Foto – Cena do episódio “O campo de morte
da tolerância”, 93º episódio de South Park.
Em artigos
publicados anteriormente, fiz menção a um episódio de South Park. Mais
precisamente, ao 14º episódio da sexta temporada, “O campo de morte da
tolerância”. Agora é a hora de falarmos a respeito desse episódio (que é o 93º
episódio de todo o desenho), veiculado na TV estadunidense originalmente em 20
de novembro de 2002.
Como todos
nós sabemos, South Park é um famoso desenho norte-americano criado pelos
animadores Trey Parker e Matt Stone que é veiculado pelo canal Comedy Central
desde 1997, e que hoje conta com 23 temporadas e 307 episódios ao todo.
Destinado ao público adulto, é notório por sua narrativa baseada em um humor
negro, surreal e satírico que abrange um grande número de temas.
O episódio se
inicia com a volta do Senhor Garrison à escola depois que ele foi readmitido
pela diretora Victoria, só que dessa vez como professor da quarta série. Ela
garante ao Senhor Garrison que de forma alguma será despedido por conta de suas
preferências sexuais (ele que nas primeiras temporadas do desenho era um
homossexual enrustido). Mas, ao fim da
conversa com a diretoria Victoria, essa diz que não pode demiti-lo por causa
das novas leis que dão ao direito a um processo milionário e cita um caso em
Minnesota no qual um cidadão de lá abriu um processo legal em que ele ganhou
uma bolada de US$ 25 milhões. Então o senhor Garrison tem uma brilhante ideia:
ele resolve armar um escândalo para que ele seja demitido por causa de sua
preferência sexual de forma a mover um processo milionário contra a escola e
ganhar uma bolada milionária.
No dia
seguinte, o Senhor Garrison volta à escola, após a morte da senhora Diane Engasga
Peru (originalmente Ms. Diane Choksondik). As crianças não gostam nem um pouco
de rever esse velho conhecido delas como professor (dessa vez sem a tradicional
companhia do Senhor Chapéu), a ponto de Kyle dizer as palavras “ele não”. Mas,
no lugar do Senhor Chapéu, o professor calvo traz um novo companheiro, seu
bofe, o Senhor Escravo (personagem esse que nesse episódio faz sua estreia no
desenho). E ele submete as crianças a uma verdadeira sessão de sadomasoquismo
GLBT claramente visando uma demissão por causa de sua orientação sexual não
tradicional seguida de uma indenização milionária. O Senhor Garrison, após
dizer que não ia tolerar palhaçadas na aula, começa a bater o Senhor Escravo
nas nádegas com um porrete cinzento. E novamente diz que não vai tolerar
palhaçadas na aula.
Após a aula, Cartman,
Kyle e seus amigos apresentam suas queixas a seus pais, dizendo que a aula não
foi nada legal e contando sobre o fato de que o Senhor Garrison voltou com um
assistente e que ambos são muito gays, a ponto de fazerem questão que o mundo
saiba que eles assim são e usarem sua sexualidade não tradicional visando
certos fins. A mãe de Kyle responde que não se pode discriminar os homossexuais.
E Stan responde que a dupla é muito gay. O pai de Stan, por seu turno, responde
que ele o surpreende muito e que achou que ele saberia respeitar as pessoas
pelo que elas são. Stan tenta contar toda a história a seus pais e de seus
amigos, mas ele é interrompido por seu pai, indignado com o comportamento de
seu filho e que ele e os demais pais não criaram filhos preconceitos. A mãe de
Kyle endossa as palavras do pai de Stan e sugere um passeio ao Museu da
Tolerância.
Dito e feito.
