Foto – Lorenzo Lazzarotto.
PARTE I – GRANDE
GUERRA PATRIÓTICA E COLABORACIONISMO UCRANIANO COM OS NAZISTAS.
No dia 28 de junho do presente ano, Lorenzo Lazzarotto, do
canal do You Tube “História e fé Católica”, postou o vídeo “A história da
Igreja Católica Ucraniana – perseguida por comunistas e ortodoxos!”, de 1467
segundos de duração ao todo.
É um vídeo de embrulhar o estômago, no qual Lazzarotto não
apenas destila uma russofobia barata e cretina, como também omite fatos muito
importantes a respeito da história da questão envolvendo Rússia e Ucrânia. E
essa, diga-se de passagem, não foi a primeira vez que ele destilou tal
russofobia nos vídeos por ele publicados no You Tube.
Até concordo com Lazzarotto em outras questões sobre as
quais não entrarei em detalhe no presente momento, mas esse definitivamente não
é o caso das falas dele a respeito da Rússia. Falas essas que serão respondidas
em cinco partes.
Pelo que se pode ver nesse e em outros vídeos anteriores dele
sobre o mesmo tema, ele justifica posicionamentos em favor da Ucrânia na
presente guerra por conta, entre outras coisas, do histórico de perseguições da
Rússia (tanto imperial quanto soviética) para com as denominações religiosas surgidas
com a União de Brest (1596), em especial a Igreja Greco-Católica Ucraniana. E
que por causa de todo esse histórico de perseguições da Rússia um católico não
pode se posicionar a favor da Rússia, nem ser simpático à nação de Gogol,
Puškin e Prokofiev.
Pelo que eu vejo, muitos desses ditos “influenciadores”
cristãos do You Tube (entre eles o Lucas Lancaster e o próprio Lazzarotto)
parecem reproduzir discursos neoconservadores, bem ao estilo da direita de
matiz olavista, quando se trata de temas como a Rússia e o Mundo Muçulmano. E
infelizmente, muitos incautos caem na ladainha deles.
Vamos começar pela Segunda Guerra Mundial. Ou como ela é
chamada na historiografia russa, Grande Guerra Patriótica (em russo Velikaja
Otečestvennaja vojna/Великая отечественная война).
Nesse e em um vídeo anterior Lazzarotto em momento algum
fala, por exemplo, do colaboracionismo ucraniano (o qual foi mais forte na
parte ocidental da nação eslava) para com os nazistas durante a Segunda Guerra
Mundial. Nada sobre Roman Šukhevič, Andrej Melnyk, Jaroslav Stetsko ou Stepan
Bandera, nada sobre OUN-UPA, nada sobre a divisão galiciana da Waffen SS ou
sobre o batalhão Nachtigall, nada sobre massacres perpetrados por essa gente
durante a guerra. Nada, nada. Um verdadeiro cherry-picking. Se, talvez ele
mencionasse, ainda que pelo alto, o colaboracionismo ucraniano com os nazistas
no curso da Segunda Guerra Mundial, a narrativa que ele apresenta nesse e em
outros vídeos no qual ele destila a russofobia dele iria por água abaixo.
As falas dele inclusive passam a impressão de que os
nazistas agiram sozinhos nesse tempo todo e não tiveram vários colaboradores
das mais diversas nacionalidades no curso da guerra. Colaboradores esses que
não raro formavam batalhões e unidades especiais dentro da Waffen SS. Em outras
palavras, de que não houve colaboracionismo com os nazistas nem na Ucrânia, nem
em outras partes da Europa ocupada pelos nazistas no período de 1939 a 1945.
Diga-se de passagem, durante a Segunda Guerra Mundial a
Alemanha nazista, em seu esforço de guerra, para além do Japão e da Itália
também teve outros aliados menores, geralmente governados por regimes alinhados
politica e ideologicamente a Roma e a Berlim (tanto é que quando o Brasil
declarou guerra às potências do Eixo, em1942, não houve declaração de guerra
contra as potências menores do bloco, apenas contra as três principais). E, da
mesma forma que na Ásia o Japão estabeleceu regimes fantoches como o Mandžukuo
na Manchúria e o Mengdžiang na atual Mongólia Interior, na Europa a Alemanha
nazista fez o mesmo ao estabelecer regimes tais como a República de Vichy na
França, o regime de Vidkun Quisling na Noruega e a República de Lokot no
noroeste da Rússia.
E isso não se resumiu às alianças com outros países e ao
estabelecimento de regimes de ocupação favoráveis a Berlim: no curso da guerra
vários colaboradores, das mais diversas nacionalidades, aderiram aos nazistas.
E um bom exemplo disso se deu durante a invasão à União
Soviética, iniciada em 1941. Para invadir a União Soviética (que antes do
início da guerra na Europa teve enfrentamentos menores contra o Japão no
Extremo Oriente, nos quais se saiu vencedora), Hitler não apenas contou com o
auxílio da Itália e de seus aliados menores (entre eles a Romênia, a Hungria, a
Finlândia, a Croácia e a Eslováquia), como também reuniu tropas de toda a
Europa para tamanha empreitada, tal qual Napoleão Bonaparte antes dele na
Guerra Patriótica de 1812. Divisões especiais da Waffen SS de tropas francesas
(divisão Carlos Magno), norueguesas, suecas, dinamarquesas, finlandesas,
belgas, holandesas (divisão Wiking), espanholas (divisão azul), romenas,
húngaras e até mesmo bósnias (divisão Handžar) foram formadas no curso da
guerra. Os próprios nazistas, diga-se de passagem, recorriam ao elemento
colaboracionista para administrar os campos de concentração (não raro judeus),
e muitas vezes eram estes elementos que sujavam a mão nos massacres e limpezas
étnicas.
Tanto é que à época houve alguns pôsteres de propaganda
nazista, destinados ao recrutamento de voluntários para a Operação Barba-Rossa,
no qual esta é apresentada como se fosse um grande levantamento da Europa unida
contra o “bolchevismo judaico”, e até mesmo como se fosse uma grande cruzada.
Foto – Pôsteres de propaganda nazista em holandês e em francês, destinados ao recrutamento de voluntários em várias partes da Europa para a Operação Barba-Rossa.
E não só isso: no curso da invasão nazista à União
Soviética, em várias partes da própria União Soviética os nazistas encontraram vários
colaboradores que se juntaram a eles e até os receberam como libertadores. Na
Rússia, esse foi o caso do general Andrej Vlasov e do Exército de Libertação da
Rússia, assim como de cossacos e outros elementos advindos do movimento branco
que se exilaram na Europa após a vitória bolchevique na guerra civil russa. Em
Belarus e nos países bálticos se juntaram aos nazistas figuras como Michas
Vituška e Radoslav Ostrovskij. Batalhões e divisões tais como a Guarda
Doméstica Bielorrussa e a 30ª divisão de granadeiros da Waffen SS foram
formados, além do estabelecimento de entidades político-administrativas como a
Rada Central Bielorrussa.
E na Ucrânia, o colaboracionismo foi muito forte na região
ocidental do país (região essa que no passado, até a Primeira Guerra Mundial,
teve considerável população russófila – assunto que será abordado e aprofundado
em um dos próximos itens). Como em outros lugares da Europa, os nazistas como
libertadores foram recebidos. E um dos
principais nomes do colaboracionismo ucraniano com os nazistas foi Stepan
Bandera e a organização OUN-UPA (a qual por sua vez tinha duas alas: a OUN-M,
sob o comando de Andrej Melnyk, e a OUN-B, sob o comando do próprio Bandera).
Foto – Nazistas sendo recebidos como libertadores na Ucrânia ocidental.
Antes mesmo de a guerra na Europa começar, Bandera foi preso
pelas autoridades polonesas por conta de suas atividades e no período de 1936 a
1939 esteve preso em diversas prisões. Com a queda da Polônia em 1939 em
decorrência da invasão alemã daquele ano, muitos prisioneiros sob custódia
polonesa foram soltos. E um desses é precisamente Bandera, à época preso na
fortaleza de Brest (atual Belarus). Uma vez liberto, Bandera retornou à Ucrânia
ocidental, com a OUN atuando de forma clandestina sob o poder soviético.
No curso da guerra, os colaboradores ucranianos estiveram
envolvidos em terríveis pogroms, massacres e limpezas étnicas, tais como o terrível pogrom de
Lvov, ocorrido em 1941, no qual os judeus locais foram capturados, espancados e
assediados nas ruas da cidade, e em seguida fuzilados. Calcula-se em 4 mil os
mortos de tal chacina.
Outro massacre famoso no qual os colaboradores ucranianos
dos nazistas estiveram envolvidos foi o incêndio da Igreja da aldeia de Khatyn’,
em Belarus, na qual a Igreja local foi incendiada por uma turba de ucranianos
colaboracionistas com os fiéis dentro. 152 habitantes da aldeia foram
trancafiados em uma Igreja, entre eles crianças entre sete semanas de vida e 15
anos, sendo lá queimados vivos. Poucos que lograram sair da Igreja em chamas e
sobreviver, a maioria foi al alvejada por tiros de metralhadora. O ancião Josif Kominskij encontrou o cadáver
queimado do filho dele e o ergueu nos braços. Cena essa que é retratada no
monumento erguido em Belarus dedicado às vítimas desse massacre.
Foto – Memorial de Khatyn em Belarus.
Também cabe aqui citar o massacre de Volyn, ocorrido entre
1942 e 1943, no qual os colaboracionistas ucranianos, atuando como unidades de
Polícia do Exército Alemão, teriam ceifado a vida de até 200 mil poloneses na
Volínia e na Galícia oriental (segundo variadas estimativas de historiadores
poloneses). Também eram submetidos a tais chacinas tchecos e ucranianos que não
queriam tomar parte em tais ações.
Foto – Outro pôster de propaganda nazista referente à Operação Barba-Rossa e a apresentando como uma frente unida da Europa contra o “bolchevismo judaico”.
Com o tempo, a sorte da guerra foi mudando e os aliados
viraram o jogo sobre as potências do Eixo. Uma a uma elas foram se rendendo,
até chegar à rendição da Alemanha na Europa em oito de maio de 1945 e do Japão
na Ásia em 14 de agosto do mesmo ano.
Após a guerra, parte desses colaboradores lograram fugir da
União Soviética (incluindo Bandera) e se estabeleceram em países como a
Alemanha Ocidental e o Canadá, formando diáspora nesses países. Nos Cárpatos, a
luta do poder soviético contra os últimos remanescentes dos colaboradores
ucranianos dos nazistas, sob a denominação “Conselho Supremo de Libertação da
Ucrânia” e se organizando em forma de células guerrilheiras que vai se
arrastar até o começo dos anos 1950. Coube a NKVD o combate e a repressão à
guerrilha banderista. No exílio, Bandera foi morto pela inteligência soviética
em Munique em 1959.
Foto – Pôster da divisão galiciana da Waffen SS que insta os ucranianos a lutarem por Hitler.
Com o fim da União Soviética e a independência da Ucrânia, não
apenas alguns desses ucranianos voltaram ao país natal, como também a figura de
Bandera passou por um processo de reabilitação que começa após a Revolução
Laranja de 2004 e o governo de Vyktor Juŝenko. Não apenas Bandera é reabilitado
e transformado em herói (decisão essa que polarizou a Ucrânia por dentro entre
aqueles a favor e contra tal decisão), como também outras figuras como o líder
cossaco Ivan Mazepa (o qual durante a Grande Guerra do Norte, no começo do século XVIII, aliou-se à Suécia em
detrimento da Rússia) também foram reabilitadas.
Também data dessa mesma época a promoção da narrativa de que
os russos teriam feito uma fome com intenções genocidas contra o povo ucraniano
em 1932/1933 (ou seja, a indústria do Holodomor), e tal qual nos países
bálticos foi passada uma lei de criminalização simultânea do nazismo e do
comunismo, em 2015. Lei essa que o Eduardo Bolsonaro (vulgo 03) tentou trazer
para o Brasil por meio do PL 4425/2020 e que na prática usa os nazistas como
bois de piranha para proteger e ocultar os colaboradores locais dos mesmos
nazistas.
