KEITH WOODS
Com tantos cristãos estadunidenses e brasileiros defendendo
Israel irracionalmente, independentemente de suas mentiras e atrocidades,
torna-se necessário examinar brevemente a origem do sionismo cristão nos EUA.
Um em cada quatro cristãos americanos diz acreditar que é sua responsabilidade bíblica apoiar a nação de Israel.
Mas por que há tantos sionistas cristãos nos Estados Unidos?
O que é o sionismo cristão?
Os sionistas cristãos acreditam que o povo judeu tem o
direito bíblico de ter uma pátria na Palestina e que os cristãos devem ser
ativos na promoção desse direito.
Essa crença tem suas raízes em uma heresia tradicional
conhecida como “dispensacionalismo”.
Os dispensacionalistas acreditam que a nação de Israel é
distinta da Igreja Cristã e que Deus ainda não cumpriu suas promessas à Israel
nacional.
Os adeptos acreditam que a fundação do Estado de Israel em 1948 foi um cumprimento necessário da profecia.
Essas crenças são muito estranhas ao cristianismo
tradicional – os Pais da Igreja viam a própria igreja como o Novo Israel.
Os dispensacionalistas desconsideram a tradição e fazem uma
leitura literalista das escrituras, vendo a igreja como uma inserção temporária
no fluxo da história.
Como essa leitura literalista da Bíblia se tornou tão predominante nos EUA?
Isso se deve principalmente a C.I. Scofield, autor da Bíblia
de Referência Scofield de 1909.
Suas anotações induziram gerações de evangélicos americanos
a acreditar que Deus exigia seu apoio ao sionismo.
Ao apresentar sua Bíblia, Scofield reivindicou o título de
Doutor em Divindade, embora nenhum seminário nos Estados Unidos o tenha
aceitado como aluno.
O comentário de Scofield sobre o Gênesis é fundamental para a crença sionista cristã, pois diz-se que ele contém uma ordem de Deus para servir à nação de Israel.
Um estudioso chamou a Bíblia de Scofield de “talvez a obra
mais influente introduzida na vida religiosa dos Estados Unidos durante o
século XX”.
Mas como um cristão renascido, com pouca qualificação,
causou um impacto tão grande?
Na biografia O Incrível Scofield e Seu Livro, o autor
escreve: “A admissão de Scofield no Lotus Club, que não poderia ter sido
solicitada por Scofield, fortalece a suspeita que já havia surgido antes, de
que alguém estava dirigindo a carreira de C.I. Scofield”.
Esse alguém, segundo se sugere, era o advogado de Wall
Street Samuel Untermeyer.
A teologia de Scofield foi “muito útil para fazer com que os
cristãos fundamentalistas apoiassem o interesse internacional em um dos
projetos favoritos de Untermeyer – o Movimento Sionista”.
Samuel Untermeyer era um rico advogado judeu e sionista.
Untermeyer financiou a criação do Jewish Theological
Seminary (Seminário Teológico Judaico), foi presidente da Keren Hayesod – a
principal organização sionista da América na época – e foi vice-presidente do
Congresso Judaico Americano.
Em “Teoria da Guerra Injusta: Sionismo Cristão e o Caminho
para Jerusalém”, o Prof. David W. Lutz escreve:
“Untermeyer usou Scofield, um advogado de Kansas City sem
treinamento formal em teologia, para injetar ideias sionistas no protestantismo
americano.”
“Untermeyer e outros sionistas ricos e influentes que ele
apresentou a Scofield promoveram e financiaram a carreira deste último,
incluindo viagens à Europa.”
Enquanto estava na Inglaterra, Scofield conheceu o diretor
da Oxford University Press, que ficou entusiasmado com o projeto.
Se não fosse pela Bíblia de Scofield, os presidentes dos EUA influenciados pelo sionismo cristão poderiam estar mais dispostos a colocar os interesses de seu país acima de Israel, e mais cristãos americanos teriam uma visão crítica de um estado onde os cristãos atualmente enfrentam intensa perseguição.
Fonte: As
Origens do Sionismo Cristão nos EUA | Nova Resistência (novaresistencia.org)
MEUS COMENTÁRIOS
Este é um texto que eu encontrei no site do movimento Nova
Resistência a respeito da questão do sionismo cristão. Algo sobre o qual pouco
dei pouca atenção nas últimas postagens.
O fato é que vários elementos ligados a denominações
religiosas neopentecostais, entre eles Rodrigo Mocellin, Silas Malafaia e
outros, se manifestaram por meio de vídeos no You Tube a favor de Israel na
presente crise no Oriente Médio (alguns dos quais receberam respostas por parte
de Mansur Peixoto, da página “História Islâmica”). Outros elementos da direita
neocon brasileira, como Carla Zambelli e Nikolas Ferreira, também se
posicionaram a favor de Israel. E de cereja do bolo, os membros do clã
Bolsonaro, com postagens como a seguinte no You Tube, claramente tentando
vincular o governo Lula com o Hamas. Exemplo disso é a imagem abaixo, tirada da
comunidade do You Tube de Carlos Bolsonaro:
Foto – Postagem datada de oito de novembro de Carlos Bolsonaro (vulgo 02) na comunidade do You Tube em que ele tenta vincular José Genoíno, eminente e histórico membro do Partido dos Trabalhadores, ao Hamas.
Bolsonaro, dado o fato de ser ex-presidente da República e a
popularidade que ele ainda desfruta entre parcelas expressivas da população
brasileira, é sem sombra de dúvidas o expoente máximo do sionismo cristão no
Brasil. E isso é algo que vem de vários carnavais.
Nos governos petistas, Bolsonaro se queixava da política
externa do país à época por conta das relações com países da América Latina
governados por regimes de esquerda tais como Cuba, Venezuela e Bolívia, assim
como de países como Irã, Líbia e Coréia do Norte. Até se queixou certa vez de
que Lula “queria a bomba atômica para o Ahmadinežad”.
Em 2014, quando Dilma Rousseff, então Presidente da
República, disse que as ações de Israel na Faixa de Gaza foram desproporcionais,
Bolsonaro pai enviou uma carta de desculpas ao embaixador de Israel. Uma das
coisas mais me deixam estarrecido a respeito dessa carta é que Bolsonaro pai
começa falando sobre o passado de Dilma como membra de grupos de luta armada
como o Colina e o VAR-Palmares no tempo da ditadura civil-militar brasileira.
Vejam só que curioso: Bolsonaro se queixando do passado de Dilma para o
embaixador de uma nação que foi forjada e formada sob o signo do terrorismo e
que teve como premiês nomes como David Ben Gurion, Itzhak Šamir e Menachem
Begin, egressos de grupos como o Haganah, o Likud e o Irgun.
Foto – A carta de Bolsonaro de 2014 ao embaixador de Israel.
É o mesmo Bolsonaro pai que nos idos de 2009 e 2010 não
apenas se posicionou contra a presença de Cesare Battisti em solo brasileiro
por conta do passado dele como membro do PAC (Proletários Armados pelo
comunismo) nos anos de chumbo da Itália e os quatro crimes a ele atribuídos,
como também contra a possibilidade de Dilma tornar-se Presidente da República
por conta de seu passado nos anos de chumbo da história do Brasil (lembrando
que o mesmo Bolsonaro, em 2005, quando o petista José Genoíno foi depor na CPI
do Mensalão, trouxe para a mesma o coronel Lício Maciel, o captor de Genoíno na
guerrilha do Araguaia, com a clara intenção de constranger o petista).
Em 2016, no mesmo dia em que o Senado brasileiro votou pela
admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, o mesmo Bolsonaro estava em
Israel, e lá foi batizado nas águas do Rio Jordão pelo pastor Everaldo (o mesmo
pastor Everaldo que em 2020, sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro).
Foto – Batismo de Bolsonaro no Rio Jordão.
E as coisas não param por
aí.
Mais recentemente, Bozo pai (o mesmo Bozo pai que na
campanha de 2018 prometeu transferir a embaixada do Brasil em Israel para
Jerusalém) foi à Câmara dos Deputados, na qual se reuniu com o embaixador de
Israel. Lá, assistiu a um filme sobre o Hamas.
Além disso, Eduardo Lima, do canal “anti-imperialismo”, trouxe a seguinte notícia: de que a Polícia Federal fez uma operação conjunta com o Mossad. Uma operação destinada a supostamente prender pessoas ligadas ao Hezbollah, sob a acusação de “constituir ou integrar organizações terroristas e realizar atos preparatórios de terrorismo”.
Lembram-se daquela foto em que Carlos e Eduardo Bolsonaro, os filhos 02 e 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro, estão andando pelas ruas de Israel com camisa do Mossad e da IDF? Juntando os pontos, nada me tira da cabeça que eles possam estar envolvidos de alguma forma nessa recente operação da PF (que está acontecendo sob o impávido nariz de Flávio Dino). E mais do que isso: não me surpreenderia nem um pouco descobrir que eles são uma espécie de embaixadores da inteligência israelense no Brasil. Haja vista que no ano retrasado o próprio Carluxo procurou os programas israelenses Pegasus e Sherlock para espionar opositores tanto dentro quanto fora do governo, e mais o trânsito que Dudu Bananinha tem com a extrema direita internacional (vide as fotos dele ao lado de Steve Bannon).
Foto – 02 e 03 desfilando pelas ruas de Israel com camisas do Mossad e da IDF.
Fico imaginando o escândalo que os mesmos filhos do
Bolsonaro (além de outros elementos da direita neocon brasileira) não fariam nas
redes deles caso algum político da esquerda brasileira (em especial do PT)
tirasse foto com camiseta do FSB russo, da Guarda Revolucionária iraniana ou do
MSE chinês.
Foto – Bolsonaro e Netanyahu.
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