terça-feira, 31 de março de 2020

Bandido bom é bandido morto, exceto se for um dos meus - a hipocrisia bolsonarista (e da esquerda pequeno-burguesa também) no caso Suzy-Dráuzio Varella, parte II.



Foto – Bolsonaro e Cesare Battisti.
Dando continuidade à primeira parte do artigo a respeito da relação de hipocrisia entre a familícia Bolsonaro e seus apoiadores com a bandidagem, falemos agora a respeito dos casos envolvendo Cesare Battisti e Dilma Rousseff, nos idos de 2009 e 2010.
Em 2004, Cesare Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua por ter cometido quatro crimes quando era membro do PAC (Proletari Armati per il Comunismo, na sigla em italiano) durante os anos de chumbo da história italiana (crimes esses que Battisti durante muito tempo negou e alegou ser vítima de perseguição política), veio ao Brasil após viver vários anos em exílio no México e na França. Três anos mais tarde veio a ser preso no Rio de Janeiro, até que em 2009, Tarso Genro, então ministro da Justiça, concedeu refúgio ao italiano, contrariando a vontade das autoridades italianas e suas pressões para que Battisti fosse enviado de volta a seu país natal.
Em seu último dia de mandato, Lula decidiu que o italiano poderia ficar no Brasil, com o STF depois confirmando o ato de Lula e Battisti sendo solto da Penitenciária da Papuda em nove de junho de 2011. E quem se posicionou na época contra a atitude tomada por Tarso Genro e Lula? Bozo, então um reles deputado federal do PP (Partido Progressista), o mesmo partido do Maluf e outros políticos afins.
Na época, Bolsonaro fez um pronunciamento em fevereiro de 2009 no qual critica a decisão de Tarso Genro de acolher Battisti, dizendo que o italiano não podia ficar no Brasil por causa de seus crimes pregressos cometidos na Itália, sob a alegação que a sentença de prender Battisti foi referendada pela Comissão Europeia de Direitos Humanos, que Battisti teve amplo direito de defesa à época, que por causa da decisão de Tarso Genro o Brasil arrumou um problema com a nação peninsular, além de falar sobre o passado dele nos anos 1970. O pronunciamento em questão é uma verdadeira ode à hipocrisia e ao falso moralismo, no qual Bozo diz a seguinte pérola: de que pessoas como ele não são coniventes com a marginalidade, criminalidade, indecência e outras mazelas (olha só quem disse – o mesmo Bolsonaro que mora em um condomínio que é um verdadeiro bunker de milicianos, que desde no mínimo 2003 vem defendendo publicamente milícias e grupos de extermínio e que em 2005 defendeu Adriano da Nóbrega ainda preso na Câmara dos Deputados).
Os crimes atribuídos a Battisti são motivo de controvérsia entre as partes envolvidas. Battisti afirma que não perpetrou os crimes em questão, assim como as pessoas que o defendem (entre eles a francesa Fred Vargas, Eduardo Suplicy e o ítalo-brasileiro Carlos Lungarzo, autor do livro “cenários ocultos do caso Battisti”). Já os detratores de Battisti (entre eles Silvio Berlusconi e Matteo Salvini), não compartilham das visões defendidas por Suplicy, Vargas, Lungarzo e outros a respeito do caso em questão.
Como todos nós sabemos, a história acabou mal para o lado de Battisti. Com a mudança dos ares do ambiente político brasileiro a partir do impeachment fraudulento de Dilma Rousseff em 2016, Battisti resolveu deixar o país, mesmo tendo um filho muito pequeno por aqui. Em 2018 Luiz “Peruca Moradia” Fux aprovou uma ordem de prisão no dia 13 de dezembro, com Michel Temer assinando no dia seguinte o decreto de extradição do italiano. Mais de 30 operações de busca ao italiano foram feitas pela Polícia Federal, todas elas infrutíferas. Temendo por sua vida após a eleição de Bolsonaro, Battisti resolve fugir para a Bolívia, onde tenta obter um asilo da parte de Evo Morales (que na mesma época compareceu à posse de Bolsonaro). Mas seu intento é infrutífero e em 12 de janeiro de 2019 Battisti é preso em Santa Cruz de la Sierra pela Polícia Boliviana (atuando em conjunto com as Polícias Federais italiana e brasileira) e enviado direto à Itália, para a alegria do então vice primeiro ministro do país, Matteo Salvini (que à época elogiou os esforços do miliciano em prendê-lo), onde se encontra até hoje preso no presídio de segurança máxima de Oristano, na Sardenha. Posteriormente, Battisti veio a admitir que cometeu os crimes em questão, bem provavelmente como forma de não ser enviado ao sistema carcerário italiano 41-bis.

