sábado, 28 de outubro de 2017

O caso Fátima Bernardes e a lógica dos traficantes.


Foto – Os verdadeiros promotores da ideologia de gênero mundo afora e suas famílias. Nenhum sinal de modernismos nelas.
Logo após voltar de suas férias, Fátima Bernardes virou notícia nas redes sociais ao ser alvo de comentários negativos por ter postado uma foto de família no Instagram devido ao fato de na foto em questão não haver representantes de minorias. Ela, que em seu programa talk-show semanal “Encontro com Fátima Bernardes” se mostra simpática a pautas típicas da esquerda liberal do figurino do Partido Democrata tais como direitos GLBT e outras do tipo. No que torna seu programa muito criticado por setores conservadores da sociedade brasileira. Os mesmos setores conservadores que, como já foi dito anteriormente várias vezes nesse blog, existem graças à relação dialética que há entre a direita neocon do figurino do Partido Republicano e a esquerda liberal do figurino do Partido Democrata e tudo o que ambos os espectros político-ideológicos representam.
Mas o que falar a esse respeito? Aproveito o presente momento para falar a respeito do uso da lógica de traficantes (os quais como nós sabemos não consomem a droga que eles mesmos produzem) não só presente nos grandes meios de comunicação como também em outras pessoas que incentivam esse tipo de coisa mundo afora. Primeiro que vale ressaltar que desde a década retrasada que a Rede Globo apresenta novelas com temática GLBT. No que mostra que a Rede Globo, a despeito de seu reacionarismo político (a ponto de apoiar golpes de Estado com em 1964 e 2016), não comunga com o discurso de figuras como Magno Malta, Jair Bolsonaro e Marco Feliciano no que tange a essa questão em particular.

Foto – A foto no Instagram que gerou toda a polêmica nas redes sociais envolvendo a apresentadora global.
Entretanto, a Globo não é a única a fazer esse tipo de coisa. Recentemente, tivemos o caso da polêmica (a qual foi armada por grupos como o MBL com o intuito de desviar a atenção da população quanto às medidas de retiradas de direitos promovidas pelo governo Temer. Medidas essas que o MBL apoia) envolvendo a exposição do MAM, aonde uma criança era estimulada a tocar em um homem nu. Trata-se do mesmo MAM (Museu de Arte Moderna) que é presidido por Maria de Lourdes Egydio Villela, a Milu Villela, Viscondessa de Campinas, a maior acionista e executiva do Grupo Itaú. O mesmo Itaú que recentemente recebeu do governo Temer de presente um perdão de uma dívida de R$ 25 bilhões do CARF. O banco Itaú é controlado pelas famílias Villela, Moreira Salles e Setúbal. E a julgar por fotos dessas famílias, eles também são bem tradicionalistas e não admitem certos modernismos em seu círculo familiar. Um das sobrinhas de Milu Villela, Ana Lúcia Villela, é quem chefia o Instituto ALANA, que segundo um site conservador pró-Bolsonaro promove a ideologia de gênero na educação infantil.

Foto – Millu Villela em uma foto junto com familiares e diretores do Itaú.
Antes do caso da exposição do MAM, houve o caso da Exposição Queer do Santander Cultural em Porto Alegre, aonde o MBL também agiu de forma oportunista para desviar a atenção dos desmandos do Governo Temer, já comentado em artigo anterior no blog. O Banco Santander foi fundado em 1857 na cidade da Espanha setentrional que lhe dá nome e após comprar outras instituições financeiras do país ibérico chegou à Madrid em 1942. Durante o processo de privataria durante o governo FHC, o Santander comprou vários bancos até então estaduais como o Noroeste, Meridional, o Banespa e o Real, no que fez do Santander o terceiro maior banco privado do país. Desde 1920 o banco Santander (o qual entre 2005 a 2009 foi alvo de um inquérito por suspeitas de fraude fiscal e de falsificação de documentos e que no Brasil é um dos campeões de queixas de consumidores) é comandado pela família Botín, e historicamente sempre foi muito ligado à seita católica ultraconservadora Opus Dei (a mesma Opus Dei a qual Geraldo Alckmin é ligado).

Foto – Membros da família Botín reunidos. Aparentemente, nenhum sinal de certos modernismos neles.
Isso para não falar do fato de que os grandes financiadores da ideologia de gênero a nível mundial são multimilionários tais como a Fundação Rockefeller, Fundação Ford, George Soros (por meio de sua ONG Open Society, a mesma que ajuda a financiar golpes de Estado mundo afora, entre eles as revoluções coloridas na Ásia e na Europa Oriental), o clã Rothschild e a Fundação Macarthur, entre outros. Em outras palavras, os donos do poder mundial de que o finado Doutor Enéas tanto falava em seus pronunciamentos. Sabe-se que esses multimilionários, que fazem parte do 1% que concentra em suas mãos uma riqueza que já é equivalente à riqueza somada dos 99% restantes, são a mão invisível por trás de agendas como liberação das drogas e ideologia de gênero, legalização do aborto, entre outras. Partidos de esquerda como o Partido Democrata nos Estados Unidos, o Frente Ampla no Uruguai e o PSOL no Brasil nada mais que os executores dessa gente, os fantoches que estão a nossa vista, enquanto que esses multimilionários são os manipuladores dos fantoches que se escondem por trás das cortinas.
Percebe-se que essa gente utiliza a mesma lógica que no circuito econômico mundial as grandes potências aplicam desde no mínimo os séculos XVII e XVIII. Em outras palavras, a mesma lógica vista em tratados comerciais como o de Methuen entre Inglaterra e Portugal (1703) e de Eden-Rayneval entre França e Inglaterra (1786), onde o país de economia mais fraca vende produtos e matérias primárias e recebe do país de economia mais forte produtos industrializados e manufaturados de valor agregado muito maior, no que gera um intercâmbio comercial extremamente desfavorável ao país de economia mais fraco. Ou seja, para os outros países, o mais desregulado livre mercado e fronteiras abertas para a penetração do capital externo e suas empresas multinacionais. Mas para eles, um forte protecionismo de seu mercado interno. Esses poderosos de plantão operam com a mesma lógica. Para eles, famílias tradicionais, sólidas e patriarcais. Mas para a plebe, os modernismos que eles não toleram dentro de seu círculo familiar. Tudo isso dentro de um esforço de manutenção de seu poder ad eternum e assim matar ainda no nascedouro uma eventual revolução que coloque fim a seu status quo privilegiado. Em outras palavras, é um grande esforço de imbecilização coletiva das massas para que futuramente não apareçam lideranças como Vladimir Lenin, Stalin, Mao Zedong, Kim il-Sung, Tomas Sankara, Leonel Brizola, Gamal Abdel Nasser, Muammar al-Kadaffi, Fidel Castro, Saddam Hussein, aiatolá Ruhollah Khomeini[1], Hugo Chávez e tantos outros.
Aliás, falando nessa direita, recentemente foram liberados documentos pela CIA que revelam que nomes como o filósofo Michel Foucault, o antropólogo Claude Levy Strauss e o historiador Fernand Braudel foram utilizados como peças de propaganda e manipulação anticomunista por parte dos próprios serviços de inteligência estadunidenses. Tal manipulação consistia em impulsionar ideias de intelectuais que ao público soam como “progressistas” ou “esquerdistas” para combater o marxismo revolucionário, com essas figuras dando uma legitimidade e um verniz de esquerda a políticas extremamente reacionária. Assim aconteceu uma substituição da luta de classes (ou seja, a luta de vida ou morte entre a maioria explorada do mundo e a minoria que concentra em suas mãos a maior parte da riqueza do planeta e que parasita a maioria) por uma ideia de que a sociedade é composta por uma série de divisões (entre elas essas divisões de gênero). Em outras palavras, o tal do “marxismo cultural” de que eles tanto falam em realidade não foi criado e incentivado por serviços secretos soviéticos ou chineses e nem por Gramsci[2], e sim pelos serviços secretos do país que eles tanto admiram, os Estados Unidos da América, em um esforço de criar um pensamento de esquerda (cuja proposta é fazer reformismo dentro dos marcos do sistema vigente) que fosse um contraponto a propostas de esquerda revolucionária. O financiamento desses intelectuais se dava por meios de investimentos da Fundação Rockefeller e da Fundação Ford, já que o imperialismo considerava (e certamente ainda considera) os ditos intelectuais pós-marxistas convencerem que os conservadores tradicionais, de forma a fazer toda uma operação de cooptação de setores da esquerda em seu favor.

Foto – O tradicionalismo de Ana Lúcia Villela, presidente do Instituto ALANA. Ideologia de gênero só para o filho do plebeu.
Fontes:
A “nova esquerda” é velha e vem da CIA. Disponível em: http://causaoperaria.org.br/blog/2017/10/18/nova-esquerda-e-velha-e-vem-da-cia-1/
Colunista do COATV: “De onde vem a nova esquerda?”, por Henrique Áreas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rmhXpXpkHHo&ab_channel=CausaOperariaTV
Famílias tradicionalíssimas do Itaú promovem com seus bilhões a agenda esquerdista no Brasil. Disponível em: https://www.tercalivre.com.br/familias-tradicionalissimas-donas-do-itau-promovem-com-seus-bilhoes-a-agenda-esquerdista-no-brasil/
Fátima Bernardes é criticada por falta de diversidade em foto postada na Web. Disponível em: http://blogs.ne10.uol.com.br/social1/2017/10/20/fatima-bernardes-e-criticada-por-falta-de-diversidade-em-foto-postada-na-web/
Fátima Bernardes recebe críticas por “falta de diversidade” em foto com família. Disponível em: http://www.otvfoco.com.br/fatima-bernardes-recebe-criticas-por-falta-de-diversidade-em-foto-com-familia/
O Banco Santander é seu inimigo. Disponível em: http://novaresistencia.org/2017/09/11/o-banco-santander-e-seu-inimigo/
SOCIEDADE: o frenesi dos avatares coloridos e a doutrina dos manipulados. Disponível em: http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2015/11/sociedade-o-frenesi-dos-avatares.html


NOTAS:


[1] Leia-se “Rromeini”. No persa, assim como em idiomas como o árabe, o mongol e o russo, a partícula kh tem o mesmo som do j no espanhol e do ch no alemão e no polonês: r aspirado.
[2] Leia-se “Gramchi”. No italiano, a partícula sc, quando sucedida por e ou i tem o mesmo valor do ch no português e no francês.