Foto – Pepe Le Gambá
(1945 – 2021).
Navegando
pelo VK esses dias, me deparo com duas notícias abaixo, ambas encontradas na
comunidade Medved’ Gomofob/Медведь Гомофоб:
Foto – O novo dicionário inclusivo da Grace Church School, de Nova York: uma novilíngua de fazer inveja a George Orwell e ao Grande Irmão de 1984.
Segundo
notícias publicadas na Fox News uma escola de Nova York, a Grace Church School,
vai começar a ensinar um “novo idioma inclusivo” às crianças, no qual não
haverá “mamãe”, nem “papai”, “garotos”, “garotas” e “Natal”. Segundo a notícia
em questão, a atual administração da escola considera tais palavras ofensivas.
Ao mesmo tempo, na instituição escolar há um clube LGBT para alunos do quinto
ano e aulas de transexualismo para alunos do sexto ano.
É isso mesmo
que vocês leram. Uma escola nova-iorquina irá exigir de seus professores não
utilizar mais palavras como “mamãe” e “papai”. Ao que parece, a direção da
escola acha que tais palavras podem invocar certos sentimentos que
(potencialmente) desagradam a algumas pessoas. Assim, no lugar de “mamãe” e
“papai”, deve-se dizer palavras como “adultos”, “parentes” e “família”. E no
lugar de “Feliz Natal” – “boas festas!” ou “Bom descanso!”.
Como podemos
ver, é uma linguagem no mínimo paradoxal: sob o pretexto de incluir grupos
sociais minoritários, promovem a exclusão da ampla maioria da população, a
ponto de transformar palavras como “pai” e “mãe” em verdadeiras ofensas.
Mas, a meu
ver, o pior dessa história toda não é a iniciativa da escola nova-iorquina por
si mesma (que já é medonha e absurda e que no fim das contas só irá gerar cada
vez mais antipatia quanto a homossexuais e outros grupos sociais minoritários –
e assim jogar toda essa gente indignada com tais medidas no colo de políticos
como Trump, Salvini e Marine Le Pen): é acontecer de a moda vingar, se alastrar
pelo mundo e chegar às escolas brasileiras (lembremos que na Terra Brasilis já
houve o caso de um estabelecimento escolar do Rio de Janeiro que lançou uma iniciativa
similar no que tange ao famigerado gênero neutro).
Foto – Senadora dos EUA: Experiências de sexo desde a pré-escola; penhor da futura prosperidade da América (traduzido do russo).
Também na
mesma página do VK, encontrei a notícia acima (do New York Post). Conta que senadora
de Nova York pelo Partido Democrata, Samra Brouke, que elaborou um projeto de
lei que exige a adoção por parte das escolas públicas de padrões de educação
sexual, elaborados pelo SIECUS (Conselho da Informação e Instrução Sexual dos
EUA; Sexuality Information and Educational Council of the United States na
sigla em inglês).
Sobre o
projeto de lei em questão, a senadora pelo Partido Democrata disse as seguintes
palavras: “Eu estou muito preocupada com o inaceitável alto nível de violências
em relações, de assédios e ataques sexuais, assim como de publicações online na
nossa sociedade moderna. Nós devemos dar à próxima geração os hábitos e a
educação necessários para seu florescimento”, ela disse.
Ainda segundo
a notícia trazida pelo New York Post, “os padrões da SIECUS exigem um ensino da
“identidade de gênero” das crianças a partir dos cinco anos e sugerem o uso de
bloqueadores hormonais para transgêneros a partir dos oito anos. Por volta dos
11 anos as crianças devem receber informação minuciosa sobre “sexo vaginal,
oral e anal”, assim como também aprender um grande número de identidades de
gênero, incluindo o terceiro sexo, assexuais e pansexuais”.
Fora do VK,
me deparei com a notícia de que querem também cancelar uma ilustre e icônica
personagem do seriado Chaves (El Chavo del Ocho no original), a Dona Clotilde
(interpretada pela espanhola Angelines Fernández e dublada no Brasil por Helena
Samara nos episódios clássicos e por Isaura Gomes em episódios mais recentes),
a bruxa do 71, por ela constantemente dar em cima do Seu Madruga (e o curioso é
que na vida real Ramón Valdez e Angelines Fernández eram amigos bem próximos e
estão enterrados no mesmo cemitério na Cidade do México).
Foto – Dona Clotilde e Seu Madruga (originalmente Don Ramón).
Quem mais
será que vão cancelar mais adiante? O Hayate/Change Griphon do Changeman,
notório por suas malfadadas tentativas de paquerar as garotas (em especial
figurantes) do nono seriado Super Sentai? Ou quem sabe o Cavaleiro Ladrão
Kiroz, o vilão de meio de série de Maskman, que abordou a Princesa Ian de
maneira grotesca quando tentou conquista-la (e que queria desposá-la a todo
custo)? O Mirok de Inuyaša, com seus pedidos de casamento para toda garota que
encontrava e seus periódicos toques nas partes íntimas da Sango? O Oolong e o
Mestre Kame, notórios e inveterados mulherengos do universo Dragon Ball? O
Jiraya de Naruto, outro mulherengo do mesmo naipe do Mestre Kame? O James Bond,
que a cada filme paquera no mínimo umas duas ou três garotas (e filme do James
Bond sem Bond Girls não é filme do James Bond, diga-se de passagem)? Ou quem
sabe o Borat pela cena em que tentou raptar a Pamela Anderson com um saco no
final do primeiro filme, intentando casar com ela segundo os costumes da
gloriosa nação do Cazaquistão?
Agora estamos
vendo no que a frouxidão da Warner quanto ao gambá francês está levando: os
canceladores de plantão estão dobrando a aposta. Após o cancelamento do Pepe Le
Gambá, também falaram em cancelar o Ligeirinho e a Felícia dentre os
personagens do universo Looney Tunes. E quanto mais empresas como Warner
baixarem a cabeça para tais sujeitos, a sanha deles não vai ser saciada. Pelo
contrário, irá aumentar cada vez mais e as apostas com o tempo serão duplicadas,
ou mesmo triplicadas. Psicologia básica: eles querem a tua mão agora para lá na
frente pegar o teu pescoço e te matar.
Tais notícias
são uma mostra do quanto há de hipocrisia no caso envolvendo o cancelamento do
Pepe Le Gambá. Um caso que não só me enoja profundamente, como também, diga-se
de passagem, diz muito mais não sobre o personagem criado por Chuck Jones nos
anos 1930, mas sobre quem são aqueles que o cancelam no presente momento.
Enoja-me
profundamente só de ver que esses mesmos que cancelam o icônico personagem do
Looney Tunes são os mesmos que devem achar lindo o Felipe Neto (vulgo garoto
colorido) expor crianças (o público-alvo dele, diga-se de passagem) a conteúdos
nem um pouco adequados a elas tanto na Internet quanto em revistas e a Disney,
entre outras coisas, mostrar beijos entre dois homens em desenhos destinados ao
público infanto-juvenil como Star vs as forças do mal. Mas ao mesmo tempo o
Pepe Le Gambá não pode flertar a Penélope no desenho de mais de 50 anos atrás
(e se dar mal a cada tentativa). Mas, como para os lacradores de plantão o
Felipe Neto e a Disney são do time deles, ambos têm carta branca para fazerem o
que quiserem. Dois pesos, duas medidas. Lacrar ou não lacrar, eis a questão.
Esse é o mar
de hipocrisia, anacronismo e estupidez daqueles que clamam pelo cancelamento de
icônicos personagens fictícios que não se ajustam ao pensamento politicamente
correto dos dias de hoje. Tempos sombrios esses em que vivemos, nos quais um
bando de canceladores que atuam em redes sociais querem cancelar até mesmo
personagens fictícios sob a alegação de que eles promovem coisas como aquilo
que eles chamam de “cultura do estupro”, ao mesmo tempo em que fecham os olhos
para coisas tão ou mais medonhas e pavorosas feitas por aqueles que fazem parte
do time deles.
Para eles
sexualização precoce de crianças e exposição de crianças a materiais que
poderiam muito bem ser classificados como +18 é ok, assim como escolas lançando
novilíngua bem ao estilo 1984 na qual não apenas o famigerado gênero neutro é
introduzido com a intenção de atender aos caprichos de um bando de Napoleões de
hospício, como também é proibido se falar em pai, mãe, garoto e garota. Mas, ao
mesmo tempo, é errado um gambá flertar a gatinha no desenho.
E o que é
pior: os famigerados Social Justice Warriors (SJW, na sigla em inglês) fazem
isso tudo em nome da famigerada tolerância e da diversidade e do combate ao
fascismo (um fascismo em grande parte abstrato e que não passa de um grande
espantalho criado por eles, diga-se de passagem), à homofobia, ao racismo e
outros males, assim como à famigerada “masculinidade tóxica” (outro espantalho
que eles criam) que essa gente ventila aos quatro ventos. Verdadeiros
tolerastas, diga-se de passagem.
Fontes:
Без “мамы” и без
“папы” – школа в Нью-Йорке предлагает ученикам новый лексиком (em russo). Disponível em: https://russian.rt.com/inotv/2021-03-13/Fox-News-bez-mami-i
Dossiê Felipe
Neto – Tudo o que você precisa saber [+18]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0_VmpolKbQ8
Escola do Rio
adota “linguagem neutral” em vocabulário: “querides alunes”. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/escola-do-rio-adota-linguagem-neutra-em-vocabulario-querides-alunes
Manhattan private school warns
against using ‘mom and dad’ in ‘inclusive language’ schools (em inglês). Disponível
em: https://www.foxnews.com/us/manhattan-private-school-mom-dad
Nas redes
sociais, movimento pede o ‘cancelamento’ da Dona Clotilde, a Bruxa do 71 do
Chaves. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/page-not-found/nas-redes-sociais-movimento-pede-cancelamento-de-dona-clotilde-bruxa-do-71-de-chaves-24925409.html?fbclid=IwAR37mWKc_gUrIjzZoDOUeszve6CrxrEPGyNd-XtDQMEYMY7f2cET9QieyQs
O livrão do
Felipe Neto e o conteúdo SEXUAL para crianças! Denunciado no Ministério
Público. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hGFp114A-z8
Verdadeiros lobos em pele de cordeiro esse bando de justiceiros sociais.
ResponderExcluirFui ler o documento PDF original, de leitura bem direta e poucas páginas, me surpreendi porque ele aborda vários outros temas que nem foram citados neste artigo: eles não aconselham falar nem sobre material escolar, afinal isso pode causar o mínimo de "aborrecimento" em quem não teria. O mesmo com qualquer deficiência, parece até que os alunos são banhados com álcool e não podem nem ficar um pouco esquentados.
ResponderExcluirMas sabe qual é o pior? Tem um subcapítulo que trata sobre religião e crenças e o texto fala: "invés de perguntar a religão, pergunte qual religião interessa mais o seu colega". Em um público-alvo de pré-adolecentes entre 11 e 15 anos; para os diretores eles podem assumir "sexualidade/gênero"(sei lá), mas não uma crença.