quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O elefante na sala e a questão da Pequena Sereia negra da Disney (parte II)

 

Foto – Ariel negra, por Halle Bailey.

E com vocês a segunda parte de “O elefante na sala e a controvérsia da Pequena Sereia negra da Disney”, na qual abordaremos algumas questões não abordadas na primeira parte.

Como muitos, eu não vejo nessa Ariel nova com dreadlocks a Ariel original do filme de 1989. E mais do que isso: trata-se de um blackface, só que feito não por um ator branco que passa maquiagem carvão no rosto, e sim por uma atriz negra. E, infelizmente, a Halle Bailey faz esse papelão ao interpretar a Ariel e não se dá conta disso. Mas como já dito na primeira parte, o elefante na sala não é esse.

Em redes sociais como o Facebook e outras, vi alguns incautos que apoiam a decisão da Disney de escurecer a pele da Ariel apontar que, entre outras coisas, não nos queixamos de, entre outras coisas, que a Elizabeth Taylor interpretou a rainha egípcia Cleópatra no filme de mesmo nome sobre a última rainha do Antigo Egito.

Cleópatra foi produção norte-americana do ano de 1963 que ficou a cargo do estúdio 20th Century Fox, sob a direção de Joseph L. Mankiewicz e baseado na obra “Vida e Época de Cléopatra” (1957), do escritor italiano Carlo Mara Franzero e em histórias de historiadores antigos como Plutarco, Suetônio e Apiano.

No Brasil, o filme foi dublado em São Paulo, nos estúdios da finada AIC (Arte Industrial Cinematográfica), com a personagem-título sendo dublada pela finada Sandra Campos (voz de personagens como a Jedda Walker em Defensores da Terra, Glória em Chaves e Vicky em Super Vicky). Júlio César, por seu turno, foi interpretado por Rex Harrison e dublado pelo finado Aldo César (dublador de voz forte que emprestou sua voz a personagens como o Bender nas duas primeiras temporadas de Futurama, Júlio César em alguns filmes do Asterix, o Rei do Crime em alguns episódios do desenho do Homem Aranha anos 1990 e o Doutor Maki Gero/Androide 20 em Dragon Ball Z, além de ter interpretado o Seu Menezes na Praça é Nossa), e Marco Antônio interpretado por Richard Burton e dublado pelo recém-finado Dráuzio de Oliveira (voz de personagens como Jack Bennet em Os Seis Biônicos, Abel no especial “A lenda dos defensores de Athena” em Cavaleiros do Zodíaco, Boromir em Senhor dos Anéis, Dragão de cinco estrelas em Dragon Ball GT e o ferreiro Totousai em Inuyaša).

Foto – Elizabeth Taylor (1932 – 2011) com Cleópatra no filme de 1963. 

O que alguns não sabem é que em primeiro lugar a Cleópatra histórica, por sua linhagem de origem, pertencia à dinastia ptolomaica (305 – 30 a.C.), uma dinastia de origem grega que se formou no Egito em decorrência da fragmentação do Império de Alexandre o Grande após sua morte. Dessa forma, não tinha como ela ser negra levando em consideração a procedência da linhagem dela.

E segundo que não dá para comparar um filme de 60 anos atrás com um filme de hoje. Sendo que, só para começo de conversa, trata-se de um filme do qual muitos dos que eram jovens à época do lançamento já estão mortos (a exemplo de personalidades como o naturalista australiano Steve Irwin, o jogador de futebol argentino Diego Armando Maradona e o cantor norte-americano Michael Joseph Jackson). Além do fato de que não havia em filmes da época a vontade de lacrar e de fazer militância em favor de determinadas pautas que vemos hoje. Essa comparação é, no mínimo, absurda, descabida e que não leva em consideração o contexto tanto dos anos 1960 quanto o atual.

Também vi recentemente um vídeo no qual o Felipe Neto (vulgo garoto colorido) expõe sua opinião a respeito desse caso. E ele disse, entre outras coisas, que aqueles que são contra a escolha da Disney são um bando de racistas. Ou seja, ele colocou no mesmo balaio todo tipo de crítica à escolha da Disney. Colocou no mesmo balaio aqueles que criticam essa escolha por ver que a Disney está fazendo demagogia com os negros e enxergam todo o jogo espúrio por trás dessa escolha (como é o meu caso) e aqueles que criticam por puro racismo (sendo que, só para começo de conversa, houve negros que não gostaram dessa escolha). É como se ele estivesse dizendo a nós “aceitem a Ariel negra de bico calado, do contrário vocês são uma escória de racistas, intolerantes e nazistas”.

Diga-se de passagem, algo totalmente previsível e esperado da parte do garoto colorido. O apoio do garoto colorido às lacrações da Disney, diga-se de passagem, é algo que vem de outros carnavais: há cinco anos ele esteve do lado da Disney quando o pastor Silas Malafaia (figura da qual não nutrimos grande simpatia) condenou o conglomerado cinematográfico ao tomar conhecimento de que em um episódio do desenho Star versus as forças do mal (um desenho destinado ao público infanto-juvenil, e não a uma audiência mais madura como é o caso de South Park, Family Guy, American Dad e outros) foi veiculada uma cena de um beijo entre dois homens.

Além disso, cabe aqui ressaltar que o caso da Ariel negra não é um caso isolado. Olhando dentro de uma perspectiva mais ampla, ele se soma a muitos outros similares que temos visto em desenhos animados, quadrinhos e produções cinematográficas. Vide, por exemplo, Caça Fantasmas garotas no filme de 2016 e chefe viking negra no seriado do Netflix Vikings.

Mas talvez, o mais famoso deles é o do Superman bissexual (lançado pela DC Comics em novembro de 2021). Na verdade, não é bem o Superman que nós conhecemos há muito tempo, e sim o filho de Clark Kent com Louis Lane, Jonathan Kent, que segundo a história dessa HQ nova tem uma relação homoafetiva com um jornalista chamado Jay Nakamura. Mas, muito embora se trate do filho do Superman que nós conhecemos, ainda assim ele carrega o S característico do Homem de Aço.

Foto – Jonathan Samuel Kent, o Superman bissexual.

O que eu percebo não apenas com a Ariel negra com dreadlocks (que, se formos reparar bem, é um blackface feito por uma atriz negra – e infelizmente aqueles que batem palmas para isso não se dão conta disso), como também em outros casos como o Superman bissexual é que está sendo operado é uma espécie de Grande Reset de personagens de filmes, seriados, quadrinhos e desenhos animados.

É como se produtoras como a Disney, o Neftlix e a Amazon estivessem dizendo a nós: “esqueçam tudo o que produzimos antes. O que foi feito antes já não vale mais nada. O que vale agora são os novos que nós iremos produzir”.

É isso. Um massivo Grande Reset de personagens para adequá-los aos ditames da assim chamada “cultura woke”. E a partir daí os nossos filhos, netos e bisnetos, se quiserem ler uma HQ do Superman ou um filme da Branca de Neve, terão de ler a nova versão feita de acordo com os ditames.

Isso é em essência nada diferente, por exemplo, dos vandalismos e depredações a estátuas e monumentos que temos visto no Brasil e em outras partes do mundo nos últimos anos. Derrubam-se e vandalizam as estátuas de figuras históricas como os bandeirantes e os conquistadores espanhóis que viveram entre os séculos XVI a XVIII e no lugar erguem-se novos ídolos. Ídolos moldados segundo a ideologia dos novos tempos, tais como Márcia Tiburi, Jean Wyllys, Felipe Neto, Kéfera e outros dessa estirpe. A partir desse momento, esses serão os novos ícones aos quais as gerações terão que se espelhar, não mais nesses homens das cavernas de outrora que eram tudo de ruim: machistas, misóginos, fascistas, nazistas, stalinistas, baathistas, supremacistas brancos, racistas, partidários da Ku Klux Klan e o diabo a quatro.

Tenham em mente o seguinte: coisas como o Superman bissexual e a Ariel negra na verdade não foram feitas para nós, que conhecemos muito bem o personagem e sabemos quais as características físicas e personalidade dele, e sim para as próximas gerações.

E qual seria a intenção desse Grande Reset de personagens, alguns me perguntariam? É simples. É como se essas produtoras e editoras, bem ao estilo FHC, estivessem dizendo ao mundo “esquecem tudo o que escrevemos e o que publicamos antes”. Há todo um esquema de engenharia e controle social por trás disso tudo, e se trata de um projeto de longo prazo da parte dos donos do poder mundial. E esse Grande Reset de personagens é apenas uma das muitas correias de transmissão pelas quais essa engenharia massiva é operada.

Fontes:

Cleópatra. Disponível em: Cleópatra (Cleopatra) - Dublagem Original (dublanet.com.br)

Disney Lacrolândia. Disponível em: DISNEY lacro LÂNDIA - LIVE 39 - YouTube

Felipe Neto falou sobre a polêmica da Pequena Sereia|Cortes Felipe Neto. Disponível em: FELIPE NETO FALOU SOBRE A POLÊMICA DA PEQUENA SEREIA | Cortes Felipe Neto - YouTube

Por que Hollywood destrói filmes clássicos e grandes obras do cinema? Disponível em: Por que Hollywood destrói filmes clássicos e grandes obras do cinema? - YouTube

Um comentário:

  1. De fato, querem porque querem criar uma nova realidade, totalmente deturpada, onde as futuras gerações devam esquecer tudo que foi escrito e produzido nos nossos tempos, bem como nos tempos de nossos pais, avós e bisavós. E assim, a Nova Ordem Mundial vai só se consolidando cada vez mais. Esse tal Reset faz parte do projeto dos globalistas.

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