sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A morte do dublador Caio César, a hipocrisia maconhista e a insensatez da politicalha carioca.


Foto – O dublador Caio César e alguns de seus personagens.
Hoje, 30 de setembro de 2016, completaram-se um ano do falecimento do dublador e PM carioca Caio César. Caio César deu sua voz a personagens como Harry Potter na série de filmes baseada na obra de J.K. Rowling, Diego Bustamante em Rebelde, Sokka em Avatar e TK em Digimon, entre outros tantos trabalhos. Caio César tinha apenas 27 anos de idade (nasceu em 28 de setembro de 1988), e morreu em decorrência de ferimentos ocasionados por uma bala de fuzil durante uma operação policial no Morro do Alemão. Caio César foi levado ao hospital Getúlio Vargas e foi atendido pelos médicos, porém não resistiu aos ferimentos. O que dizer sobre isso?
Por um lado, muito triste. Muito triste ver que uma pessoa que tinha toda uma vida pela frente e com esposa e filho morrer desse jeito. Fica aqui minha homenagem e espero que agora no além esteja junto com muitos outros dubladores que também já se foram tais como Newton da Matta (dublador do Lion em Thundercats e de atores como Bruce Willis e Dustin Hoffman), Eleu Salvador (pai da Bulma em Dragon Ball Z, Doutor Brown em De volta para o futuro, Rei Tut em Batman anos 1960), Darcy Pedrosa (Higgins em Magnum, Ricardo Montalban, Coringa em várias produções do Batman), Paulo Flores (Taz Mania, Doutor Hibert da temporada 2 a 14 em Simpsons, Simiano em Thundercats), Aldo César (Bender nas duas primeiras temporadas de Futurama, Doutor Maki Gero em Dragon Ball Z, Rex Harrison), Daoiz Cabezudo (narrador de Dragon Ball Z, Lula Molusco nas quatro primeiras temporadas de Bob Esponja, Tohru em As aventuras de Jackie Chan), Sônia Ferreira (Doutora Blight em Capitão Planeta, Rainha Marlena em He-Man, Luna em Thundercats), João Batista (Cell em Dragon Ball Z, Shendu em As Aventuras de Jackie Chan, Thundarr em Thundarr o bárbaro), Borges de Barros (Moe Howard em Três Patetas, Edin em Jaspion, Gigars em Cavaleiros do Zodíaco), Mário Vilela (Seu Barriga em Chaves, personagens interpretados por Edgar Vivar em Chapolin, Pirata Espacial Buba e Gyodai[1] em Changeman), Chico Borges (narrador de seriados como Batman anos 1960, Jaspion, Changeman e os 10 primeiros episódios de Flashman), Marcelo Gastaldi (primeira voz do Chaves e do Chapolin Colorado), Helena Samara (Dona Clotilde em Chaves, Vovó Uranai em Dragon Ball Z, Mamãe em Futurama), Miguel Rosenberg (Senhor Burns nas temporadas 2 a 8 e 18 a 27 em Simpsons, Zé Colméia em algumas produções da Hannah Barbera), Sílvio Navas (Mumm-Ra em Thundercats, Papai Smurf, Vaidoso e Fazendeiro em Smurfs, Rei Cold e Rei Cutelo em Dragon Ball Z, Bender na 3ª e 4ª temporadas de Futurama), entre tantos outros. A própria J.K. Rowling deixou uma mensagem no Twitter em homenagem a Caio César na ocasião:


Foto – “Desesperadamente triste de ouvir que Caio César, a voz brasileira de Harry Potter, morreu com a idade de 27 anos. Meus sentimentos estão com sua família” (tradução do Inglês para o Português da mensagem da criadora de Harry Potter). Print da postagem no Twitter da autora de Harry Potter quando soube da notícia do falecimento de Caio César.
E por outro, revoltante. Revoltante pelo fato de ele ter morrido nas mãos dos traficantes que a playboyzada carioca, do alto de sua estupidez e de seu hedonismo sem limites, vive dando dinheiro quando sobe o morro para comprar a maconha que eles fumam em suas casas nos bairros nobres do Rio de Janeiro. É essa mesma playboyzada que muitas vezes defendem bandidos tratam a polícia como se fosse uma instituição composta só de homens corruptos que argumenta a favor da legalização de drogas como a maconha falando que a “guerra contra as drogas” que o sistema promove falhou e que agora é hora de se adotar uma nova política para com drogas, similar às experiências da Holanda e do Uruguai. Mas, será que a guerra contra as drogas foi perdida mesmo ou o sistema na verdade nunca quis vencê-la, ainda mais tendo em vista que o tráfico de drogas, dentro do mundo capitalista em que vivemos, é um dos negócios mais lucrativos que existem? Pensando por esse prisma, a guerra contra as drogas, pelo que se propôs a fazer realmente, não fracassou de forma alguma. Muito pelo contrário.
E segundo que, de forma análoga a elementos como Jean Wyllys de um lado e Marco Feliciano de outro na questão dos direitos e militância GLBT, a guerra contra as drogas e esses drogadistas inconseqüentes são que nem o Yin e o Yang[2] do Taoísmo, as duas faces do deus Janus[3] na mitologia romana e os personagens Piccolo e Kami Sama de Dragon Ball: dois elementos opostos entre si, mas que se completam um ao outro ao ponto de um não existir sem o outro e vice-versa. Em outras palavras, duas faces da mesma moeda, na medida em que um justifica a existência do outro e vice-versa. Como disse o escritor russo Maksim Gorkiï em sua obra “Humanismo Proletário”, em 1934: “Unichtozhte[4] gomoseksualizm – Fashism ischesnet/Уничтожьте гомосексуализм – Фашизм исчезнет (Destrua o homossexualismo[5] – Fascismo desaparecerá)”.

Foto – A máxima de Gorkiï.
Nessa frase em questão, o que Gorkiï quer dizer? Imaginemos uma moeda. Uma moeda tem dois lados. Se um dos lados é destruído, o outro é automaticamente destruído junto e vice-versa, já que a dialética que retroalimenta os dois lados é destruída. Se um dia a guerra contra as drogas acabar e em seu lugar for efetuado um verdadeiro combate a essa chaga (como o feito na China durante o governo de Mao Tsé Tung [1949 – 1976], que resolveu com o problema do ópio que assolava com o antigo Império do Meio em poucos anos destruindo ao mesmo tempo com a demanda, a fabricação e a comercialização da droga, assim como a eliminação dos traficantes e o tratamento dos drogados. Ou seja, acabou com o problema pela raiz), os drogadistas não terão mais a guerra contra as drogas para ficar soltando suas patranhas. E vice-versa.
Entretanto, o tráfico de drogas não é o único responsável pelos problemas sociais do Rio de Janeiro. Desde pelo menos os tempos da República Velha (1889 – 1930) a questão social é tratada como caso de polícia por parte da politicalha carioca. Episódios como o da Revolta da Vacina em 1904 e a Reforma Urbanística promovida pelo então prefeito Pereira Passos entre 1904 a 1906 (apelidada de “Bota Abaixo” pelo povo na época e inspirada na reforma urbanística feita pelo Barão Haussmann[6] em Paris) ilustram muito bem isso. E essa mentalidade higienista persistiu com o tempo até chegarmos aos dias de hoje, ainda que tenha assumido roupagens mais modernas com o passar do tempo. Encontra-se presentes em políticos como Moreira Franco, Pezão, Eduardo Paes, Saturnino Braga, Sérgio Cabral Filho, Pezão, Marcelo Crivella e tantos outros. Os mesmos que abandonaram com o projeto dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) de Brizola e Darcy Ribeiro sob a alegação de que eram muito caros. E esses são os políticos que os pais da playboyzada maconheira carioca vivem votando e ajudando a perpetuar no poder no Rio de Janeiro, ao passo que esses jovens maconheiros ajudam a perpetuar na política carioca elementos tão ou mais execráveis como Jean Wyllys, Fernando Gabeira e Carlos Minc (que nada mais são que a cara-metade político-ideológica dos primeiros).
E que interesses a politicalha carioca e seus associados têm na perpetuação dessa situação de verdadeira guerra civil no Rio de Janeiro? Interesses de ordem político-eleitoreira (quando um candidato para prefeito ou governador usa o problema como forma de conseguir votos, afirmando que o outro candidato foi displicente com o problema, mas que quando chega no poder apenas faz algumas pedidas paliativas), econômica (da parte da indústria armamentista, interessada na violência urbana, e de empresas de segurança particular, com interesse em vender seus planos e produtos para as pessoas. Essa mesma indústria também financia políticos e até tem sua representação no Congresso com a Bancada da Bala), midiática (notícias desse tipo para seus noticiários sensacionalistas), policiais corruptos (através de esquemas de extorsão das comunidades mais carentes) e outros conspiram para isso. Alguém que queira realmente resolver o problema terá de enfrentar isso tudo, além do fato de essa gente toda ter a seu favor o poder midiático local. O próprio Brizola, quando foi governador do Rio, sofreu e muito com isso através de histórias falaciosas como a de que ele não queria que a polícia subisse o morro para prender traficantes (sendo que o que ele realmente queria é que a polícia não se misturasse com os traficantes).
Algo também sintomático dessa notícia é o fato de o morto em questão ser PM e dublador ao mesmo tempo. Assim como acontece com os professores do nosso país e outras tantas profissões, os profissionais da dublagem muitas vezes são mal remunerados. Não raro é comum os dubladores passarem mais da metade do dia trabalhando para conseguir algum dinheiro para se sustentar. Ou então exercerem mais um de uma profissão. E o pior de tudo é ver a propaganda governista ficar falando em “Brasil – Pátria Educadora”, sendo que um título muito mais adequado seria “Brasil – Colônia de Banqueiros” (clara alusão à obra homônima do historiador Gustavo Barroso, publicada originalmente em 1934), ou então “Brasil – Pátria Rentista”. Esses são os elementos que nadam na grana no Brasil enquanto que o povão passa fome.
Espero que um dia esse problema da violência no Rio de Janeiro um dia venha a ser solucionado, de forma que notícias como essas não venham mais a aparecer nos Datenas e Marcelos Rezendes da vida. O que percebo nessas operações da PM é que eles arrancam a erva daninha do solo, mas não fazem questão de arrancar fora sua raiz junto. De nada adiantará a polícia pacificar o morro sem ao mesmo tempo fazer uma política de inclusão social que, entre outras coisas, afaste os jovens do tráfico e lhes dê oportunidades na vida. E não será com medidas paliativas como Bolsa Família e Fome Zero que esse problema será resolvido (as quais tem o perverso efeito de criar no seio da juventude mais humilde uma geração de jovens fúteis e consumistas que não raro vão aos shoppings centers fazer seus rolezinhos), e sim através da cidadania e da educação das massas. Isso é o que Brizola e Darcy Ribeiro queriam com os CIEPs. Em outras palavras, para o bandido já formado, a devida repressão e a força da lei. E para os bandidos ainda em formação, as escolas e os programas de verdadeira inclusão social.
Sem arrancar a raiz da erva daninha do solo, cedo ou tarde ela crescerá novamente e voltará a causar problemas, gerando um círculo vicioso que continuará a ceifar mais e mais vidas com o problema da violência urbana no Rio de Janeiro. Do contrário, no momento em que os traficantes se organizarem, em poucas horas eles, com o armamento pesado que eles têm em mãos, sairão de suas tocas, tocarão o terror e dominarão a antiga capital federal. E esse problema jamais será resolvido se o Rio de Janeiro continuar sendo governado por esses políticos que tratam a cidade da mesma forma que Pereira Passos a tratava na virada do século XIX para o XX: como um espaço destinado para o desfrute único e exclusivo das elites abastadas. E se um dia o Rio de Janeiro estiver todo dominado pelas quadrilhas de criminosos do morro, que as elites cariocas e os políticos que eles tanto votam não venham com choradeira e não se incomodem de serem vítimas dos mesmos monstros que eles tanto criaram e alimentaram durante todo esse tempo.

Foto – Frase sobre a miopia dos jovens cariocas de bairros abastados como a Zona Sul quanto às consequências de seus atos.
Fontes:
J.K. Rowling lamenta morte de PM dublador de Harry Potter: “Triste”. Disponível em:
Morre Caio César, dublador do Harry Potter. Disponível em: http://omelete.uol.com.br/filmes/noticia/morre-caio-cesar-dublador-do-harry-potter/
“Morreria feliz em combate”, disse à família policial que dublou Harry Potter. Disponível em:
RW: How Maoist Revolution wiped out drug addiction in China (Em Inglês). Disponível em: http://revcom.us/a/china/opium.htm.
Teoria: Humanismo Proletário. Disponível em:
“Уничтожьте гомосексуалисм – Фашизм исчезнет” (em Russo). Disponível em:


NOTAS:

[1] Leia-se “Guiodai”, pois no japonês, assim como em idiomas como o alemão e o russo, a pronúncia da partícula g não muda em função da vogal seguinte tal qual nos idiomas latinos e no inglês.
[2] Leia-se “Yan”, pois no mandarim, assim como no francês, quando uma palavra termina em consoante esta é muda.
[3] Leia-se “Ianus”. No latim, assim como em idiomas como o alemão, o holandês, o húngaro, o polonês, o servo-croata, as línguas escandinavas e bálticas, o tcheco, o eslovaco e outros tantos, a partícula j tem valor de i.
[4] Leia-se “Unitchotojte”. No russo as partículas zh (cirílico ж) e ch (cirílico ч) tem o mesmo valor do j e do tch no português.
[5] Quando Gorkiï fala em homossexualistas nesse trecho em questão, ele está se referindo não aos homossexuais enquanto pessoas, e sim ao ativismo GLBT.
[6] Leia-se Ôssmann, pois no Francês a partícula h é muda como no Português e no Espanhol e a partícula au tem valor de ô.

2 comentários:

  1. Esse é mais um texto que escrevi ano passado e postei em minha conta no Academia, e que agora estou repostando aqui, com algumas alterações no corpo do texto.

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  2. E estes mesmos maconhistas, depois, saem pelas ruas com a camisa da seleção, que representa uma entidade, e não o país como um todo, batendo panela e gritando "Fora Lula", "Fora Dilma", "Fora PT", "Brasil não é Cuba", etc... Haja hipocrisia!

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