sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Considerações sobre a campanha "#elenão": os cachorros que latem e os cachorros que mordem.



Foto – Bolsowyllys, as duas faces de Janus contrapostas entre si: a relação dialética entre a esquerda lacradora e a direita neocon.
Diante da possibilidade de Jair Bolsonaro se eleger presidente do Brasil, foram lançadas na Internet hashtags tais como “#Elenão” e outras similares. Todas elas na onda do repúdio ao político que outrora era membro do partido de Maluf. Nessa toada, surgem páginas no Facebook e em outras redes sociais (entre eles a Mulheres contra Bolsonaro, recentemente hackeada por partidários do político carioca). O que falar sobre essa campanha? Duas palavras a meu ver muito bem a define: inútil e inócua.
Primeiro, que não se faz a crítica correta a Bolsonaro, o filho bastardo do conluio Rede Globo-Operação Lava Jato e do crescimento da esquerda lacradora no Brasil nos últimos anos. Não se critica o político carioca por seu receituário econômico neoliberal (que é inspirado na política econômica de Ronald Reagan nos EUA, a reaganomics), por sua política externa de atrelamento às grandes potências (no que pode fazer com que o Brasil se envolva em guerras contra países como a Venezuela e o Irã e em sanções contra a Rússia e a China a reboque dos EUA. Guerras essas cujo ônus humano invariavelmente será pago pelo Brasil e não por seus senhores anglo-americanos na forma de ondas de refugiados buscando asilo), a omissão dele em questões como a regulação do monopólio dos meios de comunicação (que certamente se voltará contra ele caso se torne presidente) e a auditoria da dívida pública, entre outras. Também não se critica Bolsonaro por ter votado a favor do farsesco impeachment de Dilma, ter se posicionado a favor da entrega do pré-sal, da reforma trabalhista, do congelamento de gastos sociais por 20 anos e outras das maldades do governo Temer. Apenas ficam nessas frivolidades sobre o que ele pensa sobre mulheres, negros, gays, lésbicas e outros. No fim das contas, é mais uma manifestação da relação dialética entre a esquerda lacradora e a direita de matiz ideológica neocon.
Segundo, que não é a primeira vez que tal expediente é utilizado na história. Foi assim na eleição para governador do Estado de São Paulo de 1998, onde os tucanos, liderados por Mário Covas, utilizaram esse mesmo expediente contra Paulo Maluf. Mais recentemente, também foi utilizado na França para atacar Marine Le Pen em favor de Emanuel Macron e nos Estados Unidos pelos democratas para atacar Donald Trump (vejam em “a birra de Hollywood contra Trump”). Na prática, isso nada mais é que criar um espantalho para abrir o caminho para que os verdadeiros demônios cheguem ao poder para fazer maldades ainda piores e desviar a atenção para qual é a verdadeira ameaça que no ar paira. Haja vista, por exemplo, que o foram as administrações tucanas no estado de São Paulo com suas privatizações, arrochos e corrupção colocada para debaixo do tapete (vide trensalão, Dersa e outros tantos). Que na França o governo Macron está fazendo os mais rígidos ajustes e ataques ao Estado de bem-estar social francês. E que nos Estados Unidos atacam Trump ao mesmo tempo em que passam a mão na mesma Hillary Clinton que, entre outras coisas, comandou a destruição da Líbia junto com Sarkozy e que riu da morte do coronel Kadaffi em 2011. E se esquecem, por exemplo, que quem começou a construção do muro na fronteira entre México e Estados Unidos foi Bill Clinton e que o democrata Barack Obama deportou mais mexicanos que Bush II (e achar que Trump começou com as separações entre crianças e seus pais na fronteira é ser no mínimo muito ingênuo).


Foto – Quem votou a favor da PEC 95. Esse é um verdadeiro motivo para se criticar Bolsonaro, não certas frivolidades.
Um que cai nessa esparrela é Leonardo Stoppa, onde ele, em recente vídeo bate na tecla da ameaça fascista, que é preciso uma união entre as ditas forças democráticas e chega a citar um episódio (o de número 75, para ser mais exato) de He-Man onde o He-Man e o Esqueleto unem suas forças para vencer um mal maior, o demônio Sh’Gora. Com uma esquerda como essa que cai nesses contos do vigário, quem precisa de direita? Quem precisa de Bolsonaro, de Pinochet, de Macron, de Patria y Libertad e afins?
E, como era de se esperar, as comparações da ascensão de Bolsonaro com a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha nos anos 1930 se tornaram lugar comum nas redes sociais da parte dos partidários do “#elenão”. Entretanto, a meu ver a analogia com Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos entre 1981 a 1989, faz muito mais sentido. Primeiro pelo fato já citado aqui várias vezes de que Bolsonaro ideologicamente muito mais próximo estar dos republicanos norte-americanos que dos nazistas e fascistas europeus dos anos 1920 a 1940. Ou seja, é um sujeito que veste o figurino do Partido Republicano na Terra Brasilis (de onde será que ele traz pautas como a do armamento civil?). E segundo que Bolsonaro ascendeu politicamente no Brasil com o mesmo discurso de Ronald Reagan, que alia o mais demagógico conservadorismo social (o chamado neoconservadorismo) e neoliberalismo na economia. E que a ascensão de Bolsonaro coincide justamente com o crescimento da esquerda lacradora no Brasil de uns anos para cá, tal qual aconteceu nos Estados Unidos a partir dos anos 1970. Como também em menor medida do italiano Silvio Berlusconi, que em decorrência da criminalização da política feita pela Operação Mãos Limpas foi alçado ao poder.
Toda essa história de ameaça fascista, democracia x fascismo, Bolsonaro fascista e afins é a cobertura perfeita para o fato de que está se desenrolando um crescente processo de americanização da política brasileira, com a esquerda vestindo o figurino do Partido Democrata e a direita vestindo o figurino do Partido Republicano. E, ao contrário do que Stoppa e outros pensam, a verdadeira ameaça que no ar paira não está no fantasma do nazi-fascismo de Benito Mussolini, Adolf Hitler, Ante Paveliċ, Vidkun Quisling, Francisco Franco, padre Jozef Tiso, marechal Miklós[1] Horthy e outras lideranças da época, mas no neoliberalismo de Reagan, Thatcher, Pinochet, Bill Clinton, Tony Blair, Carlos Menem, Collor, FHC, Boris Jel’cin, Carlos Salinas de Gortari, Carlos Andrés Pérez, Gonzalo Sánchez de Lozada, Michel Temer, Mauricio Macri e tantos outros. Em realidade, Bolsonaro é parte dessa ameaça neoliberal (que por um acaso do destino não raro acaba vindo com um verniz mais autoritário sempre que necessário. Afinal, foi sob o regime autoritário de Augusto Pinochet no Chile que o neoliberalismo teve sua primeira experiência). E o que Bolsonaro, junto com Paulo Guedes, pretende com sua agenda econômica neoliberal é nada mais que dar continuidade ao que Michel Temer vem fazendo desde o farsesco impeachment de 2016.

Foto – De um lado Ronald Reagan, o patrono da Al Qaeda e do Taliban, e de outro Jair Bolsonaro.
Segundo Marilena Chauí em recente palestra, o neoliberalismo em realidade não é uma mutação histórica do capitalismo por meio da passagem da hegemonia econômica do setor produtivo para o setor financeiro, mas uma mutação sócio-política que a filósofa paulista classifica como a “nova forma do totalitarismo”. Em outras palavras, um totalitarismo de mercado, essencialmente individualista (dai que vem contos da carochinha tais como o do sujeito que erroneamente pensa que é empresário de si mesmo, self-made-man e meritocracia) promovido por aquilo que o professor Gilberto Felisberto Vasconcellos chama de o capital vídeo-financeiro. Além disso, ao operar no sentido de destruir as instituições e substitui-las por organizações e de privatizar os direitos das pessoas transformando-os em serviços, concebe o Estado não como uma entidade pública, mas como uma empresa privada que tem que dar lucro para seus acionistas. E não só isso como também na mesma palestra afirma que o processo de judicialização da política que o Brasil assiste nada mais é que uma consequência da maneira como o neoliberalismo concebe a política, já que os conflitos entre empresas ou dentro das próprias empresas geralmente são resolvidos na esfera judicial.
Também é digna de nota a recente propaganda de Geraldo Alckmin, verdadeiro ode ao cinismo e à hipocrisia política, onde se ataca ao mesmo tempo tanto Haddad quanto Bolsonaro. Vemos Alckmin e os tucanos em uma posição constrangedora tendo que lidar com o mesmo monstro que eles ajudaram a criar. Ou seja, na mesma posição que em Samurai X o governo Meiži esteve quando recorreu à Kenšin para que o espadachim ruivo fosse à Kjoto para deter seu sucessor no posto de retalhador das sombras a serviço dos monarquistas, Makoto Šišio (o qual era visto como um sujeito perigoso por seus superiores, que por sua vez armaram uma emboscada contra Šišio e o queimaram vivo. Milagrosamente, Šišio sobreviveu e anos mais tarde virou um fantasma do passado a assombrar o governo Meiži, a ponto de querer tomar o Japão para si).
Chega-se a se dizer cinicamente nessa propaganda que Alckmin e sua vice têm uma vida ficha limpa, são relembradas algumas das polêmicas em que o político carioca se envolveu, são feitos ataques à proposta tributária de Bolsonaro (sendo que os tucanos invariavelmente farão algo análogo no poder e omitindo a todos o fato de que isso é uma realidade secular do Brasil, do qual o pato amarelo da FIESP muito bem simboliza) e que votar em Alckmin é votar contra a volta do comando da corrupção (omitindo que o PSDB é envolvido em escândalos como o Banestado e a privataria tucana e que o mensalão começou em Minas Gerais com o tucano Eduardo Azeredo em 1998) e que é contra os radicais de esquerda e de direita. Na prática, essa história de “elenão” serve para beneficiar Geraldo Alckmin. Aos verdadeiros donos do jogo não interessa ver Jair Bolsonaro presidente, mas pessoas como Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, João Amoedo e outros representantes orgânicos da banca financeira no poder, que por sua vez irão colocar em prática as mesmas ideias que Bolsonaro advogam e continuar com a agenda das reformas neoliberais de Michel Temer, só que com a pose de bons moços e a fala mansa que falta ao político carioca.
Para eles (que certamente tem o medo de serem assombrados pelo fantasma de Ernesto Geisel depois de certo tempo de governo militar. Ou seja, de guinadas nacionalistas que contrariem seus interesses) Bolsonaro é muito mais interessante fazendo papel análogo ao que Eduardo Cunha e Aécio Neves exerceram entre 2014 a 2016: o de cachorro louco que ataca a esquerda raivosamente. Com o sistema o usando da mesma forma a que os oligarcas ucranianos usam os grupos neonazistas locais (entre eles o Svoboda e Pravyj Sektor) se aproveitando da ódio que eles sentem pela Rússia, a que Hilda de Polaris usou o Guerreiro Deus das sombras Bado de Alkor se aproveitando do ódio que ele sentia por seu irmão Syd de Mizar na saga de Asgard de Cavaleiros do Zodíaco (exclusiva da animação) e a que o cardeal Kaijou usou Šogo Amakusa se aproveitando do ódio que o espadachim cristão sentia pelo Japão por causa das perseguições ao cristianismo entre os séculos XVI a XIX na saga dos cristãos de Samurai X (exclusiva da animação). Em outras palavras, aos verdadeiros donos do jogo Bolsonaro é muito mais interessante como peão que como rei ou rainha. E talvez essa seja a mensagem que quiseram passar para Bolsonaro tanto no atentado quanto nessa propaganda eleitoral recente dos tucanos: que os reis do jogo somos nós e não você. Com as recentes acusações da parte de sua ex-esposa de que Bolsonaro teria sido muito agressivo com ela e de ele teria furtado um cofre servindo de bala de prata contra o político carioca (que em nada é diferente de todas as manobras que tentaram fazer nesses anos todos contra Lula e Dilma desde 1989, diga-se de passagem) igualmente fazendo parte desse jogo. Talvez seja questão de tempo essa gente exumar as questões da propina da JBS e sua presença na lista de Furnas em futuras investidas contra o político carioca e até mobilizem a Lama Jato contra ele.

Foto – Bado de Alkor (à esquerda) e Hilda de Polaris (à direita).
Ao invés de entrarmos nessa histeria de “democracia x fascismo” e afins, também penso eu está mais que na hora de começarmos a questionar em massa não apenas a crescente ingerência dos militares na política brasileira como também a criminalização da política feita pela farsa da Operação Lava Jato (vulgo Lama Jato) desde que se iniciou há quatro anos, análoga ao que se viu na Itália nos anos 1990 com a Operação Mãos Limpas. Afinal Bolsonaro foi um fruto da criminalização da política feita pelo Judge Murrow e sua camarilha. Se esse questionamento não for feito (e sem também que seja feito uma CPI da Lama Jato e seus esquemas escusos ao mesmo tempo), dentro de alguns anos veremos todo esse processo se repetindo como um círculo vicioso, em especial sempre que algum governo de corte popular ocupar o Palácio do Planalto. A mesma Lama Jato que muitos dos eleitores do Bolsonaro aplaudem, sem levar em consideração que o esquema do Paraná poderá mais cedo ou mais tarde também se virar contra o político carioca na hora em que for conveniente a eles. Não só isso, como também questionar a existência da própria Lama Jato e os desastrosos resultados que trouxe ao Brasil.
Por fim, gostaria de deixar aqui registrado a aqueles que eventualmente pedirem nossa presença nessa campanha: Não contem conosco para isso!
Fontes:
#Elenão – Alckmin “adere” à própria campanha, “Eusim”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yJg1Cp7JtW8&ab_channel=CausaOperariaTV
Ex-mulher acusou Bolsonaro de furto e cofre e agressividade. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/ex-mulher-acusou-bolsonaro-de-furto-de-cofre-e-agressividade.shtml
Macron está quebrando o estado de bem-estar social francês. Disponível em: http://www.revistamissoes.org.br/2018/07/macron-esta-quebrando-o-estado-social/
Marilena Chauí explica o ódio no Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GsuQIAwImsU&ab_channel=TV247
Plano de governo de Bolsonaro inspirado em Ronald Reagan. Disponível em: https://renovamidia.com.br/plano-governo-bolsonaro-ronald-reagan/
Quem botou a cabeça de Bolsonaro para fora? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V9e3YkFCIy8&ab_channel=ConversaAfiadacomPauloHenriqueAmorim
Resumo do dia – nº 90 | 21/9/2018 – “#ELENÃO” é disfarce para frente pró-Alckmin. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MXGuCX3BOKE&ab_channel=CausaOperariaTV
SOBRE A CAMPANHA “Elenão”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SL0QW1B4MeM&ab_channel=LeonardoStoppa

NOTA:


[1] Leia-se “Mikloch”. No húngaro, o s tem o mesmo valor do ch no português e no francês, do sh no inglês, do sch no alemão, do sz no polonês e do š em idiomas como o tcheco, o eslovaco, o servo-croata, o lituano, o letão, o esloveno e outros da Europa centro-oriental.


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

As imprecisões do texto "Eu gosto do Bolsonaro" - resposta aos bolsominions.



Foto – Mito para quem?
Navegando pelo Facebook encontrei o texto abaixo, intitulado “eu gosto do Bolsonaro” e de autoria desconhecida. Diante das abobrinhas que nele podem ser vistas, resolvi refutá-las uma a uma. Mas por qual motivo, razão ou circunstância fazer isso? Pelo fato de algumas das abobrinhas ditas no texto serem ideias muito difusas entre seu eleitorado e que de tanto serem repetidas acabam se tornando verdadeiros dogmas. Pois como dizia Joseph Goebbels, “uma mentira repetida 1000 vezes se torna verdade”. Vamos a elas para fazer a batalha das ideias (parafraseando título do programa do TV247 onde são feitas entrevistas com Jessé Souza):
“Eu Gosto do Bolsonaro.
Eu gosto do Bolsonaro. Gosto da espontaneidade dele, gosto da franqueza dele, gosto da coragem dele. Ele não é fabricado, ele é o que é, com defeitos e qualidades como todo mundo.
É um guerreiro de ponta a ponta”.
Primeiro que o Bolsonaro nada mais é que um Alckmin, um Aécio ou um Dória de retórica truculenta e sem a pose de bom moço que os tucanos têm (no essencial, Bolsonaro e os tucanos defendem as mesmas coisas, mudando uma coisinha aqui ou acolá, como a questão do armamento civil). A diferença entre o Bolsonaro para os tucanos é em essência a mesma entre Democratas e Republicanos nos EUA. Ou do Hollande para o Sarkozy na França.
E segundo que eu não vejo o Bolsonaro como um guerreiro, e sim como um politiqueiro que está no meio há mais de 30 anos que se diz avesso às velhas práticas da política brasileira, mas que ao mesmo tempo fez uma espécie de holding familiar (nas palavras do professor Ricardo Costa de Oliveira, que estuda o fenômeno do nepotismo na política brasileira) e que desde que foi eleito mama nas tetas do Estado.
“Não vejo nele um super-homem, como muitos, ao contrário; o vejo como um homem comum, honesto, tão indignado como eu e muitos, com os rumos do país. Um homem que faz churrasquinho no final de semana, um homem que brinca na praia com sua filha, que soube criar muito bem seus filhos. Um homem que ama a família. Um homem que acredita em Deus acima de todos e que naturalmente confia sua vida a Ele”.
Pelo visto vocês olham o Bolsonaro como espécie de Rambo que armado com sua faquinha e junto com seus Freedom Fighters (os mesmos Freedom Fighters que não poucas vezes se encontraram com Ronald Reagan na Casa Branca e que posteriormente tornaram-se o Taliban e a Al Qaeda) luta contra os tanques, helicópteros e aviões soviéticos. Aliás, falando em Rambo, vejo que vocês acham que vivem nos tempos da Guerra Fria com toda a histeria anticomunista que vocês destilam por ai. Só que a Guerra Fria já acabou e a União Soviética infelizmente já não existe mais desde o fatídico 25 de dezembro de 1991.

Foto – “Estes cavalheiros são os equivalentes morais dos pais fundadores da América”. Assim Ronald Reagan descreveu os Freedom Fighters que mais tarde deram origem ao Taliban e à Al Qaeda nos anos 1990.
“O amor à Pátria o levou há 4 anos decidir, se candidatar à Presidência. Teve muito que aprender, muito que estudar. Não tem vergonha de dizer que não sabe, com humildade se coloca como aluno diante de quem sabe mais do que ele. Praticamente sozinho andou pelo Brasil de canto a canto. Conheceu os vários "Brasis" dentro de um único Brasil”.
Que amor à pátria será que um sujeito que fez continência à bandeira dos Estados Unidos, que repete o discurso do tucano José Serra no que tange à política externa e que votou a favor não apenas do fraudulento impeachment de Dilma Rousseff como também das maldades do governo Temer (incluindo o congelamento de gastos sociais por 20 anos, a terceirização e a perda dos direitos trabalhistas) tem?
“Sabe e conhece o perigo que a esquerda, que aparelhou todas as Instituições, faz ao país.
Um pouco antes de sofrer o atentado terrorista ele disse a uma jornalista: ‘Eu estou pondo o meu na reta por vocês’."
Que aparelhamento feito pela esquerda durante os governos Lula e Dilma é esse, onde a maioria daqueles que foram indicados pelos governos petistas se voltaram contra eles mesmos? Como, foi o caso, por exemplo, de Joaquim Barbosa, indicado por Lula como ministro do STF e que depois encabeçou o julgamento do mensalão em 2012 (julgamento esse que nada mais foi que o balão de ensaio para a prisão de Lula). Historicamente, os tribunais têm sido de fato aparelhados aqui no Brasil, mas não pela esquerda, e sim pelas oligarquias que mandam no país desde o século XVI, que não raro se utilizam de expedientes como a mesma prática do nepotismo (muito comum nessas instâncias de poder) que o Bolsonaro se utilizou desde que ele entrou na política. E que obviamente usam os tribunais como forma de ajudar a perpetuar seu poder ad eternum.
“De fato, é por nós e pelo Brasil que ele, mesmo sabendo que lidava com bandidos e o estabelecimento todo, que correria risco de vida e sua família também, resolveu enfrentar com coragem e peito aberto tudo isso pela nação.
É um homem que chora ao ouvir o Hino Nacional”.
Trata-se do mesmo Bolsonaro que está do lado da bandidagem que tomou conta do país com o impeachment de Dilma Rousseff há dois anos votando a favor das pautas propostas por eles, assim como do banqueiro Paulo Guedes, que em 1995 foi o fundador do Banco Pactual (o mesmo banco que gerencia os negócios do megaespecular George Soros no Brasil). E que antes do impeachment de Dilma pediu votos para Aécio Neves em 2014 (junto com políticos como Marina Silva, Beto Richa, Alckmin, FHC e José Serra). Ou seja, para atacar o PT e a esquerda Bolsonaro não tem o menor pudor em se aliar à escória política do país, muito menos em apoiar farsas jurídicas como a feita contra Lula pela camarilha do Paraná (que não está ai para combater corrupção, mas tão somente para chantagear a política com a intenção de conquistar vantagens corporativas e fazer suas politicagens).
“O Bolsonaro é transparente, é impulsivo, não leva desaforo pra casa; fala o que eu e muitos falamos faz anos. Não enrola, vai direto ao ponto, mas é inegável seu carisma e justamente por ele não fingir o que não é para enganar o povo.
Ele é sincero, leal à Bandeira. Não foge de temas difíceis; ao contrário, se posiciona contra o que não concorda e geralmente é contra as bandeiras tão caras à esquerda.
Seu jeito franco e sua indignação, sua franqueza ao falar é usada pela esquerda e pelos supostos ‘moderados’ como um bruto, homofóbico, misógino, racista, fascista e sabe Deus o que mais. Bom, tem quem caia nessa conversa, tem aqueles que fingem que acreditam nessa conversa porque pensam que moram na Europa. (Por lá o politicamente correto já castrou todo mundo).
Se escandalizam com palavrões, como se nunca tivessem dito um na vida. Se escandalizam com sua franqueza porque ele desnuda as falácias e vigarices”.
Primeiro que as bandeiras de que você fala em realidade são da esquerda moderna, que começou a ganhar força principalmente após os eventos de maio de 1968 e que é influenciada pelo Partido Democrata dos EUA (da mesmíssima forma que a direita da qual Bolsonaro faz parte veste o figurino do Partido Republicano). Haja vista que ainda no século XIX Marx e Engels não iam com a cara dos ativistas GLBT da época, os chamados uranistas, encabeçados por Karl Henrich Ulrichs[1]. Engels na época disse que as ideias de Ulrichs eram “obscenidades em forma de teoria”, e chamou o próprio Ulrichs de “pederasta”. Lenin, por seu turno, afirmou em carta endereçada à Clara Zetkin o seguinte sobre as teorias e argumentos em defesa da liberdade sexual dentro da esquerda: “Parece-me que esta superabundância de teorias sobre sexo brota do desejo de justificar a própria vida sexual anormal ou excessiva do indivíduo ante a moralidade burguesa e reivindicar tolerância para consigo... Não importa quão rebeldes e revolucionárias aparentam ser; essas teorias, em última análise, são completamente burguesas... Não há lugar para elas no partido, na consciência de classe e na luta proletária”.
Gorkij não apenas considerou a homossexualidade como um fator corrompedor do homem como também associou o homossexualismo ao fascismo, a ponto de ter dito em seu ensaio “humanismo proletário” (1934) o seguinte: “Uničтož’te gomoseksualism – Fašism isčeznet (Уничтожьте гомосексуализм – Фашизм исчезнет)”. Ou seja, “eliminem o homossexualismo – o fascismo vai desaparecer”. E mesmo intelectuais da escola de Frankfurt (entre eles Adorno e Horkheimer) que era desvinculada ideologicamente do marxismo soviético e que vocês tanto demonizam fizeram essa mesma associação. Na União Soviética, houve a proibição do aborto em 1936, e se vocês forem ver os pôsteres de propaganda soviéticos verão muitos deles de temática familiar. Na China, logo nos primeiros anos da Era Mao (1949 – 1976), houve um forte combate ao tráfico de drogas, na época um problema seríssimo para a China. Tráfico esse que foi um problema criado pela Inglaterra um século antes para forçar uma abertura da economia chinesa para seus produtos manufaturados (e assim fazer com a China o mesmo tipo de comércio desigual feito com Portugal por meio do Tratado de Methuen). Em Cuba, o homossexualismo era mal visto e até mesmo perseguido até bem recentemente, com a abertura e concessões do país ao capitalismo norte-americano.

Foto – “Crianças – alegria da família. Crianças – futuro do povo”. Pôster de propaganda de temática familiar da União Soviética.
E é graças a tais bandeiras, como liberação do aborto, das drogas e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que Jair Bolsonaro em grande medida atingiu a projeção que atingiu. A existência política do político carioca em grande medida se deve à esquerda lacradora que hoje em dia prefere tais pautas identitárias (importadas from United States, diga-se de passagem), que com as verdadeiras necessidades do povo. O sujeito arruinado pela crise econômica de 2008 e que teve sua casa confiscada por um banco e seus juros extorsivos não quer saber de lacração, empoderamento feminino, direitos GLBT e baboseiras do tipo. Quer é emprego e uma vida digna desse nome. E é por isso que em 2016 Donald Trump venceu Hillary Clinton.
Há uma relação dialética entre a esquerda lacradora pós-moderna de um lado e de outro a direita dos valores sem a esquerda do trabalho (parafraseando Alain Soral) onde um justifica a existência do outro e vice-versa. A esquerda lacradora pós-moderna justifica a existência da direita dos valores sem a esquerda do trabalho constrangendo as pessoas por meio de pautas como a promoção da ideologia da sodomia, liberação do aborto, paradas do orgulho GLBT e outras. E assim aqueles que se sentem aviltados por paradas do orgulho GLBT e pelas pautas da esquerda lacradora pós-moderna caem no colo da direita dos valores sem a esquerda do trabalho. Já essa, por seu turno, com seu discurso truculento e defesa de políticas econômicas neoliberais joga amplos setores da sociedade e pessoas ligadas a grupos minoritários (incluindo os GLBT) no colo da esquerda lacradora pós-moderna. É como um cão correndo atrás de seu rabinho em uma corrida sem fim, ou como os personagens Piccolo e Kami Sama de Dragon Ball e o jin e o jang do taoísmo: dois elementos opostos entre si mas que se completam um ao outro, formando uma unidade contraditório.
“No ponto em que o Brasil chegou, e muitos teimam em não enxergar, com Instituições aparelhadas, insegurança jurídica, uma imprensa quase que totalmente tomada pela esquerda (com salvas exceções), com um país falido economicamente, com pessoas no poder subindo seus próprios salários e benesses, com pessoas no poder soltando criminosos, com esse caos a que chegamos; precisamos sim de um soldado. Alguém que ame o Brasil, alguém firme que não tenha medo de se expôr e expôr as mentiras de seus adversários”.
O clima de insegurança jurídica que paira sobre o país não é por causa da esquerda, e sim da Operação Lava Jato (vulgo Farsa a Jato), que o próprio Bolsonaro, inocentemente (já que o negócio do Judge Murrow são tucanos de alta plumagem, não ele), apoia. E não é só isso: a Farsa a Jato causou danos bilionários na economia brasileira, avaliados em mais de R$ 140 bilhões, além de dezenas de milhões de desempregados. E depois vocês bolsominions vêm com conversas moles geralmente isentando de culpa as ações dos togados e botando toda a culpa nos maus feitos dessas empresas. Mas custava punir apenas os envolvidos nos esquemas e manter o corpo da empresa intacto? Pois o que a Farsa a Jato fez com as grandes empreiteiras do país e a Petrobrás é algo inadmissível em países sérios como os EUA e a Alemanha. Essencialmente, a Farsa a Jato fez no Brasil o mesmo que a Operação Mãos Limpas fez na Itália nos anos 1990.
E desde quando que a imprensa brasileira é de esquerda, sendo que fez feroz campanha a favor não só do impeachment de Dilma Rousseff há dois anos como também da prisão nojenta de Lula? O fato de uma emissora como a Rede Globo divergir do Bolsonaro no que tange a pautas como direitos GLBT e liberação do aborto não muda o fato de que politicamente ela é reacionária até a medula tal qual o político carioca. E não muda o fato de que sempre que um partido de corte popular esteve no poder no país a Globo posicionou-se contra desde o segundo governo Vargas, nos anos 1950, passando pelo governo Jango e suas reformas de base, pelo governo Brizola quando o político gaúcho foi governador do estado do Rio de Janeiro e mais recentemente com Lula e Dilma (a despeito dos amplos investimentos em publicidade que fizeram na Rede Globo). Uma coisa não impede a outra. Diga-se de passagem, o Bolsonaro fala tanto do kit gay do MEC, mas nunca o vi falar do kit gay de grandes conglomerados midiáticos como a Rede Globo e a Disney. Com os quais as crianças têm contato não em sala de aula, mas em suas próprias casas. E querer combater o kit gay do MEC sem combater o kit gay de Globo, Disney e outros grandes conglomerados midiáticos é o mesmo que querer combater o narcotráfico só prendendo aviãozinho. Ou combater corrupção só prendendo os laranjas dos esquemas.
Que é vergonhoso ver os togados com suas chantagens para conseguir mais e mais ganhos corporativos, não tenha dúvidas. Agora, se você acha que os juízes e procuradores da Farsa a Jato estão de fora dessa, sinto muito, mas vocês estão equivocados. A Farsa a Jato que muitos de vocês apoiam em realidade não combate corrupção coisa nenhuma, apenas usa essa história de combate à corrupção como pretexto para as politicagens da direita (algo que já é feito na história do Brasil desde o segundo governo Vargas, diga-se de passagem). Como o Osvaldo Bertolino fala em seus vídeos, trata-se de uma grande operação de ocultação de corrupção. Prendem-se os ladrões de galinha ao mesmo tempo em que os grandes bandidos são protegidos e acobertados. É assim que o Judge Murrow e sua camarilha agem desde no mínimo os tempos do caso Banestado. E diga-me uma coisa, você acha que o Bolsonaro sozinho acaba com essa situação? Eu particularmente duvido muito. Acho mais fácil ele ser engolido por esse sistema do que o contrário.
“Precisamos de alguém sem rabo preso como ele, alguém que enfrente o caos de frente e comece a colocar as coisas no lugar.
Alguém que não tenha medo de dar sua vida por amor ao Brasil. Alguém que saiba da importância das futuras gerações”.
E o que me diz do fato de Bolsonaro estar envolvido no escândalo da JBS, tendo recebido R$ 200 mil da empresa dos irmãos Batista, além da lista de Furnas (junto com Aécio Neves, Aécio, Serra e outros tucanos de alta plumagem)? Não duvido que ele está sendo poupado no presente momento pelo fato de ainda ter utilidade dentro do esquema golpista. E a hora que perder a utilidade dentro do jogo golpista terá o mesmo que teve o Eduardo Cunha. Para isso vão puxar alguma das falcatruas onde ele está envolvido, ou alguma polêmica na qual se envolveu (como as com a Maria do Rosário). Só lhes digo uma coisa: não quero ver choradeira da parte de vocês, que vibraram com a prisão do Lula e apoiam o lawfare promovido contra o petista pela camarilha do Paraná, na hora em que um desses togados (como a Raquel Dodge [vulgo Raquel Esquivar-se], o ministro Barroso e até mesmo o Sérgio Moro) resolver fazer o mesmo jogo com o Bolsonaro.
“Esse atentado terrorista contra ele, na minha opinião, foi muito bem tramado e nada me tira da cabeça que pelo Foro de SP, pois se essa organização criminosa perder o Brasil, o mais rico e mais estratégico dos países, será o fim”.
Pelo visto vocês bolsominions, do alto de seus delírios e histeria anticomunista, acham que o PT e a esquerda tupiniquim têm um poder que em realidade não têm. Como um partido que foi apeado do poder da forma que foi (por meio de manobras parlamentares), sem esboçar reação significativa ao golpe e ao lawfare promovida pela Farsa a Jato, que deixou Lula ser preso daquele jeito (e com o beneplácito do José Eduardo Cardozo [vulgo Zé da Justiça], diga-se de passagem) e que internamente se encontra fraturado entre várias alas (entre elas a ala lulista, ligada às bases e a militância do partido, e a ala Mensagem ao Partido, a ala burocrática e jurídica do partido [ala essa que enfiou goela abaixo o “plano B” para a disputa eleitoral desse ano]) pode ter a força que vocês dizem ter? Se bem que isso não é de surpreender vindo de pessoas com mentalidade ainda presa à Guerra Fria.
E o mais engraçado de tudo é ver vocês falando em Foro de São Paulo como se a direita na América Latina também não fizesse suas articulações supranacionais. Como foi o caso da Operação Condor no tempo das ditaduras civil-militares e outras tantas. Ou mesmo a Tríplice Aliança contra o Paraguai na Guerra do Paraguai (1864 – 1870) a serviço da Inglaterra, voltando ainda mais no tempo. Isso para não falar, por exemplo, do Clube Bilderberg onde a elite do capital se reúne de tempos em tempos às portas fechadas (bem ao contrário do Foro de São Paulo, cujo conteúdo das reuniões é aberto ao público).
“Bolsonaro com sua coragem fez o povo perder o medo de dizer o que pensa e o que quer. É a nossa voz ecoando por todos os lados e não só nas redes sociais.
Por muitos anos, muitos se calaram por medo, muitos queriam manter um cavalheirismo que não existe, muitos achando melhor botar panos quentes para não se comprometer. Bolsonaro veio e mostrou que se quisermos salvar o Brasil há muito trabalho a fazer e essa faxina precisa começar”.
De fato, Bolsonaro fez a direita mais raivosa e reacionária sair do armário junto com as manifestações de 2013 (que nada mais foram que um balão de ensaio para o golpe de 2016) e a Operação Lama Jato. Para isso se usando do mesmo discurso do combate à corrupção que foi usado contra Getúlio Vargas, JK e Jango anteriormente. Mas o que mais essa direita da qual o Bolsonaro faz parte tem a oferecer para o povo além desse moralismo tacanho, rasteiro e de fancaria, o moralismo típico de personagens como o prefeito Quimby dos Simpsons (que se posa de cidadão de bem ao mesmo tempo em que mantêm relações extraconjugais)? Nada, a não ser políticas neoliberais que condenam a maior parte da população à fome e a inanição e histeria anticomunista barata reciclada do macarthismo.
“Vi um venezuelano que mora no Brasil já faz anos dizer que o Brasil de hoje é a Venezuela de ontem e se não fizermos alguma coisa em breve seremos a Venezuela hoje. E ele está coberto de razão. Será exatamente assim”.
Sinto muito, mas o Brasil no presente momento não está caminhando para se tornar uma nova Venezuela. O Brasil está é indo para o mesmo caminho que a Argentina sob o “gestor” Macri (vulgo Menem 2.0) trilhou (algo do qual a imprensa venal brasileira, o chamado “PIG”, nunca fala). Ainda mais levando em consideração que o que Bolsonaro advoga para a economia brasileira é a mesma agenda neoliberal que Macri implantou na Argentina (o mesmo Macri que liberou o aborto na Argentina, diga-se de passagem). Não vai ser surpresa se daqui alguns anos o Brasil começar a ser flagelado por saques a supermercados, inflação a mais de 20% e dólar a mais de 25 reais, similar ao que acontece na Argentina no presente momento. O mesmo Macri que à época de sua posse era muito elogiado pela mesma imprensa venal que hoje oculta a nós o desastre que é seu governo e que para desviar a atenção da população quanto à situação que o país vive faz todo um circo para incriminar Cristina Kirchner (que recentemente teve sua casa arrombada pelos agentes do juiz Bonadio, o Moro argentino, os quais nada acharam de incriminador lá) por meio de um processo de lawfare, similar ao feito contra Lula.
“Mesmo o Bolsonaro sofrendo um atentado terrorista, chegando perto da morte, pessoas riam e torciam por sua morte e até a imprensa! É nojento para dizer o mínimo. Pessoas mentalmente doentes, completamente sem compaixão para com o ser humano. É na mão desse tipo de gente que o Brasil está”.
Eu não particularmente torci pela morte de Bolsonaro e muito preocupado com o atentado fiquei. Mas mais pelas possíveis reverberações políticas dele que com o atentado em si mesmo.
“Já pararam para imaginar se essa facada fosse no Lula?? Em alguém do PSOL?? Em alguém da esquerda??”
A meu ver não teria diferença alguma.
“A comoção que se viu veio do povo, os jornalistas não conseguiam esconder a satisfação com o atentado. Até agora tentam fazer colar a conversa do "lobo solitário" quando sabem e bem que a alcatéia que está por trás não é nada pequena”.
Ou será que o louco em questão foi usado por militares ligados ao seu próprio círculo que querem fritá-lo (algo análogo ao que os membros da ala Mensagem ao Partido faz com Lula no presente momento dentro do PT) e mostrar ao mundo quem é que manda no pedaço? Bem provavelmente, a data de validade de Bolsonaro pode estar chegando ao fim para seus chefes. Talvez estejam usando Bolsonaro como uma escada para alcançar o poder. Particularmente, duvido muito que militares de alta patente como os generais Heleno e Mourão vão querer sujeitar-se a fazer continência para um capitão do exército. Ou então dele farão um joguete caso Bolsonaro seja eleito (algo que era muito comum nos tempos do Império Romano, onde em alguns momentos a Guarda Pretoriana e depois o general Ricimero fez dos imperadores romanos seus joguetes. Ou na Horda Dourada com os generais Nogaj nos anos 1280 e 1290, Mamaj nos anos 1360 e 1370 e Edigėj nos anos 1390 a 1410).
“Bolsonaro é perigoso sim, contra a esquerda. Não porque sairá matando esquerdistas (ele não é assassino), mas porque os tirará do poder e o Foro de SP ruirá. Será uma questão de tempo”.
Que erva estragada vocês cheiram para dizer uma sandice dessas? Quando é que vocês vão enfim se dar conta de que a esquerda foi escorraçada do poder no país já faz dois anos por meio do impeachment fraudulento contra Dilma Rousseff? Impeachment esse que o próprio Bolsonaro votou a favor não apenas elogiando Eduardo Cunha como também evocando a memória do coronel Brilhante Ustra, notório torturador do período civil-militar (1964 – 1985), já finado.
“Não lembro quem disse essa frase: ‘Ser Presidente da República é destino’.
Talvez seja mesmo e o destino são missões que são colocadas por Deus em nossas vidas. Podemos aceitá-las ou não.
Que o destino do Brasil esteja nas mãos do Bolsonaro e dos verdadeiros brasileiros, pois nosso partido é o Brasil”.
E de que Brasil está se falando, cara pálida? De um Brasil para todos ou de um Brasil escravocrata onde o 1% mais rico pode concentrar em suas mãos mais da metade da riqueza do país (além de pagar quase nada de impostos) e ao mesmo tempo condenar a maior parte da população à fome e à inanição? No fundo, o que vocês e o Bolsonaro defendem quando falam “meu partido é o Brasil” é o Brasil do 1% mais rico. Ou seja, o Brasil dos barões do agronegócio, dos industriais sem indústria da FIESP, do presidente do Itaú, do Jorge Paulo Lemann, da família Marinho, dos juízes fura-teto que ganham muito acima do que a lei permite e outros representantes daquilo que Jessé Souza chama de a “elite do atraso”. E assim afirmando em alto e bom som seu papel de capatazes da Casa Grande de que Jessé Souza fala em suas obras.
“(Texto retirado das redes sociais.
Autor desconhecido)”

Fontes:
Bolsonaro fez manobra contábil para não estar na “lista da Friboi”. Disponível em: https://www.revistaforum.com.br/bolsonaro-fez-manobra-contabil-para-nao-estar-na-lista-da-friboi/
Bolsonaro tem nome citado em lista na quebra de sigilo do tucano Aécio. Disponível em: https://www.correiodobrasil.com.br/bolsonaro-tem-nome-citado-lista-quebra-sigilo-tucano-aecio/
Impacto da Lava Jato no PIB pode passar dos R$ 140 milhões, diz estudo. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/siniem/noticias/impacto-da-lava-jato-no-pib-pode-passar-de-r-140-bilhoes-diz-estudo/
Lava Jato deu mais prejuízo do que ajudou o Brasil, diz números do IBGE. Disponível em: https://www.esmaelmorais.com.br/2018/07/lava-jato-deu-mais-prejuizo-do-que-ajudou-o-brasil-segundo-numeros-do-ibge/
JAIR BOLSONARO ELOGIANDO EDUARDO CUNHA – VOTAÇÃO IMPEACHMENT. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LrXRc3VmnMw&ab_channel=VidaDePobre
Macri diz que votação do aborto na Argentina é sinal de maturidade. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/07/macri-diz-que-nao-vetara-lei-que-descriminaliza-aborto-na-argentina.shtml
MUNDO: A mulher barbada austríaca e o beco sem saída do pós-modernismo. Disponível em: https://apaginavermelha.blogspot.com/2014/05/mundo-mulher-barbada-austriaca-e-o-beco.html
Não falei, não falei, não falei? Falei! Essa é a direita! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kT7dR--aAd8&ab_channel=OsvaldoBertolino-Ooutroladodanot%C3%ADcia
Num tango eterno, economia argentina afunda sob batuta de Macri. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/revista/1020/num-tango-eterno-economia-argentina-afunda-sob-batuta-de-macri
Polícia golpista: ex-presidente da Argentina mostra destruição em sua casa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=N58S5fzjd2E&ab_channel=CausaOperariaTV
Rádio Camélia/NESEF – Prof. Dr. Ricardo Costa de Oliveira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zDX4V_aMZd4&ab_channel=R%C3%A1dioCam%C3%A9lia
Sabotagem impediu Lula de resistir – com STF ficando livre para descumprir promessa. Disponível em: https://duploexpresso.com/?p=92305
Saiba quem é George Soros. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/1/28/dinheiro/6.html
Socialismo e direitos LGBT. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo_e_direitos_LGBT

NOTA:


[1] Leia-se “Ulrirrs”. No alemão, assim como no tcheco, no polonês e em outros idiomas da Europa central e oriental, a partícula ch tem o mesmo som do j no espanhol e do kh no russo, no mongol, no árabe e no persa: r aspirado forte.

domingo, 16 de setembro de 2018

Quem tem medo da polarização? (por Lucas Novaes)



Faltam cerca de 3 semanas para a realização do primeiro turno das eleições gerais no Brasil. Dia 7 de Outubro, os brasileiros irão votar para os cargos do legislativo (deputados e senadores), bem como do executivo (governadores e presidente).
Esse período eleitoral tem se mostrado bastante atípico. Há 2 anos, Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe parlamentar e deu lugar a Michel Temer na presidência. A impopularidade do governo Temer se mostrou gigantesca. É mais fácil encontrar no Brasil pessoas defendendo os feitos de Adolf Hitler do que de Michel Temer, dada a sua impopularidade. Além disso, Luís Inácio Lula da Silva, que deveria ser o candidato do Partido dos Trabalhadores para a presidência e que liderava com folga todas as pesquisas, foi preso com direito a pressão das Forças Armadas (cujo porta-voz é o general Villas Boas).
De 2016 para cá, muita coisa aconteceu. A candidatura de Jair Bolsonaro (que, junto com seu vice, Hamilton Mourão, representam os setores mais entreguistas das FFAA) não afunilou, como previam alguns especialistas. Bolsonaro conseguiu tirar total proveito da onda neoconservadora que emergiu no Brasil, se colocando como um representante nacional dos valores defendidos pelo Partido Republicano nos Estados Unidos (conservadorismo social e liberalismo econômico, além do sionismo). As candidaturas inicialmente propostas pela burguesia (Luciano Huck e Joaquim Barbosa) não vingaram. E Geraldo Alckmin (atual candidato do establishment, com a maior coligação dessas eleições) não conseguiu chegar aos 10% nas intenções de voto, pelo menos até o momento. Sendo assim, Bolsonaro atualmente se firma como o principal nome da direita. Entretanto, ele não é uma figura fácil de ser digerida pela grande imprensa, principalmente por suas declarações contrárias ao progressismo social (cotas, feminismo, aborto, desarmamento). O que Jair Bolsonaro tem a oferecer é o liberalismo econômico, que inclui a privatização de todas as empresas nacionais estratégicas para a nossa soberania e é formulado por Paulo Guedes, seu ministro da economia.
Na esquerda, a burguesia conseguiu cumprir o seu principal objetivo: prenderam Lula, o único político capaz de mobilizar dezenas de milhares de pessoas em todos os estados no Brasil. Houve uma enorme resistência contra a sua prisão e, posteriormente, para tirá-lo da cadeia. Mas o sentimento eleitoreiro do PT falou mais forte. Com medo de ficar sem candidatura, o partido lançou “moderadíssimo” Fernando Haddad, que tem como objetivo receber os votos dos lulistas e ir para o segundo turno. Fernando Haddad é o mesmo que disse em entrevista que “golpe é uma palavra muito forte”. Por justiça, Gleisi Hoffmann deveria ter sido escolhida como candidata pelo PT, principalmente devido a sua luta pela liberdade de Lula (que inclusive lhe rendeu ataques por parte da grande imprensa e do ativismo judicial). Talvez os petistas estejam com medo de levar adiante uma candidatura tão combativa.
Ainda na esquerda, Ciro Gomes, o candidato abutre que nunca lutou seriamente contra o golpe e contra a prisão de Lula, tentou se apresentar como candidato da ala progressista. Ele acreditava que deveria ser o nome a ser escolhido caso Lula não participasse das eleições. Entretanto, as suas reais intenções eleitoreiras ficaram claras e o mesmo se distanciou do PT. Chegou a negociar com o centrão para se tornar o candidato da burguesia, mas acabou perdendo a queda de braço com o Geraldo Alckmin. Ainda no final, Ciro Gomes tentou uma aproximação com o PSB e o PCdoB, mas sem sucesso. Atualmente, Ciro Gomes tem um papel importante (porém secundário) nessas eleições presidenciais: dividir os votos da esquerda para que a burguesia consiga o seu segundo turno dos sonhos: “Bolsonaro x Alckmin”. Entretanto, se Alckmin não conseguir decolar de forma alguma, é possível que Ciro Gomes venha a ser o candidato do establishment, para que um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad seja evitado.
O principal evento deste período eleitoral até agora foi a facada que atingiu Bolsonaro e o deixou fora da campanha por algumas semanas. O evento gerou grande repercussão e logo os outros candidatos vieram para condenar os atos. Em termos eleitorais, a facada parece não ter surtido bastante efeito. Mas talvez tenha servido para cristalizar o seu apoio. Será muito difícil que Bolsonaro não chegue ao segundo turno.
Jair Bolsonaro é um político altamente polarizado. Capaz de gerar fortes emoções (positivas ou negativas) na população brasileira. O mesmo vale para o Lula. A democracia liberal não costuma tolerar candidatos deste tipo. Haddad, apesar de não ser uma figura polarizadora, é de um partido que gera altos ódios e paixões: o Partido dos Trabalhadores. Os cenários em que Bolsonaro ou Haddad são presidentes são ambos cenários de crise e que vão acirrar os enfrentamentos políticos no país. O anti-petismo e o anti-bolsonarismo são os dois sentimentos mais fortes atualmente no Brasil. Devido a isso, a imprensa burguesa está ficando com poucas opções: Precisa alavancar seu candidato, Alckmin, a todo custo. Caso não consiga, terão de apostar suas fichas em Ciro Gomes.
Fontes:

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A sexta coluna dentro do PT, parte II: a vitória do plano B.



Foto – Zé da Justiça ao lado do Judge Murrow: seriam eles as duas faces de uma mesma moeda?
No episódio 7 de Samurai Warriors (originalmente Samurai Troopers; anime estilo Cavaleiros do Zodíaco produzido pela Sunrise no fim dos anos 1980 e exibido no Brasil pela finada Rede Manchete entre 1996 a 1998) o monge diz a César (originalmente Seiži Date) da Luz, que estava tendo complicações em sua luta contra Chronos (originalmente Anubis) das Trevas, o seguinte ao final de seu conselho para o guerreiro de armadura verde: que para vencer os demônios de fora é necessário antes de tudo vencer os demônios de dentro.
Aonde quero chegar ao citar essa passagem de um anime antigo que passou na TV brasileira há mais de 20 anos e que veio ao Brasil na trilha do sucesso de Cavaleiros do Zodíaco junto com Šurato, Fly (originalmente Dragon Quest: Dai no Daibouken), Dragon Ball e tantos outros? Na situação interna que o Partido dos Trabalhadores vive no presente momento, ainda mais agora que confirmaram que Haddad, e não Lula, será o candidato do PT para a corrida presidencial de 2018.

Como dito no artigo anterior, há uma divisão interna dentro do próprio PT, onde a ala “mensagem ao partido” seria parte de uma sexta coluna (parafraseando Aleksandr Dugin). Tal ala é encabeçada por aquilo que é chamado pelos colunistas do Duplo Expresso de “PT jurídico”. Entre eles estão o ex-ministro da justiça José Eduardo Cardozo (o qual é chamado carinhosamente de “Zé da Justiça” por Paulo Henrique Amorim[1]), Aloísio Mercadante e Tarso Genro. E é essa ala (que certamente sob seus auspícios fez o PT não defender o José Dirceu e o José Genoíno do martelo de Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão e que tal qual o Judge Murrow também tem suas costas quentes) que agora está vencendo a queda de braço interna dentro do próprio PT. E isso mesmo com a pressão internacional em favor de Lula e sua candidatura. Em outras palavras, estão dando legitimidade ao próprio golpe que apeou Dilma Rousseff do poder há dois anos e a própria prisão de Lula.
No episódio em questão, para poder vencer seu inimigo César teve que primeiro vencer seus demônios internos (incluindo suas hesitações e dúvidas) para que pudesse vencer Chronos, o inimigo externo, e assim libertar seu amigo Tristan (originalmente Xiu Lei Huang) da Terra da prisão rochosa. E, como dito na primeira parte, a União Soviética, antes de vencer a Alemanha nazista na Europa e o Japão militarista na Ásia na Segunda Guerra Mundial, teve que eliminar a sexta coluna dentro do próprio PCUS durante os processos de 1937/1938. É imperativo para o Partido dos Trabalhadores, antes de libertar Lula das masmorras do Paraná e botar para correr a camarilha de Curitiba e toda a articulação golpista, limpar seus quadros dos sabotadores internos. Em especial daqueles que fazem parte da ala Mensagem ao Partido.
Sem essa limpeza interna, não vai ser nenhuma surpresa Haddad, caso eleito (isso se nada de anormal, incluindo intervenção militar, acontecer), vir dar a mesma punhalada nas costas de Lula que Gorby Moreno deu em Rafael Moreno no Equador. Ou que de repente a camarilha de Curitiba torpedeie Lula e outros petistas com mais acusações sem pé nem cabeça e o próprio vir a falecer na prisão em condições bem suspeitas eles nem se revoltem com isso. E assim o caminho para a assimilação do PT dentro do regime golpista instalado em 2016 aberto se encontrará e para o enterro do velho PT das massas. Um destino não muito diferente que o PDT teve após o falecimento de Leonel Brizola pelo visto aguarda o PT caso um expurgo a la Stalin não seja feito dentro das fileiras do partido de José Dirceu, Lula, Gleisi Hoffmann, Dilma Rousseff, José Genoíno e outros.
Uma coisa é certa: talvez, só daqui 30, 40 anos que teremos noção da real envergadura da ofensiva da guerra híbrida promovida pelo imperialismo anglo-americano contra o governo Dilma e em quantas frentes atuou ao todo, quando forem desclassificados documentos da CIA, do Pentágono e do Departamento de Estado Norte-Americano sobre o que se passou e o que se passa no Brasil e na América do Sul nos anos 2010. Onde certamente descobriremos em quantas frentes tal ofensiva realmente se deu (no mínimo três, ao todo: o aparato policial-judiciário da Lava Jato em conluio com a grande imprensa, a sexta coluna dentro do próprio PT e os militares por eles cooptados que periodicamente fazem suas ameaças, uma espécie de nova República do Galeão – e que certamente estão esperando o momento certo para mostrarem suas garras [não duvido que eles estejam por trás da facada a Bolsonaro]) e como se deu a sabotagem interna dentro do próprio PT (visando certamente minar com a capilaridade social do partido e assim prejudicar toda e qualquer reação que pudesse vir a esboçar). Como por exemplo, sobre contatos que pessoas como o Zé da Justiça mantiveram com agentes estrangeiros (e quem sabe até o seu papel na impunidade do Judge Murrow) nesses anos todos.
Fontes:
Extra! O 11/set. brasileiro: PT salva STF da ONU! Live especial. Disponível em: https://duploexpresso.com/?p=98794
Samurai Warriors 07 dublado. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dUY6XuGeUq8&ab_channel=GiulianoPrado

NOTA:


[1] Segundo o glossário do site Conversa Afiada, assim PHA define o famigerado Zé da justiça: “é o Ministro sic da Justiça José Eduardo Cardozo. zé é a forma carinhosa de a equipe do Daniel Dantas se referir a ele, quando advogava para o ínclito banqueiro. O desempenho do zé nas cortes italianas foi tão desastroso que Dantas o demitiu. zé foi um dos convidados para o histórico almoço de culinária árabe, na casa do então senador Heráclito Fortes, com Dantas, o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e o notavel advogado de Brasília, Sigmaringa Seixas. O objetivo do ágape foi o Dantas demonstrar que a reportagem que escreveu, a quatro mãos, no detrito sólido de maré baixa, com a conta numerada do Lula num paraíso fiscal foi no ‘bom sentido’, ‘construtiva’, sem ‘segundas intenções’. Os presentes concordaram com o bom propósito da ‘reportagem’. zé é o ceguinho malandro (ver verbete) que se tornou refém da Polícia Federal que deveria chefiar”.