Foto – Juízes em gambiarra.
Dia
15 de março de 2018 os juízes do Brasil irão fazer uma greve pela manutenção do
auxílio-moradia. Entretanto, a grande maioria (para não dizer todos) desses
juízes insatisfeitos com tal medida e que participarão da gambiarra em questão
tem imóvel próprio (entre eles Marcelo Bretas, o juiz que mandou o almirante
Othon para a prisão, e o Judge Murrow) e, portanto não precisam desse auxílio
para tal.
Tal
paralisação foi inicialmente convocada pela AJUFE (Associação dos juízes
federais) por causa da entrada em pauta no STF de liminares concedidas pelo
ministro Luiz Fux que garantiram o pagamento do auxílio-moradia aos magistrados
do juiz. Posteriormente ganhou o apoio de outras associações (as quais afirmam
que um possível corte do benefício seria uma forma de discriminar o trabalho da
Justiça e do Ministério Público). Tais organizações (que também criticam a não
aprovação de recomposição do subsídio dos juízes e a aceleração da tramitação
do projeto de alteração da lei de abuso de autoridade) tiveram a pachorra de
afirmar que a magistratura está debaixo de um suposto ataque insidioso por
causa de operações de combate à corrupção e que o corte do benefício seria uma
forma de retaliação (sendo que isso em realidade é briga entre corruptos).
Segundo
o que disse Rui Pimenta Costa em recente pronunciamento, “essa é a primeira greve
em favor do roubo institucionalizado do erário público do Brasil feita pelos
juízes”. É um escárnio, grande tapa na cara na cara de todos nós, brasileiros.
E isso ao mesmo tempo em que a maior parte da população está na mira das
políticas de arrocho, austeridade neoliberal e cortes de direitos do governo
Temer.
Como
todos nós sabemos, o judiciário brasileiro é um grande mar de sujeira e lama. E
isso a Operação Lava Jato (ou seria Lama Jato na verdade?) muito bem nos
mostrou. Mas, mesmo sendo todo esse mar de lama e sujeira, por que será que
nada acontece com o Judiciário brasileiro? Por que tão difícil é punir juízes e
outros magistrados? Segundo a jurista Eliana Calmon, ministra do STJ entre 1999
a 2013, há um forte espírito corporativista dentro do poder judiciário entre
seus próprios membros e que por isso muito difícil é punir juiz, por mais
abusos e ilegalidades eles tenham cometido. Talvez isso ajude a explicar o
motivo pelo qual até agora o Judge Murrow não foi punido por ter divulgado
ilegalmente na mídia as conversas entre Lula e Dilma no ano retrasado e fazer pouco
caso das leis e da Constituição (isso para não falar das costas quentes que
essa gente tem) e como a fiscal da lei seca Luciana Silva Tamburini teve que
pagar indenizações por danos morais ao juiz João Carlos de Souza Correa após
ter dito que “juiz não é Deus” (isso mesmo o juiz estando sem carteira de
habilitação e com o veículo sem placa e documentos).
Nessa
entrevista mesma Eliana Calmon também diz que a Car Wash não irá chegar no
Judiciário. Pelo que suas falas transparecem, Eliana Calmon parece não se dar
conta de que a própria Car Wash (ao menos seus médios e altos escalões) é parte
dessa estrutura corrompida do poder judiciário e que o que ela tem feito na
verdade é atacar aquilo que Jessé Souza chama de a “corrupção dos tolos” para
reforçar a verdadeira corrupção (ou seja, a boca de fumo da corrupção, que
envolve a intermediação financeira, bancos e especuladores). Em outras
palavras, atacam os aviõezinhos para reforçar o poder dos traficantes,
utilizando a terminologia do narcotráfico. Nunca que juízes como Marcelo Bretas
e o próprio Judge Murrow, procuradores como Deltan “Power Point da convicção” Dallagnol
e desembargadores (vulgo desembagrinhos) como Gebran e Paulsen vão querer
cortar na própria carne e deixar de desfrutar de todas as benesses que esse
sistema corrompido lhes proporciona (entre eles os vários auxílios que eles
ganham e que ajudam a turbinar seus salários).
Segundo
Jessé Souza em sua obra “A radiografia do golpe: entenda como você foi
enganado”, o que acontece com esses juízes é que quando eles entram na
magistratura querem poder desfrutar ao mesmo tempo da estabilidade do emprego
público e dos altos padrões de vida dos advogados das bancas privadas. Ou seja,
o melhor dos dois mundos. Pela Constituição Federal, um servidor público pode
no máximo ganhar R$ 33.763,00. E como esses juízes fazem para se igualar em
termos de salário e renda com os advogados das bancas privadas? Eles turbinam
seus salários por meio de gambiarras tais como auxílio-moradia, auxílio-luz,
auxílio-educação, auxílio-terno, auxílio-luz e tantos outros. E é por causa
disso que o Brasil tem a justiça mais cara do mundo.
Parafraseando
o título de uma música do Gabriel o Pensador: greve dos juízes do dia 15 de
março de 2018 pelo auxílio-moradia, é para rir ou para chorar? Até quando essa
gente para lá de suja ficará bancando a vestal da moralidade perante nós,
pobres mortais? E será que esses juízes, ao contrário das manifestações contra
as reformas do vampirão, serão recebidos com bala de borracha e repressão
policial?
Fontes:
Juízes
emitem nota afirmando “quem critica auxílio-moradia” é a favor da corrupção.
Disponível em:
Ministra Eliana Calmon denuncia
corrupção no judiciário. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AHZ2FhCMPhM&ab_channel=TVCartasProf%C3%A9ticas%2CporDomOrvandil
Os juízes querem fazer greve pela
legalização do roubo do dinheiro público. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SLZaPt7RHDQ&ab_channel=CausaOperariaTV
Por
dizer que “juiz não é Deus”, agente de trânsito indenizará magistrado do RJ.
Disponível em: https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/noticias/148854920/por-dizer-que-juiz-nao-e-deus-agente-de-transito-indenizara-magistrado-do-rj
Procuradores
e juízes do trabalho se juntam à greve por auxílio-moradia. Disponível em: https://www.poder360.com.br/justica/procuradores-e-juizes-do-trabalho-se-juntam-a-greve-por-auxilio-moradia/
Souza,
Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: LeYa,
2017.
Souza,
Jessé. A radiografia do golpe: entenda como e por que você foi enganado. Rio de
Janeiro: LeYa, 2016.
Essa que é a verdadeira inversão de valores que os coxinhas e os "neocons" tanto falam. porque se fossem professores ou enfermeiros dos sistema público fazendo greve por melhores salários e condições de trabalho, estariam criticando, chamando de vagabundos, de comunistas etc. No caso dos juízes, essa gente é capaz de apoiar eles. País hipócrita. Essa é a verdadeira inversão de valores.
ResponderExcluirJá estamos tendo a confirmação do meu comentário anterior: correios em greve e o povão metendo o pau nos correios na in ternet. Mas dos juízes, ninguém fala nada não é mesmo?
ExcluirE o curioso é que quando a direita fala das falcatruas do judiciário e seus supersalários (incluindo o Kim Kataguiri) eles nunca colocam as estrelas da Car Wash no meio.
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