quinta-feira, 25 de julho de 2024

10 anos do 7 a 1, 30 anos do tetra - reflexões

 

Foto – Brasil x Uruguai, quartas-de-final da Copa América 2024.

Na Copa América do presente ano (2024), a seleção brasileira, comandada pelo experiente técnico Dorival Júnior, foi eliminada nas quartas-de-final pelo selecionado uruguaio após empatar sem gols no tempo normal e perder nos pênaltis por 4 a 2.

Além disso, no presente oito de julho, completaram-se 10 anos da derrota por 7 a 1 que a seleção brasileira sofreu diante da seleção alemã, em partida válida pelas semifinais da Copa do Mundo de 2014, no jogo que entrou para a história como o “Mineiraço”.

Foto – Brasil x Alemanha, semifinais da Copa do Mundo 2014.

E não obstante isso se completou no presente ano 30 anos tanto do falecimento de Ayrton Senna no 1º de maio quanto do quarta conquista da seleção brasileira em Copas do Mundo, ocorrida em 17 de julho de 1994 após empatar no tempo normal com a Itália e vencer nos pênaltis por 3 a 2. No final do presente ano, mais precisamente no dia 13 de novembro, também irá se completar 30 anos do primeiro título de Michael Schumacher pela Fórmula 1, que o piloto alemão, correndo pela finada escuderia Benetton, faturou após se chocar com a Williams de Damon Hill no Grande Prêmio da Austrália, ocorrido no circuito de Adelaide.

Falando em Schumacher, também irá se completar no presente ano 20 anos do sétimo e último título dele pela Fórmula 1, conquistado já sob a escuderia Ferrari e no Grande Prêmio da Bélgica, ocorrido no autódromo de Spa Francorchamps no dia 29 de agosto de 2004, no qual terminou em segundo lugar. O mesmo autódromo de Spa Francorchamps no qual o piloto alemão, nativo da cidade de Hürth (estado da Renânia do Norte-Vestefália), deu seus primeiros passos na categoria máxima do automobilismo mundial, ainda no distante ano de 1991.

Foto - Brasil x Itália, final da Copa do Mundo 1994.

Três longos decênios se passaram desde que o Brasil conquistou o tetracampeonato na Copa dos Estados Unidos.

A Copa do Mundo de 1994 foi a primeira que vi em minha vida, quando tinha entre 9 e 10 anos de idade. Foi uma verdadeira apoteose, o Brasil foi ao Mundial dos EUA desacreditado (para ter ideia da situação, até a Colômbia entrou na Copa com mais moral que o Brasil – e no fim não passou nem da primeira fase), tendo garantido a classificação apenas no último jogo das eliminatórias sul-americanas a vitória contra o Uruguai, e no fim faturou a quarta conquista em Copas do Mundo após um jejum de 24 anos, a primeira conquista brasileira em Copas do Mundo após o fim da era Pelé.

E ainda por cima dois meses após a morte de Ayrton Senna, ídolo máximo do esporte brasileiro na Fórmula 1, morto em maio do mesmo ano em decorrência do acidente de sua Williams na curva Tamburello, durante o Grande Premio de San Marino. Tanto que após a conquista do tetra homenagens a Senna foram feitas, com faixas e tudo, e ainda por cima com a execução do tema da vitória (concebida pelo compositor e maestro Eduardo Souto Neto, executada pela primeira vez em 1983 com a vitória de Nelson Piquet no Grande Premio do Brasil. Depois embalou a vitória de Alain Prost no Grande Premio do Brasil de 1984 e tornou-se comumente associada a Ayrton Senna) logo após a conquista do tetra. O tema da vitória também foi tocado em 2002, ano do pentacampeonato, assim como nas vitórias de Rubens Barrichello e Felipe Massa na Fórmula 1.

Foto – Os jogadores tetracampeões em 1994.

Depois da Copa de 1994, o Brasil foi vice-campeão em 1998 e pentacampeão em 2002. Ou seja, foi finalista de três Copas do Mundo seguidas, algo que nem a geração de Garrincha e Pelé logrou conquistar. Além do Brasil, apenas a Alemanha nas copas de 1982, 1986 e 1990 logrou atingir este feito na história das Copas do Mundo.

Mas depois de 2002, o Brasil nunca mais foi finalista em Copas do Mundo, embora sempre chegue as quartas-de-final e tenha sido semifinalista em 2014 (a última vez em que o escrete canarinho foi eliminado nas duas primeiras fases da Copa do Mundo foi em 1990, após ser vencido pela Argentina por 2 a 1 nas oitavas-de-final).

Foto – Homenagem a Ayrton Senna após a conquista do tetracampeonato.

Pois bem. Em 2006 e 2010, a seleção canarinho, sob o comando de Carlos Alberto Parreira (o técnico do tetra) e Dunga (o mesmo Dunga que ergueu a Taça do Mundo em 1994), respectivamente, avançou até à terceira fase da Copa do Mundo, sendo eliminada pela França em 2006 por 1 a 0 e pelos Países Baixos por 2 a 1. Eliminação nas quartas-de-final, para dois selecionados de primeiro escalão que eliminaram o Brasil em Copas anteriores e por diferença de apenas um gol. Até ai tudo bem. Coisas típicas do futebol.

Os problemas mesmo viriam depois, a partir do mundial de 2014, sediado no próprio Brasil. O Brasil chegou às semifinais e enfrentou a Alemanha, a mesma Alemanha que 12 anos antes disso foi derrotada pelo mesmo Brasil na final do mundial do Japão e da Coréia do Sul. E mais um detalhe: o técnico do escrete canarinho era Luís Felipe Scolari, o mesmo Scolari que em 2002 foi pentacampeão com o mesmo escrete canarinho e quarto colocado com a seleção portuguesa na Copa do Mundo de 2006.

Sem Neymar em campo por conta de contusão no jogo anterior com a Colômbia e desnorteado em campo, o Brasil tomou uma surra de 7 a 1 na própria casa, seguido de derrota por 3 a 0 para a Holanda na disputa do terceiro lugar.

Em 2018, com Tite no comando do escrete canarinho, o mesmo Tite que seis anos antes foi campeão com o Corinthians pela Taça Libertadores da América e pelo Mundial de Clubes da FIFA, o Brasil é mais uma vez eliminado nas quartas-de-final e dessa vez por um escrete europeu de segundo escalão, a Bélgica. Quatro anos mais tarde, também com Tite à frente do escrete canarinho, o Brasil cai mais uma vez para um europeu de segundo escalão, a Croácia, nas quartas-de-final após empate por 1 a 1 no tempo normal e derrota por 3 a 2 nas cobranças de pênaltis. E de brinde, derrota para Camarões no terceiro e último jogo da primeira fase, a primeira derrota do escrete canarinho em Copas do Mundo para times africanos. A primeira derrota em Copas do Mundo sem ser para times europeus e sul-americanos.

A vitória sobre a Alemanha na final da Copa de 2002 foi a última vitória da seleção brasileira sobre times europeus na fase eliminatória em Copas do Mundo. A título de comparação, a Argentina venceu a Suíça, a Bélgica e os Países Baixos em 2014 e os Países Baixos, a Croácia e a França em 2022. Até mesmo o Uruguai logrou vencer times europeus na fase eliminatória de Copas do Mundo de 2006 em diante, visto que venceu Portugal por 2 a 1 nas oitavas-de-final da Copa de 2018.

E, para não ficarmos presos apenas à Copa do Mundo, falemos também do Mundial de Clubes da FIFA. A última conquista de times sul-americanos no Mundial de Clubes da FIFA foi a conquista do Corinthians no mundial de 2012, após vencer o Chelsea na final por 1 a 0. Desde então apenas times europeus é que têm vencido a competição máxima do futebol mundial de clubes. E não é só isso: não foram poucas as vezes em que times sul-americanos, após vencerem a Taça Libertadores da América, foram eliminados no Mundial de Clubes da FIFA não pelo time europeu na final, e sim na semifinal por times árabes, mexicanos, japoneses e africanos.

A primeira dessas derrotas teve lugar em 2010, na qual o Internacional de Porto Alegre perdeu para o congolês Mazembe por 2 a 0. Depois disso tivemos a derrota do Atlético Mineiro para o marroquino Raja Casablanca por 3 a 1 no Mundial de 2013, a derrota do colombiano Atlético Nacional para o japonês Kashima Antlers (time no qual Zico jogou nos anos 1990) por 3 a 0, a derrota do tradicional time argentino River Plate para o Al-Ain (Emirados Árabes Unidos) no Mundial de 2018 após empate em 2 a 2 no tempo normal e derrota nos pênaltis por 5 a 4, as derrotas do Palmeiras no Mundial de 2020/2021 para o mexicano Tigres nas semifinais por 1 a 0 e para o egípcio Al-Ahly nos pênaltis por 3 a 2 após empate sem gols no tempo normal e do Flamengo para o Al-Hilal no mundial de 2022/2023 por 3 a 2.

Foto – Flamengo x Al-Hilal, semifinal do Mundial de Clubes da FIFA 2022/2023.

Talvez, não por acaso, isso também tenha coincidido com o fato de que a CBF, a partir de 2003, abandonou o velho sistema de fase classificatória seguida de partidas eliminatórias e adotou o sistema de pontos corridos (por meio do qual todos os times jogam contra todos em dois turnos) para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Tal adoção implicou, entre outras coisas, em um inchaço cada vez maior do calendário do futebol brasileiro. Visto que no tempo do sistema misto (que ainda tem nas séries C e D) havia um ou dois meses de recesso entre o fim dos campeonatos estaduais e o início do campeonato nacional. Com a adoção do sistema de pontos corridos, mal o campeonato estadual acaba e o campeonato nacional começa.

O calendário do futebol brasileiro (em especial para os grandes times que por vezes jogam mais de 70 ou 80 jogos ao ano e participam de torneios internacionais como a Copa Libertadores e até mesmo o Mundial de Clubes da FIFA) inchou-se de tal modo que após a adoção do sistema de pontos corridos há jogos do Campeonato Brasileiro até mesmo em datas FIFA. No que invariavelmente implica em desfalques para os clubes nas datas em questão. O Campeonato Brasileiro não foi interrompido durante a Copa América, no qual a CBF chegou ao ponto de rejeitar um pedido de interrupção do torneio nacional feito por nove clubes. E eu não vejo nenhum dos comentaristas esportivos que tanto defendem o sistema de pontos corridos falarem sobre isso (o único comentarista da imprensa esportiva que vejo defender a volta do sistema misto é o Milton Neves).

Na outra ponta, vários times passam cerca de meio ano inativos tão logo o campeonato estadual chega ao fim. Até como forma de desinchar o calendário do futebol brasileiro que eu defendo o fim do sistema de pontos corridos, como também defendo que da série C para baixo deve haver uma divisão por grupos regionais de cerca de 20 times cada, tal qual há nas ligas europeias, e a criação de uma série E e até de uma série F, como forma de manter tais times ativos por mais tempo (lembrando que historicamente muitos dos grandes craques da história do Brasil começaram nesses times pequenos).

Eu lembro que tanto em 1994 quanto em 1998 na escola saíamos da aula mais cedo para assistir aos jogos da seleção brasileira (à época estudava à tarde). E em 2002, quando eu estava no terceiro colegial e estudando de manhã, as aulas por vezes começavam mais tarde para poder ver o jogo da seleção, no dia do jogo contra a China nem aula teve (e eu aproveitei essas oportunidades para poder dormir mais, visto que naquele ano tinha aula até de sábado).

Em época de Copa do Mundo, as ruas das cidades brasileiras se enfeitavam de verde e amarelo, com motivos e decorações relacionadas à seleção canarinho. Bandeiras brasileiras podiam ser vistas de casas e edifícios. E quando a seleção brasileira vencia algum jogo ou mesmo fazia gol, havia comemorações nas quais fogos de artifício eram lançados ao ar (algo que também ocorria, por exemplo, no auge de Ayrton Senna na Fórmula 1 quando este vencia corridas e se sagrava campeão). Alguns até se queixavam que o brasileiro era patriota apenas em época de Copa do Mundo. Ou seja, apenas de quatro em quatro anos. E hoje, passados 22 anos desde o pentacampeonato não vejo o mesmo entusiasmo pela mesma seleção brasileira.

Uma seleção que em um passado não muito distante teve nomes como Romário, Bebeto, Leonardo, Dunga, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Cafu, Rivaldo, Kaká, entre tantos outros. E se recuarmos ainda mais no tempo, Sócrates, Zico, Júnior, Careca, Falcão, Rivelino, Carlos Alberto Torres e o rei Pelé. E antes mesmo do rei, nomes como Leônidas da Silva, o diamante negro, e Arthur Friedenreich, o tigre.

Quando comparamos a geração hodierna e a comparamos com gerações anteriores, algo salta aos olhos. Desde no mínimo a última Copa do Mundo alguns comentaristas esportivos, entre eles o ex-jogador Walter Casagrande, têm chamado a atenção quanto ao fato de que o jogador brasileiro que hoje veste o manto da seleção canarinho já não tem a mesma identificação com o torcedor brasileiro que nem tinha outrora.


Começa pelo fato de que o jogador brasileiro tem ido jogar nos grandes times europeus em tenra idade. Vide o recente caso do jogador Endrick, do Palmeiras, de 17 anos, que já foi vendido ao Real Madrid. No tempo de jogadores como o Zico, o Sócrates e o próprio Casagrande (ou seja, antes de lei Pelé no Brasil e lei de Bosman na Europa), o jogador brasileiro geralmente ia jogar no exterior em fim de carreira e não raro em times de segundo escalão para baixo. O Doutor da bola foi jogar na Fiorentina com 30 anos de idade, em 1984. Também com 30 anos Zico foi jogar na Udinese, após 12 anos de Flamengo. Toninho Cerezo foi jogar no Roma aos 31 anos de idade. Assim como Careca no Napoli, Falcão no Roma, Casagrande no Torino e no Ascoli, entre tantos outros exemplos que podem ser listados.

Mas há outro lado da questão não muito falado por comentaristas esportivos, e que vocês nunca verão o Juca Simonard falar um único piu a respeito. Há tempos os clubes brasileiros vêm comprando jogadores de países vizinhos tais como Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru e Venezuela. De tal modo que até mesmo times da série D já tem seus jogadores gringos.

E ai chega-se a seguinte situação: observa-se um predomínio de clubes brasileiros na Copa Libertadores. Basta lembrar que a última vez em que times não-brasileiros venceram a Libertadores foi a conquista do River Plate em 2018. De lá para cá já são cinco temporadas seguidas em que times brasileiros venceram a competição máxima do futebol sul-americano.  E ai chega ao Mundial de Clubes e o time brasileiro por vezes não passa nem da semifinal contra times africanos, asiáticos e mexicanos.

O fato é que o futebol, para o Brasil, tem sido há várias décadas, um dos principais meios por meio do qual o país se projeta no exterior junto com as novelas (a título de curiosidade, na Wikipédia há artigos em russo, alemão e italiano sobre o finado ator e dublador Isaac Bardavid, notório por ter emprestado sua icônica e inconfundível voz a personagens como o Esqueleto em He-Man, o Tigrão em Ursinho Pooh e o Wolverine em X-Men tanto no desenho noventista quanto nos filmes live-action) e a MPB. Em outras palavras, o grande motor do soft power brasileiro pelo mundo. Tal qual, por exemplo, as novelas e programas humorísticos em relação ao México, a moda e a literatura em relação à França, o k-pop e os doramas em relação à Coreia do Sul, os animes e os mangás em relação ao Japão e os filmes de artes marciais estrelados por figuras tais como Bruce Lee, Jackie Chan, Donnie Yen e Jet Li em relação a Hong Kong (tanto que se vocês assistirem ao primeiro Dragon Ball encontrarão várias referencias a tais filmes, geralmente produzidos pela produtora Golden Harvest).

E algo que também salta aos nossos olhos, assim como em outras oportunidades, é que o brasileiro lida mal com derrotas, ainda mais no futebol. E paradigmático disso é a maneira como o PCO (vulgo Partido dos Bajuladores do Neymar) lidou com as derrotas do escrete canarinho nas duas últimas Copas do Mundo. O PCO inclusive chegou ao ponto de desmerecer a conquista da Argentina na Copa do Qatar, ao mesmo tempo em que exaltou a campanha do Marrocos. Se isso não é dor de cotovelo pelo macho deles, o Neymar, não sei mais o que é. E no próprio site do PCO, o DCO (Diário da Causa Operária) há um artigo que compara o fim da era Pelé na seleção brasileira com a Nakba, a tragédia do povo palestino iniciada em 1948.

Eles falam de um jeito como se no intervalo temporal de 1970 a 1994 o esporte brasileiro não tivesse tido várias conquistas em outras modalidades, tais como os oito títulos na Fórmula 1 (os dois títulos de Emerson Fittipaldi, os três de Nelson Piquet e os três de Ayrton Senna), o título de Emerson Fittipaldi na Fórmula Indy em 1989 (Fittipaldi também venceu as 500 milhas de Indianápolis em 1989 e 1993), o título olímpico da seleção masculina de vôlei em 1992 e da liga mundial no ano seguinte, e mesmo no futebol títulos de times brasileiros na Copa Libertadores da América e na Copa Interclubes Toyota, como as conquistas do Cruzeiro em 1976, do Flamengo em 1981, do Grêmio em 1983 e do São Paulo em 1992 e 1993. E mesmo a seleção brasileira no futebol venceu a Copa América em 1989. Parece que para o PCO o Brasil tem a obrigação de ganhar Copa do Mundo, e Copa boa é Copa com Brasil campeão.

O PCO também claramente lida muito mal com críticas de comentaristas esportivos ao escrete canarinho. O partido de orientação trotskista chega ao ponto de dizer que qualquer crítica que se faça a seleção brasileira ou ao Neymar é “ataque da imprensa burguesa” e conversas do tipo, sendo jornalistas como Juca Kfouri e Walter Casagrande alguns dos alvos de críticas mais comuns deles.

E isso não se resume apenas ao esporte bretão: em outras modalidades esportivas como a Fórmula 1 esse padrão de comportamento também é  visível, por exemplo, quando vemos a maneira como muitos brasileiros comparam Senna com Schumacher. Com a comparação sendo feita sempre no sentido de exaltar o brasileiro e rebaixar e até denegrir o alemão. Ao ponto de dizerem que Schumacher não teve adversários na Fórmula 1 e até de chama-lo de Dick Vigarista (sendo que até mesmo o próprio Senna aprontou das suas nas pistas). Acham que Senna morreu e Schumacher, tão logo faturou os dois primeiros títulos ainda pela Benetton e foi para a Ferrari (escuderia que não vencia o campeonato de pilotos da Fórmula 1 desde 1979, com o título do sul-africano Jody Scheckter, e que após o fim da era Schumacher só obteve mais um único título de pilotos, em 2007 com o finlandês Kimi Räikkönen) passou a papar títulos na Fórmula 1 um atrás do outro, algo bem distante da realidade. Visto que entre o segundo e o terceiro título Schumacher teve de esperar cinco longos anos, e só em 2000, no quinto ano de Ferrari, é que o alemão iniciou a sequência de cinco títulos seguidos que ajudaram a torná-lo o maior campeão da história da Fórmula 1.

Em outras palavras, eles desmerecem todo o trabalho de longo prazo que Schumacher desenvolveu na Ferrari junto com o engenheiro e projetista Ross Brown, que só começou a dar frutos em 2000, no quinto ano de Ferrari (ou 1999 se levarmos em consideração o título de construtores da Ferrari naquele ano). E eu, particularmente, tenho sérias dúvidas se Senna, em caso de eventual ida à Ferrari, toparia fazer o mesmo trabalho de longo prazo que Schumacher desenvolveu a partir de 1996.

Foto – Senna e Schumacher, temporada 1994.

Penso eu o seguinte: muito do ranço que se tem em relação ao Schumacher no Brasil se deve a uma série de infelizes coincidências. Schumacher estreou na Fórmula 1 em 1991, mesmo ano em que Senna faturou o tricampeonato. Então em 1994 Senna morre no Grande Premio de San Marino e termina o campeonato sem marcar um único e mísero ponto, como também Schumacher não apenas venceu a corrida na qual Senna morreu, como também ao final do mesmo ano faturou seu primeiro título e anos mais tarde tornou-se o maior campeão da história da Fórmula 1, com dois títulos conquistados pela Benetton (1994 e 1995) e cinco pela Ferrari (2000, 2001, 2002, 2003 e 2004).

Resumindo a ópera, o ranço que muitos brasileiros têm para com Schumacher, cuja situação é desconhecida desde o acidente de esqui nos Alpes franceses em 2013, a meu ver se deve ao fato de que a ascensão dele coincidiu com o ocaso de Senna (que colocou um fim prematuro àquela que poderia ter sido a grande rivalidade da Fórmula 1 na segunda metade dos anos 1990). E o resto é história.

Fontes:

A defesa insana da Argentina e o antirracismo por conveniência. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2022/a-defesa-insana-da-argentina-e-o-antirracismo-por-conveniencia/

A Nakba do futebol. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2023/a-nakba-do-futebol/

CBF nega pedido de paralisação do Brasileirão durante a Copa América. Disponível em: https://ge.globo.com/futebol/times/vasco/noticia/2024/02/29/cbf-nega-pedido-de-paralisacao-do-brasileirao-durante-a-copa-america.ghtml

Como o imperialismo usa a Argentina para sabotar o Brasil. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2022/como-o-imperialismo-usa-a-argentina-para-sabotar-o-brasil/

Expatriação dos craques brasileiros é ataque à cultura nacional. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2024/expatriacao-dos-craques-brasileiros-e-ataque-a-cultura-nacional/

Kfouri e Casagrande contra o Brasil. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2023/kfouri-e-casagrande-contra-o-brasil/

Mais uma vez, Casagrande declara seu ódio ao Brasil. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2024/mais-uma-vez-casagrande-declara-seu-odio-ao-brasil/

Seleção do Marrocos é recebida com festa no país. Disponível em: https://causaoperaria.org.br/2022/selecao-do-marrocos-e-recebida-com-festa-no-pais/

Tema da vitória. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tema_da_Vit%C3%B3ria

3 comentários:

  1. Sinceramente, eu não estou mais nem aí para Copa do Mundo, nem Jogos Olímpicos. Tanto que não vou assistir a nenhuma prova, como forma de desprezo pela islamização da França e da Europa. Por mim, acabavam com essa palhaçada, que é puro pão e circo para manipular as massas, enquanto as piores atrocidades acontecem debaixo das cortinas. Futebol, só os jogos do meu Mengão, e só!

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  2. O que acha de fazer uma resenha sobre a ridícula abertura dos Jogos de 2024, em Paris, onde a blasfêmia imperou? Até o momento, nenhum telejornal falou nada a respeito da afronta contra o Cristianismo, onde usaram drag queens para ridicularizar a Santa Ceia.

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