domingo, 11 de março de 2018

A vergonhosa greve dos juízes pelo auxílio-moradia.



Foto – Juízes em gambiarra.
Dia 15 de março de 2018 os juízes do Brasil irão fazer uma greve pela manutenção do auxílio-moradia. Entretanto, a grande maioria (para não dizer todos) desses juízes insatisfeitos com tal medida e que participarão da gambiarra em questão tem imóvel próprio (entre eles Marcelo Bretas, o juiz que mandou o almirante Othon para a prisão, e o Judge Murrow) e, portanto não precisam desse auxílio para tal.
Tal paralisação foi inicialmente convocada pela AJUFE (Associação dos juízes federais) por causa da entrada em pauta no STF de liminares concedidas pelo ministro Luiz Fux que garantiram o pagamento do auxílio-moradia aos magistrados do juiz. Posteriormente ganhou o apoio de outras associações (as quais afirmam que um possível corte do benefício seria uma forma de discriminar o trabalho da Justiça e do Ministério Público). Tais organizações (que também criticam a não aprovação de recomposição do subsídio dos juízes e a aceleração da tramitação do projeto de alteração da lei de abuso de autoridade) tiveram a pachorra de afirmar que a magistratura está debaixo de um suposto ataque insidioso por causa de operações de combate à corrupção e que o corte do benefício seria uma forma de retaliação (sendo que isso em realidade é briga entre corruptos).
Segundo o que disse Rui Pimenta Costa em recente pronunciamento, “essa é a primeira greve em favor do roubo institucionalizado do erário público do Brasil feita pelos juízes”. É um escárnio, grande tapa na cara na cara de todos nós, brasileiros. E isso ao mesmo tempo em que a maior parte da população está na mira das políticas de arrocho, austeridade neoliberal e cortes de direitos do governo Temer.
Como todos nós sabemos, o judiciário brasileiro é um grande mar de sujeira e lama. E isso a Operação Lava Jato (ou seria Lama Jato na verdade?) muito bem nos mostrou. Mas, mesmo sendo todo esse mar de lama e sujeira, por que será que nada acontece com o Judiciário brasileiro? Por que tão difícil é punir juízes e outros magistrados? Segundo a jurista Eliana Calmon, ministra do STJ entre 1999 a 2013, há um forte espírito corporativista dentro do poder judiciário entre seus próprios membros e que por isso muito difícil é punir juiz, por mais abusos e ilegalidades eles tenham cometido. Talvez isso ajude a explicar o motivo pelo qual até agora o Judge Murrow não foi punido por ter divulgado ilegalmente na mídia as conversas entre Lula e Dilma no ano retrasado e fazer pouco caso das leis e da Constituição (isso para não falar das costas quentes que essa gente tem) e como a fiscal da lei seca Luciana Silva Tamburini teve que pagar indenizações por danos morais ao juiz João Carlos de Souza Correa após ter dito que “juiz não é Deus” (isso mesmo o juiz estando sem carteira de habilitação e com o veículo sem placa e documentos).
Nessa entrevista mesma Eliana Calmon também diz que a Car Wash não irá chegar no Judiciário. Pelo que suas falas transparecem, Eliana Calmon parece não se dar conta de que a própria Car Wash (ao menos seus médios e altos escalões) é parte dessa estrutura corrompida do poder judiciário e que o que ela tem feito na verdade é atacar aquilo que Jessé Souza chama de a “corrupção dos tolos” para reforçar a verdadeira corrupção (ou seja, a boca de fumo da corrupção, que envolve a intermediação financeira, bancos e especuladores). Em outras palavras, atacam os aviõezinhos para reforçar o poder dos traficantes, utilizando a terminologia do narcotráfico. Nunca que juízes como Marcelo Bretas e o próprio Judge Murrow, procuradores como Deltan “Power Point da convicção” Dallagnol e desembargadores (vulgo desembagrinhos) como Gebran e Paulsen vão querer cortar na própria carne e deixar de desfrutar de todas as benesses que esse sistema corrompido lhes proporciona (entre eles os vários auxílios que eles ganham e que ajudam a turbinar seus salários).
Segundo Jessé Souza em sua obra “A radiografia do golpe: entenda como você foi enganado”, o que acontece com esses juízes é que quando eles entram na magistratura querem poder desfrutar ao mesmo tempo da estabilidade do emprego público e dos altos padrões de vida dos advogados das bancas privadas. Ou seja, o melhor dos dois mundos. Pela Constituição Federal, um servidor público pode no máximo ganhar R$ 33.763,00. E como esses juízes fazem para se igualar em termos de salário e renda com os advogados das bancas privadas? Eles turbinam seus salários por meio de gambiarras tais como auxílio-moradia, auxílio-luz, auxílio-educação, auxílio-terno, auxílio-luz e tantos outros. E é por causa disso que o Brasil tem a justiça mais cara do mundo.
Parafraseando o título de uma música do Gabriel o Pensador: greve dos juízes do dia 15 de março de 2018 pelo auxílio-moradia, é para rir ou para chorar? Até quando essa gente para lá de suja ficará bancando a vestal da moralidade perante nós, pobres mortais? E será que esses juízes, ao contrário das manifestações contra as reformas do vampirão, serão recebidos com bala de borracha e repressão policial?
Fontes:
Juízes emitem nota afirmando “quem critica auxílio-moradia” é a favor da corrupção. Disponível em:
Ministra Eliana Calmon denuncia corrupção no judiciário. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AHZ2FhCMPhM&ab_channel=TVCartasProf%C3%A9ticas%2CporDomOrvandil
Os juízes querem fazer greve pela legalização do roubo do dinheiro público. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SLZaPt7RHDQ&ab_channel=CausaOperariaTV
Por dizer que “juiz não é Deus”, agente de trânsito indenizará magistrado do RJ. Disponível em: https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/noticias/148854920/por-dizer-que-juiz-nao-e-deus-agente-de-transito-indenizara-magistrado-do-rj
Procuradores e juízes do trabalho se juntam à greve por auxílio-moradia. Disponível em: https://www.poder360.com.br/justica/procuradores-e-juizes-do-trabalho-se-juntam-a-greve-por-auxilio-moradia/
Souza, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.
Souza, Jessé. A radiografia do golpe: entenda como e por que você foi enganado. Rio de Janeiro: LeYa, 2016.

3 comentários:

  1. Essa que é a verdadeira inversão de valores que os coxinhas e os "neocons" tanto falam. porque se fossem professores ou enfermeiros dos sistema público fazendo greve por melhores salários e condições de trabalho, estariam criticando, chamando de vagabundos, de comunistas etc. No caso dos juízes, essa gente é capaz de apoiar eles. País hipócrita. Essa é a verdadeira inversão de valores.

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    1. Já estamos tendo a confirmação do meu comentário anterior: correios em greve e o povão metendo o pau nos correios na in ternet. Mas dos juízes, ninguém fala nada não é mesmo?

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    2. E o curioso é que quando a direita fala das falcatruas do judiciário e seus supersalários (incluindo o Kim Kataguiri) eles nunca colocam as estrelas da Car Wash no meio.

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