As crianças e seus pais fazem um passeio pelo assim chamado Museu da
Tolerância. Um museu que se propõe a tratar de assuntos como a dinâmica do
preconceito e da intolerância nos EUA, segundo a funcionária do mesmo. Cartman,
após passar pelo túnel das ofensas, parece gostar do que está vendo. Em seguida
os visitantes chegam ao Hall dos Estereótipos e a eles são mostrados figuras de
cera que segundo a funcionária do museu “representam como pessoas intolerantes
rotulam as minorias”, e passam pelo laboratório das descobertas da
intolerância. Cartman, ao quer ver que a funcionária disse que as pessoas
precisam aprender a respeitar pessoas pequenas, deficientes e até mesmo
gordinhos como ele, resolve tirar vantagem da situação com toda essa história
de tolerância depois que a funcionária disse que se ele escolheu comer coisas
engordativas é uma escolha que deve ser respeitada. Ao término do passeio, na
parte externa do mesmo museu, vemos a mesma funcionária dizer que as pessoas
devem ser aceitas como são e pelo que elas gostam e em seguida expulsar a grito
um fumante sob o pretexto de que não se pode fumar no museu e chama-lo de
“f.d.p”. Em seguida o mesmo fumante é chamado de “tuberculoso” pelo pai de
Kyle, “bafo de cinzeiro” pela mãe de Stan, “idiota” pelo pai de Butters e ainda
recebeu um “fora daqui” do pai de Tweek. A visita ao museu termina com o pai de
Butters dizendo que as crianças devem respeitar o Senhor Garrison e o Senhor
Escravo como eles merecem.
Em seguida, mais
uma aula, que começa com o Senhor Garrison se queixando do fato de que ninguém
veio demiti-lo. Então ele submete as crianças a mais uma seção de
sadomasoquismo GLBT, com direito ao Senhor Garrison enfiando um tubo de ensaio
no orifício anal do Senhor Escravo e em seguida um hâmster. O que deixa as
crianças boquiabertas. Terminada a aula, Kyle, Stan e Cartman vão ao refeitório
e conversam com o Chief a respeito do que viram na aula do Senhor Garrison. As
crianças se queixam ao cozinheiro da escola de que são intolerantes, e ele
responde perguntando a que são intolerantes. Kyle responde “a viados”. Chief
replica do motivo pelo qual são intolerantes a tais pessoas, sendo que não
deveriam ser assim. Stan conta a respeito do assistente do Senhor Garrison e
que perto dele se sente mal. Chief responde que o incômodo em relação a gays
ocorre pelo fato de as pessoas terem seus próprios problemas e pergunta “o que
me incomoda tanto no comportamento deles?”. Kyle responde que é pelo modo como o
professor dele enfiou o hamster no c* do Senhor Escravo. Kyle e Stan se
questionam se são homofóbicos e dizem que não querem ser preconceituosos. Então
o Chief responde que há uma grande diferença entre gays e o Senhor Garrison.
Após a
conversa com as crianças, Chief vai até a diretoria ter uma conversa com a
Diretora Victoria a esse respeito. Enquanto isso, começa a jornada do hâmster
para sair do corpo do Senhor Escravo, guiado por um sapo vestido de uma capa,
uma coroa e munido de um cetro. A diretora chama o Senhor Garrison (animado,
achando que está para ser demitido) após ouvir as palavras de Chief. A
diretoria diz que os alunos estão incomodados com os métodos de ensino dele, e
o professor começa a achar que o plano dele está funcionando. Mas no fim a
diretora resolve mandar o Chief para um seminário sobre tolerância sob a
alegação de que demonstrou intolerância em relação ao comportamento do
professor, o que obviamente deixa o cozinheiro da escola enfurecido.
As crianças e
seus pais se reúnem na sala do diretor Mackey. Mackey se queixa do fato de que
as crianças se recusam a assistir aulas com um professor homossexual. Stan diz
que não vai assistir aula com o Senhor Garrison, e em seguida é repreendido por
seu pai, que por sua vez acha que ele não aprendeu nada no Museu da Tolerância.