Foto – Cesare Battisti, após ser deportado de volta a seu país de origem depois de muitos anos exilado.
Nessa mesma época, Bozo também proferiu na Câmara dos Deputados discursos contra a possibilidade de Dilma Rousseff vir a tornar-se Presidente da República, sob a alegação de que ela participou de grupos de guerrilhas como o COLINA e o VAR-Palmares. No pronunciamento em questão (ocorrido em abril de 2009), o político carioca começa saudando o regime civil-militar instaurado em 1964, alegando que nenhum coronel ou general da época ficou rico e em seguida questionando o fato de que Dilma (então ministra da Casa Civil) se apresentar como aquela que não aceita sigilos em processos que violam direitos humanos, cita o caso Celso Daniel e lê um currículo da vida de Dilma, falando sobre os atentados nos quais ela participou à época. Terminada a leitura, fala da necessidade de abertura dos arquivos da época (certamente querendo uma investigação que passasse o pano para o que as autoridades da época cometeram, incluindo o atentado do Riocentro em 1981. Ou seja, que agisse de forma politiqueira, visando prejudicar os partidos de esquerda sob o pretexto de investigar crimes pregressos). Tal como o discurso no qual ele se posiciona a favor da deportação de Battisti, o discurso em questão é outra ode à hipocrisia e ao falso moralismo, no qual ele chega a acusar a direção da UNE de levar a grana do governo (o mesmo Bozo cuja família é envolvida com esquemas de rachadinhas e que cujo patrimônio teve um grande aumento desde que entrou na política) e manipular estudantes e os petistas de quererem impor uma ditadura do proletariado pelo voto (o mesmo Bozo que segundo Paulo Ghiraldelli hoje quer hoje impor uma espécie de Milicianistão ao país, retirando o Estado da jogada e colocando no lugar o tripé famílias isoladas-milícias-Igrejas neopentecostais).
No ano seguinte, mais precisamente em abril de 2010, Bolsonaro afirma que Dilma é uma mulher cheia de rancores, com crimes nas costas e de novo relembra do que ela aprontou na época e que é uma mulher que tem contas a acertar com o diabo. Também diz que o PT, entre outras coisas, não reconhece as FARC como organização criminosa, não queria esclarecer o caso Celso Daniel e queria na época a liberdade de Cesare Battisti.
Três meses depois, Bolsonaro repete a dose lendo uma mensagem de Hugo Chávez felicitando a Dilma Rousseff e lembrando seu passado como guerrilheira. Mais um pronunciamento essencialmente com a mesma tônica do anterior, lembrando-se de episódios da luta armada ocorridos nos anos 1960 e 1970, envolvendo a própria Dilma e outras figuras que depois entraram para as fileiras de partidos como o PT e outros. Exorta os outros parlamentares a fazerem uma campanha por ficha limpa, que a ficha de Dilma é suja de sangue e chega ao ponto de dizer que um bom candidato a vice para Dilma seria Fernandinho Beira-Mar (se para Dilma em 2010 Fernandinho Beira-Mar seria um bom candidato a vice-presidente, então para Bolsonaro o vice dele em 2018 deveria ter sido o Adriano da Nóbrega e o Ronnie Lessa em 2022). Não é de se surpreender que esse mesmo sujeito dedicou a Carlos Alberto Ustra, notório torturador do período civil-militar, seu voto a favor do impeachment de Dilma seis anos mais tarde.

Foto – O plano do atentado de 1987, segundo a revista Veja.
E não para por ai. Em 2014, quando Dilma condenou os ataques israelenses na sequência da crise na Faixa de Gaza, Bolsonaro saiu em defesa de Israel, a ponto de escrever ao embaixador da nação do Oriente Médio no Brasil uma carta na qual fala sobre o passado de Dilma e comparou as ações dos grupos de luta armada no Brasil nos anos 1960 e 1970 com as ações de grupos como o Hamas e que Israel vinha agindo da mesma forma que os militares agiram em relação aos grupos de luta armada da época. Disse também que a declaração de Dilma foi “destrambelhada, inoportuna, hipócrita e covarde” e que “a maioria dos brasileiros dotados de cultura, dignidade e bom senso está com o povo de Israel e contra o terrorismo, sempre ao lado da democracia, da liberdade e do respeito aos verdadeiros direitos humanos”.
O curioso é que para o Bolsonaro, terrorismo não é o que, por exemplo, as primeiras lideranças de Israel, tais como Menachem Begin, Itzhak Šamir e outros fizeram quando eram membros de grupos como o Irgun, o Stern (que em 1941 fez uma proposta de aliança político-militar com o Terceiro Reich) e o Haganah antes da fundação do estado de Israel, em 1948. Grupos esses que participaram de atentados como o atentado do Hotel King David em 1946, organizado por Menachem Begin (então membro do Irgun) e que ceifou a vida de 91 pessoas, e o assassinato do embaixador sueco conde Folke Bernadotte (descendente por via paterna de um famoso general de Napoleão, Jean Baptiste Bernadotte, que se tornou rei da Suécia sob o nome Carlos XIV e cuja linhagem até hoje reina na nação escandinava), perpetrado pelo grupo Lehi, do qual Itzhak Šamir fez parte. Aliás, o que o Bozo faria em Israel nos primeiros anos de existência do Estado judaico? Será que ele pediria investigações do passado de Šamir, Ben Gurion, Begin e outros que depois se tornaram premiê de Israel, ou será que ele direcionaria toda sua verborragia aos atos de árabes palestinos? Será que ele repetiria lá o “chega de terrorismo palestino” ou algo similar tal como feito em discussão com Jandira Feghali em 2014? O mesmo Israel no qual Bolsonaro, à época do impeachment de Dilma, foi batizado nas águas do Rio Jordão e que ele cogitou reconhecer Jerusalém como capital.

