Hoje, cinco meses depois, o que se vê do governo bolsonarista é
justamente o contrário: um esforço enorme para tentar impor pautas econômicas
liberais contra a vontade da maioria dos brasileiros. O principal projeto que o
governo vem tentando aprovar é “A Reforma da Previdência” e para isso, tem
gastado milhões de reais em publicidade para essa PEC. A reforma irá impedir
que os trabalhadores se aposentem exclusivamente por tempo de contribuição, ou
seja: sem aposentadoria para quem tem menos de 60 anos. E para receber 100% do
benefício, serão necessários 40 anos de contribuição. O fato do principal
“empreendimento” do governo federal ser uma lei que vai contra os interesses
dos setores não privilegiados da classe trabalhadora (a absoluta maioria, que
precisa trabalhar para apenas para continuar sobrevivendo de forma razoável) já
coloca Bolsonaro e seus aliados como inimigos da maioria dos brasileiros.
Outro exemplo de defesa das minorias vindo deste governo é a sua
posição radical contra Nicolás Maduro, o presidente legítimo da Venezuela
consagrado com quase 70% dos votos em uma eleição onde parte da oposição minoritária
liberal se ausentou devido a sua covardia e fracassos em derrubar o presidente.
A posição de Ernesto Araújo (ministro das relações exteriores) é o de apoiar os
interesses estadunidenses, que tem um apoio minoritário no país
latino-americano.
Foto – Nicolás Maduro resiste ao
golpismo imperialista
E o que Bolsonaro está fazendo pela maioria cristã que o elegeu? As
pautas morais parecem ter sumido completamente da agenda governista. A única
coisa feita por Bolsonaro nesses cinco meses que parece ir de encontro ao
populismo que o elegeu foi o seu decreto que libera a posse de armas.
Entretanto, esta liberação é apenas para categorias específicas: agentes de
trânsito, políticos eleitos, conselheiros tutelares. E o fato desta ação ter
vindo por meio de um decreto e não de uma longa discussão e aprovação na câmara
dos deputados e no senado demonstra ou uma fraqueza ou um desinteresse do
governo em comprar essa briga.
Durante esses primeiros meses, a população brasileira demonstrou apatia
em relação a sua perda de direitos, algo comum para governos em início de
mandato. Entretanto, o recente corte de verbas que afetou universidades
públicas no Brasil parece ter voltado a mobilizar os cidadãos brasileiros, que
foram para as ruas protestar contra este desgoverno em números que não se viam
desde que foram mobilizados pela grande mídia e o empresariado contra Dilma
Rousseff. A estratégia dos direitistas e apologistas do governo é a de
deslegitimar os protestos, dizendo que foram encabeçados pelo PT para soltar
Lula da prisão. Qualquer um que tenha acompanhado os protestos viu que havia
sim partidários petistas na manifestação (e eles tem o direito de defender suas
pautas), entretanto, foram absolutamente minoritários no enorme contingente de
pessoas que foram às ruas. O único consenso que havia lá era o repúdio aos
ataques contra a educação pública, e, em menor grau, a oposição à reforma da
previdência também estava claro.
Foto – Maiores manifestações
anti-governo desde 2016
O tamanho das manifestações chegou a animar muitos brasileiros, que
agora já começam a considerar a hipótese do presidente renunciar ou ser
afastado do cargo por meio de um impeachment. Quanto a esta pauta, é necessário
ter cautela e levar em consideração que o vice-presidente Mourão também é neoliberal
e entreguista. E se houver um acordo entre a esquerda e o centrão no congresso,
isso pode dar apoio ao general para passar reformas impopulares, algo que não
queremos. O que as manifestações do dia 15 deixaram claro é que a população
rejeita toda a ideologia neoliberal, ou seja, o governo Bolsonaro como um todo,
além de qualquer partidário de idéias similares.
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