quinta-feira, 17 de março de 2022

O jacaré de Brizola e os neonazistas ucranianos

 

Foto – Leonel de Moura Brizola (1922 – 2004).

Certa vez, o político gaúcho Leonel de Moura Brizola (que em janeiro completou seu centenário) disse a seguinte frase: “Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”.

Quando vejo a cobertura da grande imprensa a respeito do atual conflito envolvendo a Rússia e a Ucrânia (que se dá por conta de uma questão de segurança geoestratégica da Rússia, de forma a impedir que a OTAN instale bases e armamentos atômicos próximos ao coração da Rússia – lembrando que foi através do atual território ucraniano que a Suécia invadiu a Rússia na Guerra do Norte [1700 – 1721] e que foi uma das rotas de invasão pela qual a Alemanha nazista invadiu a União Soviética na Segunda Guerra Mundial, junto com Belarus ao centro e os países bálticos ao norte) e a maneira como que a questão dos grupelhos neonazistas de lá é abordada, invariavelmente me lembro dessa frase do velho Brizola. Visto que essa mesma imprensa simplesmente não dá o devido nome aos bois.

Desde 2014, com o golpe do Euromaidan que levou à queda do então presidente Viktor Janukovič que a Ucrânia vive uma situação de guerra civil intestina. Grupos e milícias neonazistas vêm tomando papel ativo em limpezas étnicas e massacres contra as populações russas do sul e do leste da Urânia, entre eles o Batalhão Azov (alô, Monark?). Massacres como o incêndio do sindicato de Odessa, ainda em 2014, tiveram lugar na nação eslava. Alguns até falam que a Ucrânia é hoje um país dominado por tais milícias.

Foi por conta dessa escalada de terror neonazista que não apenas a maioria da população da Crimeia resolveu juntar-se à Rússia por meio de um referendo em 2014 (e o que curioso é que o dito Ocidente “livre e democrático” em momento algum questionou o referendo kosovar em 2008, que fez Kosovo separar-se da Sérvia), como também as Repúblicas de Donetsk e Lugansk tornaram-se independentes de Kiev.

E isso é o que eu observo quando vejo muitas pessoas comentando os atuais eventos na Ucrânia. Que eles não levam em conta o que vem acontecendo na nação eslava desde o Euromaidan. Quiçá desde a Revolução Laranja, ainda em 2004, ou mesmo desde o fim da União Soviética em 1991, para recuarmos ainda mais no tempo. Pois é impossível entender o que se passa hoje na Ucrânia sem levar em conta que o que vem acontecendo por lá desde no mínimo 2014.

Fazendo uma analogia, é a mesma coisa que alguém querer falar sobre a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha sem levar em consideração o Tratado de Versalhes (chamado à época pelos alemães de diktat) e toda a humilhação que a Alemanha passou ao fim da Primeira Guerra Mundial. Ou falar sobre a ascensão de Putin na Rússia sem levar em consideração o que foi o fim da União Soviética e o período Jel’cin para a nação eslava (eu mesmo me lembro de que à época a Rússia constantemente trocava de ministros, foi fortemente atingida por crises econômicas em 1997 e 1998 e que o Spartak de Moscou, um dos times mais tradicionais da Rússia, teve sua participação na Liga dos Campeões da Europa 1998/1999 sob séria ameaça por conta da crise econômica que flagelou o país naquele ano). Ou mesmo falar sobre a ascensão de Hugo Chávez ao poder na Venezuela sem levar em conta o Caracazo e as políticas neoliberais do fim da Quarta República Venezuelana. Entre tantos outros exemplos que aqui podem ser citados.

Foto – Neonazistas ucranianos, segundo a mídia antes de fevereiro de 2022.

Pois bem. Parafraseando Brizola, tais grupos em questão usam insígnias e símbolos neonazistas. Levantam bandeiras com a suástica nazista (muitas vezes combinada com as cores azul e amarela da bandeira ucraniana), ou mesmo a bandeira rubro-negra da OUN-UPA, um dos grupos que colaboraram com os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Professam ideias neonazistas. Possuem saudações típicas nazistas. Celebram os colaboradores ucranianos dos nazistas na Segunda Guerra Mundial (tais como Stepan Bandera e Roman Šuchevič). Como não dizer o que eles são de fato?

Tal qual no caso dos fanáticos islâmicos de grupos como a Al Qaeda e o Estado Islâmico, enquanto a cobra pica os outros, para eles está ótimo. Vamos ver o que eles vão achar na hora em que essa mesma cobra resolver começar a picar aqueles que hoje os alimentam. Aliás, é bom lembrar que houve um tempo em que essa mesma gente, quando picava a União Soviética, era chamada de “freedom fighters” (lutadores pela liberdade).

Algo digno de nota nessa história toda é que nas manifestações que levaram à queda de Dilma Rousseff em 2015 e 2016, havia pessoas que almejavam uma “ucranização” do Brasil. Até trouxeram bandeiras ucranianas para tais manifestações. Sem contar ainda que Sara Winter, antes de ser presa, também tinha planos de ucranizar o Brasil.

E a aqueles que ficam questionando e até mesmo condenando a ação da Rússia na Ucrânia: suponhamos que você seja um leão, que tem sob seu domínio um território de caça e um bando com um harém de fêmeas e filhotes. E de repente aparece(m) um(ns) intruso(s) querendo tomar a tua posição. O que você faria nessa situação? Óbvio que você não ficaria de braços cruzados vendo o teu mundo ser virado do avesso. Irá enfrentar o(s) intruso(s), vencê-lo(s) em combate e coloca-lo(s) em seu devido lugar. Do contrário você não só será expulso do território e do bando em que vive como também terá toda a sua prole morta pelo(s) intruso(s). Infelizmente as pessoas não entendem tal fato elementar.

Foto – O jacaré, segundo Leonel Brizola.

FONTE:

Spartak supera crise financeira. Disponível em: Folha de S.Paulo - Spartak supera crise financeira - 17/09/98 (uol.com.br)

2 comentários:

  1. Confesso que, até hoje, não consigo entender direito essa questão envolvendo Rússia e Ucrânia. Aliás, dizem que existe na Ucrânia um laboratório para criação e disseminação de vírus em massa, o que poderia piorar a atual pandemia, ou dar início a uma nova, pior ainda que a atual. No entanto, fontes de checagem de notícias - agências Lupa da vida - afirmam ser tudo fake news, no intuito de demonizar a Ucrânia, e botar o Putin como bom. Não sei se isso realmente procede, ou se é teoria da conspiração, mas que vírus podem ser manipulados em laboratório, até mesmo modificados para virar arma de matança sumária, é um fato.

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  2. O fato é que a Rússia está em uma situação na qual ou ela vai para o pau ou ele vai ficar com um punhal prestes a ser cravado no pescoço dela. E os idiotas não se dão conta disso.

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