Foto – A carta de Bolsonaro ao embaixador de Israel, 25 de junho de 2014.
E de cereja do bolo temos a Operação Beco sem saída, de 1987. Na época, Bozo (que apoiava a melhoria do soldo dos militares e era contrário à prisão do capitão Saldon Pereira Filho) informou à repórter Cássia Maria, da Veja, a respeito dessa operação. Tal operação tinha como intento explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e mais alguns outros quartéis militares.
Mas, antes que os atos fossem adiante, o material foi entregue ao então Ministro do Exército, o qual por seu turno concluiu, após quatro meses de investigação, que a reportagem correta estava e que os capitães mentiram. Bolsonaro foi preso disciplinarmente. Por unanimidade, o Conselho de Justificação Militar (CJM) considerou, em 19 de abril de 1988, que Bolsonaro era culpado. Depois Bozo foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar (STM), que acolheu a tese de defesa dele e do capitão Fábio Passos da Silva: de que as provas documentais não eram suficientes para permitirem comparações caligráficas pelo fato de ter sido usada letra de imprensa. Bozo foi para a reserva com a patente de capitão, não sendo expulso para que o caso não viesse à tona. Após o episódio, iniciou sua carreira política e o resto é história.
Abaixo, outro texto que circula em redes sociais como o Facebook que fala a respeito da cronologia das relações entre a família Bolsonaro e as milícias cariocas, que aqui é reproduzido:
"Recordar é viver:
1) 2003: Jair Bolsonaro, no Congresso, defende milícias e grupos de extermínio;
2) 2007: Flávio Bolsonaro defende legalização das milícias;
3) 2008: Flávio Bolsonaro na ALERJ durante a votação para instauração da CPI das milícias, após dois repórteres do jornal O DIA serem barbaramente torturados por milicianos na Favela do Batan: “Sempre que ouço relatos de pessoas que residem nessas comunidades, supostamente dominadas por milicianos, não raro é constatada a FELICIDADE dessas pessoas que antes tinham que se submeter à escravidão, a uma imposição hedionda por parte dos traficantes e que agora pelo menos dispõem dessa garantia, desse direito constitucional, que é a SEGURANÇA PÚBLICA. Façam consultas populares na Favela de Rio das Pedras, na própria Favela do Batan, para que haja esse contrapeso também”;
4) 2011: A juíza Patrícia Acioli é assassinada com 21 tiros no Rio por milicianos. Flávio Bolsonaro, após a morte, vai ao twitter e difama a magistrada;
5) 2015: A juíza Daniela Barbosa é agredida por milicianos durante uma inspeção no Batalhão Especial Prisional durante uma inspeção no Rio. Flávio Bolsonaro sai em defesa dos agressores;
6) 2015: Flávio Bolsonaro foi o único dos 70 deputados da ALERJ que votou contra a CPI dos Autos de Resistência, que visa apurar possíveis fraudes nas mortes perpetraras por policiais. A CPI surgiu após um vídeo mostrar PMs mexendo na cena do homicídio de um homem na favela da Providência, na Zona Norte do Rio. As imagens mostram os policiais colocando uma arma na mão de dele após ser assassinado;
7) 2015: José Padilha expõe que deixou o Brasil após ameaças de morte sofridas em razão do filme Tropa de Elite 2, que escancara o problema das milícias e sua relação com o poder público;
8) 2018: Jair Bolsonaro, em campanha à presidência, defende milícias que atuam no Rio e diz que “naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”;
9) 2018: Flávio Bolsonaro faz campanha com família ligada ao jogo do bicho, organização que que se fortificou justamente durante a Ditadura (especula-se que bicheiros do segundo escalão se tornaram milicianos);
10) 2018: Marielle é assassinada. Forte suspeita de envolvimento de milicianos e políticos. Silêncio na família Bolsonaro;
11) 2018: Policiais que integram a campanha de Bolsonaro são presos na Operação Quarto Elemento, que investiga a atuação de milicianos que praticavam extorsões. Os dois PMs presos são irmãos de Valdenice de Oliveira, a Val do Açaí, assessora e tesoureira do PSL;
12) Dois candidatos do partido de Bolsonaro quebram uma placa de homenagem à Marielle e posam sorrindo, junto ao Witzel. No mesmo evento, os candidatos falam que vão "DECAPITAR AQUELES VAGABUNDOS DO PSOL". Flavio Bolsonaro defende a atitude dizendo que a "placa era ilegal".
13) Ministério Público do Rio de Janeiro afirma ter colhido provas de que uma milícia de São Gonçalo teria atuado em favor de um dos candidatos de Jair Bolsonaro à ALERJ, o coronel Fernando Salema (PSL);
14) Organizadora do "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro" é agredida no Rio de Janeiro;
15) Clã Bolsonaro é eleito e jornalista diz que quem postou "Marielle presente" estará fora do governo;
16) COAF revela que Fabrício, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, fez movimentação atípica de R$ 1,233 milhão entre 2016 e janeiro de 2017. O ex PM já cometeu pelo menos 10 homicídios;
17) O COAF descobriu que, além do lote de 1,2 milhão de reais, passaram também pela conta corrente do assessor de Flávio Bolsonaro 5,8 milhões de reais nos dois exercícios imediatamente anteriores.
18) Novo relatório do COAF aponta Flávio Bolsonaro recebeu R$ 96 mil em 50 depósitos fracionados. Ele alega que o dinheiro vivo é fruto da venda de um imóvel;
19) É revelado que Queiroz, antes de ir para o Albert Einstein, se escondeu na favela de Rio das Pedras, dominada pela milícia;
20) Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete, suspeitos de assassinarem Marielle.
21) Flávio Bolsonaro foi o único parlamentar que votou contra a concessão da medalha Tiradentes à Marielle.
22) NOTICIA DE AGORINHA: Prisão de dois envolvidos no assassinato de Marielle Franco.
Um mora no mesmo condomínio de Bolsonaro e o outro possui foto com o mesmo, provando ligação direta.
Fontes:
É como se Bolsonaro, nesse tempo todo, meio que fez uma projeção dele mesmo em um espelho usando a imagem de pessoas como Cesare Battisti, Dilma Rousseff, Suzy, MST e tantas outras pessoas que ele tanto acusou de serem terroristas, bandidas, corruptas e outros defeitos tantos. Nelas deposita todas as qualidades ruins dele, criando neles uma espécie de imagem em negativo dele e usando-os como se fossem uma espécie de bode expiatório. E, de repente, perante essas mesmas pessoas, ele se vê diante de uma visão, um vulto, similar ao que o Rei Patrick se vê em um espelho perante uma imagem monstruosa dele mesmo no episódio de Bob Esponja “Reinado de idiotas” (originalmente “Rule of dumb”). De um lado do espelho está o Bolsonaro que se diz contra a corrupção, bandidos e criminosos, forasteiro do sistema, a favor da família, da moral e dos bons costumes. E de outro o Bolsonaro envolvido com milicianos, rachadinhas, Queiroz, que está na política há 32 anos e seu passado negro no Exército. E essa mesma imagem monstruosa, de repente, diz a Bolsonaro “eu sou você e você sou eu”. Com a diferença que enquanto que no episódio em questão Patrick Estrela, em um raro lampejo de inteligência, se dá conta de que a imagem em questão é a dele, Bozo (assim como os filhos dele) não se dá conta do mesmo no mundo real.
Brizola dizia a seguinte frase em vida: “Se tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como não que é jacaré?”. Bolsonaro e seus familiares tem todo um histórico de envolvimentos com milicianos que inclui até mesmo homenagens a milicianos na ALERJ com a medalha de Tiradentes, namoro do quarto filho do Presidente com a filha do miliciano Ronnie Lessa e empregos de parentes de milicianos em gabinetes da familícia. Isso sem contar com o fato do já citado fato de que ele mora em um condomínio, o Vivendas da Barra, repleto de milicianos. Levando em consideração tais fatos, como não dizer que o Bolsonaro e seus filhos são milicianos? Como não dizer que eles não são milicianos, tendo em vista que eles, só para começo de conversa, andam ao lado de milicianos e tem amizades nesse círculo? A Bíblia é bem clara a esse respeito: “Diga-me com quem tu andas que eu lhe direi quem tu és”.
As posturas que Bozo pai tomou há mais de 10 anos no caso Cesare Battisti e sobre a possibilidade de Dilma tornar-se Presidente da República podem parecer à primeira vista banais, triviais e sem importância, mas que mostram a nós não apenas que Bolsonaro e seus filhos têm seus bandidos de estimação, como também não é de hoje que Bolsonaro, assim como seus filhos, destilam por ai seu falso moralismo e hipocrisia em questões como a criminalidade e terrorismo, algo que o episódio Suzy-Dráuzio Varella muito bem evidenciou a todos nós. Para eles, bandido bom é sinônimo de bandido morto, exceto quando se trata de bandidos amigos deles, tais como o recém-finado Adriano da Nóbrega, Élcio de Queiroz, Ronnie Lessa e outros, que pertencem a grupos milicianos como o Escritório do Crime. E é inadmissível que um país como o Brasil esteja na mão de uma família de bandidos com tais ligações com o submundo do crime carioca. Sem que Bozo e sua familícia sejam depostos, é bem provável que futuramente vejamos o Brasil tornar-se um grande Haiti dos tempos da dinastia Duvalier, com seus Tonton Macoute tocando o terror pelas ruas do país.

