sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Lava Jato e Tempus Veritatis - a farsa e a tragédia. Ou da miopia da esquerda colorida brasileira

 

Foto – Alexandre de Moraes.

Nos últimos dias, temos visto a ofensiva que a juristocracia brasileira, encabeçada pela figura de Alexandre de Moraes, atual ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), vem movendo toda uma ofensiva contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Para isso, ele vem sendo acusado de, entre outras coisas, por articular uma suposta tentativa de golpe de estado que teve lugar no dia oito de janeiro do ano passado (um golpe de araque, diga-se de passagem).

De um lado, vemos partidários do ex-presidente o defenderem e até chamarem Alexandre de Moraes como “ditador da toga”, como é o caso do pastor neopentecostal Silas Malafaia. 

E de outro, expressivos setores da esquerda brasileira, incluindo partidos como o PSOL e o PT, apoiando as ações de Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Bolsonaro. 


Ante essa situação, uma manifestação de partidários do ex-presidente foi marcada para o dia 25 do presente mês está marcada para acontecer em São Paulo, na Avenida Paulista.

Entretanto, cabe aqui ressaltar que Bolsonaro não é o único alvo da operação da Polícia Federal. Também estão sendo visados outras figuras tais como Valdemar Costa Neto (presidente do Partido Liberal), Augusto Heleno (ex-presidente do GSI), Anderson Torres (antigo ministro da Justiça), Walter Braga Netto (candidato à vice-Presidência) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).

Em sua obra “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, Karl Marx descreve a ascensão de Luís Napoleão (vulgo Napoleão III e sobrinho de Napoleão Bonaparte) ao poder na França. Que a história se repete primeiro como tragédia, e depois como farsa. E esse, definitivamente, não apenas é o caso da ofensiva que vemos contra Jair Bolsonaro, como também o caso de como a esquerda mainstream brasileira vem abordando em seus canais de comunicação sobre o assunto em questão.

É só acessarmos canais do You Tube tais como o TV 247, a TV Fórum, o Blog da Cidadania, o Plantão Brasil e outros tantos para ver a tônica do discurso dessa gente. Os títulos do vídeo já dão uma boa ideia do conteúdo dos mesmos, às vezes nem é preciso vê-los para isso. Até parece que eles estão vibrando com as ações do Xandão e que serão os primeiros a soltar fogos de artifício assim que o político carioca vier a ser preso (da mesma forma que quando Lula foi preso também houve gente que soltou fogos de artifício por conta da prisão dele). A única exceção que eu vi a isso foi o Diário da Causa Operária, ligado ao PCO (Partido da Causa Operária).

E o PCO é bem enfático no seguinte: de que uma eventual prisão de Bolsonaro não irá acabar com o bolsonarismo. Não há como discordar deles neste ponto, visto que será questão de tempo o vácuo deixado por Bolsonaro ser preenchido por outro político do seu naipe, talvez tão ou mais reacionário quanto o original.

Foto – Jair Messias Bolsonaro.

O que mais me impressiona na maneira como certos setores da esquerda brasileira, em especial partidos como o PT e o PSOL e seus apoiadores, é que eles não percebem que as ações do STF contra o ex-presidente Bolsonaro são, em essência, eivadas da mesma politicagem que a Operação Lava Jato moveu contra Lula lá atrás, nos idos de 2014 a 2018.

Por todos os meios possíveis e imagináveis, a Operação Lava Jato, em associação com a grande imprensa brasileira (Globo a enfrente) e sob o pretexto do combate à corrupção, foi com o tempo mostrando suas garras e procurou por meio dos esquemas de corrupção por eles investigados atuar no sentido de primeiro desmoralizar o governo Dilma, e em seguida derrubá-lo. O que eles conseguiram em 2016, por meio do impeachment de Dilma Rousseff.

Um dos ardis usados pelos procuradores e juízes do Paraná para desmoralizar e enfraquecer o governo Dilma foi a divulgação de uma conversa telefônica, obtida por meio de grampo telefônico, entre Lula e Dilma, que tratou a respeito da posse de Lula como Ministro da Casa Civil. No que resultou protestos de rua massivos contra a nomeação de Lula para o cargo, e no fim das contas Lula não apenas não virou Ministro da Casa Civil, como Dilma foi submetida a impeachment e derrubada do poder. Seu vice, Michel Temer (vulgo vampirão), assumiu a Presidência da República, com um ministério no qual não havia um único petista.

Foto – Protestos em Cuiabá contra a posse de Lula como Ministro da Casa Civil, 2016.

Entretanto, a derrubada de Dilma era apenas um balão de ensaio para o que estava por vir mais adiante. Como nós muito bem sabemos, o verdadeiro alvo dos procuradores e juízes do Paraná era Lula. Queriam a todo custo neutralizar e destruir politicamente o político pernambucano, e beneficiar os políticos orgânicos da classe dominante brasileira, os tucanos, com os quais Moro e companhia limitada possuem ligações de longa data.

Uma vez deposta Dilma, a Lava Jato atuou no sentido de influenciar os resultados das eleições de 2018 contra o Partido dos Trabalhadores e em favor dos tucanos, os tradicionais rivais do Partido dos Trabalhadores nas eleições federais até então. Visto que as pesquisas à época indicavam que Lula seria o vencedor.

A situação com Lula foi tal que durante anos a Lava Jato, antes mesmo de prender Lula, ficou cozinhando o político pernambucano por meio de histórias como a do Tríplex do Guarujá, dos pedalinhos no Sítio de Atibaia, os esquemas de corrupção na Petrobrás (que existem desde bem antes de Lula se tornar Presidente) e outras afins (da mesma forma que hoje cozinham Bolsonaro por meio de histórias como a das joias sauditas, do suposto envolvimento da família Bolsonaro com o assassinato de Marielle Franco e outras mais). E no meio dessa brincadeira toda, ante o stress ao qual foram submetidos, faleceu Marisa Letícia, esposa de Lula e primeira-dama do Brasil entre 2002 a 2010, aos 66 anos de idade, em 2017.

E naquela mesma época, lá estavam sites, blogs e canais do You Tube como os já citados TV 247, TV Fórum, Opera Mundi, Blog da Cidadania, Plantão Brasil e tantos outros na linha de frente da defesa de Lula, sob a alegação de que Moro e companhia limitada promoviam uma perseguição de caráter politiqueiro contra Lula com vistas a influenciar as eleições de 2018 em favor de políticos contrários ao Partido dos Trabalhadores e que não havia provas concretas contra o político pernambucano.

Processo esse que no fim das contas levou à prisão de Lula naquele mesmo ano e à posterior soltura do mesmo, após 580 dias no cárcere na prisão de Curitiba. Lula foi preso, e em seu lugar Haddad concorreu como candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República. Só que algo não saiu dentro do planejado de Moro e companhia limitada. A Lava Jato promoveu uma devassa tamanha sobre o sistema político brasileiro que toda a questão da corrupção respingou em praticamente todos os grandes partidos da política brasileira, de tal modo que a candidatura tucana de Geraldo Alckmin não decolou e nem mesmo foi para o segundo turno. Terminou em quarto lugar, atrás mesmo até de Ciro Gomes, tendo recebido apenas 4,76% dos votos válidos.

No fim das contas, a Lava Jato repetiu no Brasil a mesmo desastre que a Operação Mãos Limpas (e, como é de conhecimento público, a Lava Jato se inspirou na Operação Limpas) legou à Itália, na qual após fazer tamanha devassa sobre o sistema político italiano abriu caminho para Silvio Berlusconi, então magnata da mídia e presidente do AC Milan, tornar-se premiê da nação peninsular.

No caso brasileiro, aquele que foi o grande beneficiário do vácuo que a Lava Jato deixou sobre o sistema político brasileiro foi o político carioca Jair Messias Bolsonaro. Um político do chamado baixo clero que ao longo de vários mandatos como deputado federal passou por vários partidos. Uma vez eleito após vencer as eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro premiou Sérgio Moro com o cargo de ministro da Justiça, até que depois de um tempo as duas partes se desentenderam, em 2020. E o resto é história.

Os anos se passaram, e agora essa mesma história se repete, dessa vez contra Bolsonaro, por meio da Operação “Tempus Veritatis”, que em latim significa hora da verdade. E a história em essência é a mesma: da mesma forma que Moro, Dallagnol e companhia limitada fizeram de tudo para destruir e neutralizar Lula politicamente e torná-lo inelegível em 2018, hoje Moraes e companhia limitada pretende fazer a mesma coisa com Bolsonaro. Destruir e neutralizá-lo politicamente de forma a torná-lo inelegível para as eleições presidenciais de 2026, da mesma forma que o alto establishment norte-americano, ligado à CIA, ao Pentágono e outras altas instâncias de poder, faz perseguição de caráter politiqueiro similar com Donald Trump.

