Foto – Dois pesos e duas medidas,
parte I: o tratamento das forças de segurança para o filho do rico e o filho do
pobre.
Muito
bom dia, policiais e militares da Terra Brasilis. Como vocês estão? Pelo visto
o exército, sob os auspícios do presidente vampiro Michel Temer e de seu
homem-forte, o general Sérgio Etchegoyen (cujo pai foi torturador da ditadura
civil-militar), está fazendo uma intervenção no Rio de Janeiro sob o pretexto
de combater a criminalidade lá vigente e restaurar a ordem. Essa minha carta é
especialmente para vocês, militares e policiais, que adoram bater em negros e
pobres nas favelas nas periódicas operações policiais que por lá acontecem e
depois ficam se achando os tais e que assim estão combatendo a criminalidade vigente
nas favelas.
Em
suas obras, Jessé Souza diz que no Brasil a matança indiscriminada de pobres e
negros, com ou sem a desculpa do tráfico, é uma política pública informal que
conta com grande apoio, especialmente entre a ala fascistóide da classe média
(a qual pertence os juízes e procuradores da Operação Car Wash, entre eles
Deltan “Power Point da Convicção e do Auxílio-Moradia” Dallagnol). Jessé Souza
também diz que o que molda o Brasil enquanto sociedade até hoje não é a herança
de Portugal, e sim a escravidão. Isso mesmo transcorridos já 130 anos da
abolição formal da escravidão por meio da Lei Áurea (lei essa que os políticos
que hoje estão no poder e os empresários a ele ligados estão tentando rasgar
junto com a CLT).
Primeiro
que o que o exército está fazendo nos morros nada mais é que enxugar gelo. Do
que adianta encher os traficantes de bala, prendê-los e colocar polícia e
exército nas ruas das favelas cariocas sem mudar toda a estrutura social não só
do Rio de Janeiro como também de todo o país para uma estrutura mais inclusiva
para toda a população, incluindo a população carente dos serviços mais básicos
e pauperizada da favela carioca? População essa que desde no mínimo a abolição
da escravidão tem sido sistematicamente abandonada pelos sucessivos governos
que se seguiram à proclamação da República. Em outras palavras, que o Estado se
faça realmente presente naqueles lugares, tal como se tentou fazer durante o
tempo em que Leonel Brizola foi governador do Rio de Janeiro por meio dos CIEPs
(os mesmos CIEPs que na época eram satanizados pela Rede Globo e que foram
abandonados pelo mesmo Moreira Franco que hoje é o ministro-chefe da secretaria-geral
da presidência do Brasil)? Vocês estão matando os bandidos de agora, mas depois
de um tempo outros ainda mais perigosos irão surgir em seu lugar nas favelas. E
isso apenas questão de tempo é.
Foto – A pirâmide hierárquica do
crime, da base para o topo. Dos bandos armados das favelas a George Soros, o
maior narcotraficante do planeta. Crédito: Nova Resistência.
Trata-se
de um velho problema do Rio de Janeiro, cujas raízes remontam a 1904, quando o
então prefeito Pereira Passos empreendeu uma reforma urbanística inspirada na
Paris de Haussmann que ficou conhecida na história como “bota abaixo”. Seu
intuito era de fazer do Rio de Janeiro o cartão-postal do Brasil para a Europa.
Nessa reforma, vários prédios que serviam de moradia às populações menos
abastadas foram destruídos, assim como inúmeros cortiços. E desde então tem
sido política informal dos prefeitos fluminenses manter afastados os pobres da
área central da cidade e não permitir sua entrada nos bairros nobres. E assim a
população mais carente, que até então morava em propriedades coletivas, foi
forçada a morar junto com outras famílias (onde tinham que pagar altos
aluguéis) ou ir morar nos subúrbios, já que poucas eram as moradias populares
que o então governo fez para substituir as já destruídas. Ou seja, todas as
operações da Polícia nos morros do Rio de Janeiro e agora do Exército nada mais
são que uma continuação dessa polícia inaugurada por Pereira Passos na aurora do
século passado (que na época eclodiu em episódios como a revolta da vacina).
Como diz um trecho da música “É para rir ou para chorar”, de Gabriel o
Pensador, “O Brasil aboliu a escravidão, mas o negro da senzala foi direto para
favela. Virou um homem livre e foi para prisão. Só que a tal da liberdade não
entrou lá na cela e a discriminação ainda é verde e amarela”. É imperativo o
Rio de Janeiro romper com essa velha lógica de cidade cartão postal do país
voltada para o mar e parar de jogar para debaixo do tapete essa realidade.
Tendo
em vista não só isso como também o fato de que já havia facções e criminalidade
no morro carioca nos anos 1970, não me venham com essa de querer culpar Leonel
Brizola e seus dois governos como governador do Estado do Rio de Janeiro pela
situação calamitosa em que a antiga capital federal hoje se encontra. Pelo
menos o político gaúcho tentou fazer algo para mudar a situação, coisa que os
que vieram tanto antes como depois dele não fizeram.
E
segundo que a boca de fumo da criminalidade, a criminalidade que movimenta
cifras bilionárias para cima, não se encontra nos traficantes da favela. Muito
menos os bandidos do topo da pirâmide do crime são maltrapilhos que nem os
bandidos da favela. Eles vestem ternos de luxo e vivem em condomínios fechados
e/ou mansões luxuosas. Perto por exemplo, dos grandes sonegadores de impostos
do nosso país que devem milhões ou mesmo bilhões ao fisco, os bandidos da
favela não passam de ladrões de galinha. Ou mesmo dos rentistas que lucram
horrores por meio de um assalto anual ao Estado através da especulação em cima
das altas taxas de juro que há muitos anos são praticadas aqui no Brasil e que
não produzem um único mísero e prego. Nessa brincadeira toda, está envolvida a
fina-flor do capitalismo dependente brasileiro, entre eles banqueiros,
industriais, multinacionais, fundos de pensão e barões do agronegócio. Ou seja,
é todo um dinheiro que ao invés de ir para serviços básicos para a população
vai encher bolso de meia dúzia de pessoas ligadas ao sistema financeiro e seu
insaciável apetite por dinheiro e que não raro é soterrado em paraísos fiscais.
Como é de conhecimento geral, os super-ricos do Brasil não pagam impostos ou
muito pouco pagam em vista da fortuna que têm. Atitude essa da qual o pato
amarelo da FIESP (satirizado na apresentação da Paraíso do Tuiuti e
posteriormente censurado na apresentação das campeãs) muito bem reflete. Ou
seja, a velha lógica dos ganhos concentrados para poucos e prejuízos
socializados para todos. E não vou falar dos políticos por que eles nada mais
são que os aviõezinhos desses mesmos elementos ligados ao sistema financeiro. Os
quais assim como os aviõezinhos do narcotráfico fazem o serviço sujo e depois
ficam com as sobras do saque que eles fazem em nome de seus superiores.
Entretanto, quando algum escândalo estoura, a culpa toda cai no político
envolvido no caso, nunca no atravessador financeiro que está por trás de tudo.
E assim o fazendo de boi de piranha.
Em
realidade, os bandidos da favela existem por causa justamente dessa ligação com
a elite financeira nacional e internacional. Ou como vocês acham que o tráfico
por si só seria o problema que é e se sustentaria dessa forma sem tais ligações
com os donos do poder econômico (algo que o filme Tropa de Elite 2 muito bem
mostra)? E essa associação entre capital e drogas não é nada novo, diga-se de
passagem. Haja vista que o tráfico de ópio para a China no século XIX tinha
como intermediário a Companhia das Índias Orientais Britânicas. Tal ópio era
produzido pelos ingleses no norte da Índia e depois vendido na China por meio
do porto de Cantão. Na época, a droga foi utilizada pela Inglaterra como forma
de forçar a China a abrir seu mercado para os produtos manufaturados
britânicos. E posteriormente deu origem às duas Guerra do Ópio, que terminaram
em humilhante derrota para a China. E, como era de se esperar, não só o papel
dos atravessadores financeiros enquanto os verdadeiros chefões da criminalidade
como também a ligação existente entre a elite financeira nacional e
internacional (incluindo as ligações do megaespeculador internacional George
Soros com o narcotráfico) e os bandidos de rua é sistematicamente ocultada pela
grande mídia da qual os rentistas são seus patrocinadores e os bandidos das
favelas sendo mostrados como se fossem um fenômeno que do nada surge e que não
tem ligações com agentes externos a ele. Ou seja, como se não houvesse toda uma
estrutura, um solo fértil que periodicamente é adubado e irrigado que permite a
proliferação de tal erva daninha.
Por
que será que vocês tem tamanha tara em bater em pobres e negros quando fazem
suas batidas nas favelas? Gostaria de lançar um desafio a vocês. O que vocês
achariam de fazer uma revista dessas nos bairros nobres como Leblon, Ipanema e
outros? Pode ter certeza que lá vocês irão encontrar quilos e mais quilos,
quiçá toneladas, de drogas entre jovens de famílias abastadas.
