Foto
– Lula e Dona Marisa.
Recentemente,
o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi alvo de mais um factoide: de que
sua finada esposa, Marisa Letícia, tinha em vida R$ 256 milhões em aplicações
no CBD (sendo que na verdade ela não tinha mais que R$ 26.281,74, segundo o que
o próprio Lula apurou pessoalmente no banco). Os autores desse factoide são
ninguém menos que Regina Duarte, atual secretária da cultura do governo
Bolsonaro, e os filhos do presidente, Carlos e Eduardo Bolsonaro (vulgo Pavão
Misterioso e Bananinha, respectivamente). Os mesmos Carlos e Eduardo Bolsonaro
que comandam o famigerado “gabinete do ódio”. Tal factoide também foi compartilhado
por sites como O Antagonista e outros a favor do governo vigente. E é esse
respeito que gostaria de falar no presente artigo: o gabinete do ódio do qual
tantos se estarrecem hoje em dia do nada não nasceram.
Desde
que iniciou sua carreira política, Lula foi alvo de diversos factoides, tal
qual Brizola e tantos outros antes dele. Entretanto, tais factoides se
avolumaram nos últimos seis anos desde o início da Operação Lava Jato e sua
politicagem travestida de combate à corrupção. A Operação Lava Jato, por meio
de seu procurador Deltan “PowerPoint da convicção” Dallagnol acusou Lula não
apenas de envolvimento com determinados esquemas de corrupção, como também de
ser o chefe deles. De cereja do bolo ainda disse que não tem provas, mas tem
convicção dos delitos de Lula. O mesmo Dallagnol que junto com Moro, Palludo e
outros, trabalhou no caso Banestado e ajudou a abafar esse mesmo caso no tempo
do FHC quando lá apareceram tucanos de alta plumagem como o FHC e o Serra e
empresas de mídia – para salvá-los, os laranjas do esquema foram usados como
bois de piranha. E assim o maior caso de desvio de divisas para fora do país,
que movimentou cerca de meio trilhão de reais, terminou em pizza sob os
auspícios dos mesmos juízes e procuradores que anos mais tarde comandaram uma
verdadeira perseguição política a Lula e ao PT sob o pretexto de combater a
corrupção.
A
Lava Jato começou criando uma série de factoides visando desestabilizar o
governo Dilma para em seguida derrubá-la e na sequência prender Lula. Prendeu
Lula por “atos de ofício indeterminados”, atribuindo ao político pernambucano
um tríplex de araque no Guarujá e um sítio de Atibaia que dele não são. Inventaram
uma reforma do tríplex que nunca foi feita e usando como provas notas fiscais
frias de uma empresa de Curitiba e depoimentos de presos desesperados para
saírem da cadeia (como foi o caso de Leo Pinheiro – que inicialmente inocentou
Lula). Usou em 2015 um velho conhecido de Sérgio Moro dos tempos do Banestado,
o doleiro Alberto Yousseff, para acusar Lula e Dilma de terem conhecimento
sobre os esquemas de corrupção na Petrobrás. O mesmo Yousseff que foi condenado
a 121 anos de prisão pela Operação Lava Jato e foi solto depois de ter cumprido
dois anos dessa mesma pena e que hoje mora em um edifício de luxo no bairro do
Ibirapuera, um dos bairros nobres de São Paulo (segundo reportagem publicada no
canal Conversa Afiada em janeiro de 2018). No ano seguinte foi a vez de Nestor Cerveró (condenado
a 17 anos de prisão e só ficou preso três anos, a maior parte do tempo em
prisão domiciliar) ser usado para dizer que Dilma sabia de propina na compra da
refinaria de Pasadena. Depois usou Palocci como trunfo contra Lula. Palocci de
início sinalizou que ia falar a respeito dos bancos, do sistema financeiro e de
empresas de mídia. Poderia falar, por exemplo, como que a Globo foi salva no
começo do governo Lula. Mas no fim fez acusações de que Lula de tinha pacto com
a Odebrecht, recebeu dinheiro do finado Muammar al-Kadaffi em 2002, entre
outras coisas sem pé nem cabeça. E sem esquecer a cereja do bolo: os áudios da
conversa entre Lula e Dilma vazados ilegalmente pela Lava Jato em 16 de março
de 2016 e depois divulgados no Jornal Nacional. Áudios esses que foram editados
e colocados fora de contexto de forma a Moro e companhia limitada venderem uma
narrativa que soasse à população que Lula queria se blindar da Justiça, quando
na verdade o próprio de início estava hesitante quanto a ser ministro da Casa
Civil e quando tomou a decisão queria garantir a governabilidade do governo
Dilma, segundo relações da Vaza Jato.
Foto
– O famigerado PowerPoint de Dallagnol. Quando será que o mesmo Dallagnol fará
um PowerPoint a respeito, por exemplo, do envolvimento de Bolsonaro com o
submundo das milícias do Rio de Janeiro? Ou será que é mais fácil o Messi jogar
no Real Madrid?
E
não é só isso: a Lava Jato, como nós todos sabemos, indiretamente matou a Dona
Marisa criando uma situação na qual ela, que já tinha alguns problemas de saúde
prévios, não resistiu e no fim acabou falecendo. Desde que se iniciou e a luz
do que vemos hoje, o que tem sido a Operação Lava Jato, por meio de sua
politicagem canalha e agindo como se fosse uma verdadeira milícia jurídica, se
não a precursora direta do gabinete do ódio e das milícias digitais
bolsonaristas? Os meios usados pelos dois são diferentes, mas o fim é o mesmo:
difamar e destruir a reputação dos adversários políticos de plantão deles
perante a população. A primeira repetindo aqui no Brasil a mesma receita usada
na Itália no tempo da Operação Mãos Limpas (acusações bombásticas divulgadas
nos meios de comunicação seguida de processos judiciais e operações policiais
transformadas em verdadeiros espetáculos novelescos), os segundos por meio de
difamação nas redes sociais valendo-se de todo o know-how aprendido com Steve
Bannon e o esquema Cambridge Analytica. Que diferença há, por exemplo, nas
acusações infundadas da Lava Jato a Lula e Dilma em casos como o do tríplex e
do sítio de Atibaia e na divulgação do áudio da conversa com Dilma ao Jornal
Nacional e o ataque das milícias digitais bolsonaristas a figuras como Doria,
Mourão, David Alcolumbre, Braga Netto, Rodrigo Maia, o finado Gustavo Bebbiano,
Tereza “Miss Veneno” Cristina, Joice Hasselmann, Mandetta e outras? Isso é mais
uma prova inequívoca do fato de que o Bolsonaro é o verdadeiro legado que a
Operação Lava Jato trouxe ao Brasil. Em outras palavras, que a Lava Jato abriu
o caminho para o Bozo tornar-se Presidente da República (e não por causa de
suposta má vontade do PT para com o Ciro Gomes que nem os partidários do
camaleão do Ceará pensam). E o caso de Joice Hasselmann é bem emblemático e
ilustrativo disso: ela, que depois de passagens por revistas como a Veja entrou
na política primeiro surfando na onda da Lava Jato (chegou a publicar uma
biografia de Sérgio Belotti Moro) e depois do bolsonarismo, até que essa mesma
onda se avolumou tanto a ponto de virar um imenso vagalhão que acabou a engolindo.
Ou
seja, se hoje temos 02 e 03 fazendo dossiês contra os adversários do momento do
Presidente miliciano (incluindo o mais recente contra Mandetta, o qual teve uma
série de discordâncias de Bozo pai quanto à condução do país diante da pandemia
do Covid-19) e criando um factoide atribuindo uma fortuna inexistente a finada
esposa de Lula, é por que antes deles tivemos Dallagnol dizer não ter provas, mas
convicções de que Lula é o chefe dos esquemas de corrupção do país e criar um
PowerPoint atribuindo uma série de delitos e malfeitos a Lula. Verdade seja
dita: a Lava Jato pelo menos não envolveu o nome de pessoas finadas em seus factoides
jurídico-policiais que nem o gabinete do ódio hoje faz, mas isso não muda o
fato de que os procuradores do Paraná rasgaram as leis do país para atingir
seus intentos politiqueiros nos últimos anos, prendeu Lula sem provas e a ele
atribuiu um tríplex e um sítio que não são dele e que indiretamente matou a
Dona Marisa Letícia, entre outras coisas. E tudo isso com os aplausos da mídia
corporativa tupiniquim que hoje hipocritamente se estarrece com o gabinete do
ódio e as milícias digitais bolsonaristas (sendo que antes de Bozo subir ao
poder essa mesma mídia corporativa, em conluio com a Lava Jato, agiu de forma
análoga a do gabinete do ódio atualmente, dando voz a todas as acusações de
Moro, Dallagnol e companhia limitada contra Lula, Dilma e outras figuras do PT).
Em
tempo: Lula pretende levar esse caso à justiça e processar aqueles que
divulgaram tais notícias falsas e mentirosas. Ou seja, Regina Duarte, 02 e 03
(os quais por sua vez estão enrolados em outros processos na justiça, entre
eles os casos Marielle, Queiroz e CPMI das Fake News). Estou de acordo com a
atitude de Lula. Pois se o gabinete do ódio de ontem chegou ao ponto de ceifar a
vida de sua esposa, o que o gabinete do ódio de hoje não está disposto a fazer
agora nesse momento em que a popularidade de Bozo pai é cada vez mais decrescente?
Quem não garanta, por exemplo, que nesse momento, o gabinete do ódio de hoje
resolva requentar as acusações do gabinete do ódio de ontem contra o ex-presidente
e invente outros factoides desse tipo, tão ou mais miseráveis, mentirosos e
nefastos quanto o atual? Se as coisas continuarem do jeito como estão, não
seria nenhuma surpresa ver o atual gabinete do ódio de hoje matando Lula de
forma similar ao que aconteceu com a Dona Marisa há três anos.
Foto
– As mentiras usadas no caso tríplex do Guarujá que não é do Lula.
Fontes:
Advogados
de Dona Marisa desmontam fake News espalhadas pelos filhos de Bolsonaro.
Disponível em: https://www.conversaafiada.com.br/brasil/advogados-de-dona-marisa-desmentem-fake-news-espalhadas-pelos-filhos-de-bolsonaro
As
6 frentes de investigação que envolvem a família Bolsonaro. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50810066
Justiça
desmonta fake News espalhada pelo clã Bolsonaro contra Marisa: CDB é de R$ 26
mil e não R$ 256 milhões. Disponível em: https://www.brasil247.com/brasil/justica-desmonta-fake-news-espalhada-pelo-cla-bolsonaro-contra-marisa-cdb-e-de-r-26-mil-e-nao-de-r-256-milhoes?amp&fbclid=IwAR0bb2e0f6OPCMWS3svBQXKvX0zI5Q_yLdXu8lSPW3vFd7gFggt0lGB79wQ#.XpdroTRi30M.twitter
Lava
Jato omitiu diálogos de Lula para impedir sua posse na Casa Civil e derrubar
Dilma. Disponível em: https://www.brasil247.com/poder/lava-jato-omitiu-dialogos-de-lula-para-impedir-sua-posse-e-derrubar-dilma
Lula
vai processar todos que divulgaram a fake News dos 256 milhões da Dona Marisa.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zZq5aZYAzBA
Pimenta
vai denunciar Eduardo e Regina por fake News contra Dona Marisa. Disponível em:
https://www.conversaafiada.com.br/politica/pimenta-vai-denunciar-eduardo-bolsonaro-por-fake-news-contra-dona-marisa
Quem
delatou Lula se deu bem. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_EPdXsxt_3s
Sob
supervisão do gabinete do ódio, governo fez “dossiê” contra Mandetta. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/17/interna_politica,845523/sob-supervisao-do-gabinete-do-odio-governo-fez-dossie-contra-mandetta.shtml
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