Foto – Nelson Piquet,
tricampeão do mundo pela Fórmula 1 nos anos de 1981, 1983 e 1987. Agora na mira
da justiça.
Já faz algum
tempo que o ex-piloto Nelson Piquet Souto Maior, três vezes campeão do mundo
pela Fórmula 1 (1981, 1983 e 1987), 23 vezes vitorioso em grandes prêmios e com
passagens por outras categorias tais como a Fórmula Indy e as 24 horas de Le
Mans, está sob a mira da justiça. Mais precisamente, do Ministério Público do
Distrito Federal.
A história é
a seguinte. Em 2021, em entrevista ao canal Motorsports Talk, lá estava Nelson
Piquet comentando sobre o Grande Prêmio da Grã-Bretanha daquele ano, que teve
lugar no circuito de Silverstone (o qual sedia o Grande Prêmio da nação insular
de forma contínua desde 1987), mais precisamente sobre o acidente entre o
holandês Max Verstappen e Lewis Hamilton.
Com as
seguintes palavras Piquet comentou o acidente envolvendo o inglês e o holandês:
“O neguinho (Lewis Hamilton) meteu o carro e deixou porque não tinha jeito de
passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele é que só o
outro (Verstappen) se f*”.
Também se
referiu ao piloto germânico Nico Rosberg (campeão da temporada 2016) e seu pai,
o sueco Keke Rosberg (campeão da temporada 1982), com os seguintes termos: “O
Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele (Nico).
Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí
tava meio ruim”.
Entretanto,
as falas de Piquet demoraram um ano para se tornarem públicas. Uma vez tornadas
públicas as falas do tricampeão, ele foi submetido a um escrutínio de ordem
jurídica por parte do Ministério Público do Distrito Federal e de ONGs sob a
alegação de danos morais não só a Lewis Hamilton, como também a toda a
população negra e LGBTQIA+.
O parecer do
Ministério Público do Distrito Federal sobre o caso foi o seguinte: de que
houve violações aos direitos da vítima e da população negra e LGBTQIA+ e a
atitude do tricampeão “traduz claramente a sua concepção do profissional de cor
negra, incapaz de ser bem-sucedido em razão de sua competência, fazendo-se
necessária a utilização de outros meios, tais como a subjugação, a humilhação e
a inferiorização diante de pessoas brancas que seguem os padrões
heteronormativos”. A ação seguirá para a 20ª Vara Cível de Brasília.
Por conta da
decisão do Ministério Público do Distrito Federal, Nelson Piquet foi multado em
R$ 5 milhões. Entretanto, o piloto britânico não viu e nem irá ver a cor desse
dinheiro entrar nas contas dele. Visto que o dinheiro terá de ser pago a
“fundos destinados à promoção da igualdade racial e contra a discriminação da
comunidade LGBTQIA+”. E, para piorar ainda mais as coisas, o valor em questão
foi estipulado não com base em qualquer parâmetro jurídico, e sim por questão
de ordem política, visto que o valor estipulado com base no montante de
dinheiro que Piquet destinou à campanha de Bolsonaro na campanha presidencial
do ano passado.
Não vamos
entrar no mérito se Piquet foi racista, homofóbico ou o que quer que seja
quando disse as falas em questão. O nosso foco é outro.
O que se pode
extrair do episódio em questão? Primeiro, é aquilo que Felipe Quintas bem disse
em postagem no Facebook no dia 25 de março do presente ano, o assim chamado
identitarismo “deixou de ser uma impostura intelectual para se tornar uma
ferramenta de achaque e extorsão por parte de ONGs financiadas pelo alto
capital estrangeiro”. Assino embaixo com o que ele escreveu.
E quem melhor
que Nelson Piquet, uma figura não só de grande projeção e fama por seus feitos
como esportista nos anos 1980, como também controvertida, polêmica, sem papas na língua e de
relacionamento complicado com a grande imprensa (algo que vem de vários
carnavais, diga-se de passagem), para ser crucificado e cancelado pela assim
chamada beautiful people?
Fica evidente
que Piquet está sendo crucificado pela famigerada beautiful people não só para extorqui-lo, como também como forma de
promover uma espécie de vendeta política, por ele ter se posicionado a favor de
Bolsonaro nas últimas eleições. E assim fica um recado dado à população: ousem
falar mal de certas vacas sagradas que vocês sofrerão as mesmas sanções
judiciais e econômicas que o linguarudo do Nelson Piquet sofreu. E isso é o que
aqueles que estão comemorando a condenação do tricampeão (que nos últimos anos
fez algumas escolhas um tanto quanto questionáveis no âmbito
político-ideológico) não percebem.
Resumindo a
ópera. Hoje é o Nelson Piquet quem está sob a mira da justiça por ter ousado
utilizar-se de certo palavreado atualmente tido como proibido por certos
grupos, organizações não governamentais e lobbys com considerável influência
nos tribunais e na imprensa. E amanhã, depois de todo o escrutínio que o Nelson
Piquet vem passando, quem será a próxima bola da vez, por utilizar-se de
palavras como denegrir, judiar e expressões consagradas no nosso idioma como
criado mudo e até mesmo boi de piranha? Ou por chamar favela de favela e não de comunidade e dizer-se dono de um cachorro (e não tutor), por
exemplo?
A aqueles que
no presente momento jogam confetes e aplaude a decisão dos juízes e
desembargadores do Distrito Federal (incluindo o próprio Lewis Hamilton, que
lamentavelmente endossa esse jogo ignóbil e sujo), só lhes uma coisa: o
abatedouro ao qual vocês dentro em breve serão enviados para ser sacrificado no
altar da caça às bruxas que está sendo armada no Brasil (similar ao que já
existe em países como Canadá e EUA) é logo ali. Vocês serão os próximos da
lista, e que depois se chateiem e nem se aborreçam quando chegar a hora de
vocês.
Outra coisa
que salta ao olho nas declarações do MP do Distrito Federal é a linguagem
utilizada para condená-lo. Uma linguagem que poderia muito bem ter sido saída
da boca de alguém como a Djamila Ribeiro ou o Jean Wyllys, por exemplo. E feita
por pessoas que mal sabem da história da Fórmula 1 e que se esquecem do fato de
que Piquet venceu três campeonatos em uma época em que a categoria era bem mais
concorrida que hoje.
Nisso
chegamos ao seguinte ponto: que tipo de juízes será que agora estão ocupando as
nossas cortes? Juízes que sob o pretexto de justiça social não terão o menor
pudor em devassar a vida de alguém e condená-la pelas coisas mais ridículas e
triviais possíveis, sob os mais diversos pretextos. Podem até mesmo te jogar
mofar nas masmorras deles por algo dito 10 ou 15 anos antes. E na sentença te
condenar a pagar multas milionárias que serão prontamente destinadas às ONGs
mais duvidosas possíveis e imagináveis.
O caso
envolvendo o ex-piloto diz muito mais não sobre quem é Nelson Piquet e o que ele
pensa ou deixa de pensar, e sim quem são esses ditos justiceiros sociais que o
condenam, o cancelam e que não terão o menor pudor de fazer o mesmo conosco
pelos mais ridículos motivos. Também é sintomático de que uma caça às bruxas politicamente
correta está sendo montada no país. Assim, quem ousar falar mal de certos grupos
que são vistos por eles como verdadeiros bons selvagens e tidos como intocáveis
pela beautiful people é passível de
ser cancelado em redes sociais, condenado nos tribunais e pagar por seus atos.
O que mais me
deixa com o cabelo em pé a respeito dessa história toda é que enquanto que
alguém como o Nelson Piquet foi condenado a pagar R$ 5 milhões por conta de
comentários infelizes e que nada de racistas e homofóbicos tiveram, alguém como
o Felipe Neto (vulgo rei dos grandinhos) pode destilar seu ódio do bem e
promover seus cancelamentos sumários por aí que ele não recebe nenhuma sanção
por isso. Mas, como o Felipe Neto dos dias de hoje é da beautiful people e destila seu ódio contra quem pode ser odiado,
sem problemas. Resumo da ópera: dois pesos, duas medidas.
Por fim,
gostaria de fechar este artigo com a seguinte reflexão. Na homenagem a Pelé,
mostrei-me indignado com o fato de que no momento em que o rei do futebol
estava em uma situação de saúde delicada, vi muitos engraçadinhos em redes sociais
o denegrindo da forma mais vil e baixa possível por conta de questões como a da
filha dele que morreu de câncer em 2006. Se essa gente foi capaz de fazer o que
fez com o rei do futebol, fico imaginando o que não farão com Nelson Piquet,
hoje um senhor de 70 anos, quando o piloto brasiliense nos deixar.
E assim,
quando a hora de Piquet chegar, vão se esquecer, por exemplo, do fato de que
ele na Fórmula 1 ganhou três títulos, sendo dois com a Brabham (que não era o
melhor carro das temporadas 1981 e 1983) e um com a Williams. Que ele criou um
sistema de aquecimento de pneus até hoje usado na Fórmula 1 (o qual será banido
a partir do ano que vem). O conhecimento de mecânica que ele tinha. E vão
denegri-lo por conta de ele não ter comparecido ao velório de Ayrton Senna em
1994 e chamá-lo de invejoso do Ayrton Senna (cuja relação com Piquet em vida
não era das melhores). O compará-lo com o Ayrton Senna da forma mais
depreciativa possível, com o primeiro sendo exaltado e o segundo sendo
rebaixado e execrado. E lembrando-se de episódios como o fato de ele ter sido chofer
do Bolsonaro e dos recentes comentários a respeito de Lewis Hamilton e Nico
Rosberg. E até quem sabe aparecerão alguns idiotas dizendo que ele deveria ter
morrido em 1992, nos treinos das 500 milhas de Indianápolis daquele ano.
Ódio do bem,
puro e simples.
Foto – Ayrton Senna e Nelson Piquet. Dobradinha no Grande Prêmio do Brasil de 1986, ocorrido no autódromo de Jacarepaguá.
Fontes:
Decisão
contra Piquet em caso de Hamilton gera processo de mudança, diz Luana Marino.
Disponível em: Decisão
contra Piquet em caso de Hamilton gera mudança - Notícia de Fórmula 1 - Grande
Prêmio (grandepremio.com.br)
F1:
Aquecedores elétricos de pneus serão banidos a partir de 2024. Disponível em: F1:
Aquecedores elétricos de pneus serão banidos a partir de 2024 - Notícia de F1
(f1mania.net)
Nelson Piquet
é condenado a pagar R$ 5 milhões por falas racistas. Disponível em: Nelson
Piquet é condenado a pagar R$ 5 milhões por falas racistas (uol.com.br)
Piquet é
condenado a pagar R$ 5 milhões por declaração racista contra Hamilton.
Disponível em: Piquet
é condenado a pagar R$ 5 milhões por declaração racista - Notícia de Fórmula 1
- Grande Prêmio (grandepremio.com.br)