Os pais das crianças se mostram insensíveis aos argumentos de seus filhos nem
mesmo quando Butters diz que as duas bibas mataram um hâmster no meio da aula. O
pai de Butters se enfurece com seu filho e Mackey chega a conclusão de que as
crianças não tem outra saída a não serem enviadas ao Campo de Concentração da
Tolerância, algo que os pais das mesmas aprovam.
Dito e feito.
As crianças são enviadas ao chamado Campo da Tolerância de Devitzen, um campo
bem ao estilo nazista no qual as crianças são forçadas a fazerem uma série de
trabalhos diante de um guarda cuja feição lembra muito a de Heinrich Himmler,
um dos homens mais poderosos da Alemanha na era nazista, só que mais cabeludo.
A partir de então, todas as cenas no campo são em preto e branco. O guarda diz
que as crianças ali estão por não aceitar os outros e seus estilos de vida e
que vão trabalhar dia e noite até aprenderem a aceitar os outros enquanto tais.
“Aqui a intolerância não será tolerada”, conclui o guarda em seu discurso às
crianças do campo.
Enquanto
isso, na escola, o Senhor Garrison desabafa ao Senhor Escravo que não importa o
que faça, não o despedem. Ele não se conforma com o fato de que dias mais tarde
irá receber o troféu de Professor Corajoso no Museu da Tolerância. O Senhor
Escravo, por seu turno, diz a seu amante que ele precisa mostrar aos pais das
crianças que tipo de “bicha louca” ele é. E o Senhor Garrison, por sua vez, tem
uma ideia para o dia da entrega do prêmio.
No campo de
Devitzen, o guarda ordena às crianças presas que elas devem fazer desenhos de
pessoas de diferentes raças e orientações sexuais se dando bem e que elas não
podem discriminar ninguém nos desenhos. Ao ver Kyle pintando um urso, o guarda
se enfurece e diz que ele tem que pintar só o que ele ordenar. O guarda chega a
apontar um revólver na cabeça de Kyle, e esse faz um desenho do jeito que ele
quer.
Na escola, o
senhor Escravo sente dores no estômago, pois o hâmster, em sua jornada para
sair dele, ali está. Então o Senhor Garrison dá a seu namorado um laxante. No
campo, as crianças continuam a desenharem desenhos com temática sobre
tolerância feito escravos, dessa vez com macarrão. Até que Kyle desmaia, mas
Stan o acode para que ele não para a atividade diante da aproximação dos
guardas. No banheiro, Cartman vê duas crianças escondidas que pedem para não
serem denunciadas que já não aguentam mais trabalhar tanto.
No Museu da
Tolerância, a premiação se inicia. A funcionária do museu enfim dá o prêmio ao
Senhor Garrison, que veio ao museu vestido com uma fantasia para lá de cafona e
montado no Senhor Escravo como se fosse seu cavalinho. Ai os pais das crianças se
dão conta sobre a verdade a respeito do que seus filhos vinham falando o tempo
todo. O Senhor Garrison começa seu discurso dizendo que sonhou que disse que o
seu amante era um cara de pau. E o Senhor Escravo pergunta por que não sonhou
que ele era um pau no c*. “Não, eu tinha o pau no c*”, respondeu Garrison. E
mesmo assim recebeu aplausos da plateia, sob a alegação de que ele é muito
corajoso e um grande ser humano. Impressão essa que não é compartilhada pelos
pais de Kyle, Stan, Cartman, Tweek e Butters, que olham tal cena com
perplexidade.
O Senhor
Garrison, por seu turno, responde que se sente feliz pela premiação, mas que se
sente ainda mais feliz por chupar o órgão sexual masculino. Os pais de Stan,
Kyle, Butters, Tweek e Cartman continuam perplexos, enquanto que o resto da
plateia aplaude os dois. O Senhor Garrison, vendo que seu plano não está
funcionando, pede para que o Senhor Escravo comece a cantar uma música. Ele
começa a dançar, mas de repente sente novamente dores no estômago. Que se
explicam pelo fato de que o hâmster resolveu o enigma e está para sair do corpo
do Senhor Escravo.