Também
gostaria muito de saber se vocês teriam culhões para fazer uma batida policial
dessas no Itaú e cobrar de seu presidente os bilhões que o banco privado deve
ao fisco. Ou mesmo ir fazer uma batida dessas na Rede Globo e fazer o mesmo com
os filhos do Roberto Marinho. Ou quem sabe fazer isso com o Luciano Hang, o
dono das Lojas Havan (o qual teve a pachorra de comemorar a sentença
condenatória do TRF4 contra o Lula com fogos de artifício mesmo tendo esse
processo por sonegação fiscal milionária). E será que vocês teriam coragem de
fazer uma revista dessas como a que vocês periodicamente fazem nas favelas com
o filho ou o neto do João Paulo Lemann ou do Paulo Skaf (nosso querido e
ilustre industrial sem indústria)? Ou quem sabe de algum barão do agronegócio?
Parafraseando o que o finado Lucas Gomes Arcanjo (que hoje esteja nas mãos de
Deus no além) uma vez disse, vocês são os fodões para bater em pobre e preto na
favela e borra-botas quando o assunto é um sujeito como o Aécio Neves do
helicóptero com meia tonelada de cocaína, que tem poderosas ligações pessoais
que lhe muito úteis serão na hora de livrar a cara em caso de algum problema na
justiça (entre elas Zezé Perrella, Gilmar Mendes e o Judge Murrow).
E
militares, até quando vocês vão ficar fazendo o papel de gendarme a serviço de
pessoas como Moreira Franco (vulgo gatinho Angorá), Michel Temer e Sérgio
Etchegoyen? Vocês apenas terão meu respeito quando deixarem de servir a essa
gente e começar a ter culhão roxo para peitar essa quadrilha e outros ricaços.
A ser uma força a serviço de toda a população e não como capitães do mato a
serviço dos donos do poder político e econômico. As reformas do presidente
vampiro irão sugar seu sangue tanto quanto dos moradores das favelas. No que
mostra que vocês muito mais próximos estão dos moradores da favela que da elite
do atraso que vocês defendem e da qual o presidente vampiro e sua patota fazem
parte. O Exército é uma instituição grandiosa, do qual homens como Temer e
Sérgio Etchegoyen não são dignos de serem seus comandantes.
Não
estou querendo de forma alguma fazer defesa do tráfico. Muito pelo contrário. O
tráfico tem que ser combatido da forma mais dura possível. E o exemplo da China
sob Mao Zedong é bem ilustrativo disso, já que acabou com o problema da droga
em pouco tempo e assim livrou o país do secular flagelo do ópio. Apenas acho
que o problema do Rio de Janeiro muito mais embaixo se encontra e que não vai
ser com uma ação pirotécnica dessas (que provavelmente é um balão de ensaio
para outras similares no país, rumo a um eventual novo golpe militar) que o
problema será resolvido. Muito pelo contrário. Talvez dessa forma, o Brasil, o
nosso Brasil da elite do atraso, esteja caminhando para se tornar um novo
México. Ou quem sabe um novo Chile pinochetista (com a força das armas sendo
utilizada para a implantação da mais radical e drástica agenda neoliberal).
Foto – Capital B (vulgo Abelhão), o
vilão do jogo Yooka-Laylee.
Fica
aqui também meus parabéns à Paraíso do Tuiuti pela torta que jogaram na cara não
só do presidente vampiro e seu séquito como também dos empresários a qual ele
representa. Não duvido nem um pouco que por trás da censura no desfile das
campeãs tenha havido dedo por parte não só da quadrilha do presidente vampiro
como também de Paulo Skaf, o presidente da FIESP (tendo em vista a ausência dos
patos), ainda que indireto. Temer em realidade não passa de um pau mandado que está ai para fazer o
pacote de maldades que está fazendo em nome de seus superiores. Que nem o vilão
Capital B (vulgo Abelhão) de Yooka-Laylee (jogo estilo Banjo-Kazooie lançado
pela Playtonic no ano passado para as plataformas Playstation 4, Xbox One e Nintendo
Switch) em relação à organização V.I.L.E (a qual certamente será aprofundada em
um eventual Yooka-Tooyle).
Foto – Dois pesos e duas pedidas,
parte II: a retórica do bandido bom é bandido morte para quem?
Vai tomar no seu cu!
ResponderExcluirmano criança pore e mais suspeita veio por que os maconheiros vem mais nas regioes de pobre
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