Blog sobre política de modo geral, com a intenção de mostrar visões alternativas ao que a grande mídia passa sobre certos fatos que ela periodicamente noticia e que as pessoas muitas vezes comem sem saber do que se trata.
MENSAGEM DE PEPE LE GAMBÁ AOS CANCELADORES DELE (ESCRITA POR MIM)
(É primavera.
Vemos Pepe Le Gambá andar por um campo florido e mais uma vez demonstrando o
romantismo típico dele. Como de praxe, ele irá atrás da gata Penélope com a
intenção de flertá-la).
Ah, l’amour, le sentiment plus noble de tous!
Comme c’est beau et sublime l’amour! L’amour, le sublime amour! L’amour, le
romantisme, fles fleures, le perfume de printemps, comme est bèlle la vie!
(De repente,
um bando de militantes da Black Lives Matter aparece na frente dele,
sentenciando-o um cancelamento sumário. Um deles o agarra com força e tenta
fugir, mas em vão. Detalhe: nenhum desses militantes é negro, todos eles são
brancos)
Mas espere, o
que? Mas o que est isto? Vous... querem me cancelar? Je ne entendo... mais
afinal, quem quer me cancelar e por qual motivo, razão ou circunstância?
(os
militantes da Black Lives Matter explicam a situação ao gambá galanteador e os
motivos pelos quais ele está sendo cancelado. Logo é a vez do gambá francês responder
às acusações imputadas a ele)
Enton es
isso, vous querem me cancelar parce que je supostamente estimulo une tal de “culture
de le râpé”. Só parce que je suis um gambá très romantique et que gosta de
mostrar et compartilhar mon romantisme con mes amadas, em especial la gata
Penélope.
Je suis un gambá très romantique, et je ne
entendo, como que vous podem ser très estúpidos et odiosos. Na verdade, je ne
compreendo vous, que parler muito sur un monde très justo, sans haine, sans
racisme, sans homofobie, sans chauvinisme et outres plaies, quando vous ne têm le
menor pudor em me atacar por causa de moins aventures romantiques.
Je tenho pena
de vous. Vous sont une bande de idiotas
que ne sabem de nada sur la vie. Olhem para vous que querem me cancelar. Se je
suis machiste et estimulo la famigerada « culture de le râpé”, o que dizer
de vous? Vous, non raro, passam o pano para les actes de estupradores,
assassines et autres persones ignobiles. Fizeram passeatas por causa de la mort
d’un homme avec une extensa ficha criminal, George Floyd. Mais problème c’est
je, por le fact de que je flerto la gata dans un dessin animé. Vous non
têm moral par parler sur mim! Nenhuma moral, seus odiosos! Vous exalam haine et hypocrisie!
Comme vous querem un monde plus justo et sans
cettes plaies estimulando plus haine, plus hypocrisie, plus discorde, plus
chaos? Na verdade, o que ils fazem est le même que lavar sang avec sang! Et
quando se lava sang avec sang, la sujeira non est limpa et fica dans le même
place.
Vous son piores que les politiciens de
l’extrême droit que vous criticam e dizem odiar! Ils valem plus que vous! Vous
son verdaderos loups em pele de cordeiro, alors que ils son loups assumidos.
Vous son piores parce que fazem les mêmes coisas que ils fazem, mais disfarçam
isto avecbelle rhétoriques sur droits
de l’homme et autres similaires!
Et est isso que vous querem,
troupeau d’hypocrites? Vous podem me cancelar hoje, mas lembrem-se das
palavras que lhes digo agora: vous estão para soltar a fera. Hoje a fera é
inofensiva et mesmo graciosa, mas avec le tempo elle crescerá et se tornará
cada vez mais feroz et faminta et irá devorá-los cedo ou tarde. Lembrem-se:
quem avec ferro cancela, avec ferro será cancelado.
(Infelizmente, as palavras de Pepe Le Gambá não sensibilizam seus
carrascos, de tão possessos que eles estavam. Em seguida, Pepe Le Gambá é
crucificado e incinerado pelos militantes da Black Lives Matter. E assim, Pepe
Le Gambá é levado ao martírio e morto a sangue frio por tais sujeitos. Dessa
forma que se deu o cancelamento de Pepe Le Gambá. Mas jamais nos esqueceremos
de você, Pepe. Você que tanto nos alegrou e nos divertiu).
Navegando
pelo VK esses dias, me deparo com duas notícias abaixo, ambas encontradas na
comunidade Medved’ Gomofob/Медведь Гомофоб:
Foto – O novo
dicionário inclusivo da Grace Church School, de Nova York: uma novilíngua de
fazer inveja a George Orwell e ao Grande Irmão de 1984.
Segundo
notícias publicadas na Fox News uma escola de Nova York, a Grace Church School,
vai começar a ensinar um “novo idioma inclusivo” às crianças, no qual não
haverá “mamãe”, nem “papai”, “garotos”, “garotas” e “Natal”. Segundo a notícia
em questão, a atual administração da escola considera tais palavras ofensivas.
Ao mesmo tempo, na instituição escolar há um clube LGBT para alunos do quinto
ano e aulas de transexualismo para alunos do sexto ano.
É isso mesmo
que vocês leram. Uma escola nova-iorquina irá exigir de seus professores não
utilizar mais palavras como “mamãe” e “papai”. Ao que parece, a direção da
escola acha que tais palavras podem invocar certos sentimentos que
(potencialmente) desagradam a algumas pessoas. Assim, no lugar de “mamãe” e
“papai”, deve-se dizer palavras como “adultos”, “parentes” e “família”. E no
lugar de “Feliz Natal” – “boas festas!” ou “Bom descanso!”.
Como podemos
ver, é uma linguagem no mínimo paradoxal: sob o pretexto de incluir grupos
sociais minoritários, promovem a exclusão da ampla maioria da população, a
ponto de transformar palavras como “pai” e “mãe” em verdadeiras ofensas.
Mas, a meu
ver, o pior dessa história toda não é a iniciativa da escola nova-iorquina por
si mesma (que já é medonha e absurda e que no fim das contas só irá gerar cada
vez mais antipatia quanto a homossexuais e outros grupos sociais minoritários –
e assim jogar toda essa gente indignada com tais medidas no colo de políticos
como Trump, Salvini e Marine Le Pen): é acontecer de a moda vingar, se alastrar
pelo mundo e chegar às escolas brasileiras (lembremos que na Terra Brasilis já
houve o caso de um estabelecimento escolar do Rio de Janeiro que lançou uma iniciativa
similar no que tange ao famigerado gênero neutro).
Foto – Senadora dos
EUA: Experiências de sexo desde a pré-escola; penhor da futura prosperidade da
América (traduzido do russo).
Também na
mesma página do VK, encontrei a notícia acima (do New York Post). Conta que senadora
de Nova York pelo Partido Democrata, Samra Brouke, que elaborou um projeto de
lei que exige a adoção por parte das escolas públicas de padrões de educação
sexual, elaborados pelo SIECUS (Conselho da Informação e Instrução Sexual dos
EUA; Sexuality Information and Educational Council of the United States na
sigla em inglês).
Sobre o
projeto de lei em questão, a senadora pelo Partido Democrata disse as seguintes
palavras: “Eu estou muito preocupada com o inaceitável alto nível de violências
em relações, de assédios e ataques sexuais, assim como de publicações online na
nossa sociedade moderna. Nós devemos dar à próxima geração os hábitos e a
educação necessários para seu florescimento”, ela disse.
Ainda segundo
a notícia trazida pelo New York Post, “os padrões da SIECUS exigem um ensino da
“identidade de gênero” das crianças a partir dos cinco anos e sugerem o uso de
bloqueadores hormonais para transgêneros a partir dos oito anos. Por volta dos
11 anos as crianças devem receber informação minuciosa sobre “sexo vaginal,
oral e anal”, assim como também aprender um grande número de identidades de
gênero, incluindo o terceiro sexo, assexuais e pansexuais”.
Fora do VK,
me deparei com a notícia de que querem também cancelar uma ilustre e icônica
personagem do seriado Chaves (El Chavo del Ocho no original), a Dona Clotilde
(interpretada pela espanhola Angelines Fernández e dublada no Brasil por Helena
Samara nos episódios clássicos e por Isaura Gomes em episódios mais recentes),
a bruxa do 71, por ela constantemente dar em cima do Seu Madruga (e o curioso é
que na vida real Ramón Valdez e Angelines Fernández eram amigos bem próximos e
estão enterrados no mesmo cemitério na Cidade do México).
Foto – Dona Clotilde
e Seu Madruga (originalmente Don Ramón).
