder-bilhões-com-submissão-de-Bolsonaro-a-Netanyahu.htm
Hamas urges Brazil to drop plan to move embassy to Quds (em inglês). Disponível em: http://iqna.ir/en/news/3467127/hamas-urges-brazil-to-drop-plan-to-move-embassy-to-quds

NOTAS:

[1] Leia-se “Rraim”. No hebraico, assim como em idiomas como o alemão, o polonês e o tcheco, a partícula ch tem o som de r aspirado.
[2] Leia-se “Rujany”.
[3] Leia-se “Iazvernitski”. No polonês o j tem valor de i curto, o w de v e o c de ts.
[4] Leia-se “Vichnia”. No polonês o sz o mesmo do ch no português e no francês, do sh no inglês, do s no húngaro e do š em idiomas como o tcheco, o eslovaco, o lituano, o letão, o sérvio-croata e outros.

domingo, 28 de outubro de 2018

Golpe "legitimado" nas urnas - o triste fim de uma eleição fraudada (por Lucas Novaes).

Hoje, dia 28 de outubro de 2018, foi ratificada a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial. O ainda deputado federal neoconservador derrotou Fernando Haddad (PT) por cerca de 55% dos votos contra 45% do seu adversário. O que podemos dizer desta eleição?
Sem dúvidas, trata-se da eleição mais fraudulenta de todos os tempos no Brasil (e me refiro não só a corrida presidencial, mas também ás eleições gerais como um todo). É uma fraude porque o povo não teve a liberdade de escolher quem queria. A ditadura judicial, pressionada pelos altos escalões das forças armadas, tratou de excluir da jogada candidatos inconvenientes (o caso mais famoso é, obviamente, o da prisão de Luís Inácio Lula da Silva, mas também podemos falar da inelegibilidade de Anthony Garotinho). E se os brasileiros não podem escolher seus candidatos, então não há democracia neste país. Na verdade, o Brasil está longe de ser um país democrático (esta ilusão vem sendo alimentada pela grande mídia e por grande parte da esquerda).
Todo o processo eleitoral é rigidamente controlado pelo Estado: a começar pelo pífio tempo que os políticos tem para fazer campanha (52 dias). Como é que um candidato ao governo ou ao senado por um estado grande como São Paulo ou Minas Gerais pode se eleger, sendo que para isso tem que primeiro se tornar conhecido por milhões de pessoas em um período curto de campanha, sem dinheiro nem tempo de televisão? Isso sem falar nas leis que regulam aspectos absurdos da disputa como o tamanho dos cartazes de propaganda, quais informações devem estar presentes nos "santinhos", etc.
Desde 2015, quando as movimentações da burguesia para derrubar Dilma Rousseff começaram, os partidos de esquerda brasileiros como PT e PCdoB optaram por lutar contra essas ofensas  pela via institucional. Então vieram as palavras de ordem "Não vai ter golpe", "No senado não passa", "No STF não passa". Todos os gritos de ação falharam. Depois vieram os gritos "Fora Temer" e "Diretas Já". Nada disso aconteceu. Depois, Lula foi preso e não há sinais de que seja solto. E, por fim, um candidato golpista foi eleito ao cargo máximo da nação.
Depois de todos esses acontecimentos nos últimos três anos, nem os mais incautos têm motivos para acreditar nas instituições e no mito de que o Brasil é uma democracia. O Brasil está passando por um processo de colonização cultural e econômica vindo dos Estados Unidos e seus aliados. Esse processo não será parado com o pensamento liberal de crença nas instituições. É necessário rejeitar tanto o discurso americanófilo e sionista da direita como discurso pós-moderno e liberal da esquerda. A luta pela soberania do país é o único caminho para a nossa salvação.
Fontes: