Foto
– Luís Ignácio Lula da Silva (imagem ilustrativa).
Em 30 de dezembro de
2016 saiu um vídeo no canal do You Tube Woodstock 59 intitulado “Lula é
culpado?”, de 4 minutos e 14 segundos de duração onde várias pessoas tanto do
Brasil quanto de outros países respondem que se Lula é de fato culpado é por
ter feito uma série de benfeitorias ao povo brasileiro ao longo de seus oito
anos de governo. Este artigo é digamos o verso da página desse vídeo, onde será
listado 14 motivos pelos quais Lula é também culpado (e que não recairá na
mediocridade e torpeza típica do senso comum que os grandes meios de
comunicação vomitam e em acusações de envolvimento em esquemas de corrupção
contra o político nascido em Garanhuns). Lula é culpado? Sim, é culpado por:
1 – Não ter feito a alfabetização
política daqueles que foram beneficiados por programas sociais como o Bolsa
Família e o Projeto Minha Casa Minha Vida (PMCMV), ao contrário do que fez Hugo
Chávez na Venezuela com os círculos bolivarianos e as misiones onde se
promoviam discussões a respeito da constituição venezuelana. Política social
não se resume a inserir 40 milhões de pobres ou mais na sociedade de consumo e
assim ter acesso a smartphones, celulares, tênis da moda e carros (os quais não
raro são pagos em inúmeras parcelas cheias de juros). E daí que nascem
fenômenos tais como os rolezeiros de periferia que volta e meia aparecem em
Shopping Centers e os pobres de direita (vulgo capitalistas sem capital) que
votam em políticos como Dória. Sem a devida alfabetização política, toda essa
gente continua a mercê do senso comum bombardeado pelos grandes meios de
comunicação e por gente como Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad Ibrahim),
Nando Moura e outros.
2 – Não ter encarado nem
mesmo no ápice de sua popularidade a questão midiática, tal qual Cristina
Kirchner e Hugo Chávez fizeram em seus respectivos países. Pelo contrário, Lula
e Dilma investiram pesadamente em publicidade na mídia de massa, a ponto de
salvarem a Globo de ter o mesmo destino que a Manchete teve em 1999: a
falência. Algo igualmente digno de nota é o fato de que José Dirceu, ainda no
primeiro governo Lula, chegou a dizer para Roberto Requião que a democratização
da mídia proposta pelo ex-governador do estado do Paraná era desnecessária por
que eles já tinham uma TV oficial, a Rede Globo. Mas será que eles em algum
momento pensaram que poderiam tomar a punhalada pelas costas que tem tomado
desde que estourou o escândalo do mensalão? E será que os petistas acharam que
a Globo não ia fazer com eles o mesmo que fez antes com nomes ligados a
partidos de caráter popular tais como Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel
Brizola?
3 – Não ter feito reforma
agrária alguma, ajudando assim a perpetuar na zona rural brasileira o velho
latifúndio de extração colonial agroexportadora (que nos grandes meios de
comunicação ganha o nome elegante de agronegócio), que teve sua fronteira
largamente ampliada durante os governos petistas. Isso ao ponto de Dilma
Rousseff ter assentado menos pessoas que João Batista Figueiredo e ter nomeado
Kátia Abreu como ministra da agricultura em seu segundo governo. A mesma Kátia
Abreu que posteriormente votou contra o impeachment de Dilma, na contramão de outros
ruralistas como Ronaldo Caiado. E então direita raivosa, vocês que tanta
fanfarra fazem em torno das relações do PT com o MST, o que me dizem disso?
4 – Ter fortalecido
instituições tais como o Ministério Público Federal, a Controladoria da Receita
e a Polícia Federal no combate à corrupção sem levar em consideração a presença
do elemento reacionário nessas instituições. Muitos petistas, entre eles o ex-presidente
Lula e o ator Sérgio Mamberti (notório por papéis como o Doutor Vitor em
Castelo Rá-Tim-Bum), gabam-se de que sob os governos petistas houve um fortalecimento
das já citadas instituições no combate à corrupção. Entretanto, como a Operação
Lava Jato (cujo coordenador, o juiz Sérgio Moro, volta e meia faz palestras
para tucanos de alta plumagem) e episódios como o fato de que o delegado da PF
Márcio Anselmo ter feito cabo eleitoral a Aécio Neves na campanha presidencial
de 2014 (o mesmo Márcio Anselmo que na época chamou Lula de “anta” e que no ano
passado indiciou o político pernambucano no âmbito da Operação Lava Jato), tais
instituições são grandes antros reacionários. Não acham que eles, tendo o poder
que tem agora e se aproveitando de toda uma convergência de interesses
favorável à queda de Dilma, não iam usá-lo para destronar os petistas do
Palácio do Planalto? No fim, o que Lula e Dilma fizeram foi chocar o ovo da
serpente que agora os pica e os persegue furiosamente.
5 – Ter assinado a Carta
aos Brasileiros (vulgo Carta aos Banqueiros) logo depois de ter sido eleito
presidente pela primeira vez, em 2002. Isso invariavelmente significou assumir
um compromisso com os agentes do poder econômico e com a manutenção da política
macroeconômica delineada em 1994 com o pacto de classes do Plano Real. Ou seja,
ao assinar a Carta aos Brasileiros, Lula mostrou aos agentes do mercado financeiro
que aceitou as regras do jogo estabelecidas em 1994 e que seria um mero gerente
do Estado burguês brasileiro. Certamente, chantagens a ele (acompanhadas de
ataques especulativos onde a cotação do dólar aumentou para mais de R$ 4,00)
devem ter sido feitas nesse sentido.
6 – Não ter feito
auditoria da dívida (a mesma auditoria que Dilma vetou no começou no começo do
ano passado), tal qual Rafael Correa fez no Equador em 2007. Como já dito aqui
várias vezes, o grande sorvedouro de recursos do Brasil não é a corrupção que o
noticiário televisivo mostra e que envolve políticos e empresários, e sim
aquilo que Brizola em vida chamava de “perdas internacionais”, que é a sangria
de dinheiro que o país perde todo ano por meio do sistema de dívida e os
pagamentos de juros e amortizações que ele envolve. Como as taxas de juros no
Brasil são elevadíssimas (geralmente na faixa dos 14%), o fardo dessa dívida
acaba sendo ainda maior sobre as costas do povo. E aí pergunto como um país
como o Brasil vai conseguir se desenvolver em sua máxima potencialidade destinando
anualmente quase a metade de seu orçamento ao pagamento dos juros e
amortizações do serviço da dívida, no que ajuda a enriquecer a apenas um grupo
reduzido de agiotas que fazem fortuna especulando em cima dos títulos da dívida
e assaltando continuamente o Estado, e que é onde se encontra o mais alto nível
da corrupção brasileira?
7 – Ter feito uma Comissão
da Verdade que pouco avançou nas investigações sobre o período civil-militar,
ao contrário do que foi feito em países como a Argentina e o Chile (onde
importantes torturadores do período, entre eles os chilenos Manuel Contreras e
Miguel Krassnoff Martchenko, foram condenados e presos, e o ex-ditador militar argentino
Jorge Videla condenado à prisão
perpétua). Aqui no Brasil nenhum grande torturador do período teve o mesmo
destino que Krassnoff e Contreras (esse último falecido no ano retrasado) tiveram
no Chile, como é o caso do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi
homenagem por Jair Bolsonaro durante a votação do impeachment na Câmara dos
Deputados. E, se nenhum grande agente da tortura civil-militar da época teve, o
que dirá dos agentes do poder econômico que apoiaram a tortura (entre eles a
FIESP, que esteve do lado golpista tanto em 1964 quanto no ano passado). Talvez
esse seja um dos motivos pelos quais Jair Bolsonaro e seu clã conseguiram a
projeção que hoje tem no cenário político nacional.
Entretanto, a meu ver,
não é só o período civil-militar que deveria e merece ser investigado e passado
a limpo na Comissão da Verdade. O mesmo também deve ser feito com a experiência
neoliberal no Brasil que se iniciou a partir do governo Collor e assim abrir a
caixa preta do Plano Real, da privataria tucana e até mesmo da Carta aos
Brasileiros e investigar todas as negociatas nebulosas e falcatruas neles
envoltas. Assim como a Rússia um dia terá de fazer o devido acerto de contas
com a Era Yeltsin, o Brasil também terá de fazer o devido acerto de contas com
a Era FHC. Só assim que o neoliberalismo, toda sua lógica e seus ditames
advindos do Consenso de Washington serão enfim superados no país. Até porque as
oligarquias e agentes do poder econômico que mandavam na época no país e que
estão mancomunados com todo um projeto de transnacionalização da economia
brasileira para o capital estrangeira continuam mandando no país até hoje.
Também defendo que futuramente seja levada a escrutínio público a Operação Lava
Jato e a colaboração de seus juízes e promotores para com poderes externos, em
especial os Estados Unidos.
Algo digno de nota a
respeito disso é o fato de que hoje, nas fileiras do governo Temer, ao mesmo
tempo em que uma figura ligada ao período civil-militar, Sérgio Westphalen
Etchegoyen (cujo pai, o coronel Leo Guedes Etchegoyen, falecido em 2003, foi
incluído na lista de 377 agentes do Estado considerados responsáveis por crimes
e violações de direitos humanos no período entre 1964 a 1985), é o ministro-chefe
da Secretaria de Segurança Institucional, aquele que o livro “A Privataria
Tucana” aponta como o cérebro do processo de privatizações do governo FHC, José
Serra, é o ministro das relações exteriores. Isso para não falar de que no
mesmo governo Temer pessoas como Henrique Meirelles e o israelense naturalizado
brasileiro Ilan Goldfajn ocupam altos cargos: o primeiro (que fora presidente
do Banco Central durante os dois governos Lula) é ministro da Fazenda e
Previdência Social segundo é o presidente do Banco Central Brasileiro.
8 – Não mexer nos
privilégios da classe dominante. Como será que os petistas podem falar em um
Brasil para todos sem tocar um único dedo nos privilégios da classe dominante?
Classe essa que tem um padrão de vida nababesco, paga quase nada de imposto,
são os grandes sonegadores de imposto do nosso país e que não tem o menor pudor
em estabelecer um regime de exceção para defender seus interesses classistas
quando estes estão ameaçados, tal qual aconteceu em 1964 quando João Goulart
colocou as reformas de base na pauta do dia? Ainda mais quando estamos falando
de um dos países mais desiguais do mundo (se não o mais) e atravessado por um
dos mais terríveis conflitos de classe entre o andar de cima e o andar de baixo
(conflito esse que o PT anestesiou esses anos todos por meio da política de
conciliação de classe)?
9 – Jamais ter convocado
o povo brasileiro para uma única e mísera luta ao longo do período de 2002 a
2016. Ao invés disso, preferiu fazer uma política de conciliação de classes
onde o lucro do andar de cima foi muito maior que o do andar de baixo. Tal
política, enquanto a economia global ia bem, foi conveniente ao andar de cima,
mas agora os tempos são outros. No presente momento de crise econômica eles
querem é seus verdadeiros representantes no Palácio do Planalto para fazer os
arrochos e políticas de austeridade (que o próprio PT já vinha fazendo ainda no
segundo governo Dilma, mas não com a força e a intensidade que eles queriam) que
o processo de acumulação capitalista brasileiro que eles comandam requer.
Quando alguém como o Lula faz esse tipo de política com o andar de cima, esse
automaticamente joga xadrez com o outro e espera o momento certo para poder se
livrar dele. E será que o Lula e os petistas em algum momento não acharam que
poderiam tomar a punhalada nas costas que tomaram no ano passado da parte dessa
gente e que teriam para sempre a simpatia do andar de cima?
10 – Não ter se dado
conta de que a descoberta do Pré-Sal mais cedo ou mais tarde atiçaria a cobiça
dos grandes conglomerados petrolíferos internacionais (entre elas a Chevron e a
Shell, que tem ligações com a esposa do juiz Sérgio Moro). Por trás das pessoas
que querem acabar com o Pré-Sal (que o próprio Lula afirmou em um discurso da
campanha presidencial de Dilma Rousseff de 2014) estão esses conglomerados
petrolíferos internacionais. Ou será que os irmãos Koch financiam Kim Kataguiri
e o MBL por mero capricho do destino?
Segundo Gilberto
Felisberto Vasconcellos, nenhum país com grande reserva petrolífera tem sossego
desde os tempos de Nasser diante da cobiça dos grandes conglomerados
petrolíferos internacionais. Qualquer governante de país periférico que resolva
utilizar o petróleo não para abastecer as indústrias dos países centrais, e sim
para proveito de seu próprio país e de seu próprio povo, é fatalmente alvo de
ações de desestabilização interna, ou mesmo de invasões militares. Como por
exemplo, o golpe contra Mossadegh no Irã em 1954, a Guerra Irã-Iraque entre
1980 a 1988 (onde os EUA deram apoio a ambos os lados da contenda tanto direta
quanto indiretamente para que se digladiassem até a exaustão), as duas invasões
anglo-americanas ao Iraque em 1991 e 2003, as várias sanções econômicas que
países como Líbia, Iraque e Irã foram submetidos nesses anos todos (geralmente
sob os auspícios da ONU), tentativas de desestabilização da Venezuela em 2002 e
2014 e do Irã em 2009, a invasão da OTAN a Líbia em 2011 e a tentativa de se
derrubar Bashar al-Assad na Síria que se arrasta desde 2011, entre outras
tantas que aqui podem ser listadas. Ou será que é por mero acaso do destino que
figuras como Saddam Hussein, Muammar al-Kadaffi, o aiatolá Khomeini, Hugo
Chávez e Nicolás Maduro são maciçamente demonizadas pela máquina de propaganda
da mídia de massa? E será que Lula e Dilma pensaram que com o Pré-Sal a
história seria diferente e que esses abutres, que fizeram campanha contra a
criação da Petrobrás nos anos 1950, não iam lançar seu olho gordo? E o mais
incrível de tudo é que enquanto em casos como o da Líbia e do Iraque foi necessária
a intervenção militar anglo-americana para saquear sua riqueza petrolífera e na
Síria e na Venezuela guerras por procuração teleguiadas desde fora, aqui no
Brasil foi preciso apenas a ação de um judiciário vendido em conluio com uma
imprensa igualmente vendida e de políticos venais e entreguistas como Jair
Bolsonaro e José Serra (autor do PL 4567/16) para tal.
11 – Por não ter feito
enfrentamento algum contra a presença do capital multinacional em solo
brasileiro, tal qual Nasser fez no Egito quando nacionalizou o canal de Suez
(que desde meados do século XIX era um condomínio franco-britânico) em 1956, Brizola
quando encampou as filiais gaúchas da ITT e da Bond & Share
enquanto foi governador do Estado do Rio Grande do Sul, Muammar al-Kadaffi
quando nacionalizou o petróleo líbio logo após a Revolução de 1969, Salvador
Allende quando nacionalizou a produção chilena de cobre, Saddam Hussein quando
nacionalizou o petróleo iraquiano em 1978 e Cristina Kirchner na Argentina quando
nacionalizou a empresa petroleira YPF (que tinha sido
privatizada durante a Era Menem e que cujo controle acionário estava nas mãos
da empresa espanhola Repsol), entre tantos outros exemplos.
E aí eu pergunto desde
quando que um país desenvolve todas suas potencialidades abrindo seu mercado e
suas pernas para o capital internacional? Será que países como os Estados
Unidos, a Alemanha e o Japão chegaram ao patamar de desenvolvimento em que
estão hoje se submetendo a lógica de tratados comerciais desiguais como o
Tratado de Methuen entre Portugal e Inglaterra em 1703 e o Tratado de Eden
Rayneval entre França e Inglaterra em 1786, onde um dos lados vendia
commodities (em ambos os casos, o vinho) e em troca recebia os tecidos e
manufaturas inglesas que tinham um valor agregado muito maior (no que gerava
rombos e mais rombos na balança comercial do país de economia menos
desenvolvida)? A resposta para essa questão é um rotundo não. Esses países se
desenvolveram acima de tudo na base de um forte protecionismo de seu mercado
interno, e não do conto da carochinha do livre mercado que os liberalecos de
meia tigela vivem apregoando por aí. Ou será que foi por um mero capricho do
destino que entre as reformas de base de João Goulart estava o controle da
remessa de lucros de multinacionais aqui estabelecidas? Empresas essas que
quando vão para um país periférico não estão nem um pouco interessados em seu
desenvolvimento, e sim em mandar a maior quantia de dinheiro possível para sua
matriz no país central.
12 – Por não ter
revertido com nenhuma das privatizações dos governos Collor e FHC. Segundo o
finado Doutor Enéas, as privatizações feitas durante os governos Collor e FHC
consistem de negociatas onde o patrimônio público do país é vendido a preço de
banana a um bando de representantes do sistema financeiro internacional. Em
outras palavras, foram crimes de lesa pátria, ainda mais levando em conta que
foram vendidas a essa gente por preço de banana. E, como as falcatruas da era
FHC ficaram impunes e não tiveram o devido escrutínio, os representantes do
tucanato puderam se posar nesses anos todos como paladinos da ética e da moralidade
diante da população (para além do fato de terem o apoio dos grandes meios de
comunicação e de grandes representantes do poder econômico nacional), a ponto
de em 2011 desdenharem do lançamento do livro “A Privataria Tucana”, de Amaury
Ribeiro Júnior.
13 – Por ter sido
excessivamente republicano no trato com as instituições, mesmo quando essas o
atacam da forma raivosa mais possível por meio daquilo que alguns especialistas
chamam de lawfare (ou seja, o uso da lei como arma de guerra contra um inimigo).
Além disso, dos 11 juízes do STF, Lula e os petistas nomearam 10 deles (entre
Joaquim Barbosa e Carmen Lúcia). Como dito em artigos anteriores, o tribunal
aqui no Brasil historicamente sempre esteve a serviço da classe dominante acima
de tudo, e os petistas, querendo se posar ao mundo de “esquerda responsável”,
em momento mexeram com as regalias e mordomias dessa gente. E vendo que o
julgamento do mensalão em 2012, conduzido por Joaquim Barbosa, foi enviesado
politicamente contra eles, será que o PT esperava que a Operação Lava Jato,
tendo sob sua condução um juiz cuja família é ligada ao tucanato, a história
seria diferente?
14 – Por último, e o
mais importante de tudo: não ter feito o devido combate ao golpe que levou
Michel Temer e sua gangue ao poder. Como vocês acham que Hugo Chávez conseguiu
vencer os golpistas que tentaram derrubá-lo do poder em 2002? Dando-lhes
flores, beijos e abraços? Não. Como vocês acham que o regime bolivariano, hoje
sob a batuta de Nicolás Maduro, consegue manter-se de pé mesmo diante da
ofensiva dos elementos reacionários locais que se arrasta desde 2014 (onde se
recorreram a artifícios tais como guerra econômica, terrorismo de Extrema
Direita e uma recente tentativa de golpe parlamentar)? Sentando-se a mesa para
tomar chá com os golpistas? Também não. E como vocês acham que Leonel Brizola
derrotou os golpistas militares durante a Campanha da Legalidade em 1961? Foi abaixando
a cabeça e se prostrando perante os golpistas? Também não. Todas essas
iniciativas golpistas foram derrotadas na base do enfrentamento aos golpistas.
E a própria inércia dos petistas quanto ao golpe que sofreram no ano passado
demonstra que aquela ideia que a direita raivosa apregoava de que o PT fez um
aparelhamento geral nas instituições e na mídia brasileira no fim não passou de
um grande conto da carochinha.
Resumo da ópera: Em
minha opinião, Lula, por um lado, é um político com grande carisma, dotado de
uma retórica flamejante, que sabe como ninguém falar com o povão mais humilde e
com um grande potencial. Mas por outro lado, Lula é um político ideologicamente
muito limitado. Para que tenha futuro na política brasileira, Lula e os
petistas terão que fazer seu “eclipse da inocência” (parafraseando Nildo
Ouriques) ou o lixo da história os aguarda ali na esquina. A começar por parar
de pensar que política é sinônimo de eleição e que política social é a mesma
coisa que inserir o pobre na sociedade do consumo.
Foto – O paradoxo
petista em 2015.
Fontes: