quarta-feira, 24 de maio de 2023

Nelson Piquet e Lewis Hamilton: dois pesos, duas medidas.

 

Foto – Nelson Piquet Souto Maior.

Como nós vimos nos últimos meses, Nelson Piquet, tricampeão pela Fórmula 1 nos anos de 1981, 1983 e 1987, passou por todo um escrutínio nas mãos da justiça brasileira depois que descobriram depois de um ano que ele utilizou-se da palavra “neguinho” para se referir ao piloto britânico Lewis Hamilton, campeão pela Fórmula 1 nos anos de 2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020, ao comentar em entrevista ao podcast Motorsports Talks sobre o acidente ocorrido no Grande Prêmio da Inglaterra de 2021 entre Lewis Hamilton e Max Verstappen.

O escrutínio foi tal que Piquet não só teve que pagar R$ 5 milhões a ONGs para lá de duvidosas, como também foi excluído do paddock da Fórmula 1. A pecha de racista também recaiu sobre o piloto brasiliense, que também foi massivamente cancelado em redes sociais pela beautiful people.

Em decorrência da polêmica envolvendo Hamilton, muitos detratores de Piquet saíram de suas tocas e aproveitaram a oportunidade para fazer uma espécie de malhação de Judas em cima dele. Incluindo aqueles que se aproveitaram da ocasião para fazer as típicas comparações em tom depreciativo com o Ayrton Senna e até se lembrando de episódios como a ausência dele no velório de Senna em 1994. A ponto de dizer que Piquet tinha inveja de Senna por conta do fato de o segundo ser mais popular que o primeiro. Assim como a imprensa brasileira, com o qual Piquet nunca teve um bom relacionamento desde os tempos em que ele ainda era piloto.

Gostaria de aproveitar essa resenha para lembrarmos a todos de um episódio ocorrido há três anos, no Grande Prêmio da Áustria. Como também quero mostrar por meio dessa resenha os duplos padrões que os dirigentes da Fórmula 1 vêm adotando nessa questão, assim como os detratores de Piquet.

A história é a seguinte. Em 2020, por conta da pandemia da Covid-19, uma série de corridas do calendário da Fórmula 1 foram canceladas ou mesmo adiadas. De tal modo que a temporada 2020 começou não em 15 de março com o Grande Prêmio da Austrália como previsto originalmente (e como vem sendo há muitos anos no calendário da Fórmula 1), e sim no dia cinco de julho com o Grande Prêmio da Áustria, que teve lugar no circuito Red Bull Ring (antigo Österreichring e A-1 Ring), no município de Spielberg.

Na mesma época, as ruas não só dos Estados Unidos como também de outras partes do globo foram tomadas por massivos protestos depois que o afro-americano George Floyd foi morto nas mãos da polícia norte-americana. Antes do início da corrida, Lewis Hamilton liderou uma manifestação em frente à linha de chegada contra o racismo, colocando um dos joelhos no chão. Todos os pilotos utilizaram camisetas de cor preta com a inscrição “End Racism” (“fim ao racismo”), exceto Lewis Hamilton. O piloto da escuderia Mercedes apareceu com uma camiseta de cor preta com a inscrição “Black Lives Matter”, fazendo clara alusão ao movimento estadunidense.

Entretanto, nem todos os pilotos se ajoelharam: o holandês Max Verstappen (Red Bull Racing), o monegasco Charles Leclerc (Ferrari), o espanhol Carlos Sainz Jr. (McLaren), o russo Daniil Kvjat (Alpha Tauri), o finlandês Kimi Räikkönnen (Alfa Romeo Racing) e o italiano Antonio Giovinazzi (Alpha Romeo Racing) se recusaram a se ajoelhar e ficaram de pé. Kvjat, embora tenha usado uma camiseta clamando pelo fim do racismo, explicou o motivo da recusa em se ajoelhar. Que para ele, dentro da mentalidade russa, só se ajoelha pela pátria, pela bandeira e/ou por Deus.

Já os outros 14 pilotos, com Hamilton à frente, se ajoelharam.

Foto – Pilotos ajoelhados antes do início do Grande Prêmio da Áustria de 2020. Hamilton no meio, sem máscara.

E as coisas não param por ai: na mesma corrida o mesmo Hamilton “tatuou” o símbolo do Black Lives Matter (grupo esse do qual grande parte de seus militantes são brancos) no capacete dele, como podemos ver na foto abaixo.

Foto – Capacete de Hamilton com a insígnia do Black Lives Matter. Grande Prêmio da Áustria de 2020.

É o mesmo Black Lives Matter que em 2020 promoveu uma série de arruaças e motins nas ruas dos Estados Unidos e da Europa. Nos quaiscidadãos brancos eram forçados e intimidados a se ajoelharem perante osmilitantes do movimento, além de sofrerem toda sorte de humilhações nas mãos deles.