Foto – O PowerPoint das relações de Bolsonaro e seus filhos com as milícias de que o Dallagnol jamais fará.
Fontes:
Anarcocapitalismo: Bolsonaro inaugura o desgoverno como governo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UstMSPJosEg&t=202s
Beira-Mar para vice de Dilma. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LMXhXFMBWxo
Bob Esponja (dublado) – Episódio 149: Reinado de idiotas (Animefly). Disponível em: http://91.205.174.47/video/21363/bob-esponja-dublado
Bolsonaro humilha Tarso Genro e Dilma... humilha... Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TCbEekJ9A3s
Bolsonaro – leitura do Curriculum Vitae de Dilma Rousseff. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qxLWWjW3T_8
Controvérsias envolvendo Jair Bolsonaro. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Controv%C3%A9rsias_envolvendo_Jair_Bolsonaro
Jandira Feghali bate boca com Bolsonaro | Palestina vs Israel. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cTQkFf5_JjU
La historia de los lideres del terrorismo sionista-israelí (em espanhol). Disponível em: https://www.nodo50.org/pretextos/isrrael1.htm?fbclid=IwAR1kCpchrHJoIoVhmaVBcoc4jSyIL3nEjrKSVqlpGTKK6hzKhHvuRnONGf0
O artigo em VEJA e a prisão de Bolsonaro nos anos 1980. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/reveja/o-artigo-em-veja-e-a-prisao-de-bolsonaro-nos-anos-1980/
Os documentos que levaram o Exército a expulsar Bolsonaro – “a mentira do capitão”. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/osdocumentosque-levaram-o-exercito-a-expulsar-bolsonaro-a-mentira-do-capitao/
Zionism and the Third Reich (em ingles). Disponível em: http://islam-radio.net/islam/english/revision/zion.htm

domingo, 22 de março de 2020

Ginger Town é aqui.



Foto – Cell (ainda na primeira forma) com o homem mais rico de Ginger Town em mãos.

Recentemente, me inteirei a respeito da seguinte notícia: de que o presidente do conselho administrativo da filial do Banco Santander em Portugal, Antônio Vieira Monteiro, teve sua vida ceifada pelo Coronavírus-19. Ele foi a segunda vítima do vírus em Portugal. Ao saber desse fato, invariavelmente me lembrei de uma passagem de Dragon Ball Z, mais precisamente da saga de Cell.
Lançada originalmente no Japão em mangá em 1991 e transformada em anime pela Toei Animation um ano mais tarde, a saga de Cell foi exibida no Brasil pela primeira vez em agosto de 2000 pelo canal a cabo Cartoon Network e em novembro do mesmo ano na Rede Bandeirantes, dando continuidade ao sucesso que Dragon Ball Z vinha fazendo desde o ano anterior. Eu mesmo acompanhei na época da exibição original os episódios exibidos dessa saga via Cartoon Network e Bandeirantes. Tal como as demais sagas de Dragon Ball Z, foi dublada nos estúdios da finada Álamo, sob a direção de Cassius Romero (voz de Dai Kaiošin e vários personagens menores, além de personagens como Hagen de Merak em Cavaleiros do Zodíaco, Homem-Sereia em Bob Esponja, Crocodine em Fly o Pequeno Guerreiro e Mestre Indra em Šurato) e Wellington Lima (voz de personagens como Raditz, Bardock, Taopaipai e Madžin Buu no anime, além de outros personagens como Hadžime Saitou em Samurai X e Kano em Mortal Kombat 10 e 11).
Algo digno de nota a respeito da sexta saga da obra de Akira Toriyama (cuja trama foi inspirada no filme O Exterminador do Futuro) é que Cell, ao contrário de Vegeta e Freeza antes dele e Madžin Buu depois dele, originalmente não era para ser o vilão-mor da saga. Tal papel, segundo os planos originais do criador de Dragon Ball, caberia aos androides 19 e 20 (haja vista no próprio mangá Trunks diz que os androides que tocaram o terror em seu mundo foram os números 19 e 20). Mas eles não agradaram ao editor de Akira Toriyama na época, Kazuhiko Torišima. Na opinião de Torišima, 19 e 20 eram um gorducho e um velhote, e assim não serviam como vilões. Depois, Toriyama criou os androides 16, 17 e 18. E esses também não agradaram a Torišima, que achou que 17 e 18 são uns pirralhos e que tal como 19 e 20 também não serviam como vilões. Então Toriyama resolveu criar um novo inimigo, dessa vez algo totalmente novo: o androide Cell. Este, por seu turno, foi aprovado por Torišima, principalmente depois que alcançou a forma perfeita. Ou seja, Cell (dublado no Japão por Norio Wakamoto e no Brasil pelo finado João Batista em Dragon Ball Z e por Raul Schlosser em Dragon Ball GT e Dragon Ball Kai) originalmente não era nem para existir segundo os planos originais de Toriyama.

Foto – Página do mangá original em japonês, na qual Trunks diz a respeito dos androides que destruíram seu mundo.
Depois de vencerem os androides 19 e 20 e serem surrados e humilhados por 17 e 18, Goku e seus amigos descobrem por meio do noticiário que os habitantes da cidade de Ginger sumiram de forma repentina e misteriosa. Após fusionar-se com Kami Sama, Piccolo vai até Ginger, e descobre que o sumiço em questão foi obra de uma criatura monstruosa, que mais tarde revelou-se tratar-se de mais uma das criações do Doutor Gero, o androide Cell, que diferente dos demais androides emite ki e possui o DNA de guerreiros como Goku, Vegeta, Piccolo, Freeza, Rei Cold, Nappa e outros.
Quando deu de cara com Cell, Piccolo o viu segurando em seu braço esquerdo um homem careca engravatado. Ele é ninguém menos que o homem mais rico da cidade. Desesperado, esse homem em questão pede para que o namekiano[1] o salve, dizendo que lhe pagaria todo o dinheiro que quisesse caso o salvasse. O que é inútil, pois Cell o mata e o absorve por meio do ferrão de sua cauda. Dessa forma o homem mais rico da cidade de Ginger teve sua vida ceifada pelo baratão, assim como teve início o embate entre Piccolo e Cell. E o resto é história.
Percebe-se que em sua busca por perfeição, Cell, tanto no futuro de onde veio quanto na linha do tempo normal, não poupou ninguém em cidades como Ginger e outras. Pobres, ricos, classe média, homens, mulheres, crianças, idosos, jovens, pessoas de pele escura ou clara, nenhum deles escapou de tornarem-se parte daquele que depois veio a se tornar a entidade perfeita. Em cenas existentes apenas no anime, Cell também pode ser visto ceifando a vida de um time inteiro de futebol americano.
E certamente o mesmo pode ser dito a respeito, por exemplo, do morticínio causado por Vegeta e Nappa na saga de Vegeta na cidade onde os dois saiyanos aterrissaram na Terra, pelos androides 17 e 18 nas linhas do tempo de Cell e de Trunks, por Madžin Buu nas várias cidades por ele destruídas e por Goku Black e Zamasu em seu plano de extermínio dos seres humanos (este último na saga Black de Dragon Ball Super). Com a diferença que enquanto esses deixaram para trás escombros e ruínas por onde passaram, Cell adotou um expediente mais cirúrgico. Matou os habitantes das cidades, mas ao mesmo tempo deixou para trás a infraestrutura delas intacta. Diga-se de passagem, andando pelas ruas de minha cidade nesses últimos dias de quarentena, a impressão que tive foi justamente essa. De que estava andando não pelas ruas da minha cidade, mas nas ruas de Ginger depois que Cell matou e absorveu todos os seus habitantes, reduzindo-as a verdadeiros desertos de concreto sem uma única alma viva andando em suas ruas.
E da mesma forma que Cell ceifou várias vidas em sua busca por perfeição independente da posição social da pessoa em questão, com o Coronavírus-19 não é nada diferente, tendo em vista o que aconteceu com um presidente do Banco Santander de Portugal. Os ricos podem se defender de forma mais eficiente da pandemia (incluindo aqueles que possuem bunkers em suas respectivas casas), mas isso não muda o fato de que eles também estão sujeitos a terem suas vidas ceifadas pela mesma. Pois da mesma forma que toda a riqueza de impérios e reinos como a China Song e Khwarezm não os impediram de serem conquistados pelos mongóis no século XIII e toda a riqueza do homem mais rico de Ginger não o impediu de ser morto e absorvido por Cell, toda a riqueza desse presidente do Santander em questão não o impediu de ser morto pelo Coronavírus-19.
Antes de tudo, a pandemia de Coronavírus-19 está mostrando ao mundo o fracasso do neoliberalismo, especialmente quando vemos que países com estados fortes como a China e as duas Coreias souberam lidar muito melhor com a crise que os países ocidentais afligidos por décadas de neoliberalismo e suas políticas de concentração nas mãos de uma pequena gama de multimilionários, em especial aqueles ligados ao setor financeiro. Em países como os Estados Unidos, tais políticas implicaram em sistemas de saúde pública frágeis, nos quais apenas os muito ricos têm condição de pagar tratamentos muito caros (haja vista o caso do dublador norte-americano Robert Axelrod, finado ano passado aos 70 anos de idade. Notável por ter dublado personagens como o Lord Zedd em Power Rangers, tiveram que fazer vaquinhas virtuais na Internet para arcar com os custos do tratamento da doença que veio a ceifar a vida dele). Sob o governo de um imbecil miliciano que vive contestando cientistas e não tomando as medidas adequadas para contornar a crise e se metendo a causar crises diplomáticas com a China em um momento extremamente delicado, não é de se surpreender que o vírus venha a causar muitas mortes no país (e nisso Bozo mais uma vez mostra a todos nós que ele acha que ser Presidente é o mesmo que ser o político do baixo clero que ele foi nos últimos 30 anos – ao passo que os filhos debilóides dele acham que eles não são os filhos do Presidente da República, mas de um Deputado Federal qualquer do Rio de Janeiro. Como diz o velho ditado, filho de peixe, peixinho é). Ou será que Bozo, de fato, na verdade de tudo está fazendo para que o Brasil vire um grande Milicianistão aos moldes do Haiti de Papa Doc, do morro carioca e da Colômbia de Pablo Escobar?
E mais do que isso: essa crise evidencia a todos nós a grande contradição do neoliberalismo e seu discurso de demonização do Estado – de que o Estado é o demônio encarnado na Terra até que a crise aperta. Quando isso ocorre, eles recorrem ao mesmo Estado que eles tanto demonizam para salvar bancos e outras grandes empresas da falência. Com o Coronavirus-19, o neoliberalismo recebeu uma sentença de morte, e seu sepultamento será questão de tempo, em nada diferente do que aconteceu com o liberalismo clássico na sequência da crise de 1929.
Eu, do fundo do meu coração, espero que essa novela termine o mais rápido possível, e que as previsões mais apocalípticas a respeito dos efeitos desse vírus no Brasil não aconteçam. Para que lá no fim do ano o Presidente miliciano não venha com a desculpa de que a economia do país foi mal por causa da pandemia, e assim o usando para a desviar a atenção de sua incompetência.
Aqui deixo minha mensagem final a todos – Fora Bolsonaro!!!!! Fora familícia!!!! Diga não à transformação do Brasil no grande Milicianistão que o nosso Presidente débil mental tanto quer!!!!

Foto – Roupas de habitantes de Ginger Town depois de terem sido absorvidos por Cell.
Fontes:
Dragon Ball Z – 15 things you never knew about the androids (em ingles). Disponível em: https://screenrant.com/androids-17-18-dragon-ball-trivia-facts-gero/
Dubladores Dragon Ball Z, GT, Kai e Super. Disponível em: https://dragonballz.fandom.com/pt-br/wiki/Dubladores_Dragon_Ball,Z,GT_E_Kai
Presidente do Santander morre em Santander vítima do corona vírus. Disponível em: https://noticias.r7.com/internacional/presidente-do-santander-morre-em-portugal-vitima-do-coronavirus-18032020
Quando Toriyama quis encerrar Dragon Ball – Parte VI. Disponível em: https://namekusei.wordpress.com/2012/06/17/quando-toriyama-quis-encerrar-dragon-ball-pt-vi/
Robert Axelrod AKA Lord Zedd from POWER RANGERS is dealing with complications from surgery (em ingles). Disponível em: https://geektyrant.com/news/robert-axelrod-aka-lord-zedd-from-power-ranger-is-dealing-with-complications-from-surgery

NOTA:

[1] Aqui uso um termo diferente do que foi usado na dublagem brasileira do anime e nas edições brasileira do mangá. Em japonês, o termo usado na dublagem do anime e nas edições do mangá, namekuseidžin, significa “pessoa do Planeta Namek”. Sendo “Namek” o nome do Planeta em questão, “sei” estrela e/ou planeta e “džin” a palavra japonesa para pessoa. Assim, resolvi aqui adotar os nomes usados na dublagem estadunidense do anime, só que adaptados ao português.


domingo, 15 de março de 2020

Bandido bom é bandido morto, exceto se for um dos meus - a hipocrisia bolsonarista (e da esquerda pequeno-burguesa também) no caso Suzy-Dráuzio Varella



Foto – Fotos de Bozo pai e de Carlos Bolsonaro (vulgo Pavão Misterioso) com o professor de artes marciais Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca (preso em 2019 depois de jogar ao mar armas que teriam sido usadas no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes), e o ex-PM Élcio de Queiroz (suspeito de envolvimento no caso Marielle).
Recentemente, vimos o episódio do abraço do médico Dráuzio Varella (figura essa a qual nós não nutrimos grande simpatia, tendo em vista tratar-se de um defensor de pautas como liberação de narcóticos e aborto) ao detento transexual Suzy (preso depois de ter assassinado, estuprado e ocultado o cadáver de um menino de nove anos) veiculado pela TV Globo no jornal do Fantástico causar grande estardalhaço (fato esse não mencionado durante a reportagem em questão). Muitas vozes se levantaram em favor da atitude do médico, assim como reações contrárias. Não vamos aqui julgar a respeito da atitude do doutor Dráuzio Varella, se ele sabia ou não do crime do indivíduo em questão ou se ele foi lá para desempenhar o papel de médico ou de juiz, até pelo fato de que esse não é nosso papel e não me pretendo a tal no presente texto. Pois esse caso e a repercussão por ele gerada é paradigmática, pois diz muito sobre quem é não apenas que esquerda nós temos e as bandeiras que vem defendendo há tempos, como também que direita nós temos e sua retórica hipócrita no que tange à bandidagem. A respeito do Doutor Dráuzio Varella em si, pouco ou nada em si diz respeito.
Primeiro, uma breve consideração a respeito da Rede Globo e o papelão feito por ela nesse caso. Nós não temos nenhuma solidariedade em relação à emissora da família Marinho. Não apenas em relação à Globo, como também a todos esses veículos de comunicação que agiram da forma mais cretina possível nos últimos anos e hoje estão “surpresos” de que hoje temos um troglodita que não serve nem para ser síndico de prédio na Presidência da República. Eles chocaram o ovo da serpente durante esse tempo todo conspirando a favor do impeachment de Dilma e da prisão de Lula, e hoje essa mesma serpente os pica e neles inocula seu veneno. Bem feito para a emissora da família Marinho. Segurem que o filho é de vocês.
Segundo, que é graças a uma esquerda como essa que hoje temos um miliciano como Presidente da República, como também proliferam mundo afora os chamados populistas de direita, entre eles Matteo Salvini, Viktor Órban, Marine Le Pen, Geert Wilders, Boris Johnson, Donald Trump, AfD, Pegida e tantos outros do movimento internacional puxado por Steve Bannon. Se um dia o Brasil virar o Milicianistão que o nosso Presidente imbecil tanto quer, com milicianos em toda parte agindo de forma análoga aos Tonton Macoute do Haiti dos tempos da dinastia Duvalier, uma coisa é certa: essa esquerda liberal que mais se preocupa se o gay e o travesti podem casar ou não na Igreja que com as necessidades da população terá grande culpa no cartório (embora não a única, obviamente).
É por causa de uma esquerda como essa que prefere defender determinados tipos de pessoas, não raro só por causa de sua orientação sexual não-tradicional e/ou por pertencer a algum outro grupo social minoritário e que por meio do politicamente correto diz que é errado chamar favela de favela, que vemos, por exemplo, o cidadão comum francês hoje ver-se muito mais representado pela Marine Le Pen que pelo Hollande ou pelo Mélenchon. Na Alemanha o SPD (Sozialdemokratische Partiei Deutschlands; em alemão Partido Socialdemocrata da Alemanha) está fora do poder há 15 anos e gradativamente perdendo sua posição como segunda força política do país de Goethe e Richard Wagner para o AfD (Alternative für Deutschland; em português Alternativa para a Alemanha). Na Inglaterra, devido às vacilações de Jeremy Corbin em relação a temas como o Brexit, os trabalhistas sofreram uma acachapante derrota para Boris Johnson até mesmo em lugares como as Midlands (região da Inglaterra central, tradicional reduto de movimentos e partidos esquerdistas). Na Itália a esquerda imponente diante de partidos e movimentos como o Cinco Estrelas e o Lega Nord. Ou mesmo o fato de que enquanto que na Hungria o atual premiê Viktor Órban toma medidas contra a presença de George Soros (o mesmo Soros que segundo o Doutor Enéas em discurso de 1998 era maior narcotraficante do planeta) em seu país (incluindo a proibição do funcionamento de ONGs financiadas pelo multibilionário judaico-húngaro), esse mesmo sujeito, que patrocinou o fim do bloco soviético financiando movimentos como o Solidariedade na Polônia e depois revoluções coloridas no espaço pós-soviético como a Revolução Bulldozer na Sérvia em 2000, Revolução Laranja na Ucrânia em 2004 e o Euromaidan na mesma Ucrânia em 2014, é defendido por setores dessa mesma esquerda quando atacado por determinados grupos de direita (como é o caso de Henry Bugalho).
Se essa esquerda não rever logo tais posicionamentos (algo que precisa ser feito para ontem, quiçá para o mês passado, diga-se de passagem), o nosso Presidente imbecil e sua familícia se perpetuarão no poder mesmo com o dólar a 20 reais e todo mundo ou trabalhando de Uber, iFood e serviços afins ou envolvido com milícia, tamanha é a mediocridade dessa esquerda, que não se dá conta de que não passa de uma bucha de canhão de grandes investidores internacionais como George Soros e seu projeto de Sociedade Aberta.

Foto – A abissal diferença entre a esquerda clássica e a new left.
E por fim, terceiro e mais importante de tudo, esse episódio mostra que a retórica da parte dos bolsonaristas de que bandido bom é sinônimo de bandido morto é mais falsa que nota de três reais. Algo que já começa com o fato de o atual Presidente da República (que soltou uma postagem em sua conta no Twitter a respeito do caso), durante a sessão de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, dedicou seu voto à memória de um dos mais famosos torturadores e carrascos da ditadura civil-militar brasileira, o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Nas palavras do próprio Bozo, Ustra em vida foi o “pavor de Dilma Rousseff”. Além do Coronel Ustra, Bolsonaro tem entre seus “heróis” o coronel Lício Maciel, notável por ter prendido José Genoíno na guerrilha do Araguaia, contra o qual foi movida uma ação civil pública por prisão ilícita, tortura e homicídio de quatro militantes do MOLIPO (Movimento de Libertação Popular), atuante no Tocantins no tempo da ditadura. O mesmo Lício Maciel que mais tarde veio a se reencontrar com Genoíno em 2005, quando o petista foi prestar depoimento na CPI da mensalão. E isso graças a Bolsonaro, que o convidou para a seção a ponto de pagar a passagem de avião dele.

Foto – Tweet do Presidente Bolsonaro a respeito da atitude de Dráuzio Varella, destilando sua típica hipocrisia e falso moralismo.
E não para por ai. Bolsonaro também é admirador de figuras históricas como o ex-presidente peruano Alberto Fujimori, o ditador chileno Augusto Pinochet (que dispensa comentários) e o ditador paraguaio Alfredo Stroessner, notório pedófilo, o qual recebeu elogios da parte de Bolsonaro em visita ao Paraguai em fevereiro do ano passado. Stroessner, que governou o Paraguai entre 1954 a 1989, tinha como esporte o estupro de meninas virgens e exigia da parte de seus assessores o constante fornecimento de garotas virgens para seu uso pessoal e sob cujo governo o Paraguai se tornou redes de contrabando do mundo, no qual as Forças Armadas participavam diretamente do tráfico de narcóticos. E isso ao mesmo tempo em que chama os regimes cubano e venezuelano de ditaduras. Tutti buona genti, como dizem na Itália.
Isso sem contar com ligações dele e dos filhos dele de longa data com as milícias do Rio de Janeiro, entre eles o Escritório do Crime, envolvido na morte de Marielle Franco em 2018. Voltemos ao longínquo ano de 2003, quando grupos de extermínio tocavam o terror na Bahia, sob a liderança de policiais e ex-policiais civis e militares. Centenas de jovens negros da periferia foram assassinados por esses grupos em retaliação por supostos crimes. Bolsonaro fez um discurso no plenário da Câmara defendendo tais elementos. Bozo pai voltaria a defender elementos desse naipe cinco anos mais tarde, na CPI das Milícias.
Bolsonaro mora no mesmo condomínio de milicianos pertencentes à milícia Escritório do Crime como Ronnie Lessa (cuja filha durante certo tempo namorou o quarto filho de Bozo pai), na Barra da Tijuca, um dos bairros mais nobres do Rio de Janeiro, e já tirou fotos ao lado de outras figuras desse quilate. Tudo indica que pelo andar da carruagem das investigações do caso Marielle Franco que há envolvimento de alguém da família Bolsonaro, ao menos indireto, na morte dela e do motorista do carro (mais provavelmente, seu segundo filho, com o qual havia um verdadeiro clima de guerra pouco antes do falecimento da política carioca).

Foto – Adriano da Nóbrega (m. 2020).
Mas o mais emblemático caso dessa relação da familícia Bolsonaro e as milícias cariocas é a relação com o miliciano e ex-BOPE Adriano da Nóbrega, recentemente falecido em decorrência de uma operação policial na Bahia. Em 2005, não apenas Bozo pai, como também Flávio Bolsonaro (que dois anos antes concedeu moção honrosa a Ronald Paulo Alves, quando este era investigado como um dos executores de cinco jovens e que em 2007 quis legalizar as milícias) não apenas visitou como também homenageou com a medalha Tiradentes (a maior honraria que um policial pode receber) o ex-BOPE, na época preso por assassinato. Também veio a empregar mãe e esposa de Adriano da Nóbrega em seu gabinete. 