Na crise de 2013/2014 que levou ao Euromaidan (apoiado pelo
megaespeculador George Soros) e ao golpe de Estado que depôs o então Presidente
da Ucrânia Vyktor Janukovič, imagens com retratos de Bandera apareceram aos
montes nas ruas ucranianas. Grupos neonazistas, tais como o Setor de Direita e
o Batalhão Azov, saem de suas tocas. E um detalhe curioso sobre esses grupos é
que oligarcas judeus, entre eles Igor Kolomojskij, os apoiam. Claro,
aproveitando-se do ódio rábico que eles sentem em relação à Rússia para usá-los
como peões em um grande jogo de xadrez. E descartá-los como se fossem lixo lá na frente, no momento em que estes cães raivosos deixarem de ser úteis a eles.
Um desses grupos, o Setor de Direita, usa como estandarte a
mesma bandeira rubro-negra outrora usada pela OUN-UPA, só que com o tridente
ucraniano no meio (bandeira essa que inclusive apareceu em manifestações no
Brasil, onde alguns manifestantes queriam que o Brasil seguisse o exemplo
ucraniano).
Foto – Monumento erguido a Stepan Bandera em Lvov, Ucrânia ocidental.
E ainda a respeito da Grande Guerra Patriótica, por volta de
7:30 ele diz que a vitória soviética na guerra se deu por conta da ajuda que os
russos receberam dos Estados Unidos por meio do programa Land Lease. Sim, é
verdade que a União Soviética recebeu uma substancial ajuda vinda dos Estados
Unidos por meio do Land Lease.
Só que há outro lado da história. A Alemanha hitlerista também recebeu maciça ajuda vinda dos EUA, tanto antes quanto durante a guerra. Grandes magnatas e empresas norte-americanas fizeram altos negócios com os
nazistas, entre eles a Ford, a Standard Oil da família Rockefeller, a General
Motors e a ITT. Assim como magnatas tais como Friedrich Koch (pai dos irmãos
Koch), Prescott Bush (pai do Bush I e avô paterno do Bush II – os mesmos Bush
que após a guerra se envolvem com o regime saudita, incluindo com a família Bin
Laden) e outros.
Foto – Prescott Bush (1895 – 1972), o Bush vô.
Na invasão à União Soviética a Wehrmacht foi equipada com
diversos caminhões Ford. A ITT, a mesma ITT que anos depois teve sua filial
gaúcha encampada por Leonel de Moura Brizola no tempo em que o velho caudilho
foi governador do Estado do Rio Grande do Sul e apoiou o golpe contra
Salvador Allende no Chile, em 1973, participou dos projetos secretos de criação
de mísseis do Terceiro Reich. Estamos falando dos mísseis que aterrorizaram
Londres e outras cidades britânicas. Empresas como a Ford e a Standard Oil
tinham fábricas nas áreas da Europa ocupadas pelos nazistas. Entre tantos
outros exemplos que podem ser citados. Ao que tudo indica, o velho Brizola
deixou este mundo sem saber a respeito do envolvimento pregresso da ITT com os
nazistas e o projeto de criação de mísseis balísticos deles.
Este é um jogo duplo que os Estados Unidos repetem anos mais tarde na Guerra Irã-Iraque, entre 1980 a 1988, na qual apoiaram o Iraque de Saddam Hussein oficialmente e o Irã do aiatolá Khomeini por baixo dos panos por meio do esquema Irã-Contras (no qual o dinheiro das armas vendidas ao Irã foi usado para financiar a guerrilha dos contras na Nicarágua).
Além disso, os Estados Unidos não foram os únicos países a prestar
ajuda à União Soviética no curso da Grande Guerra Patriótica. Também ajudou
muito a União Soviética na área logística, por meio do envio de itens como
cavalos, casacos, alimentos e até mesmo soldados que se destacaram e receberam
medalhas (cerca de 300 ao todo) a República Popular da Mongólia. A própria
Mongólia também financiou a formação de unidades tais como a brigada de tanques
“Mongólia revolucionária” e a esquadrilha aérea “Arat”. A Mongólia, à época
governada por Khorloogijn Čojbalsan, alcunhado de “o Stalin da Mongólia”,
inclusive foi o primeiro país a se posicionar a favor da União Soviética após o
início da Operação Barba-Rossa, ainda em 1941.
Foto – “Do povo mongol ao front!”: vagão de trem com cavalos destinado a ajudar a União Soviética na Grande Guerra Patriótica.
E Lazzarotto, se você faz tanta questão de falar da ligação
da Igreja Ortodoxa Russa com o Estado Russo tanto no período imperial quanto no
período soviético, então eu vou lhe mostrar uma foto, digamos, inusitada. É uma
foto datada de 18 de julho de 1943, na qual sacerdotes da Igreja Greco-Católica
ucraniana agraciam membros da já formada divisão galiciana da Waffen SS. E
detalhe: com estandartes da Waffen SS e do Partido Nacional-Socialista ao lado
(suástica inclusa).
Foto – Sacerdotes greco-católicos ucranianos abençoando membros da divisão galiciana da Waffen SS. Lvov, 18 de julho de 1943.
E então, eu fico por aqui, ou você quer que eu mostre mais
coisas? Fica por tua conta. Você é quem decide.
É bom que saiba de uma coisa: da mesma forma que a União
Soviética, após a guerra, uma guerra que para ela foi uma questão de vida ou
morte, puniu severamente outros elementos colaboracionistas (quer seja com a
morte por fuzilamento ou enforcamento, quer seja com o envio ao gulag), entre
eles os cossacos de Lienz (julgados e executados na prisão de Lefortovo em
1947. Anos mais tarde, essa história é citada no filme 007 vs Goldeneye, o
primeiro da era Pierce Brosnan e o primeiro produzido após o fim da União
Soviética, e usada como pano de fundo para a vingança do antagonista Alec
Trevelyan contra a Inglaterra e que tinham entre suas fileiras o pai e o avô
paterno de um dos torturadores do Pinochet) e o general Andrej Vlassov (julgado
e enforcado por crime de traição ao final da guerra), com o clero uniata que
esteve de mãos dadas com o banderismo no mesmo período não seria diferente.
E, diga-se de passagem, executar e punir severamente elementos
colaboracionistas com as potências do Eixo na guerra não foi exclusividade da
União Soviética: a França condenou o general Pétain, herói da Primeira Guerra
Mundial que esteve à frente da França de Vichy, foi preso após o fim da guerra
e lá ficou até vir a óbito em 1951. Joseph Darnand, soldado francês que também
se destacou na Primeira Guerra Mundial e que jurou lealdade à Hitler na Segunda
Guerra Mundial, foi executado pelos franceses por um pelotão de fuzilamento.
Vidkun Quisling, por seu turno, não apenas foi julgado como traidor e executado
na fortaleza de Akershurs pelos próprios noruegueses, como também o nome dele
se tornou sinônimo de traidor colaboracionista em vários idiomas. Entre tantos
outros exemplos.
Uma das poucas exceções, talvez uma exceção à regra, foi o
caso de Pu Yi na China. Pu Yi quando criança foi o último imperador da China e anos
após a queda da monarquia chinesa, em 1912, foi entronado pelos japoneses como
o chefe do estado fantoche Mandžukuo. Por sorte, ele, depois de ter sido
capturado pelo Exército Vermelho em 1945, não foi executado após o fim da
guerra e após ter sido entregue aos chineses em 1949 viveu os últimos anos de
vida dele como um jardineiro e como bibliotecário em Pequim, até morrer em 1967.
Entre algumas empresas que apoiaram ou financiaram o Reich germânico, estão também a IBM, pioneira da computação, bem como as renomadas grifes de roupas e perfumes Hugo Boss e Coco Chanel. Aliás, a própria Coco Chanel foi amante de um dos oficiais do primeiro escalão nazista. Só escapou de ser presa porque o Churchill, que era seu amigo à época, interviu a seu favor. E no tocante a colaboradores dos nazistas, tiveram também os sérvios, através do grupo nacionalista extremista Chetniks, que muitos crimes bárbaros cometeram, tal qual os Ustashe croatas. Até um dos mais proeminentes sacerdotes ortodoxos sérvios, Momcilo Djujic, foi um grande colaborador de Hitler. O mesmo Djujic que foi tatuado no braço do jogador bósnio de ascendência sérvia Ognjen Vranjes, que, se não me engano, foi banido do esporte por esta razão.
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