E é também o mesmo Black Lives Matter que no ano passado foi declarado pelo polêmico rapper Kanye West (que também é negro) como uma fraude, um engodo. Nas redes sociais do Rapper ele postou uma mensagem dizendo o seguinte: “todo mundo sabe que Black Lives Matter foi um engodo. Agora está acabado. Você é bem vindo”.

Foto – Mensagem de Kanye West sobre o Black Lives Matter no Twitter dele. Quatro de julho de 2022.

Hamilton é o típico sujeito que apoia certas pautas e movimentos como forma de sinalização de virtude perante o público. Tal qual faz, por exemplo, figuras como o cantor Justin Bieber quando aparecem por aí prestando apoio a grupos como o PETA e outros desse tipo.

O piloto afro-britânico chegou a comemorar a condenação de Piquet e soltou as seguintes pérolas em postagens na conta do Twitter dele: “essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte”. Mas, pelo visto, para alguém como Hamilton na Fórmula 1 há lugar para o racismo do bem que ele endossa por meio do apoio ao Black Lives Matter.

E a coisa não para por ai. Vejamos o posicionamento da Mercedes, a equipe da qual Hamilton faz parte desde 2013:

“Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória, de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo, e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora da pista. Juntos, compartilhamos a visão para um automobilismo diversificado e inclusivo, e este incidente destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor”.

Certa vez, mais precisamente nas eleições de 2010, o Tiririca disse que pior do que está não fica. Mas ele se equivocou redondamente e o posicionamento oficial da Fórmula 1 mostra bem isso:

“A linguagem discriminatória ou racista é inaceitável sob qualquer forma e não tem parte na sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o qual estamos comprometidos na F1”.

E para fechar com chave de ouro, o posicionamento da FIA (Federação Internacional do Automobilismo), uma das principais entidades do automobilismo a nível mundial:

“A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor”.

Outra pérola que Hamilton soltou a respeito do caso envolvendo Nelson Piquet: “Gostaria de reconhecer o governo do Brasil, acho incrível o que eles fizeram ao responsabilizar alguém, mostrando às pessoas que isso não é tolerado”. Ou seja, uma fala que claramente endossa o jogo sujo que é movido contra o ex-piloto e que um dia, inexoravelmente, chegará a todos nós.

Foto – Lewis Hamilton com camisa do Black Lives Matter. Grande Prêmio da Áustria de 2020.

Por conta de seu apoio ao Black Lives Matter, Hamilton até tomou um puxão de orelha da parte de Bernie Ecclestone, o velho dirigente da Fórmula 1, que certa vez foi taxado pelo próprio Hamilton de “ignorante” e “mal-educado” por comentários sobre racismo e diversidade na Fórmula 1 e que foi atacado por dizer que “em muitos casos negros são mais racistas que brancos”.

Segundo Ecclestone, Hamilton está sendo usado pelo Black Lives Matter e que eles estão ganhando muito dinheiro com isso. “Eu disse ao pai dele. ‘Lewis tem que ser cuidadoso’, por que ele está sendo usado por pessoas que estão apoiando este Black Lives Matter e eles estão tomando muito dinheiro disso. E ninguém sabe aonde isso vai”, disse o velho dirigente ao Telegraph.

Ecclestone ainda disse que se ele ainda estivesse a cargo da Fórmula 1 gestos tais como ajoelhamentos antes das corridas não aconteceriam.

Mas enfim, é aquela coisa. Como Lewis Hamilton é partidário do racismo do bem, ele não é submetido a escrutínio algum. As pessoas até acham lindo e maravilhoso ele se dizer a favor do Black Lives Matter, dizer-se vegano (ele inclusive chegou ao ponto de forçar uma dieta vegana ao cachorro da raça buldogue dele), pintar o capacete dele com as cores do movimento da sopinha de letras (vide Grande Prêmio da Arábia Saudita do ano retrasado) e outras “sinalizações de virtude”. Ao contrário do Nelson Piquet, o coisa ruim, o racista irremediável que odeia negros e tem inveja do Hamilton.

Parafraseando o grande escritor francês Émile Zola (1840 – 1902) durante o caso Dreyfuss, eu acuso esses detratores do Piquet que o cancelam e batem palmas pela condenação dele no presente momento por conta do episódio envolvendo Lewis Hamilton de serem uns hipócritas que batem palmas para o racismo do bem e fecham os olhos para o fato de o mesmo Hamilton ser apoiador de um grupo que é abertamente racista contra brancos e partidário da supremacia negra. E de não se darem conta de que estão abrindo os portões do inferno para que o Brasil venha a ser tomado por uma grande caça às bruxas identitária, na qual a menor crítica a certos grupos vai ser passível de cancelamento em redes sociais pela mesma beautiful people que cancelou o Nelson Piquet, seguido de condenações nos tribunais e multas milionárias a serem pagas a ONGs bem duvidosas. Um grande esquema de extorsão sendo montado sob o pretexto da justiça social e do combate a mazelas como o racismo e outras tantas, e com o caso envolvendo o tricampeão servindo de balão de ensaio desse mesmo esquema.

Foto – Capacete de Lewis Hamilton com as cores do movimento da sopinha de letras. Grande Prêmio da Arábia Saudita de 2021.

Por fim, quero deixar bem claro uma coisa a alguns desavisados: não estou aqui para justificar eventuais erros da parte de Piquet com base no apoio de Hamilton ao Black Lives Matter e outras causas e movimentos que ele faz para sinalizar virtude perante o público. Como diz o ditado, dois errados não fazem um certo. Também não estou aqui para entrar no mérito das escolhas políticas que Piquet fez ou deixou de fazer nos últimos anos. Isso não vem ao caso agora.

A questão aqui é outra, é mostrar a hipocrisia e os dois pesos e duas medidas dos detratores dele (incluindo a famigerada beautiful people que se ofende por qualquer coisa) que o cancela como também dos dirigentes da Fórmula 1 que excluíram Piquet do paddock da Fórmula 1 sob o pretexto do racismo pelo fato de que o tricampeão se referido a Hamilton como “neguinho”, ao passo que o mesmo Hamilton pode aparecer por aí desfilando e declarando apoio ao Black Lives Matter que nada acontece a ele. Pelo contrário, até batem palmas a ele e o exaltam como exemplo de piloto.

Fontes:

Grande Prêmio da Áustria de 2020. Disponível em: Grande Prêmio da Áustria de 2020 – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

F1: Lewis Hamilton poderia pegar até um ano de prisão por dieta vegana do cachorro. Disponível em: Hamilton poderia ser preso por dar dieta vegana ao cachorro (uol.com.br)

Hamilton rebate Piquet após ser chamado de “neguinho”: “vamos mudar a mentalidade”; F1 e Mercedes repudiam ato do brasileiro. Disponível em: Hamilton rebate Piquet após ser chamado de 'neguinho': 'Vamos mudar a mentalidade'; F1 e Mercedes repudiam ato do brasileiro - ESPN

Kanie West celebra vidas brancas e diz que Black Lives Matter é uma fraude. Disponível em: Kanye West celebra vidas brancas e diz que Black Lives Matter é uma fraude (tenhomaisdiscosqueamigos.com)

Kvyat explica o motivo por que não se ajoelhou na Áustria. Disponível em: F1 – Kvyat explica por que não se ajoelhou na Áustria (autoracing.com.br)

Lewis Hamilton ‘being’ used by Black Lives Matter, claims Bernie Ecclestone (em inglês). Disponível em: Lewis Hamilton ‘being used’ by Black Lives Matter, claims Bernie Ecclestone | The Independent

Para apoiar igualdade, Hamilton “muda” e traz “Black Lives Matter” em capacete. Disponível em: Para apoiar igualdade, Hamilton muda e traz 'Black Lives Matter' em capacete - Notícia de Fórmula 1 - Grande Prêmio - Notícia de Fórmula 1 - Grande Prêmio (grandepremio.com.br)

Para Lewis Hamilton, movimento Black Lives Matter foi fundamental na conquista do sétimo mundial de F1. Disponível em: Para Lewis Hamilton, movimento Black Lives Matter foi fundamental na conquista do sétimo mundial de F1 - GQ | Esportes (globo.com)

Pilotos explicam por que não se ajoelharam em protesto contra o racismo. Disponível em: GP da Estíria: Pilotos explicam por que não se ajoelharam em protesto contra o racismo (uol.com.br)

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Não faz sentido - ódio do bem

 

Foto – amostra de ódio do bem por parte de Felipe Neto (vulgo rei dos grandinhos).

Como dito na resenha anterior e dando continuidade à mesma, caso venha a ser aprovada a assim chamada “PL das Fake News” (vulgo PL 2630/20), o Brasil tornar-se-á um país regido pelo chamado “ódio do bem”. Haverá punições severas para o chamado “discurso de ódio”. Mas e quando esse mesmo tipo de discurso vem temperado com representatividade colorida, como que fica a coisa? Será que o discurso de ódio com representatividade colorida será submetido a esse mesmo tipo de escrutínio legal? Ou será que o monopólio desse tipo de discurso caberá a pessoas como o Felipe Neto? No fim das contas, quem irá determinar o que é “Fake News” e o que é discurso de ódio? Isso é o que as pessoas não entendem a respeito do PL 2630/20.

Com o PL 2630/20, o André Janones vai poder chamar o Nikolas Ferreira de “chupetinha” que nada ocorrerá a ele. Mas ai do mesmo Nikolas Ferreira se ele ousar se opor a que marmanjos barbados que se dizem mulheres frequentem o banheiro feminino da escola da irmã dele ou joguem no time de vôlei feminino da escola dela. O Felipe Neto vai poder destilar o ódio do bem dele que nada ocorrerá a ele, ao passo que qualquer um de nós poderá ser cancelado e submetido a extorsões por parte de ONGs por dizer palavras que desagradem a essa mesma gente (vide o recente caso envolvendo o tricampeão pela Fórmula 1 Nelson Piquet).

Mas afinal, o que é o “ódio do bem”, para começo de conversa? Em minha humilde opinião, é o típico ódio de justiceiros sociais, que se dizem da paz e do amor, mas que não tem o menor pudor em se utilizar das mesmas armas que aqueles que eles rotulam de odiosos para ofendê-los e levar adiante sua agenda político-ideológica. Em outras palavras, é o ódio com representatividade colorida, levado adiante e disseminado por verdadeiros lobos em pele de cordeiro.

Um bom exemplo de “ódio do bem” é o caso da escritora e criadora da série de livros Harry Potter, J. K. Rowling. Que em 2020 foi cancelada em redes sociais por fazer uma série de comentários que não agradaram nem um pouco a certas militâncias de justiceiros sociais. Entre esses comentários, o fato de ter dito que apenas mulheres menstruam.

O cancelamento sobre ela foi tal que até mesmo atores que fizeram parte do elenco dos filmes de Harry Potter, como são os casos de Daniel Radcliffe (o próprio Harry Potter) e de Emma Watson (Hermione), querendo sair bem na fita, endossaram o cancelamento a ela.

Foto – J. K. Rowling.

Um dos poucos que saíram em defesa de Rowling foi o ator Robbie Coltrane, finado no ano passado, que em Harry Potter fez o Hagrid. “Eu não acho que o que ela disse foi ofensivo realmente. Não sei por que, mas há uma geração inteira de pessoas no Twitter esperando para serem ofendidas. Elas não teriam vencido a guerra, certo? Sou eu falando como um velho rabugento”, ele declarou na ocasião.

Mais recentemente, tivemos o caso envolvendo Nelson Piquet, por ele ter se referido a Lewis Hamilton e a Nico Rosberg por palavras e expressões que alguns interpretaram como sendo racistas e homofóbicas em 2021 e que vieram à tona no ano passado, em entrevista ao canal Motorsports Talks, ao comentar sobre o acidente envolvendo Max Verstappen e Lewis Hamilton no Grande Prêmio da Inglaterra daquele ano, ocorrido no circuito de Silverstone.

Entre outras coisas, por conta da maneira como se referiu a Hamilton e Rosberg, o tricampeão não só tomou multa de R$ 5 milhões a ser paga a ONGs de justiceiros sociais, como também foi banido do paddock das provas da Fórmula 1 em julho de 2022. E o curioso é que se trata da mesma Fórmula 1 que dois anos antes, no Grande Prêmio da Áustria de 2020, fez uma homenagem enrustida ao grupo Black Lives Matter antes do início da corrida, na qual 15 dos 20 pilotos se ajoelharam em respeito ao grupo supremacista negro norte-americano que não só vive de destilar ódio do bem contra brancos (a ponto de intimidá-los a se ajoelhar perante eles e ofendê-los nas ruas), como também naquela época, na sequência da morte de George Floyd, promoveu uma série de arruaças e intimidações de cidadãos pelos Estados Unidos, além de saques e pilhagens de lojas e derrubada de monumentos históricos. Dois pesos e duas medidas na cara dura.

Foto – Nelson Piquet Souto Maior.

Faz um tempo, no Facebook, vi alguém compartilhando postagens nas quais mortes e acidentes de peões de rodeios, toureiros, domadores de feras, tratadores de zoológicos e outros profissionais que lidam com animais, durante o exercício do ofício deles, são comemorados. Uma coisa para lá de mórbida, cretina e canalha. E o que é isso, se não ódio do bem, o mesmo ódio do bem que o Felipe Neto vive destilando por aí (e que não toma sanção ou represália alguma por isso – pelo contrário, ele é convidado para ir à ONU junto com o Barroso para discutir sobre temas como “regulação da Internet” e “combate ao discurso de ódio”)?

Também no Facebook, vi postagens de pessoas comemorando a morte do famoso domador de leões e artista circense Orlando Orfei, ocorrida no dia 1º de agosto de 2015, em uma página dedicada ao próprio Orlando Orfei, por ele ter supostamente maltratado os animais com os quais ele trabalhou por longos anos. E detalhe: em postagens de aviso de falecimento e de sepultamento dele, que teve lugar no cemitério Jardim da Saudade.

Nascido em 1920 no seio de uma tradicional família circense italiana, Orlando Orfei, da 5ª geração da família Orfei, depois de trabalhar por anos em seu país natal se estabeleceu no Brasil nos fim dos anos 1960 e aqui fundou seu circo, o Circo Orlando Orfei, que em seus anos de glória chegou a viajar pela Amazônia, pela Argentina e outros países da América Latina. Também foi o dono do parque Tivoli no Rio de Janeiro (fechado em 1995). Além de suas apresentações com leões, Orlando Orfei também apresentava o número “Águas dançantes”.