Cinco anos mais tarde, o mesmo 01 recusou essa mesma medalha ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) em discussão na ALERJ com o deputado Paulo Ramos, então do PDT, por causa de supostas ligações do movimento social pela reforma agrária com criminosos. Também se opôs a uma moção de louvor a Carlos Marighella no ano seguinte na mesma ALERJ. 


Abaixo, as várias coincidências entre as milícias e a família Bolsonaro desde 2003 (no mínimo), em texto que pode ser encontrado em redes sociais como o Facebook e aqui reproduzido:
“Segue abaixo as coincidências:
2003 - Jair defende milicias
2007 – Flávio quer legalizar milicias
2011 – A juíza Patricia Acioli é assassinada por milicianos, Flávio a difama.
2015 – De 70 deputados da ALERJ, Flávio é o único a votar contra CPI q investigara policiais.
2018 – Já em campanha, Jair defende milicias (de novo)
2018 – Flávio faz campanha com família ligada ao jogo do bicho (muitos bicheiros viraram milicianos)
2018 – Marielle é assassinada (silêncio dos Bolsonaros)
2018 – Dois PM's são presos, acusados de serem milicianos, os dois são irmãos da tesoureira e assessora do PSL
2018 – Dois candidatos do partido do Bolsonaro quebram uma placa de homenagem a Marielle e Flávio os defende.
2018 – descobrem q uma milícia de São Gonçalo teria atuado em favor de um dos candidatos de Jair Bolsonaro à ALERJ, o coronel Fernando Salema (PSL)
2019 – COAF revela que Fabrício, ex-assessor de Flávio, fez movimentação atípica de R$ 1,233 milhão entre 2016 e janeiro de 2017. O ex PM já cometeu pelo menos 10 homicídios;
2019 – O COAF descobriu que, além do lote de 1,2 milhão de reais, passaram também pela conta corrente do assessor de Flávio 5,8 milhões de reais nos dois exercícios imediatamente anteriores.
2019 – Novo relatório do COAF aponta Flávio recebeu R$ 96 mil em 50 depósitos fracionados. Ele alega que o dinheiro vivo é fruto da venda de um imóvel;
2019 – É revelado que Queiroz, antes de ir para o Albert Einstein, se escondeu na favela de Rio das Pedras, dominada pela milícia;
2019 – Flávio empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete, suspeitos de assassinarem Marielle.
2019 – Flávio foi o único parlamentar que votou contra a concessão da medalha Tiradentes à Marielle.
2019 – Carlos tenta manchar a imagem da Mangueira nas redes sociais, dizendo q a escola tem envolvimento com milícias, depois dela ter ganho o carnaval fazendo homenagem a Marielle.
12/03/2019 – Élcio e Lessa, dois ex-PMs são presos acusados do assassinato da Marielle, Lessa mora no mesmo condomínio luxuoso que Jair e só se mudou pra lá, depois da morte de Marielle.
12/03/2019 - Delegado responsável confirma que filho mais novo de Bolsonaro namorou a filha de miliciano preso hoje!
MAS É TUDO COINCIDÊNCIA!”
Tais recusas podem à primeira vista parecer algo frívolo, trivial e até irrelevante, mas mostram bem o seguinte: que para a familícia Bolsonaro bandido bom é sinônimo de bandido morto, exceto se for um dos deles. Em outras palavras, de que a retórica anti-bandidagem da parte deles é uma grande conversa para boi dormir e que quando eles falam no traveco Suzy e criminosos afins que não fazem parte do círculo deles é o sujo falando do mal lavado.

Foto – Organograma das relações entre a família Bolsonaro e as milícias. Quando será que o Dallagnol (vulgo Mister PowerPoint) fará o PowerPoint das relações do Presidente com as milícias, tal como fez com o Lula, no qual o procurador paranaense o acusou de ter ligações com vários esquemas de corrupção?
Fontes:
Bolsonaro defendeu Adriano da Nóbrega na Câmara quando era Deputado. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nBlqVDlwHWU&t=3s
Caso Adriano e Flávio: Justiça já tem as provas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Hty0exUuhoc
Dr. Enéas – falando a verdade em menos de 1 minuto e meio. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Fyp78h5L6QU
Elogiado por Bolsonaro, saiba quem foi Alfredo Stroessner, ditador, nazista e pedófilo-estuprador em série. Disponível em: https://www.causaoperaria.org.br/elogiado-por-bolsonaro-saiba-quem-foi-alfredo-stroessner-ditador-nazista-e-pedofilo-estuprador-em-serie/
George Soros e seus amigos da CIA atacaram a União Soviética/Rússia em 1987. Disponível em: https://dinamicaglobal.wordpress.com/2016/01/02/george-soros-e-seus-amigos-da-cia-atacaram-a-uniao-sovieticarussia-em-1987/
George Soros: saiba toda a verdade! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zgTfV2EFs1M
Flávio Bolsonaro (PP-RJ) impede medalha ao MST. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OmGxaWGAgyE&t=1s
Fotos dos Bolsonaro com milicianos presos reforçam necessidade de investigar laços da famiglia. Disponível em: https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fotos-dos-bolsonaro-com-milicianos-presos-reforcam-necessidade-de-investigar-lacos-da-famiglia.html
Quais são as “coincidências” entre a família Bolsonaro, milícias cariocas e Marielle? Disponível em: https://www.justificando.com/2019/03/13/quais-sao-as-coincidencias-entre-a-familia-bolsonaro-milicias-cariocas-e-marielle/
Saiba porque Bolsonaro votou contra a medalha a Carlos Marighella. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eRgySILRuaw&t=38s
Todos os heróis de Jair Bolsonaro. Disponível em: https://theintercept.com/2019/03/03/todos-os-herois-de-jair-bolsonaro/