Por Lucas Novaes
Anteontem,
dia 2 de outubro de 2016, dezenas de milhões de brasileiros foram ás urnas
exercer seu suposto direito democrático de escolher aqueles que os irão
representar na câmara municipal e no comando da prefeitura. A câmara
legislativa já está formada e já temos acesso ao nome da maioria dos novos (ou
seriam velhos?) prefeitos. Com os resultados do primeiro turno já confirmados,
o que será que podemos dizer a respeito das eleições deste ano?
Primeiramente,
deve-se destacar o fato de que o partidarismo político e ideológico no Brasil
está sob grave ameaça devido ao fato de estar se tornando uma força cultural
decadente. Os motivos são claros: uma rígida burocracia a qual os partidos são
submetidos pelo estado por meio de leis rigorosas e arbitrárias impostas aos
mesmos. Para piorar, o tempo de campanha eleitoral foi reduzido pela metade (de
90 para 45 dias), assim como o período de propaganda na TV e rádio. De Norte a
Sul, de Leste a Oeste, as manifestações partidárias são vigorosamente reguladas
e observadas por aparatos de segurança estatais. Alguns podem pensar que esses
processos ajudam as campanhas a não extrapolar os limites aceitáveis de
manifestação, mas, em minha opinião, eles reprimem a verdadeira vontade da
população de expressar seus descontentamentos por meio do partidarismo
político. A única politicagem permitida e incentivada no território nacional é
a politicagem apartidária, com foco em coisas como a diminuição do estado em
áreas importantes para a população ou a demanda hipócrita por Direitos Humanos,
geralmente associada e financiada por Organizações Não Governamentais
estrangeiras.
Tudo
isso que está acontecendo no país torna-se fácil de entender quando levamos em
consideração o fato do Partido dos Trabalhadores estar sofrendo fortes ataques
tanto da mídia principal como do judiciário com seus mandos e desmandos
visivelmente parciais. O PT é, sem dúvidas, a maior força da política partidária
no Brasil, pois possui os dois principais atributos que um partido político
forte deve ter: ideologia objetiva e coerente (mesmo que fragmentada em
diversos segmentos e alas) e militância massiva. O PSDB tem ideologia, mas não
tem militância. O PMDB não tem militância e nem ideologia (visto que já se
aliou aos tucanos e petistas em tempos diferentes, sempre remando para o
caminho mais tranquilo). O PSOL e o PSC possuem ideologia, mas não militância
de massas. É também assim para todos os outros partidos não citados aqui.
Nenhum deles justificou a validade de sua existência como fez o Partido dos
Trabalhadores. Sendo assim, destruir o PT é destruir os partidos políticos como
um todo, na forma como os entendemos. Com a criminalização do petismo, não há
mais política desafiadora.
Quando
nos damos conta de que o partidarismo no Brasil teve e ainda têm uma grande importância
social e cultural no solo brasileiro, caracterizando um dos poucos fenômenos
não egoístas sobreviventes na cultura tupiniquim, é fácil de descobrir o porquê
de a ideologia liberal querer o fim de tudo isso. De acordo com a lógica dessa
ideologia, todo o coletivismo deve ser enfraquecido e ficar de fora da vida do
“cidadão médio”, inclusive o partidarismo.
Os
resultados dessa aliança macabra entre a grande mídia, o sistema judiciário e
as empresas e ONGs se refletem no primeiro turno destas eleições:
Em
meio a discursos vazios de candidatos sem convicções preocupados com a própria
imagem, o Partido dos Trabalhadores se enfraquece e seu legado eleitoral vai
tanto para o PSDB e PMDB como para outros partidos insignificantes. O Brasil,
assim, caminha a passos largos para uma utopia individualista e liberal do pior
tipo possível.
REFERÊNCIAS:
http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2016/Janeiro/confira-as-principais-datas-previstas-no-calendario-eleitoral-do-pleito-deste-ano
http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2016/blog/eleicao-2016-em-numeros/post/psdb-e-psd-crescem-em-n-de-prefeituras-pt-encolhe.html
Tempos tenebrosos nos aguardam, após o governo PT desmoralizar a esquerda brasileira, para usar as palavras de Frei Betto. Aguardo seus novos posts, e parabéns pelo blog, por lembrar à verdadeira esquerda pelo que devemos lutar e quem são nossos verdadeiros inimigos.
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