Ao longo de sua longa carreira, Orlando Orfei (o qual em vida foi recebido por quatro Papas e que no carnaval do presente ano foi homenageado pela escola de samba Leões de Nova Iguaçu) sofreu vários acidentes de trabalho. Em um deles, ocorrido em Mogi das Cruzes, tomou 160 pontos depois de ter sido atacado em decorrência de uma briga entre leões por uma fêmea no cio.

Mas, por outro lado, podem ser encontradas várias fotos e vídeos de apresentações do mesmo Orlando Orfei abraçado junto a seus animais e até mesmo recebendo lambida de um deles (que é um sinal de afeto e reverência por parte do animal). 

Foto – Orlando Orfei (1920 – 2015) abraçado junto à leoa Elza.

Um que certamente seria alvo de “ódio do bem” por parte de justiceiros sociais nos dias de hoje é o lutador japonês de origem coreana Masutatsu Oyama (nascido Yong Eu Čoi).

Em vida, Oyama, que em três oportunidades esteve no Brasil, era conhecido pela alcunha de “God Hand”, ou a “Mão Divina”. Sua fama foi tamanha que a Capcom se inspirou nele para conceber o personagem Ryu Hoši, o protagonista da franquia de jogos de luta Street Fighter. Outro personagem de jogos de luta, Takuma Sakazaki (vulgo Mister Karatê), das franquias de jogos Art of Fighting e The King of Fighters (ambas da SNK), também foi inspirado em Oyama. O Pokémon Sawk também foi inspirado no lutador nipo-coreano.

Depois de ter treinado Judô e karatê do estilo Šotokan, ele criou sua própria escola de karatê, o karatê Kyokušin, e foi o organizador de diversas competições nacionais e internacionais da modalidade dele.

Dotado de grande força física, Oyama era uma pessoa que gostava de testar e colocar seus limites à prova. Costumava quebrar mais de 30 telhas, além de tijolos e pedras, por meio de técnicas de quebramento com uma pancada que ia de cima para baixo. Além disso, também lutou várias vezes contra touros. Nocauteou 49 deles, os quais tiveram seus chifres arrancados pelo lutador nipo-coreano. Outros três foram mortos por Oyama, o qual os derrubava por meio de uma técnica chamada que consistia em desferir um golpe com o punho direito sobre a fronte do animal. E foi assim que ele ganhou a alcunha de “God Hand”.

A fama de Oyama e seus feitos era tal que na cultura pop japonesa há várias referências a ele. A cena de Cavaleiros do Zodíaco na saga das 12 casas na qual o Seiya corta um dos cornos do elmo do Aldebaran, o cavaleiro de ouro de Touro, é uma clara referência a Oyama. Também são referências a Oyama cenas de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco em que o Tenšinhan e o Širyu aparecem meditando e treinando debaixo de uma cachoeira (curiosamente, ambos os personagens foram dublados na versão original pelo mesmo dublador – Hirotaka Suzuoki, finado em 2006, que também emprestou sua voz a personagens como Wolfgang Krauser no OVA 2 de Fatal Fury, Mestre Indra em Šurato, Hadžime Saito em Samurai X, Tatewaki Kuno em Ranma ½, Giovanni em Pokémon, Bright Noa em Mobile Suite Gundam e outros tantos). As cenas na cachoeira são referência ao treinamento de Oyama no monte Kyosume, em 1948. As cenas do Mister Satan em Dragon Ball quebrando telhas também são referências a Oyama. Mangás sobre Oyama também foram publicados, como é o caso de “Karate Baka Ičidai”, publicado na Shonen Jump em 1971 e escrita por Ikki Kadžiwara e que rendeu uma adaptação em anime de 47 episódios em 1973.

Se fosse vivo hoje em dia, com certeza era capaz de esses odiosos que dizem defender os animais resolverem cancelar Oyama da forma mais vil e canalha possível, com direito até mesmo a queima de livros dele (Oyama escreveu 80 deles) e o dodžo dele sendo objeto de depredação e pichação por parte desse pessoal tão amoroso e tão da paz. Quem sabe até com um linchamento dele e até de discípulos dele, sob a alegação de que eles compactuam com um assassino de animais. E com a morte dele sendo comemorada com fogos de artifício lançados ao céu.

Foto – Masutatsu Oyama, o mão divina (1923 – 1994).

Também falando em questão de animais, fico imaginando o que não seria, por exemplo, do naturalista australiano Steve Irwin, o afamado “Caçador de Crocodilos”, finado em 2006 depois de ter tomado uma ferroada de uma arraia no mar da Grande Barreira de Coral australiana, caso ele fizesse hoje o que ele fazia em vida nos anos 1990 e começo dos anos 2000.

Steve Irwin, um homem muito popular no país de origem dele e que gostava de situações perigosas, se notabilizou por ter criado uma nova linguagem de documentários, que deixou de ser um documentário com um narrador em terceira pessoa para documentários no qual se passa a ter a figura de um apresentador que interage não apenas com o público, como também com os animais dos locais que ele visitava. Fosse hoje, podem ter certeza que ele não só seria submetido a cancelamentos em redes sociais, como também haveria muitos idiotas comemorando a morte dele.

Foto – Steve Irwin (1944 – 2006), o “Caçador de Crocodilos”.

Eu fico também imaginando o que seria de humorísticos antigos tais como Três Patetas, o Gordo e o Magro, Chaves, Chapolin, Trapalhões e outros tantos caso fossem veiculados hoje, da maneira como foram veiculados na época deles. O tanto de implicância que não ia cair para cima, por exemplo, de certas piadas que neles podem ser encontradas (sendo que no caso dos Trapalhões, por exemplo, eles todos se zoavam entre si). O tanto de ódio do bem, bem ao estilo do Felipe Neto, que essa gente não destilaria para o lado deles sob a alegação de racismo, homofobia e outras afins e com direito a processos e extorsão por parte de ONGs para lá de duvidosas.

Tristes tempos de politicamente correto, em que vale tudo pela chamada justiça social. Até mesmo destilar o mais repulsivo, nojento e abjeto ódio para com certas pessoas enquanto se posa de justiceiro social “good vibes” e “paz e amor”.

Cria-se uma situação na qual o fato de você pertencer a uma minoria (que passa a ser tratada como se fosse uma espécie de bom selvagem dos dias de hoje, como os Navis do filme Avatar) passa a ser uma espécie de carteirada que te dá autorização para fazer toda e qualquer porcaria que ainda assim você não pode ser criticado, sob a pena de o autor da crítica ser taxado de racista, homofóbico, transfóbico e outros porretes retórico-lingüísticos. E com o próprio Felipe Neto (que em 2010 disse no vídeo sobre as bandas coloridas que vai chegar o dia em que será errado você ser heterossexual) contribuindo para a concretização dessa realidade sombria.

Fontes:

Astro do circo, Orlando Orfei morre aos 95 anos. Disponível em: Astro do Circo, Orlando Orfei morre aos 95 anos no Rio de Janeiro (gazetadopovo.com.br)

Daniel Radcliffe diz ser importante ir contra falas transfóbicas de J. K. Rowling. Disponível em: Daniel Radcliffe diz que foi importante ir contra J. K. Rowling (omelete.com.br)

Emma Watson defende pessoas trans após novo texto de J. K. Rowling. Disponível em: Emma Watson defende pessoas trans após novo texto de J.K. Rowling (omelete.com.br)

Fórmula 1 proíbe Piquet de acessar paddock após racismo com Hamilton. Disponível em: Fórmula 1 proíbe Nelson Piquet de acessar paddock após racismo com Hamilton (correiobraziliense.com.br)

Inspirações para o universo Street Fighter. Disponível em: O Doutor Nerd: INSPIRAÇÕES PARA O UNIVERSO STREET FIGHTER (doutornerds.blogspot.com)

Mas Oyama. Disponível em: Mas Oyama - Wikipedia

“Sosai” Masutatsu Oyama. Disponível em: "Sosai" Masutatsu Oyama | Kyokushin Karate

Orlando Orfei – o apóstolo da paz. Disponível em: Orlando Orfei: Orlando Orfei – O apóstolo da paz (orlandorfei.blogspot.com)

Robbie Coltrane, o Hagrid de “Harry Potter”, defende comentários de J. K. Rowling sobre mulheres trans. Disponível em: Robbie Coltrane, o Hagrid de ‘Harry Potter’, defende comentários de J.K. Rowling sobre mulheres trans | CinePOP Cinema

Pilotos se ajoelham em protesto contra o racismo antes do GP da Áustria. Disponível em: Pilotos se ajoelham em protesto contra o racismo antes do GP da Áustria - Superesportes

domingo, 7 de maio de 2023

Ratos e ratoeiras, leis e armadilhas - o PL das Fake News é a Ficha Limpa de hoje

 

Foto – Flávio Dino, atual ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil.

Está para ser aprovado o Projeto de Lei 2630/20, de autoria do senador federal Alessandro Vieira (CIDADANIA – Sergipe), que em sua ementa “institui a lei brasileira de liberdade, responsabilidade e transparência na Internet”.

Segundo o texto do PL 2630/20, os provedores de redes sociais e de serviços deverão proibir o uso de robôs e contas falsas em redes sociais (exceto em caso de conteúdo humorístico ou de paródia). Por outro lado, contas com nome social ou pseudônimo serão permitidas.

Votações foram feitas. A primeira ocorreu no Senado Federal no dia 30 de junho de 2020. Dos 79 senadores presentes na ocasião, 44 deles votaram sim e 32 votaram não, mais duas abstenções e duas ausências. A segunda, mais recente, teve lugar na Câmara dos Deputados, no dia 2 de maio desse ano, 192 votaram não enquanto que 237 votaram sim.

Como não poderia deixar de ser, tivemos reações das mais diversas ao Projeto de Lei.

Um que se posicionou de forma contrária à lei é Bruno Monteiro Aiub, o Monark. Este se mostrou revoltado com a situação toda e acusou empresas como o Google e o You Tube de terem apoiado isso tudo e que foi graças à censura dessas empresas que o Alexandre de Moraes tem o poder que tem hoje.

Por outro lado, canais de esquerda dos mais variados apoiam a iniciativa do ministro Flávio Dino. Políticos de esquerda como Guilherme Boulos, Jandira Feghali e outros se posicionaram a favor da PL 2630/20. 

O Meteoro também saiu em defesa do projeto de lei, assim como outros canais de esquerda como o Plantão Brasil. Felipe Neto (vulgo rei dos grandinhos), como não poderia deixar de ser, também saiu em apoio do PL 2630/20. Típico de alguém que apoia tudo o que não presta.

Do lado da esquerda, só vi o PCO se posicionando contra o PL 2630/20. Rui Costa Pimenta, o dirigente máximo do partido de orientação trotskista, disse ao TV 247 que por meio dessa lei o Brasil está se tornando um laboratório de ofensiva contra a Internet. Não há como não discordar dele nesse ponto.

O que dizermos a respeito do PL 2630/20, ou se preferirmos o PL das famigeradas Fake News?

Em minha humilde opinião, três coisas em específico saltam aos olhos:

Primeiro, da maneira como ela está posta, não vejo lisura alguma nessa lei. Visto que na prática se trata de um esquema de eliminação de concorrência. Ao mesmo tempo em que a mão do Estado brasileiro, sob os auspícios do ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino e da juristocracia hoje reinante no país, vai cair em peso sobre os bolsonaristas e outros elementos de direita sob o pretexto do “combate ao discurso de ódio” e da difusão das famigeradas “Fake News”, o Felipe Neto vai poder destilar seu ódio do bem por ai e não ser submetido à sanção ou punição alguma. Ele tornar-se-á o cancelador geral (e intocável) da República. A mídia tradicional (Globo à frente) também será poupada desse mesmo escrutínio.

Em outras palavras, é um esquema para punir e colocar atrás das grades pessoas como o Nelson Piquet e o Nikolas Ferreira (figura essa da qual não nutrimos grande simpatia, diga-se de passagem) para proteger o Felipe Neto e a grande imprensa nacional. Para proteger os odiadores do bem ao mesmo tempo em que os ditos “odiadores do mal” serão cancelados e depois colocados atrás das grades, por vezes até pelos mais ridículos motivos. E de brinde sendo submetidos a cancelamentos sumários nas redes sociais e sendo extorquidos por meio de multas na casa dos milhares ou mesmo milhões de reais a serem pagas a ONGs para lá de duvidosas (que nem feito recentemente com Nelson Piquet).

Em outras palavras, o que o PL 2630/20, da forma como está sendo colocado, vai fazer no Brasil é a instituição do “ódio do bem” como política de Estado. No fim das contas, vira uma questão de que você só pode proferir aquilo que é chamado de “discurso de ódio” se fizer isso com representatividade colorida. E que essa história de “combate ao discurso de ódio” no fim das contas não passa de uma grande falácia. Entenderam ou precisa desenhar?

Segundo, pelo ordenamento jurídico desse projeto, o que são Fake News? E o mais importante de tudo: quem irá determinar o que é Fake News? E o que será determinado como desinformação?

E quem não me garante que esse tipo de lei acabe se tornando uma ratoeira para apanhar alguém que fica sabendo que uma empresa como a Disney ou a Nickelodeon veicula em um desenho para o público infanto-juvenil cenas de beijos entre pessoas do mesmo sexo e se posiciona contrário a isso (como o Silas Malafaia fez em 2017 ao saber de uma cena dessa natureza no desenho da Disney Star versus as Forças da Mal – e nisso tendo sido respondido pelo Felipe Neto)? Com a pessoa sendo presa e multada sob o pretexto da difusão de “discurso de ódio”?

Ou para prender um pai de família que não aceita que um marmanjo barbudo que se diz mulher entre no banheiro feminino da escola da filha dele ou dê as caras no time de vôlei dela? E nisso ele sendo chamado de transfóbico, homofóbico e todo tipo de fobia e ainda sendo preso e submetido a extorsões por certas ONGs sob o mesmo pretexto?

