quarta-feira, 1 de junho de 2016

Eu não sou Boris Nemtsov (Я не Борис Немцов).


Foto – Boris Nemtsov ao lado de Boris Yeltsin.
Falso herói. É assim que eu vejo Boris Nemtsov. Um ano se passou desde a morte de Boris Nemtsov. Nemtsov faleceu em 27 de fevereiro de 2015, quando foi morto próximo ao Kremlin. Ele era um político de oposição a Vladimir Putin na Rússia, mas muito impopular perante o povo. Entretanto, sua morte gerou certa comoção, a ponto de na ocasião em Moscou ter tido uma marcha em homenagem a ele e até a programação de um evento no Rio de Janeiro frente ao Consulado da Rússia no Rio de Janeiro para se colocar velas e flores em homenagem a esse sujeito. Eu sou Boris Nemtsov uma ova. E vou explicar a razão.
Primeiro de tudo, Boris Nemtsov era um canalha de marca maior. Haja vista que era homem de confiança de Boris Yeltsin na década de 1990, assim como amigo de Boris Berezovskiï, um dos muitos oligarcas que emergiram na Rússia após o fim da União Soviética se apropriando do antigo patrimônio estatal soviético e que durante o governo Putin se exilou para a Inglaterra alegando perseguição política. Através de laranjas como o iraniano Kia Joorabchian, Boris Berezovskiï, em conluio com o então presidente Alberto Dualib, ajudou a emporcalhar o Corinthians durante os anos da infame parceria com a MSI (Media Sports Investments), a qual usou o Corinthians como um meio de lavar dinheiro de atividades ilegais. Essa parceria terminou em investigações por parte do Ministério Público Brasileiro e que cujos efeitos nocivos levaram o Corinthians ao rebaixamento para a Segunda Divisão no Campeonato Brasileiro de 2007, algo até então inédito para o time do Parque São Jorge. Berezovskiï faleceu em 2013, tendo sido encontrado morto em sua casa em Londres.
E isso não é tudo. Boris Nemtsov era, entre outras coisas, favorável a que a Rússia saísse da Ucrânia. Quer dizer, que para ele tudo bem o Ocidente ingerir na Ucrânia e apoiar os mais abjetos neofascistas em seus intentos, tal como fez na Croácia na década retrasada durante a desintegração da Iugoslávia. Da mesma forma com que a Croácia de Franjo Tudjman era uma herdeira político-ideológica da Ustaša de Ante Pavelić, o regime agora vigente em Kiev é herdeiro político-ideológico dos nacionalistas ucranianos liderados por Stepan Bandera (os quais na Segunda Guerra Mundial tal como os Ustaše colaboraram maciçamente com os nazistas[1]) e que almeja colocar a Ucrânia na OTAN. Mas a Rússia querer zelar por sua segurança e de seus concidadãos que lá vivem, isso não pode? Qual será a lógica desses liberalóides russos? Que hipocrisia é essa, afinal?

Foto – Nemtsov e Berezovskiï juntos.
Uma Ucrânia na OTAN seria para a Rússia o mesmo que um Tibete independente alinhado com o Ocidente para a China: como se estivesse com uma adaga prestes a ser fincada em seu pescoço. Com a Ucrânia dentro da OTAN o Ocidente poderia empreender uma nova Operação Barbarossa contra a Rússia, podendo ataca-la em três frentes que nem a Alemanha Hitlerista fez na Segunda Guerra Mundial: uma ao sul através da Ucrânia, uma mais ao norte através dos países bálticos e outra no Ártico através da Noruega. Da mesma forma, um Tibete independente alinhado com o Ocidente poderia deixar as cidades do sul, do oeste e do leste da China expostos à ataques contra suas principais cidades. Além disso, nas regiões sul e leste da Ucrânia, também conhecida como a região da Nova Rússia (em russo Novorossiya/Новороссия), grande parte da população que lá vive é de etnia russa, e desde o golpe em Kiev é alvo de limpeza étnica desses neofascistas que desejam uma Ucrânia etnicamente homogênea e sem minorias (haja vista o massacre de Odessa em dois de maio de 2014 por parte de militantes neofascistas pró-Maidan).
Portanto, a Rússia tem todo o direito de intervir na Ucrânia e não desejar que Kiev entre na OTAN. Da mesma forma com que na década retrasada a Iugoslávia de Slobodan Milošević[2] tinha todo o direito de manter sua integridade territorial e acabar com a escalada neofascista da Croácia e da Eslovênia e de fundamentalismo islâmico na Bósnia e em Kosovo. Escalada essa que também contou com o apoio do mesmo Ocidente que hoje apoia a escalada neofascista que a Ucrânia hoje vivencia. Diga-se de passagem, tanto na Croácia quanto na Bósnia e em Kosovo houve grandes chacinas de sérvios durante o processo, a exemplo do que aconteceu em Krajina[3] em 1995 durante a Operação Tempestade por parte da Croácia, em várias partes da Bósnia habitadas por sérvios (Republika Srpska) por parte dos fundamentalistas islâmicos liderados por Alija Izetbegović e em Kosovo por parte do Exército de Libertação de Kosovo. Todos eles sob os auspícios da OTAN e do dito “mundo livre e democrático”. É dever moral tanto dos revolucionários da Novorossiya como também do governo russo impedir que tragédias como as ocorridas em Krajina e na Republika Srpska se repitam do lado da Rússia e que a Novorossiya um dia vire uma espécie de Nova Galícia, com a população de etnia russa que lá habita sendo substituída após uma maciça limpeza étnica por colonos uniatas[4] vindos da Ucrânia Ocidental e assim transformando a região em uma espécie de grande Palestina europeia (com direito aos russos que ainda restarem por lá sendo submetidos a toda uma legislação discriminatória que os transformará em cidadãos do segunda ou terceira classe, a qual incluiria, entre outras coisas, a proibição de se falar o idioma russo, de se usar o cirílico russo e não o ucraniano em locais públicos e de se professar a Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscou).
É mais do que óbvio que o caso da morte de Boris Nemtsov foi uma falsa bandeira, tal como também foi morte do fiscal Alberto Nisman na Argentina e o atentado a redação do semanário francês Charlie Hebdo, entre tantos outros exemplos. Segundo o artigo Wikipédia em português sobre o artigo, “Operação de Bandeira Falsa (False Flag em Inglês) são operações conduzidas por governos, corporações ou outras organizações que aparentam ser realizadas pelo inimigo de modo a tirar partido das consequências resultantes. O nome é retirado do conceito militar de utilizar bandeiras do inimigo”. Em outras palavras, são situações em que um sujeito, governo ou organização x comete um atentado e/ou um assassinato e depois se culpa por isso um sujeito, governo ou organização y com o intento de desmoralizá-lo perante o povo através de uma grande campanha de desgaste de sua imagem pública, tal como aconteceu, por exemplo, com Getúlio Vargas no Brasil.
Na Rússia, obviamente pretendeu-se usar esse caso para desmoralizar Putin, de forma a destruir sua popularidade perante o povo russo e assim justificar uma eventual mudança de regime em Moscou através de uma revolução colorida como as ocorridas na Ucrânia em 2004 e 2014, provavelmente entrando no lugar de Putin algum entulho da Era Yeltsin. Após a morte de Nemtsov, a grande mídia ocidental muito politizou o caso (ainda que Nemtsov possa ter sido vítima de um crime comum sem vinculação política alguma) e ficou falando que ele foi vítima de uma perseguição política feita pelo governo russo e o transformando em uma espécie de mártir (o que ele de forma foi). Tal como na Argentina, a mídia reacionária de lá, composta por oligopólios como o El Clarín e o La Nación, usaram o caso da morte de Alberto Nisman com a mesma intenção em relação à presidente Cristina Kirchner, assim como de desmoralização do Irã perante a comunidade internacional através da exumação o caso AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina) e da tese de sua suposta culpa na explosão ocorrida em 1994 (a qual no presente momento o atual presidente Mauricio Macri está exumando). O que poderia muito bem justificar uma eventual invasão ocidental ao Irã que nem as feitas contra Iraque e ao Afeganistão.

Foto – Boris Nemtsov ao lado de Yuliya Tymoshenko e Petro Poroshenko.
Fontes
Através do regime Macri o sionismo quer uma nova guerra contra o Irã. Disponível em:
Operação de Bandeira Falsa. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_de_bandeira_falsa
Breaking News: False Flag in Moscow!. Disponível em: http://thesaker.is/breaking-news-false-flag-in-moscow/
Paul Craig Roberts – The CIA may have just assassinated Boris Nemtsov in Moscow to blame Putin. Disponível em: http://kingworldnews.com/paul-craig-roberts-cia-may-just-assassinated-boris-nemtsov-moscow-blame-putin/
Ukrainian nationalism – its roots and nature. Disponível em: http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2014/02/ukrainian-nationalism-its-roots-and.html

NOTAS:


[1] Segundo o artigo do blog Vineyard of Saker sobre o nacionalismo ucraniano, as piores atrocidades da Segunda Guerra Mundial por parte das forças do Eixo não foram cometidas pelas tropas hitleristas, e sim pelos Ustaše na Croácia e pelos nacionalistas ucranianos na Ucrânia. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos deles fugiram para países como a Alemanha Ocidental, os EUA e o Canadá através de rotas de fugas conhecidas como ratlines.
[2] Leia-se Milochevitch, pois no servo-croata e no bósnio as partículas š e ć tem valor de ch e tch, respectivamente.
[3] Leia-se Kraiina, pois no servo-croata, assim como em idiomas como o alemão, o holandês, o polonês, o húngaro, o tcheco, o eslovaco, as línguas escandinavas e bálticas, o esloveno, o bósnio e outras, a partícula j tem valor de i.
[4] Relativos à Igreja Greco-Católica Ucraniana, também conhecida como Igreja Uniata. Possui rito e liturgia bizantina, mas é ligada ao Papado Romano. Criada em 1596 sob os auspícios da Monarquia Polonesa e do Papado Romano na União de Brest com o intuito de, entre outras coisas, criar divisões na etnos russa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário