sábado, 19 de agosto de 2017

Os imprecisões de Nando Moura, parte 6 - A verdade não será televisionada.


Em oito de agosto de 2017, Nando Moura postou o vídeo “Castanhari, Venezuela e ignorância...”, em resposta ao vídeo de Felipe Castanhari (dono do canal Nostalgia) sobre a Venezuela (o qual gerou grande polêmica na Internet por parte de elementos da direita raivosa que literalmente o lincharam). Como sempre, Nando Moura demonstra desconhecimento sobre assunto e só reproduz o que os grandes meios de comunicação falam sobre o país caribenho. Entre eles a Rede Globo, que segundo o professor Igor Fuser nunca publicou uma única e mísera notícia positiva sobre a Venezuela desde 1999. A propósito, o título desse artigo é uma clara alusão ao filme de Oliver Stone intitulado “A Revolução não será televisionada”, lançado em 2003 e que fala a respeito do fracassado golpe de Estado ocorrido na Venezuela no ano anterior.
Primeiro de tudo que não dá para entender o que se passa na Venezuela hoje, muito menos o período chavista, sem entender o que era a Venezuela até 1998, quando Hugo Chávez obteve sua primeira vitória no pleito presidencial venezuelano e colocou fim a 41 anos de Quarta República Venezuelana (1958 – 1999). Pleito esse que teve como pano de fundo um quadro de instabilidade econômica. Como dito no artigo anterior, é muito curioso ver os grandes meios de comunicação, quando falam sobre a Venezuela, bolivarianismo e chavismo em momento falarem sobre o que era a Venezuela antes da ascensão de Hugo Chávez ao poder. Como se fossem coisas que surgem por geração espontânea e como se o malvadão Hugo Chávez tivesse chegado ao poder e matado a inocente e pura democracia venezuelana sem dó nem piedade e por puro sadismo ditatorial. Nada fala também, por exemplo, do que foi a experiência neoliberal no país, muito menos a respeito do Caracazo, uma manifestação popular ocorrida em 1989 dentro de um contexto de crise econômica e em resposta a uma política de austeridade imposta por exigência do FMI (que gerou grande empobrecimento da população). Tal manifestação foi duramente reprimida pelo Estado, resultando em entre 1000 a 3000 pessoas mortas. E o curioso é que o Caracazo na época não comoveu a mesma comunidade internacional que hoje chora pelas cerca de 100 vítimas dos embates de rua na Venezuela (muitas delas partidários do governo mortos pelo terrorismo de Extrema Direita, diga-se de passagem).

Foto – Cenas do Caracazo, 1989.
Nando Moura começa falando que o vídeo de Castanhari é uma das coisas mais burras, desinformantes e irresponsáveis que ele já viu no canal em questão. Pergunta a Castanhari sobre quem são esses uns que adoram Maduro. E então eu pergunto a Nando Moura: como você acha que Nicolás Maduro foi eleito em 2013 e venceu Henrique Capriles e os outros candidatos no pleito presidencial daquele ano, ocorrido logo após o falecimento do Comandante Hugo Chávez? Se ninguém dele gostasse como é dito, não estaria a três anos resistindo a guerra por procuração que os Estados Unidos promovem na Venezuela. E como você acha que Hugo Chávez ganhou três pleitos presidenciais e ainda venceu um golpe de Estado promovido contra ele em 2002? Só tendo meia dúzia de partidários ao seu lado é que não foi.
Quando Hugo Chávez ganhou seu primeiro pleito presidencial em 1998, o sistema advindo do Pacto de Punto Fijo[1][2] estava em colapso, e sua plataforma política surgiu como proposta sem precedentes na história do país para uma população desprovida de sistemas públicos includentes (incluindo saúde, educação e moradia). Isso é o que em grande parte explica sua popularidade nas camadas menos abastadas do povo venezuelano. E uma vez no poder Chávez, muito embora não tenha alterado de forma significativa a estrutura produtiva do país, implodiu com as arcaicas estruturas políticas e sociais vigentes até então (antes de Hugo Chávez se alternavam no poder na Venezuela a Ação Democrática e o COPEI), assim como a política externa de alinhamento automático com os Estados Unidos. E assim com Chávez aqueles que antes não tinham voz passaram a serem ouvidos e se tornaram cidadãos.
Em seguida culpa as estatizações promovidas pelas gestões Chávez e Maduro pelas dificuldades econômicas que o país passa no momento. No que ele alega que sufocava o povo com impostos e que essa é a receita do comunismo. De fato, estatizações foram feitas durante o período em questão, entre elas a da PDVSA (Petróleos de Venezuela). Entretanto, Nando Moura se esquece de um detalhe crucial: o comunismo proposto por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX propõe a socialização da propriedade privada dos meios de produção. E isso, por incrível que pareça, não foi feito na Venezuela durante o período chavista. Empresas como o conglomerado industrial alimentício Polar e o conglomerado midiático Cisneros (ambas de oposição ao regime bolivariano) não foram estatizados, muito menos socializadas. E mesmo sob Chávez continuaram operando em solo venezuelano. Além disso, na Venezuela durante o período chavista houve um crescimento industrial e a indústria privada cresceu mais que a indústria pública. Muito embora o governo bolivariano se declare como socialista, o país ainda assim se sustenta sob bases capitalistas, já que os meios fundamentais de produção (incluindo indústrias, grandes redes de comércio e boa parte da rede agrícola) continuam em mãos privadas. Tanto que o regime chavista é comumente classificado como um capitalismo burocrático.
Em seguida cita o exemplo de Dubai, que até meio século atrás sobrevivia de petróleo e só tinha 13 carros registrados e que hoje tem o maior aeroporto do mundo e que a receita é deixar que as empresas venham cobrar cada vez menos impostos e fazer com que elas edifiquem o país. Primeiro que um dos problemas que afligem a Venezuela é sua baixa arrecadação tributária, que corresponde a apenas 13,5% do PIB do país (enquanto que a arrecadação tributária brasileira corresponde a 35% do PIB). Segundo que um país não se faz com capital alheio, e sim com capital próprio. Ou será que países como a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos chegaram ao patamar que hoje se encontram se submetendo a lógica de tratados comerciais desiguais como o de Methuen (1703) entre Portugal e Inglaterra e o Eden Rayneval (1786) entre França e Inglaterra, abrindo suas pernas para o capital transnacional e abdicando do protecionismo de seu mercado interno? Ou seja, com uma lógica econômica de país for export? A resposta é não.
E terceiro que ele mal deve saber que os Emirados Árabes Unidos, assim como os demais Estados do Golfo Pérsico, se utilizam muito de mão-de-obra imigrante vinda da África, do Subcontinente Indiano e do Sudeste Asiático, que lá são tratados como verdadeiros escravos e ganham um salário miserável. Tais nações tem o seguinte modelo político-econômico: uma minúscula oligarquia de famílias reais e nobres locais concede a exploração do petróleo do país às multinacionais petroleiras ocidentais (tais como Exxon Mobil, British Petroleum, Chevron-Texaco e Shell), e essas em troca abastecessem essas mesmas oligarquias com um fluxo ininterrupto de dólares recém-impressos e sem qualquer tipo de respaldo. Em Washington o Federal Reserve imprime os chamados petrodólares, os quais geralmente servem para duas coisas: financiar o luxo dessas famílias nobres (que inclui coleções inteiras de Rolls-Royces, centros mundiais de luxo, palácios decorados com peles de felinos, praias privadas, festas com orgias e mansões no exterior, entre outros) e o financiamento do radicalismo islâmico de matiz salafista mundo afora. Tal dinheirama que aflui para tais países em nada melhora as condições de vida de seus povos. Uma realidade pouco ou nada diferente do que era a Venezuela quando no Palácio de Miraflores lá estavam no poder os López, os Capriles, os Ledezmas e a dita “oposição democrática” (muitas dessas figuras que eram prefeitos e/ou governadores biônicos nos tempos da Quarta República).
Fala que o comunismo e o socialismo funcionam até acabar o dinheiro dos outros e que a única que regimes socialistas de bom têm é distribuir de forma igualitária a fome e a miséria. Se o comunismo é tão bom em distribuir miséria, o que me diz do capitalismo, onde 1% da população concentra em suas mãos 99% da riqueza do planeta e as 62 pessoas mais ricas do mundo possuem mais riquezas que os 50% mais pobres? Esse é o sistema aonde ao mesmo tempo em que multimilionários como o João Paulo Lemann, o George Soros, o Rockefeller, o barão de Rotschild, os irmãos Koch e o CEO da Nestlé nadam em uma piscina cheia de dinheiro milhões e milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.
Em seguida ridiculariza o argumento de Felipe Castanhari de que na Venezuela havia uma elite de fazendeiros e industriais que travavam a vida política do país e de que Hugo Chávez e Maduro não são dessa elite, falando que esse é o discurso que lá eles utilizam e que aqui no Brasil Lula utiliza. Em que mundo será que Nando Moura vive? De fato, essa elite existia na Venezuela e parte dela até hoje vive na Venezuela. Essa é a elite que durante o período da Quarta República, além de dominar a vida política do país, se refestelava com os lucros da atividade petroleira tal como no Oriente Médio fazem os emires e šeikhs das monarquias do Golfo Pérsico. E ainda comumente fazia compras de supermercado não no país, e sim em Miami.
Tal situação foi mudar justamente com Hugo Chávez no poder. Assim como aconteceu na Líbia após a ascensão do Coronel Kadaffi e no Iraque após a ascensão de Saddam Hussein, a renda do petróleo passou a ser usado para melhorar a qualidade de vida do povo venezuelano, e uma série de avanços foram atingidos. Nos governos anteriores à Hugo Chávez, a pobreza extrema atingia 40% da população do país, ao passo que 70% estava abaixo da linha da pobreza, a subnutrição atingia 21% da população, apenas 70% das crianças concluíam o ensino primário e o acesso às universidades era algo restrito às elites e à pequena classe média. A previdência venezuelana contemplava na época apenas 387 mil idosos, com a maioria deles vivendo à míngua.
Sob o Comandante Hugo Chávez a desigualdade social (medida pelo índice de Gini) se reduziu em 54%. A pobreza despencou de 70,8% em 1996 para 21% em 2010, e a extrema pobreza caiu de 40% em 1996 para 7,3% em 2010. Por meio das misiones cerca de 20 milhões de pessoas foram beneficiadas, no que criou um verdadeiro Estado de Bem Estar Social na Venezuela. A desnutrição foi reduzida para 5% e a desnutrição infantil 2,9%. O país de Simon Bolívar tornou-se também o segundo país da América Latina (perdendo para Cuba) e o quinto no mundo com maior proporção de estudantes universitários. A mortalidade infantil diminuiu de 25 por mil em 1990 para apenas 13 por mil em 2010. O acesso à água potável hoje é acessível a 96% da população. Em 1998, havia 18 médicos por 10 mil habitantes, enquanto que hoje esse número é de 58 por 10 mil. O governo bolivariano construiu em 13 anos 13721 clínicas, contra 5081 clínicas construídas pelos governos anteriores em um espaço de quatro décadas (em outras palavras, um aumento de 169,6%). Pelo programa Barrio Adentro 1,4 milhões de vidas foram salvas. Na área da educação também houve avanços expressivos, a ponto de 2005 o país ter sido declarado pela UNESCO como livre do analfabetismo.

Foto – A razão pelo qual Chávez foi tão amado em vida.
Entretanto, a Venezuela sob Hugo Chávez não avançou no sentido de uma industrialização do país e de uma maior diversificação da economia. E assim o país fica vulnerável às oscilações do preço do petróleo no mercado internacional. Tal qual acontecia, por exemplo, com o Brasil nos tempos da República Velha (1889 – 1930), onde o país era vulnerável às oscilações do preço do café no mercado internacional. E essa não é a primeira vez que o país passa por uma crise econômica desse tipo: também passou por isso nos anos 1980 e depois a partir de 1995. Como a economia do país ao longo do século XX foi se tornando cada vez mais voltada à renda do petróleo, isso prejudicou e atrofiou outros setores da economia, entre eles o de produção de alimentos. A estrutura agrária é insuficiente para atender toda a demanda do mercado interno, no que obriga o país a ter que fazer grandes importações de alimentos. Sobre tais problemas a edição nº24 da Grande Enciclopédia Larousse Cultural, publicada em 1998 (coincidentemente e curiosamente, no mesmo ano da primeira vitória de Hugo Chávez à presidência da Venezuela), fala (no que mostra que dos governos anteriores Hugo Chávez herdou um grande abacaxi em termos econômicos). Resumindo a ópera, a Venezuela é um país que padece daquilo que em economia é chamado de a doença holandesa, que é quando a economia de um país se volta à exploração de determinado recurso natural em um período em que seu preço no mercado internacional está nas alturas em prejuízo de outros setores da economia do país.
No tocante à questão agrária, o governo Chávez criou em 2001 a lei de terras, com o intuito de dar impulso à produção de alimentos. Incentivos foram feitos a fazendas coletivas, assim como esforços para legalizar terras de pequenos proprietários. A nova lei proibiu que uma única pessoa possuísse mais que 5000 hectares, estabeleceu impostos progressivos sobre propriedades, adotou mecanismos para desapropriar latifúndios improdutivos e determinou a recuperação de áreas públicas ilegalmente ocupadas. Entretanto, mesmo no campo a população em geral não tinha mais o costume de plantar, perdeu muito da memória e do zero tudo teve que ser iniciado. Ainda assim a produção cresceu muito, dobrando em um espaço de 10 anos. E como o governo bolivariano passou praticamente todos os seus anos se defendendo de ataques, a proposta de produção e desenvolvimento endógeno sofreu uma série de percalços junto.
Entretanto, a crise econômica pela qual a Venezuela passa no presente momento também tem uma faceta artificial. Há um desabastecimento nos supermercados produzido pela especulação cambial e boicote político, tal como foi feito no Chile durante o governo Allende. O governo fornece aos importadores e comerciantes dólares cotados, pelo câmbio oficial, a apenas 10 bolívares. Mas no mercado negro o dólar é cotado a milhares de dólares, e muitos desses importadores não importam o que deveriam, fazendo contratos, importando apenas uma parte e depositando dólares no exterior. Cerca de 35% dos alimentos comprados são contrabandeados para o exterior, em especial para a Colômbia, aonde são vendidos com muito lucro, enquanto que outra parte é vendida no mercado interno a preço de ouro, no que gera carestia e inflação. Também há a questão da especulação que alimenta um índice inflacionário.
E, assim como aconteceu com o Chile durante o governo Allende, o país desde 2013 passou a ser submetido a uma espécie de bloqueio financeiro internacional, que consiste em tornar cada vez mais difícil e caro o acesso ao crédito no mercado internacional e em obstaculizar transações financeiras. As armas utilizadas são publicações de níveis elevados de índice de risco país e retardamento das transações financeiras costumeiras. No que ajuda a radicalizar ainda mais o processo político venezuelano.
Sobre a questão sobre quem pertence ou não a elite, ao que tudo indica Nando Moura mal deve saber que um representante da verdadeira elite, nascidos em berço dourado tais como o Roberto Setúbal (dono do Itaú) e o Gustavo Cisneros (dono do já citado grupo Cisneros e da equipe de beisebol venezuelana Los Leones de Caracas) jamais irá olhar alguém que nasceu na pobreza como o Lula como parte integrante de sua confraria por mais que com eles conchave e negocie (que é o que as administrações petistas aqui fizeram). Ou você acha que a empáfia com a qual os juízes e procuradores da Car Wash se dirigem e o ódio que sentem por Lula é mero acaso, uma mera anedota? E será que eles o odeiam apenas por que ele é supostamente corrupto e dono de tríplex e de sítio em Atibaia (entre as outras frívolas acusações que eles fazem contra o político pernambucano)?
E em seguida pergunta a Castanhari se é difícil de admitir que o que ferrou o país caribenho é o comunismo/socialismo dessa gente. E depois ridiculariza o argumento de Castanhari de que Hugo Chávez e Maduro foram eleitos várias vezes, alegando que o sistema de apuração de votos lá usado é uma fraude. Nada mais falso, tendo em vista que desde a eleição de Hugo Chávez 21 eleições foram realizadas (entre elas um referendo revogatório), todas elas limpas e internacionalmente auditadas. E isso para não falar do fato de que na Venezuela há partidos de oposição que funcionam regularmente e imprensa livre, mesmo após a cassação da concessão da RCTV (articuladora do golpe de 2002).
Fala por volta de 4:50 que ele usa o mesmo discurso que Chávez supostamente usava a respeito de uma “elite capitalista malvadona que oprime o povo venezuelano”, e ridiculariza Castanhari sobre a questão “direita x esquerda” e que a Venezuela sob Chávez e Maduro é uma ditadura e que supostamente é difícil que eles são ditadores sanguinários e que foi o comunismo/socialismo supostamente financiados por russos e chineses que arruinou a Venezuela. Se para Nando Moura Hugo Chávez é ditador por ter permanecido 14 anos no poder, o que dizer, por exemplo, de Konrad Adenauer, que foi primeiro-ministro da Alemanha Ocidental por 14 anos (de 1949 a 1963)? E o recém-falecido Helmut Kohl, premiê da Alemanha por 16 anos (de 1982 a 1998)? E Angela[3] Merkel, premiê da Alemanha há 12 anos (desde 2005)? E François Miterrand e Felipe González, que ficaram no poder em seus respectivos países por 14 anos (o primeiro de 1981 a 1995 e o segundo de 1982 a 1996)? E Margaret Thatcher, premiê da Inglaterra por 11 anos (de 1979 a 1990)? E Tony Blair, premiê da Inglaterra por 10 anos (de 1997 a 2007)? Não vejo ninguém chamar esses presidentes e premiês do dito “mundo livre e democrático” que ficam muitos e muitos anos no poder de ditadores nem nada similar. E se Chávez e Maduro são sanguinários, o que dizer, por exemplo, de Helmut Kohl, que ajudou a detonar com os conflitos na Iugoslávia ao reconhecer as independências da Croácia e da Eslovênia? Ou de Nicolas Sarkozy e François Hollande, que apoiaram grupos terroristas salafistas na Líbia e na Síria? E de Hillary Clinton, que foi a grande responsável pela destruição da Líbia e que se regojizou da morte do Coronel Kadaffi? E de George W. Bush, que literalmente abriu a caixa de Pandora no Iraque ao derrubar Saddam Hussein? E de Bill Clinton e seu bombardeio à Sérvia em 1999? Entre tantos outros podres dos presidentes e premiês do dito “mundo livre e democrático”.
Se arruinou a Venezuela o comunismo/socialismo financiado por China e Rússia, o que dizer, por exemplo, da desestabilização do país promovida por meio de guerra por procuração pelos Estados Unidos, em nada diferente do foi feito na Líbia e na Síria desde 2011? Diga-se de passagem, a Venezuela corre um sério risco de se tornar um estado zumbi similar ao que se viu na Líbia e no Iraque desde as quedas de Muammar al-Kadaffi e Saddam Hussein, que para outros países exporta caos e instabilidade sócio-político, assim como refugiados. Diga-se de passagem, a mão dos EUA está por trás disso tudo. Ainda mais levando em consideração que a Venezuela se encontra debaixo de uma das mais ricas reservas de petróleo do mundo (calculadas em 298,3 bilhões de barris, ou seja, 17,5% de todo o petróleo do planeta) e que enquanto o petróleo do Oriente Médio leva de 35 a 40 dias para chegar até os EUA, o petróleo venezuelano faz esse mesmo caminho em 4 a 5 dias. Os mesmos EUA que são a nação que mais consome petróleo no mundo. O Tio Sam não está em nada preocupado com a democracia venezuelana. Estivesse mesmo preocupado com a democracia no país caribenho, deveria tomar ações, por exemplo, contra a Arábia Saudita e os demais petro-estados do Golfo Pérsico.
Lembrando que o comandante Chávez em termos de política externa rompeu com o paradigma anterior de país periférico e alinhado com os Estados Unidos e investiu na integração regional e no eixo estratégico geopolítico e geoeconômico Sul-Sul, no que conduziu à adesão do país caribenho ao Mercosul. Sob o comandante Chávez, a Venezuela estabeleceu relações próximas com países como a Rússia, a China, Cuba, a Síria, a Líbia e o Irã, entre outros países não alinhados com Washington. Também era grande parceira do Brasil e criou a ALBA e a Petrocaribe, objetivando fornecer petróleo a preços convidativos aos países da região.
Se Nando Moura acusa o vídeo de Felipe Castanhari sobre a Venezuela de ser desinformador, suas assertivas sobre a Venezuela são bem mais.

Fontes:
“A mídia está criando um clima internacional para justificar uma intervenção estrangeira na Venezuela”. Disponível em: http://port.pravda.ru/mundo/27-05-2017/43335-midia_venezuela-0/
Castanhari, Venezuela e ignorância... Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Uv_8ubkE9R4&ab_channel=NandoMoura
Doença holandesa. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_holandesa
Dubai: pesadelo dos trabalhadores no Golfo Pérsico. Disponível em: http://www.vermelho.org.br/noticia/287343-1
Eduardo Velasco – Mare Nostrum: o que está acontecendo com a Líbia. Disponível em: http://legio-victrix.blogspot.com.br/2017/02/eduardo-velasco-tragedia-no-mare.html
Especialista analisa situação política da Venezuela. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lGv1avVnxig&ab_channel=RecordNews
Estudando a Venezuela (Página do Facebook). Disponível em: https://www.facebook.com/Estudando-a-Venezuela-299488963845634/?fref=ts
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998. v. 24. p. 5907 – 5910.
Hace 10 años, la UNESCO reconoció a Venezuela libre de analfabetismo (em espanhol). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=46pVXN5KIjg&feature=youtu.be&ab_channel=teleSURtv
Igor Fuser dá show: “nunca vi uma notícia positiva sobre a Venezuela no Globo”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HLjvz4T3pjc&ab_channel=mtsemteto
O que se passa na Venezuela sem a maquiagem da mídia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=maJxtGXvwOk&ab_channel=OsvaldoBertolino-Ooutroladodanot%C3%ADcia
Para entender a Venezuela. Disponível em: http://iela.ufsc.br/noticia/para-entender-venezuela
1% da população global detém a mesma riqueza dos 99% restantes, diz estudo. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160118_riqueza_estudo_oxfam_fn

NOTAS:


[1] Leia-se “Firro”. No espanhol o j e o g quando sucedido por e ou i tem o mesmo valor do h no inglês, do ch no alemão e no polonês e do kh no russo: r aspirado.
[2] Pacto celebrado em 31 de outubro de 1958 entre a Ação Democrática (AD), a União Republicana Democrática (URD) e o Comitê de Organização Política Eleitoral Independente (COPEI), pelo qual os partidos tradicionais e conservadores aceitaram alternar-se no poder, sem permitir a entrada de novos partidos.
[3] Leia-se “Anguela”. No alemão, assim como em idiomas como o russo, o polonês, o mongol e o japonês, o som do g não muda conforme a vogal seguinte tal qual nos idiomas neolatinos e no inglês.

2 comentários:

  1. O pior de tudo é que o Castanhari apagou o seu vídeo. Deveria ter deixado, pra ver se abre um pouco os olhos dos seus inscritos.

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    1. E olha que o Castanhari no vídeo em questão foi bem neutro. Não puxou sardinha nem para um lado e nem para outro.

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