Ou para que seja feito o mesmo com alguém que questione a lisura e a segurança das urnas eletrônicas? Ou com alguém que questione a eficácia das vacinas que temos hoje no mercado? Que questione narrativas vendidas por movimentos de cultura woke como a de que meninos e meninas não nascem com gênero e que podem escolhê-lo assim que puderam (e ai dos pais que se opuserem a isso)? Ou de que a flatulência da vaca é a responsável pelo aquecimento global e que por isso comer insetos é bom para ajudar a reduzi-lo (mentira deslavada essa que vem sendo utilizada para demonizar o consumo de carne e promover coisas como veganismo)? de que as florestas tropicais de qualquer país devem ser colocadas sob a responsabilidade de um órgão global sob o pretexto de serem “patrimônio global”? Ou que colocar um chip de cartão de crédito sob a pele para ter acesso facilitado à conta bancária é algo inovador e revolucionário? Isso e mais tantas outras coisas que podemos ficar listando.

Como bem disse Raphael Machado, um dos membros do movimento Nova Resistência, “Fake News não é conceito jurídico. Pior, é um termo vazio, aberto, em branco. Quem define o seu conteúdo? Quem tem o monopólio da verdade para dizer o que é Fake News?”.

E terceiro e talvez o mais importante de tudo, o PL 2630/20 nada mais é que a lei da Ficha Limpa de hoje.

É sintomático do fato de que a esquerda brasileira (excetuando-se talvez o PCO) não aprendeu nada com a prisão do Lula. Não está se dando conta do fato de que ela está armando mais uma ratoeira. A ratoeira que em um primeiro irá apanhar direitistas sob o pretexto do “combate ao discurso de ódio” e das famigeradas “Fake News”, mas que depois de um tempo também irá começar a apanhar gente de esquerda.

Uma grande ironia do destino: vocês estão lembrados que quando o Lula foi preso há cinco anos utilizaram-se da Lei da Ficha Limpa, a mesma Lei da Ficha Limpa que foi instituída e aprovada em 2010 (ou seja, no apagar das luzes do segundo governo do político pernambucano), para impugnar e invalidar a candidatura do mesmo Lula à Presidência da República no pleito eleitoral daquele ano?

E, para não ficarmos presos apenas à Lei da Ficha Limpa, os governos petistas aprovaram outras leis dessa mesma natureza. Vide as leis 12.850 (organizações criminosas) e 13.260 (antiterrorismo), publicadas em dois de agosto de 2013 e 16 de março de 2016, respectivamente. Também foi durante os governos petistas, em especial no Governo Dilma, sob o pretexto do combate à corrupção, que o Judiciário e o Ministério Público foram fortalecidos e ao mesmo tempo foram instituídas as figuras do Procurador Geral todo-poderoso e do diretor da Polícia Federal “imexível”. Figuras essas que serviram de base para o lawfare da Operação Lava Jato. Dessa forma, não é nenhuma surpresa vermos os petistas mais uma vez se prestando a esse papelão.

Alguns podem me dizer que a lei foi proposta não por um deputado ou senador petista, ou pelo Flávio Dino, e sim por um político do CIDADANIA. Sim, isso é verdade, mas isso não muda o fato de que a lei está sendo sancionada pelo Flávio Dino, que é ministro do terceiro governo Lula, e tudo indica que irá ser aprovada sob as barbas do Lula. Portanto, não tem como livrar a cara do PT nesse caso.

O fato é que hoje se pretende utilizar a Lei das famigeradas “Fake News” para supostamente combater as redes bolsonaristas. E quem não me garante que lá na frente a mesma Lei das Notícias Falsas não será usada também para perseguir, colocar a esquerda na ilegalidade e prender seus militantes? Sob a alegação de que a esquerda faz a mesma coisa? Pois da mesma forma que se utilizaram da lei da Ficha Limpa para impugnar e invalidar a candidatura de Lula em 2018, o sistema terá essa arma em mãos para invalidar a candidatura de figuras de partidos de esquerda sob a alegação de que eles espalharam “Fake News” a respeito de algum tema ou sobre alguém da direita “limpinha e cheirosa”.

Uma coisa é certa: não terei pena alguma do Partido dos Trabalhadores a hora em que este voltar a ser submetido ao mesmo escrutínio ao qual foi submetido no período entre 2013 a 2016 e mais uma vez apeado do poder por meio de golpe de Estado, tal qual aconteceu há sete anos. Com direito ao golpe do vice 2.0.

Como certa vez disse Karl Marx em sua obra “O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte”, “a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa”.

Foto – charge sobre a PL 2630/20.

Fontes:

PL 2630/2020. Disponível em: PL 2630/2020 — Portal da Câmara dos Deputados - Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br)

PL 2630/2020. Disponível em: PL 2630/2020 – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Projeto do Senado de combate às notícias falsas chega à Câmara. Disponível em: Projeto do Senado de combate a notícias falsas chega à Câmara - Notícias - Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br)