Como já dito acima, o que mais me impressiona nesse caso é a miopia por parte de amplos setores da esquerda brasileira, os quais não enxergam que por trás da “Tempus Veritatis” há a mesma politicagem que a Operação Lava Jato moveu contra Lula e os petistas e que eles condenaram à época. E mais do que isso: será que eles não percebem que lá na frente a juristocracia que hoje reina no Brasil, a juristocracia a qual eles inclusive agora estão jogando confetes, a hora em que a parceria com o PT não lhes for mais conveniente não resolva se voltar contra os atuais parceiros?

E fazendo um gancho com outro caso dos dias hodiernos: essa mesma esquerda vem defendendo o padre Júlio Lancellotti (sobre o qual pairam histórias bem nebulosas de longa data, incluindo o caso da Pajero de 2007, além de um caso de abuso nos anos 1980 contra um coroinha de Igreja que à época tinha 11 anos de idade) com unhas e dentes diante das acusações que vem sendo feitas contra ele, em especial por conta do vídeo indecente dele (que foi periciado e cuja veracidade foi confirmada por dois peritos). Até alegam (como é o caso de Eduardo Guimarães, do blog da Cidadania) que por trás disso tudo há interesses da Extrema Direita Católica, do agronegócio e de políticos da direita paulistana em mover processo contra Júlio Lancellotti (o qual, por seu turno, é ligado à corrente Teologia da Libertação).

Eu fico imaginando com os meus botões o seguinte: se religiosos que essa gente não nutre simpatia alguma, tais como o padre católico Paulo Ricardo e os pastores neopentecostais Silas Malafaia, Valdemiro Santiago e Marco Feliciano (por eles comumente acusados de “mercadores da fé”; vale aqui lembrar que durante certo tempo, mais precisamente durante os dois primeiros governos Lula, alguns destes pastores, como é o caso de Silas Malafaia, eram aliados do Partido dos Trabalhadores, até romperem com o mesmo), ou alguém ligado a movimentos e organizações como o Centro Dom Bosco e o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, estivessem envolvidos em imbróglios similares, a história seria completamente diferente. A postura mudaria da água para o vinho, e essa turma do PSOL e do PT seriam os primeiros a pedir a cabeça dos mesmos e os atacariam e os cancelariam avidamente a ponto de querer vê-los apodrecendo atrás das grades (diga-se de passagem, é só fazer uma busca por comentários dessa gente pela Internet que poderão ser encontrados comentários de que deveria ser feita uma de Igrejas evangélicas, e ao mesmo tempo se calam quando o assunto é investigar as ONGs que promovem uma espécie de indústria da miséria em lugares como a cracolândia em São Paulo, precisamente onde o padre Lancellotti atua junto aos moradores de rua locais). Mas, como se trata do padre amiguinho deles (o qual ganhou o apelido carinhoso de “cafetão da miséria” por parte de seus detratores na política paulistana), a conversa é outra. Dois pesos, duas medidas. A história se repetindo como tragédia, e depois como farsa, em outras palavras.

Foto – Padre Júlio Lancellotti.

Fontes:

De Lula a Bolsonaro: o jogo pelo poder de Silas Malafaia. Disponível em: https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/de-lula-a-bolsonaro-o-jogo-pelo-poder-de-silas-malafaia/#:~:text=Silas%20Malafaia%20se%20tornou%20%C3%A1vido,junto%20ao%20pastor%20Nilson%20Fanini.&text=Malafaia%20permaneceu%20ao%20lado%20do,Serra%20(PSDB%2DSP).

Eleição presidencial no Brasil em 2018. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_no_Brasil_em_2018

Entenda a escolha de Tempus Veritatis para a operação anti-Bolsonaro. Disponível em: https://www.poder360.com.br/justica/entenda-a-escolha-de-tempus-veritatis-para-a-operacao-anti-bolsonaro/

O fim do bolsonarismo? Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2024/o-fim-do-bolsonarismo/

O que realmente está por trás da operação da PF contra Bolsonaro. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2024/o-que-esta-realmente-por-tras-da-operacao-da-pf-contra-bolsonaro/

Um comentário:

  1. Enquanto a esquerda encabeçada por PT, PSOL, PCdoB, PSTU e por youtubers como Felipe Neto, Carlito Neto, Clayson, Professor José, Tony Devito, Canal Meteoro, Canal Galãs Feios e companhia limitada solta confetes e serpentinas para os bandidos togados do STF, crentes que estes estão lutando a favor da "demogracinha", quando menos esperar, esses mesmos abutres que os citados tanto defendem e tecem loas, quando menos esperar, vão sacrificá-los como meros bois de piranha.

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