Foto – Senhor Garrison discursando no Museu
da Tolerância.
Até que o
Senhor Garrison, vendo que seus tiros saíram pela culatra, resolve revelar a
todos de uma vez o seu jogo e suas reais intenções nessa história toda. E dá a
plateia uma verdadeira aula do que é realmente tolerância. Diz que o
comportamento que ele demonstrou nesses dias todos não é próprio de um professor.
Alguns membros da plateia dizem que o museu ordena que as pessoas devam ser
tolerantes. E o Senhor Garrison responde “tolerantes, mas não estúpidos” e que
o fato de tolerar algo não significa que você tenha que aprovar essa mesma
coisa e que nesse caso o nome mais correto do Museu é o Museu da Aceitação. Diz
em seguida que tolerar significa suportar e que você pode até tolerar um menino
chorando ao seu lado no avião ou uma forte gripe, mas que isso ainda te deixa
p* da vida. Em seguida, Garrison profere alguns palavrões. E então Randy Marsh
chega à conclusão de que os meninos na verdade não odiavam homossexuais, mas o
modo como o Senhor Garrison vinha agindo desde que voltou a dar aulas na
escola, e então os pais das crianças resolvem salvar seus filhos. Garrison
pergunta se podem demiti-lo para que ele receba a bolada milionária. A diretora
Victoria, vendo todo o jogo de Garrison, responde que tem uma ideia melhor:
leva-lo ao mesmo campo de concentração para o qual as crianças foram enviadas.
As crianças são salvas, enquanto que o Senhor Garrison e seu companheiro são
enviados a Devitzen, sob a alegação de que Garrison não tolera nem mesmo seu
próprio comportamento. E assim o episódio se encerra, com o hâmster enfim
saindo do corpo do Senhor Escravo e sendo coroado como o Rei Hâmster por seu
feito.
Qual é a
mensagem que o episódio em questão passa e por que falar dele em específico?
Mostra muito bem quem são esses ditos arautos da tolerância e da diversidade e
o quão hipócritas e nefastos eles são. Ou como podemos carinhosamente,
tolerastas. E retrata muito bem aquilo que eu chamo de o paradoxo da
tolerância: os arautos da tolerância pedem para que as pessoas sejam mais
tolerantes para com determinados grupos causando repulsa e ódio nas mesmas. E
isso na prática é o mesmo que lavar sangue com sangue, ou mesmo querer apagar
um incêndio com gasolina. Na ânsia por querer resolver o problema, o resultado
é diametralmente oposto: o problema no fim das contas se agrava e muito. E não
só isso. O próprio episódio mostra que para esses arautos da tolerância
determinadas pessoas e grupos são mais dignas de serem toleradas que outras,
como pode ser visto na cena do fumante no museu. Como também para eles os
grupos aos quais eles pedem mais tolerância não podem ser criticados de forma
alguma não importa o que façam. Do contrário, todo aquele que os critica é tudo
de ruim e mais um pouco. Preconceituoso, machista, homofóbico, racista,
fascista, nazista e tudo quanto é porrete linguístico são destinados a todos
aqueles que critiquem a atitude de tais grupos.
Trata-se de um
episódio que chama a atenção pela atualidade, já que foi veiculado originalmente
em 2002. Um tempo distante, no qual ainda não existiam You Tube, Facebook,
Instagram, Twitter, WhatsApp e outras redes sociais nas quais essas militâncias
politicamente corretamente possam destilar suas mensagens odientas sob o
pretexto de combater males como o racismo, o preconceito e a intolerância. Pelo
visto, continuam as mesmas em relação àquela época e pouco ou nada aprenderam
nesse tempo todo.
Tais pessoas
estão à frente dos protestos gerados pela comoção em torno do recente caso do
assassinato de George Floyd nos EUA por um policial branco. Tais protestos,
entre outras coisas, chegaram ao ponto de vandalizar, pichar e destruir várias
estátuas e monumentos ao redor do mundo, entre eles estátuas do rei Leopoldo II
na Bélgica e de Cristóvão Colombo nos EUA. Uma coisa é bem visível nessas
manifestações: que a maioria esmagadora dos manifestoches delas são brancos e
não negros. O tipo da gente que em vida Malcom X condenava, por acha-los uns
demagogos que exploravam a causa dos direitos dos negros americanos para explorá-los
e usá-los como peões em seus jogos políticos. Como toda moda podre que vem de
fora invariavelmente acaba chegando por aqui, esses tolerastas de plantão estão
sugerindo a derrubada de monumentos históricos em São Paulo tais como aqueles
dedicados a Pedro Álvares Cabral, a Borba Gato, aos bandeirantes e ao Anhanguera,
sob a alegação de que eles escravizaram e mataram negros e indígenas. Em Lisboa,
vandalizaram uma estátua do Padre Vieira Lima.
E não para
por ai. Esses tolerastas recentemente literalmente crucificaram J.K. Rowling, a
criadora da série de livros Harry Potter. Na semana passada, J.K. Rowling foi
crucificada nas redes sociais por alguns desses tolerastas que a acusaram de
“transfóbica” e outros rótulos afins após comentar no Twitter um artigo da
Devex com as seguintes palavras: “Pessoas que menstruam. Tenho certeza de que
costumava haver uma palavra para essas pessoas”. O ator Daniel Radcliffe, que
interpretou Harry Potter nos cinemas, saiu em defesa desses grupos, certamente
querendo sair bem na fita com tais militâncias.
E essa não é
a primeira vez que a mãe de Harry Potter é crucificada nas redes sociais desse
jeito: em dezembro do ano passado, a autora foi acusada de transfobia nas redes
sociais por defender a pesquisadora Maya Forstater, que perdeu o emprego em
março do ano passado após se posicionar contra uma legislação que permitiria
que as pessoas trans se identificassem com outros gêneros e dizer que “homens
não podem se transformar em mulheres” (uma verdade mais cristalina que a água,
diga-se de passagem – como já disse em artigo anterior, quando alguém faz
cirurgia de mudança de sexo, na verdade se transforma em uma bolacha Oreo em
formato humano).
Foto – A postagem de J. K. Rowling em
questão.
Por conta dos
protestos contra o racismo (com os quais nós não comungamos e que eu
particularmente vejo como uma espécie de revolução colorida que visa afetar os
resultados das próximas eleições norte-americanas em favor de Joe Biden, o
candidato o democrata – quer seja sangrando Trump aos poucos, quer seja o
derrubando, algo que o Deep State dos EUA vem tentando desde que o laranjão se
tornou Presidente), o canal por streaming HBO Max tirou de sua grade o filme
clássico E o ventou levou, pelo fato de o filme lançado em 1939 retratar
escravos conformados e heroicos proprietários de escravos. Aqui no Brasil,
fala-se já faz há alguns anos em censurar um dos grandes autores clássicos da
literatura brasileira, Monteiro Lobato (cuja obra entrou no domínio público em
2019), principalmente por causa da obras como “Negrinha” e “Caçadas de Pedrinho”,
por suposto conteúdo racista.
Foto – Monteiro Lobato (1882 – 1948).
O episódio em
questão fala justamente sobre pessoas desse tipo, que em nome do combate ao
racismo e ao preconceito não apenas depredam monumentos e estátuas, como também
falam em censurar Monteiro Lobato e outros autores clássicos tidos como
racistas. E que sob o pretexto de combater o preconceito acha bonito ver
jogadores transexuais como o Tiffany jogarem em competições femininas (o que
mostra que essa gente não tem moral nenhuma em dizer que aqueles que acreditam
em bizarrices como design inteligente e terraplanismo, já que eles vivem o
tempo todo dando bofetadas na cara de áreas da ciência como anatomia e
fisiologia humana). E é por causa de pessoas como esses tolerastas que hoje
vemos a esquerda (que parafraseando Brizola é uma esquerda que o sistema gosta)
a nível global sendo pisoteada pelos chamados populistas de direita, entre eles
o italiano Matteo Salvini, o britânico Boris Johnson, a francesa Marine Le Pen
e o húngaro Viktor Órban, ou mesmo movimentos como os alemães Pegida e AfD e os
italianos Cinco Estrelas e Lega Nord.
Aliás,
falando nesses políticos de direita, que diferença há entre esses tolerastas e
os partidários do Bolsonaro, a KKK e outros grupos de extrema direita que usam
da violência (quer seja física ou retórica) contra seus inimigos de ocasião? E
que diferença há entre os tolerastas que acusam nas redes sociais de
homofóbicos, transfóbicos e outros adjetivos afins para o Gabinete do Ódio
comandado pelo 02 e pelo 03? Que diferença há entre esses militantes antirracistas
que vandalizaram várias estátuas pelo mundo para o que o Estado Islâmico fez
com monumentos como o Leão de Palmyra na Síria? Que diferença há entre o ódio
que pessoas como a J.K. Rowling recebe nas redes sociais sempre que profere
algum comentário que não é do agrado de certas militâncias ou quando o
Bernardinho foi crucificado por dizer que o Tiffany é um homem e o que o
Gabinete do Ódio fez com todos aqueles que se desentenderam com Bolsonaro desde
que ele se tornou Presidente (entre eles o finado Bebbiano, Joice Hasselmann, Sérgio
Moro, João Dória, Wilson Witzel e outros)? Em essência, nenhuma. Se um dia
esses sujeitos se olharem no espelho, certamente verão uma imagem de um
bolsominion lhes dizendo “eu sou você e você sou eu”. Pode-se dizer inclusive
que o Gabinete do Ódio ai está para passar a essas militâncias politicamente
corretas tal mensagem.
E não apenas
isso: essas manifestações e atos de vandalismo dizem muito mais não sobre quem
foram em vida Colombo, Padre Vieira Lima, Leopoldo II ou qualquer uma dessas
figuras históricas que tiveram monumentos a eles dedicados pichados e
depredados ou que venham a sofrer vandalismos similares mais adiante, mas sim
sobre esses tolerastas de hoje e suas militâncias politicamente correta que
acham que vão resolver problemas como o racismo e o preconceito contra
determinados grupos agindo dessa forma, como se fossem uma espécie de KKK de
esquerda e censurando autores como o Monteiro Lobato como eles mesmos tivessem
seu próprio index. Dessa forma só vão continuar a alimentar os já citados
populistas de direita dos quais eles tanto se queixam. São uns idiotas que não apenas não se dão
conta do fato de que eles podem derrubar e vandalizar quantas estátuas de
Leopoldo II, Colombo, Padre Vieira Lima, Colston, dos bandeirantes e outras
tantas que as estruturas de poder do sistema continuarão intactas, que sabem
nada de história e que acham que a história é como se fosse uma luta
maniqueísta de mocinho contra bandido malvadão. Fulano de tal matou não sei
quantos e escravizou x povo, então deve ser execrado e ter toda a memória a ele
destruída e depredada como se fosse lixo. Então bora irmos para Samarkand e
Taškent vandalizar as estátuas de Tamerlão e para Ulan-Bator vandalizar a
estátua equestre de Čingis Khan, entre tantos outros exemplos. São gado tal
qual os bolsominions. São bolsominions de esquerda, para ser mais exato.
Foto – O discurso do Senhor Garrison no
Museu da Tolerância (em inglês).
Fontes: