terça-feira, 1 de setembro de 2020

A Bela Adormecida - como o mundo do cinema estimula a tolerância (matéria traduzida do russo)

Depois que a criadora do desenho “A casa da coruja” Dana Terras contou sobre a bissexualidade da heroína principal, ficou finalmente claro: o carro chefe de Hollywood, o estúdio “Disney”, seriamente se ocupa com o ensino da tolerância junto às crianças e adolescentes. O “Izvestja” fez seu top-filmes sobre personagens não tradicionais, ao mesmo tempo esclarecendo junto aos especialistas que os filmes de família da “Disney” é indesejável ver na infância, e é melhor incutir tolerância a outros telespectadores, que já tem experiência na esfera sexual.

«A Bela e a Fera»

Antes do lançamento do remake do desenho homônimo com Emma Watson e Dan Stevenson nos principais papeis os criadores dele anunciaram que um dos personagens do conto é gay.  Em algum momento o herói de nome Le Fou de fato começa a experimentar sentimentos carinhosos em relação a seu camarada. Pelas palavras do diretor, o ativista LGBT Bill Condon, a aparição de tal herói é um tributo à memória do compositor, autor de canções da “Bela e a Fera” Howard Ashman, que era um gay assumido. Na América o filme passou bem, apenas um proprietário de um cineteatro particular no Alabama recusou a alugá-lo. Ele motivou sua decisão pelo fato de que levar seus netos a tal conto ele não pode, o que significa que a outras crianças mostra-lo não vale a pena. Na Rússia o filme saiu com a indicação 16+. O deputado Vitalij Milonov dirigiu-se ao Ministério da Cultura com a solicitação de verificar os cinemas sobre o assunto da propaganda do homossexualismo, mas se limitou a isso.

«Bob Esponja»

O estúdio Nickelodeon tornou gay o favorito das crianças, o herói de desenho animado Bob Esponja. Depois dos episódios nos quais Esponja vestiu-se em roupa feminina, os criadores do filme começaram a receber cartas de pais indignados, porque assimilaram o Bob Esponja como um rapaz. Os partidários da nova hipóstase objetaram que as esponjas marinhas são hermafroditas, de modo que à Esponja são estranhos preconceitos de gêneros. Mais uma parte dos espectadores a orientação do herói não surpreendeu – eles reconheceram que exatamente sempre assim pensaram sobre ele. Mas a maioria acusou o estúdio de que ele tenta reescrever a história do personagem em nome dos interesses LGBT. “Na infância eu não pensei sobre com quem dorme o Bob Esponja, eu simplesmente tinha empatia por ele”, escreveram usuários do Twitter. Na Rússia o filme recebeu a indicação 12+ e escapou de quais repreensões de imoralidade.

«Girl»

A estreia cinematográfica do diretor de 27 anos da Bélgica Lukas Dhont conta a história da jovem Lara, que sonha em se tornar bailarina. Ela nasceu como garoto, mas quer mudar o gênero. Na espera da operação ela viu-se obrigada a se disfarçar com a ajuda de uma fita adesiva, para que em uma academia de balé de prestígio não suspeitassem de nada. Nas filmagens do diretor inspirou a história real da dançarina-transexual Nora Monsecour, ela mesma ajudou no trabalho com o roteiro.

Na Rússia as mostras ocorreram de forma tranquila –disponibilizaram o filme para locação, atribuindo a indicação 18+. E no Ocidente desencadeou um escândalo. Apesar de que o filme recebeu um conjunto de prêmios de prestígio e foi indicado pela Bélgica ao “Oscar”, na sociedade transgênera ele gerou crítica. Acusaram o filme de que o executor do papel principal Viktor Polster, assim como o diretor e coautor de roteiro Angelo Tijssens não são transexuais, em relação com que o filme é cheio de falsos estereótipos. É um paradoxo, mas o conto sobre o transgênero caiu no gosto de pessoas comuns, ao invés daqueles por cujos direitos ele se posicionou.

«A garota dinamarquesa»

Na contagem desse filme do diretor Tom Hooper – sucesso no concurso do Festival Internacional de Cinema de Veneza, quatro nomeações da Academia Americana de Cinema e cinco dos acadêmicos de cinema da Britânia. Na Rússia homens saíram das seções de “A garota dinamarquesa” desafiadoramente.

Como no caso de “Girl”, na base do roteiro do filme – uma história real da primeira mulher-transgênera do mundo Lili Elbe. Segundo a trama, a artista Gerda pede a seu marido Ejnar posar para ela de vestido e meias, quando o modelo dela não vem para a sessão. Com o tempo Ejnar se acostuma ao papel e entende: ele veio ao mundo como homem por engano. Esta película, tal como “Girl”, melhor entenderam os naturais. Na opinião de críticos LGBT, depois da apresentação do filme têm-se a impressão de que o problema não está na natureza do herói principal, mas em um caso elementar. O que contradiz a tendência da comunidade LGBT de que inclinações particulares são dadas às pessoas no nascimento.

«Bohemian Rapsody»

Mais um filme-biografia sobre o vocalista do grupo Queen Freddy Mercury. O enredo do filme ganhador do Oscar do diretor Brian Singer foi completamente deslocado para a bissexualidade do ídolo pop. Sobre que Freddy Mercury de início amou Mary Austin e a considerava sua esposa, e então começou a experimentar atração por homens, era sabido. Revoltou os fãs do grupo que praticamente todo o filme foi dedicado a esse lado da vida dele, em especial a cena chave beijando o ídolo pop com um homem os revoltou. A Internet russófona deslumbra pelas referências sobre que nessas imagens das salas de cinema com revolta retiraram-se os espectadores do sexo masculino. As damas reagiram às inclinações do ídolo pop de forma bem mais pacífica.

Apenas para adultos

No caso de filmes adultos do tipo “Bohemian Rapsody” e “A garota dinamarquesa”, a questão da admissão ao aluguel é resolvida de forma simples. Conforme explicou ao “Izvestja” no Ministério da Cultura, existem regras claras: se o filme contem informação sobre relações sexuais não tradicionais, a ele será atribuído a marcação etária 18+. Já no caso de “Bob Esponja”, “A Bela e a Fera” e o vindouro “Casa da Coruja” o caso é mais complicado. Na Rússia pode-se ensinar a tolerância apenas junto a cidadãos maiores de idade, e em relação a crianças e adolescentes vigora a lei sobre a proibição da propaganda do homossexualismo entre menores de idade. Visto que o cinema é um instrumento eficaz de propaganda, não devem estar lá cenas de tipo similar.

“Que o príncipe continue a beijar a Bela Adormecida, mas que faça isso de forma casta. Nós não queremos que a princesa se encontre outra princesa como par”, discutem os usuários da Internet. Do ponto de vista da psicologia infantil tal abordagem é justificada, consideram os especialistas.

- Se alguma novidade surge da qual a criança ainda não observa na vida real, ela dificilmente irá contribuir ao desenvolvimento dela. E aqui pode criar problemas. Tudo deve ser no contexto da idade e dos objetivos do desenvolvimento, - esclareceu a diretora da cadeira de psicologia da idade da Universidade Estatal de Moscou Olga Karabanova.

Cinema para todos

Os filmes da Disney com personagens não tradicionais nesse contexto não se encaixam. Mas atribuir a eles a categoria 18+ significa privar os filmes do status familiar. Então você é obrigado a manobrar, bem lá as cenas relevantes são apresentadas de forma tão delicada que é complicado à criança ignorante entender, sobre o que fala, e na disposição dos distribuidores há os status intermediários 12+ e 16+. Nessa idade, na opinião da psicóloga, o ensino da tolerância acontece de forma mais bem sucedida, visto que junto aos adolescentes já há determinados conhecimentos na esfera sexual. Entretanto, considera Olga Karabanova, para fazer a escolha é necessária uma idade mais madura.

Julgando pelos anúncios o projeto “Casa da Coruja” é cinema para adultos, mas no escritório de representação russo da companhia “Disney” não começou a falar sobre o aluguel vindouro. Nota-se que não vendo o filme é complicado julgar sobre o grau de periculosidade dele. Uma fonte no estúdio explicou que, bem provavelmente, o filme não vai ser lançado em ampla distribuição, o exibirão no canal televisivo.

Com o pedido de avaliar a tendência americana à tolerância sexual o “Izvestja” procurou a “Sojuzmultfilm”. Os representantes da companhia recusaram-se a conversar. Entretanto, a tolerância aos diferentes começa a formar a produção russa em seus trabalhos. Os novos projetos do estúdio “A zebra no cubículo” e “A vaca laranja” são criados em vistas à exportação no exterior. Segundo as palavras do diretor geral do estúdio Boris Maškovcev, estes filmes são imediatamente elaborados como cinema universal no bom senso, compreensível em qualquer país.

Fonte: https://iz.ru/1052518/natalia-vasileva-adelina-pavlov..

Meus comentários:



Foto – A diferença entre tolerância e aceitação, por Herbert Garrison.

Lembram que o Bolsonaro em 2018 muito falava em kit gay e mamadeira de piroca nas propagandas e discursos dele? Pois bem, desse kit gay que envolve grandes conglomerados internacionais do ramo do entretenimento como Disney, Netflix e Nickelodeon ele não fala. Por que será que o nosso Presidente miliciano assim age?

E, diga-se de passagem, que fique bem claro o seguinte: o que esses conglomerados de entretenimento promovem não é tolerância a determinados grupos, mas aceitação. Querem que aprovemos a conduta de tais grupos e as incentivemos, e quem disser um piu contrário a isso será cancelado pelo gabinete do ódio da esquerda identitária sem dó nem piedade sob rótulos do tipo homofóbico, transfóbico, preconceituoso, racista, machista, misógino, nazista, fascista, stalinista, maoísta, chavista, castrista, baathista, fundamentalista religioso, fanático, adepto da KKK e tantos outros afins. E esse tipo de atitude é o que inexoravelmente ajuda a alimentar gente como Malafaia, Feliciano, Crivella, Bolsonaro e outros dessa estirpe.

Interessante notar que nesse filme da Bela e a Fera de 2017 a protagonista do filme foi interpretada pela Emma Watson, que é apoiadora do movimento Black Lives Matter (basta visitar as contas dela em redes sociais e você verá isso) e que no episódio do cancelamento da J. K. Rowling resolveu fazer média com as militâncias politicamente corretas que a cancelaram nas redes sociais, quando não só ela, como também atores que participaram das adaptações cinematográficas de Harry Potter como Daniel Radcliffe (que depois do incidente passou a ser visto por tais militâncias como aquele que realmente escreveu Harry Potter – quero ver se eles vão continuar a assim pensar depois que o próprio Radcliffe resolver sair da linha deles, a propósito), deveriam ter feito é sair em defesa dela. Pois foi graças às obras da escritora britânica que ela alcançou a projeção que tem hoje, além do fato dela não se dar conta de que a bomba que ontem explodiu no colo da mãe do Harry Potter cedo ou tarde irá explodir no colo dela. Inexoravelmente, chegará a hora de ela passar maus bocados nas mãos do gabinete do ódio da esquerda identitária, e isso é questão de tempo.

E sobre o Bob Esponja, eu não entendo o que a Nickelodeon ganha com isso. Será que ela quer fazer um agrado a tais militâncias, ou será que há outros caroços mais nesse angu? Nas três primeiras temporadas e mesmo nas primeiras após o primeiro filme, Bob Esponja era um desenho de humor sofisticado e textos inteligentes para cada episódio (tanto que há alguns meses escrevemos um artigo sobre o episódio “Reinado de idiotas”, da 4ª temporada do desenho criado pelo finado Stephen Hillenburg), enquanto que nas últimas temporadas o declínio do texto das histórias é bem visível, praticamente só palhaçadas e bobeiras. O fato é que nesses episódios mais recentes não sinto o mesmo brilho dos episódios das primeiras temporadas. Teria alguma relação umbilical a lacração da Nickelodeon com a idiotização e imbecilização do roteiro dos episódios das últimas temporadas do Bob Esponja?

O fato é que hoje estúdios como a Disney, o Netflix e a Nickelodeon embarcam com tudo na onda da lacração, enquanto que há duas décadas e meia a TV americana pensava duas vezes antes de veicular esse tipo de conteúdo (vide as pesadas censuras que Sailor Moon recebeu nos EUA, na América Latina [Brasil incluso] e na Europa por causa da presença de personagens de orientação sexual não tradicional, como o caso das lésbicas Haruka e Mičiru, respectivamente a Sailor Urano e a Sailor Netuno, e o do personagem Zyosite, que foi transformado em mulher em países como os EUA e o Brasil). E ainda tivemos o caso do Netflix que dentro em breve irá veicular uma série que claramente faz apologia da pedofilia, “Cuties”. Diga-se de passagem, não vi a esquerda identitária (ou como os chineses carinhosamente a chamam, báizuŏ [白左, esquerda branca]) que tanto se indignou com o recente caso da garota de 10 anos que teve que abortar por uma questão de vida ou morte soltar um único piu sobre isso.

Eu cresci assistindo a desenhos como He-Man, Caverna do Dragão e Thundercats, os quais ao mesmo tempo em que passavam mensagens positivas ao público também tinham toda uma parte de ação que o cativava e apresentavam personagens marcantes e singulares, assim como seriados de humor pastelão como Chaves e Chapolin (originalmente El Chavo del Ocho e El Chapulín Colorado, respectivamente) e seriados live-action como Jaspion, Changeman e Kamen Rider Black. Posteriormente, já no boom dos animes dos anos 1990 e 2000 na TV brasileira, assisti a animações nipônicas como Cavaleiros do Zodíaco (originalmente Saint Seiya), Samurai Warriors (originalmente Samurai Troopers), Street Fighter II Victory, Fly: o pequeno guerreiro (originalmente Dragon Quest: Dai no Daibouken), Dragon Ball (todas as fases), Samurai X (originalmente Rurouni Kenšin), Inuyaša, Yu Yu Hakušo, Nightwalker e outros tantos, assim como desenhos de crítica social direcionados a uma audiência mais madura como Família Dinossauro, Simpsons e South Park e humorísticos como o programa chileno 31 Minutos (que segue a uma linha humorística similar a do Chaves e do Chapolin, só que usando fantoches no lugar de atores de carne e osso). Como também joguei jogos como Street Fighter, Mortal Kombat, Fatal Fury, os vários Super Mario, Turok, 007 versus Goldeneye, Banjo-Kazooie, Banjo-Tooie e outros tantos. E mais recentemente, tive contato via Internet com desenhos dos tempos soviéticos, todos eles inéditos no Brasil, tais como “Umka”, “Mamãe para o mamutinho” (originalmente “Mama dlja mamontënka/Мама для мамонтёнка”), a versão soviética do conto “A rainha da neve” e “O tigrinho no girassol” (originalmente Tigrënok na podsolnukhe/Тигрёнок на подсолнухе). Que igualmente passavam tais valores.

Eu tive acesso a essas e outras produções em minha juventude. Mas e meus futuros filhos que ainda estão por vir, assim como meus sobrinhos e filhos de amigos e amigas, o que será que eles terão que engolir? Serão esses os desenhos e seriados que nossos filhos, netos e bisnetos terão que assistir (e isso sem contar com youtubers e influenciadores digitais como Felipe Neto e outros dessa estirpe, igualmente venais)?

O meu maior receio quanto a toda essa história de lacração em desenhos animados, videojogos, séries e filmes não é nem tanto a veiculação de propaganda de sexualidade não tradicional em si mesma, mas o que pode vir a acontecer depois (algo que de certa forma “Cuties” confirma). Ou seja, de daqui um tempo estúdios como a Disney, a Nickelodeon e o Netflix resolverem dobrar, quiçá triplicar a aposta, ficarem cada vez atrevidos e ousados e começarem a veicular nas produções deles coisas ainda mais pesadas, incluindo pedofilia, zoofilia, necrofilia e transhumanismo. E ainda fazendo apologia disso tudo, quer seja aberta, quer seja velada. E nessa brincadeira toda transformando personagens como o Patrick Estrela e o Aang de Avatar em adeptos de alguma dessas parafilias. E a hora em que isso ocorrer, uma coisa é certa: a esquerda báizuŏ e movimentos a ela ligados terão uma culpa imensa no cartório, em sua ânsia por lacrar e por justiça social sem ligar para as consequências da brincadeira. Quem irá limpar toda a sujeira depois que os portões do inferno forem abertos? Ou será que vão gostar da coisa sob o pretexto da inclusão, da representatividade de minorias sexuais e da justiça social?

Um comentário:

  1. Muito interessante o texto! Realmente, essa esquerda lacradora repulsiva, dia após dia, não para de chocar o ovo da cobra. E quando este ovo finalmente eclodir, e a serpente maligna começar a dar seus botes, esse pessoal que tenha peito de aço e brio para aguentar. Afinal, não foram eles que assim quiseram?

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