Quem mais
será que vão cancelar mais adiante? O Hayate/Change Griphon do Changeman,
notório por suas malfadadas tentativas de paquerar as garotas (em especial
figurantes) do nono seriado Super Sentai? Ou quem sabe o Cavaleiro Ladrão
Kiroz, o vilão de meio de série de Maskman, que abordou a Princesa Ian de
maneira grotesca quando tentou conquista-la (e que queria desposá-la a todo
custo)? O Mirok de Inuyaša, com seus pedidos de casamento para toda garota que
encontrava e seus periódicos toques nas partes íntimas da Sango? O Oolong e o
Mestre Kame, notórios e inveterados mulherengos do universo Dragon Ball? O
Jiraya de Naruto, outro mulherengo do mesmo naipe do Mestre Kame? O James Bond,
que a cada filme paquera no mínimo umas duas ou três garotas (e filme do James
Bond sem Bond Girls não é filme do James Bond, diga-se de passagem)? Ou quem
sabe o Borat pela cena em que tentou raptar a Pamela Anderson com um saco no
final do primeiro filme, intentando casar com ela segundo os costumes da
gloriosa nação do Cazaquistão?
Agora estamos
vendo no que a frouxidão da Warner quanto ao gambá francês está levando: os
canceladores de plantão estão dobrando a aposta. Após o cancelamento do Pepe Le
Gambá, também falaram em cancelar o Ligeirinho e a Felícia dentre os
personagens do universo Looney Tunes. E quanto mais empresas como Warner
baixarem a cabeça para tais sujeitos, a sanha deles não vai ser saciada. Pelo
contrário, irá aumentar cada vez mais e as apostas com o tempo serão duplicadas,
ou mesmo triplicadas. Psicologia básica: eles querem a tua mão agora para lá na
frente pegar o teu pescoço e te matar.
Tais notícias
são uma mostra do quanto há de hipocrisia no caso envolvendo o cancelamento do
Pepe Le Gambá. Um caso que não só me enoja profundamente, como também, diga-se
de passagem, diz muito mais não sobre o personagem criado por Chuck Jones nos
anos 1930, mas sobre quem são aqueles que o cancelam no presente momento.
Enoja-me
profundamente só de ver que esses mesmos que cancelam o icônico personagem do
Looney Tunes são os mesmos que devem achar lindo o Felipe Neto (vulgo garoto
colorido) expor crianças (o público-alvo dele, diga-se de passagem) a conteúdos
nem um pouco adequados a elas tanto na Internet quanto em revistas e a Disney,
entre outras coisas, mostrar beijos entre dois homens em desenhos destinados ao
público infanto-juvenil como Star vs as forças do mal. Mas ao mesmo tempo o
Pepe Le Gambá não pode flertar a Penélope no desenho de mais de 50 anos atrás
(e se dar mal a cada tentativa). Mas, como para os lacradores de plantão o
Felipe Neto e a Disney são do time deles, ambos têm carta branca para fazerem o
que quiserem. Dois pesos, duas medidas. Lacrar ou não lacrar, eis a questão.
Esse é o mar
de hipocrisia, anacronismo e estupidez daqueles que clamam pelo cancelamento de
icônicos personagens fictícios que não se ajustam ao pensamento politicamente
correto dos dias de hoje. Tempos sombrios esses em que vivemos, nos quais um
bando de canceladores que atuam em redes sociais querem cancelar até mesmo
personagens fictícios sob a alegação de que eles promovem coisas como aquilo
que eles chamam de “cultura do estupro”, ao mesmo tempo em que fecham os olhos
para coisas tão ou mais medonhas e pavorosas feitas por aqueles que fazem parte
do time deles.
Para eles
sexualização precoce de crianças e exposição de crianças a materiais que
poderiam muito bem ser classificados como +18 é ok, assim como escolas lançando
novilíngua bem ao estilo 1984 na qual não apenas o famigerado gênero neutro é
introduzido com a intenção de atender aos caprichos de um bando de Napoleões de
hospício, como também é proibido se falar em pai, mãe, garoto e garota. Mas, ao
mesmo tempo, é errado um gambá flertar a gatinha no desenho.
E o que é
pior: os famigerados Social Justice Warriors (SJW, na sigla em inglês) fazem
isso tudo em nome da famigerada tolerância e da diversidade e do combate ao
fascismo (um fascismo em grande parte abstrato e que não passa de um grande
espantalho criado por eles, diga-se de passagem), à homofobia, ao racismo e
outros males, assim como à famigerada “masculinidade tóxica” (outro espantalho
que eles criam) que essa gente ventila aos quatro ventos. Verdadeiros
tolerastas, diga-se de passagem.
Recentemente,
a Warner anunciou que o clássico personagem Pepe Le Pew, pertencente ao
universo Looney Tunes, não vai mais aparecer no filme Space Jam 2. O
conglomerado do mundo do entretenimento tomou essa decisão depois que foi
publicado no The New York Times um artigo assinado pelo colunista Charles M.
Blow, no qual o dito cujo problematiza diversos personagens de animações
clássicas e afirmou que o gambá faz apologia e normaliza a famigerada “cultura
do estupro”.
Como veremos
abaixo, esse é um tema que se liga diretamente com o que foi abordado no artigo
anterior, “Freeza e Rei Vegeta”.
Pepe Le Pew (também
conhecido como Pepe Le Gambá) é um personagem que foi concebido por Chuck Jones
em 1930 e animado pela primeira vez 15 anos mais tarde. Pertence ao universo
Looney Tunes, e era famoso por seu estilo galanteador, pois o gambá francês vivia
tentando conquistar a gata Penélope depois que esta, de forma acidental, teve
suas costas pintadas com uma faixa branca, no que fez Pepe Le Pew a confundi-la
com uma gambá fêmea. Originalmente, foi dublado por Mel Blanc (e depois do
falecimento deste em 1989 recebeu outras vozes), enquanto que no Brasil recebeu
as vozes de dubladores como Waldyr Sant’anna, Ary de Toledo, Milton Luís e
Guilherme Briggs.
Antes da
polêmica em questão, o gambá teria uma pequena participação em Space Jam 2 (que
irá estrear em julho e será protagonizado por LeBron James, também produtor do
filme). A aparição dele no filme em questão sedaria da seguinte forma: ele apareceria como um barman que tenta seduzir
uma cliente no balcão (interpretada pela atriz brasileira Greice Santo – que
ficou muito chateada e desapontada com a exclusão dessa cena). Irritada com o
flerte, ela se afasta, joga a bebida no rosto dele e aplica uma tapa na cara
dele. Na sequência, Pernalonga e LeBron aparecem para ajuda-lo.
A coisa
chegou a tal ponto que a Warner decidiu produzir mais nada envolvendo esse
clássico e icônico personagem. E não foi só o gambá francês que foi alvo dessas
polêmicas. Também sobrou para outro personagem clássico dos desenhos Warner: o
mesmo Charles M. Blow também acusou o Ligeirinho de supostamente estereotipar
os mexicanos como bêbados e letárgicos. O dublador oficial do personagem no
filme, Gabriel Iglesias, respondeu a tal acusação com o seguinte tweet: “Eu sou
a voz do Ligeirinho no novo Space Jam. Será que isso significa que eles irão
tentar cancelar a Fluffy também? Você não irá me pegar, ‘cultura do
cancelamento’. Sou o camundongo mais rápido em todo o México”.
Foto – Tweet de
Gabriel Iglesias sobre a polêmica envolvendo o Ligeirinho (originalmente Speedy
Gonzalez).
Quer dizer,
hoje cancelam dois icônicos personagens que já têm mais de meio século de
história. E amanhã, quais serão as próximas vítimas dessas militâncias
politicamente corretas estilo Black Lives Matter e desses justiceiros de
Twitter, do alto de sua estupidez e burrice ideológica?
O que podemos
concluir a respeito desse caso? A meu ver, é uma questão que tem tudo haver com
o clima político-social que os Estados Unidos vivem desde a morte de George
Floyd e toda a comoção que o caso gerou (obviamente direcionada no sentido de
forçar a uma mudança de regime nos EUA e assim colocar na Casa Branca um
representante orgânico do Deep State norte-americano – em outras palavras, uma
politicagem em essência idêntica àquela feita contra Lula no Brasil em 2018).
Primeiro de
tudo, que certamente não foi só por causa dos comentários do colunista em
questão que a Warner tomou a atitude que tomou. Essa, talvez receosa de receber
pressões vindas de outros canceladores de plantão (que certamente têm suas costas quentes), resolveu cancelar o icônico
personagem. Quando na verdade o que a produtora deveria ter feito é o
contrário: afirmar o personagem, pois será questão de tempo esses canceladores
de plantão resolverem dobrar, quiçá triplicar a aposta, e fazer o mesmo com
outros personagens não só da Warner, como também de outras produtoras. E ai a
coisa entra em um círculo vicioso no qual as artes sofrerão uma verdadeira castração
politicamente correta.
E segundo que
a lógica do cancelamento de personagens como o Pepe Lew e o Ligeirinho é em
essência a mesma vista na derrubada de estátuas e monumentos vista nas
manifestações que se seguiram à morte de George Floyd. Ou mesmo no linchamento
virtual ao qual foram submetidas a J. K. Rowling e a Lilia Schwarcz depois que
essas proferiram comentários nas redes sociais que não agradaram nem um pouco a
tais militâncias.
Em ambos os
casos vemos a presença do mesmo entendimento anacrônico da história, no qual
atos de muitas décadas ou mesmo séculos atrás são todos colocados e julgados segundo
as lentes da visão de mundo do século XXI. Mais precisamente, das lentes da famigerada
visão de mundo típica dos assim chamados Social Justice Warriors. Entendimento
esse que no fim das contas inexoravelmente leva à grande tábula rasa da
história que vimos nas destruições de monumentos no Chile em 2019 e mais
recentemente nas depredações de monumentos das manifestações ocorridas em
decorrência da morte do bandido George Floyd.
Esses militantes
politicamente corretos, a propósito, tem um senso de moral bem peculiar, por
assim dizer: para eles Pepe Le Gambá não pode flertar a gatinha no desenho, mas
em desenhos para o público infanto-juvenil tais como Star versus as forças do
mal pode ter beijo entre dois homens e o Felipe Neto (vulgo garoto colorido) pode
postar vídeos no You Tube e distribuir revistas com conteúdos impróprios a
crianças. Entre tantos outros exemplos que podemos ficar ai citando sobre a
dupla moral e a hipocrisia de tais elementos (que adoram usar a ciência como
forma de atacar criacionistas, terraplanistas e outros dessa estirpe, ao mesmo
tempo em que eles também acreditam nas bizarrices pseudocientíficas deles).
Tudo em nome da tolerância e do combate ao fascismo, ao preconceito, à
homofobia e tantas outras mazelas.
Resumindo a
ópera, a serpente do politicamente correto está a solta, destilando seu veneno
por onda passa. Serpente essa que teve seu ovo chocado nos anos 1990 durante o
governo Bill Clinton e que agora vem com força total no governo Biden. Quem irá
detê-la agora?
Recentemente, navegando pelo Facebook, me deparo com a
imagem abaixo:
Foto – Monte Rushmore
(EUA), com as faces de lideranças indígenas vencidas pelos americanos no século
XIX acima dos presidentes americanos George Washington, Thomas Jefferson,
Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln (da esquerda para a direita).
Numa dessas postagens que vi, foi dito que quem deveria ter
sido retratado e homenageado no monte Rushmore não são os presidentes
americanos, e sim figuras históricas dos povos indígenas norte-americanos tais como
Touro Sentado, Gerônimo e outros. E ai eu pergunto aos que fizeram essa imagem
e a compartilham por ai: será que povos como os Dakota, os Sioux e outros que
foram exterminados pelos americanos no século XIX durante a expansão ao oeste e
depois disso confinados em reservas também não tiveram seus dias de
conquistadores e não desalojaram, mataram e escravizaram os povos e culturas
que viviam naquelas terras antes deles chegarem?
Peguemos, por exemplo, os casos dos Impérios Inca e Asteca,
os grandes impérios pré-colombianos que foram eliminados e destruídos pelos
espanhóis no século XVI antes destes estabelecerem seu domínio colonial sobre
terras americanas. Foi pela força das armas que ambos os impérios expandiram seu
território nos séculos XV e XVI, e não distribuindo flores aos povos que eles
conquistaram. E nesse processo muito sangue foi derramado, e tanto incas quanto
astecas acabaram colecionando inimizades com vários desses povos, como é o caso
dos tlaxcaltecas, que se aliaram aos espanhóis durante a expedição de Hernán
Cortez.
No Chile, durante as manifestações de 2019, tivemos o caso
de ativistas que derrubaram estátuas de conquistadores espanhóis e de generais
chilenos do século XIX sob a alegação de que elas são símbolos de uma história
falsa. Entre tais casos se incluem a destruição de uma estátua do navegador
Cristóvão Colombo datada de 1910 em Arica, estátua do militar espanhol
Francisco de Aguirre arrancada e em seu lugar uma estátua de uma mulher
diaguita (obviamente representando o povo pré-colombiano em questão – e uma
estátua para lá de cafona, diga-se de passagem), a derrubada da estátua de
Pedro de Valdívia (fundador de Santiago, morto pelos mapuches no século XVI)
por ativistas do povo mapuche em Temuco (e depois disso tendo a cabeça da
escultura colada na mão do guerreiro Caupolicán, representativo da resistência
à conquista espanhola) e a destruição da escultura do empresário espanhol José
Menéndez em Punta Arenas, que foi levada aos pés da estátua do índio Patagón,
que homenageia os indígenas que habitavam o local antes da chegada dos
conquistadores.
No Brasil, tivemos o caso da estátua de Borba Gato e do monumento
às Bandeiras, ambos localizados em São Paulo e que homenageiam aos bandeirantes
que desbravaram o interior do Brasil nos séculos XVII e XVIII. Ambos os
monumentos já foram alvos de pichações e vandalismos, sob a alegação de que
ambos representam o passado escravagista e de massacres aos povos indígenas do
Brasil.
Ante esses fatos, será que o que não está sendo proposto em
casos assim seria, fazendo uma analogia com Dragon Ball, derrubar uma estátua
do Freeza e do Rei Cold e no lugar erguer uma estátua do Rei Vegeta III (o pai
do Vegeta e do Tarble, sogro da Bulma e avô paterno do Trunks e da Bra)?
Foto – Rei Vegeta
sobre uma cidade tsufururiana devastada (Dragon Ball GT).
É mostrado em Dragon Ball que os saiyanos tiveram seu
planeta destruído por Freeza por volta do ano 737, e desse extermínio
pouquíssimos deles sobreviveram, entre eles Kakarotto (vulgo Son Goku), o
príncipe Vegeta, Nappa, Raditz, Broly e seu pai Paragas. Segundo o que o anime
mostra no episódio 78, Freeza primeiro matou o rei do planeta, o Rei Vegeta
III, e depois lançou a Supernova sobre o planeta governado pelo pai de Vegeta.
Entretanto, o anime também mostra que os saiyanos, antes de
aderirem ao exército do Rei Cold (que depois passou para o comando de Freeza,
como o filme Dragon Ball Super –Broly
mostra), viviam no Planeta Plant junto com outro povo, os tsufurianos (o anime
conta essa história no episódio em que o senhor Kaioh conta a história dos
saiyanos ao Goku). Segundo o calendário do mundo Dragon Ball, os saiyanos do
sétimo universo inicialmente viviam no Planeta Sadala e por volta de 550 se estabeleceram
no Planeta Plant.
A partir daquele momento os dois povos passaram a coabitar
no Planeta Plant, com os tsufurianos vivendo nas cidades altamente tecnológicas
e os saiyanos vivendo nas terras periféricas do planeta, muitas vezes em
precárias residências. Até que na primeira metade do século VIII do calendário
de Dragon Ball, mais precisamente entre 720 a 730, os saiyanos são unificados
sob um único estandarte sob a liderança do Rei Vegeta III. E estes, após uma
guerra que se arrasta por 10 longos anos, exterminam os tsufurianos e tomam o
controle do Planeta Plant e o rebatizam de Planeta Vegeta, em homenagem ao Rei
Vegeta III.
Embora tenham sido exterminados, os tsufurianos voltariam
para tentar se vingar dos saiyanos por conta dos eventos da guerra de 720 a 730
em duas ocasiões: primeiro no OVA “Plano para destruir os saiyanos” (lançado
entre 1993 a 1994), sob a liderança do Doutor Raiči e sua criação Hatchiyack. E
depois em Dragon Ball GT, na saga Baby (em minha opinião o melhor dos arcos do
GT; vai dos episódios 22 a 40), onde vemos a vingança de Baby (vingança essa
que em minha opinião é mais interessante que a vingança levada a cabo pelo
Doutor Maki Gero na saga Cell, por se tratar de algo relacionado à história dos
saiyanos de antes mesmo deles se juntarem ao Rei Cold).
Foto – Baby e suas
transformações.
Baby é uma máquina mutante criada pelo Doutor Myuu que
contem a informação genética dos tsufurianos que Goku, Trunks e Pan encontram
durante a viagem ao espaço em busca das esferas do dragão negras.
Algo que eu, particularmente,
acho bem bacana de se ver na saga de Baby é que ai há uma inversão de papeis em
relação à saga do Freeza: enquanto na luta contra o imperador do Universo Goku
luta contra o algoz dos saiyanos, na saga de Baby Goku luta contra um ser
pertencente ao povo que os mesmos saiyanos destruíram antes de conhecerem o Rei
Cold e Freeza. Ser esse que, ironicamente, se apoderou do corpo do filho do rei
que conduziu os saiyanos na guerra de extermínio aos tsufurianos. Ou seja, para
levar adiante seu intento vingador, Baby utilizou-se do poder dos saiyanos
contra eles mesmos.
Durante a saga Baby, em um
dos episódios há uma cena na qual o Rei Vegeta, ainda trajando as primitivas
roupas que os saiyanos usavam antes de se aliarem ao Rei Cold, aparece sobre
uma cidade tsufuriana (bem provavelmente a capital) devastada e flagelada por
fogos e explosões. Essa cena é claramente inspirada em um pôster da versão
animada de Teito Monogatari, no qual o vilão-protagonista da obra de Hiroši
Aramata, Kato Yasunori, aparece sobre uma Tóquio arrasada. Esse pôster também
serviu de inspiração para a Capcom criar um pôster de Street Fighter no qual as
mãos do vilão-mor da franquia de jogos de luta, M. Bison, aparecem cobrindo o
planeta Terra. E o Ryu à frente.
Dentro da cultura pop
nipônica, Kato Yasunori serviu de inspiração para a criação de inúmeros
personagens, e o mais famoso deles é M. Bison (que foi inspirado em Kato tanto
direta quanto indiretamente, por meio do vilão Wašizaki do mangá Riki-Oh). E tal
qual Coringa em relação ao personagem que o inspirou, o Gwynplaine do romance
de Victor Hugo “O homem que ri”, M. Bison (originalmente Vega) se tornou muito
mais famoso e icônico que os personagens que serviram de inspiração para sua
criação.
Foto – Kato Yasunori (esquerda) e M. Bison (direita).
Teito Monogatari é uma obra
muito pouco conhecida no Ocidente, embora tenha feito muito sucesso no Japão
nos anos 1980 e 1990. O sucesso da obra de Hiroši Aramata foi tamanho que recebeu
adaptações tanto em live-action quanto em anime (4 OVAs). Conta a respeito do
intento vingador do mago das sombras Kato Yasunori contra o Japão por conta do
que aconteceu ao povo ainu quando a corte de Yamato chegou ao arquipélago
japonês há mais de 2000 anos. Não é de se surpreender que os produtores de
Dragon Ball GT tenham se inspirado em elementos narrativos de Teito Monogatari
para criar a saga de Baby (a começar pela vingança dos tsufurianos). Da mesma forma
que Akira Toriyama se inspirou em filmes de Hollywood para criar as sagas
anteriores, como o caso de Exterminador do Futuro, que inspirou a saga de Cell.
Aliás, alguns dos poderes de Baby claramente foram inspirados nas habilidades
de Kato Yasunori, tais como a habilidade de possuir corpos e mentes alheias.
Foto – Granola, o
vingador.
Muito do material de Dragon Ball produzido nos anos 1990 a
respeito do passado dos saiyanos e sua relação primeiro com os tsufurianos e
depois com Freeza, como também sobre o Rei Vegeta e Bardock, foi criado
exclusivamente para a versão animada. E em discussões envolvendo a obra de
Akira Toriyama é muito comum parte do fandom desqualificar tais materiais sob a
alegação de que eles não fazem parte do cânone oficial de Dragon Ball e que
eles não foram feitos pelo Akira Toriyama. Entretanto, na discussão que trago
com esse texto, é impossível desenvolvê-la sem falar deles. Além disso, o fato
de tais materiais não serem canônicos (ou seja, não estarem no mangá original) não
muda o fato de que eles estão lá e são oficiais.
Entretanto, recentemente teve início uma nova saga no mangá
de Dragon Ball Super, a saga do sobrevivente espacial, que sucederá à saga Moro
(que certamente daqui um tempo será animada em um eventual Dragon Ball Super 2).
Essa saga terá como antagonista principal Granola, um cerealiano, nativo do
planeta Cereal, que teve seu planeta arrasado e seu povo exterminado pelos
saiyanos no tempo em que estes trabalhavam para Freeza. Nesse extermínio,
tivemos uma ilustre presença: Bardock, o pai de Goku e Raditz, sogro de Čiči, avô
paterno de Gohan e Goten e bisavô por parte do avô paterno de Pan. O mesmo
Bardock que no especial “Bardock – o pai de Goku” (lançado originalmente em
1990) é visto arrasando o Planeta Kanassa junto com alguns companheiros de
armas. E que foi morto quando Freeza lançou a Supernova no Planeta Vegeta.
Pelo pouco que os capítulos já lançados mostraram, Granola
quer se vingar não só dos saiyanos, como também de Freeza (já que os primeiros,
na ocasião, lutavam sob o estandarte de Freeza). Aguardemos o desenrolar dos
próximos capítulos do mangá de Dragon Ball Super. Ao que tudo indica, Granola
irá atuar de um modo diferente do de Baby, que atuou sozinho. Irá se juntar a
mais alguns outros vingadores (provavelmente, criminosos que Moro libertou) e
assim formando um grupo bem ao estilo Irmandade dos Seis (grupo de antagonistas
da saga da vingança de Samurai X). E, também ao que tudo indica, essa saga
ainda irá revelar muita coisa não apenas sobre o passado dos saiyanos, como
também dos namekianos e de Freeza.
Resumindo a ópera, remodelar as faces dos Presidentes
americanos no Monte Rushmore pelas faces de lideranças indígenas como Touro
Sentado e outros, assim como substituir a estátua dos bandeirantes e
substituí-la por estátuas referentes aos negros e indígenas massacrados e
subjugados por estes, será o mesmo que derrubarmos estátuas do Freeza e do Rei
Cold e substituirmos por estátuas do Rei Vegeta III (o mesmo Rei Vegeta que,
pouco antes de morrer em combate, disse que iria dominar o universo no lugar de
Freeza – o episódio 78 de Dragon Ball Z mostra isso) e do Bardock.
E então eu pergunto a aqueles que derrubaram as estátuas de
conquistadores e militares espanhóis no Chile e as substituíram por estátuas
dos povos nativos locais e eventualmente também querem que no lugar do
monumento aos bandeirantes sejam erguidos monumentos aos indígenas e negros: como
que, por exemplo, um descendente dos povos que foram subjugados e massacrados
pelos diaguitas e mapuches antes dos espanhóis chegarem à América iria reagir a
tais estátuas? Obviamente, da mesma forma que um sobrevivente dos tsufurianos reagiria
caso se deparasse com uma estátua gigante do Rei Vegeta III no antigo Planeta
Plant. Ou se o Granola ou um sobrevivente do massacre do planeta Kanassa deparasse
com uma estátua dedicada ao Bardock. Ou seja, não ia gostar nem um pouco da
brincadeira de ver o algoz deles homenageado.
O presente texto é, antes de tudo, uma crítica à hipocrisia
daqueles que acham que só os brancos europeus são imperialistas e têm passado
de conquistadores e subjugadores de outros povos. Em especial a essas
militâncias politicamente corretas e movimentos do tipo Black Lives Matter, que
fazem um julgamento da história com base nos valores politicamente corretos
atuais e assim fazendo tábula rasa da mesma. E a maneira como eles vêm lidando
com monumentos ao redor do mundo é sintomática disso.
Tais pensamentos da parte dessas militâncias politicamente
corretas não apenas não correspondem à realidade, como também é uma grande
hipocrisia pequeno-burguesa, típico discurso politicamente correto de pessoas
que não sabem nada de história. Pessoas que, pelo que pelo que vejo, nunca
ouviram falar sobre impérios antigos não-europeus como Império Persa
Aquemênida, Império Huno, Império Árabe-Islâmico, China da Dinastia Tang, Império
Mongol, Império Timúrida, Império Inca, Império Asteca, Império Turco-Otomano e
outros tantos. E o caso da imagem que encontrei no Facebook recentemente é bem
emblemático disso.
Foto – A hipocrisia politicamente
correta de certos indivíduos que acham que ao longo da história só os europeus
é que tiveram um passado de conquistadores.