Hoje, 22 de janeiro de 2022, é o dia do centenário de um dos
mais eminentes homens públicos da história recente do Brasil, Leonel de Moura
Brizola. Nascido na cidade de Carazinho, ele mudou-se para Porto Alegre em
1936, e em 1945 ingressou no curso de engenharia civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, onde se graduou quatro anos mais tarde. E é ai que começa
sua vida política.
Na história do Brasil, Brizola foi o único homem público a
ter sido governador de dois Estados distintos, o Rio Grande do Sul (1959 –
1963) e o Rio de Janeiro, em dois mandatos (1983 – 1987, 1991 – 1994). Após
ingressar na política e filiar-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em
1950 casou-se com Neusa Goulart (1921 – 1993), irmã mais nova de João Goulart,
tendo Getúlio Vargas como padrinho de casamento. Dessa longa união, que
perdurou por 43 longos anos, três filhos nasceram.
Alguns episódios dignos de sua atuação são a nacionalização
das filiais gaúchas das multinacionais estadunidenses ITT (a mesma ITT que na
Segunda Guerra Mundial esteve envolvida em negócios com os nazistas junto com
muitos outros figurões do mundo dos negócios americano, entre eles Prescott
Bush [o Bush vô] e Fred Chase Koch, o pai dos irmãos Koch, e que anos mais
tarde apoiou o golpe contra Salvador Allende no Chile) e Bond and Share. Nesse
episódio, Brizola descobriu a respeito das famigeradas “perdas internacionais”
– o dreno de dinheiro do país aos grandes centros econômicos internacionais por
diversos meios.
Depois disso, veio o episódio da Campanha da Legalidade, em
1961. Graças à enérgica atuação de Leonel Brizola em defesa da democracia e da
posse de Jango na sequência da renúncia de Jânio Quadro, o golpe civil-militar
foi adiado em três anos. Na ocasião, Brizola, operando a partir de emissoras de
rádio e mobilizando a população e a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, teria
dito que ninguém ia dar golpe com telefone.
Com o golpe civil-militar de 1964, Brizola, após tentar
organizar grupos de resistência na Serra do Caparaó (os chamados Grupos dos 11),
passa longos anos exilado fora do país. Primeiro no Uruguai, depois em
Portugal. Volta em 1979 durante o contexto da abertura do regime civil-militar
e funda um novo partido, o PDT (Partido Democrata Trabalhista), depois que o
regime agonizante, por meio de manobras espúrias por parte do general Golbery,
passa a sigla PTB para Ivete Vargas.
Em 1982 ele se elege governador do Estado do Rio de Janeiro,
passando por cima do esquema Proconsult. No Rio de Janeiro, em parceria com
Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, Brizola construiu vários CIEPs (Centros
integrados de Educação Pública), os quais foram sucateados após o fim de seu
mandato como governador do Rio de Janeiro.
Os anos em que foi governador do Rio de Janeiro também foram
marcados por choques com a Rede Globo. A intensidade dos choques era tamanha
que Brizola teve que ir à Justiça para que fosse veiculado no Jornal Nacional
um direito de resposta (que teve de esperar dois anos para ser veiculado). O
próprio Brizola certa vez teria dito que caso um dia se tornasse Presidente da
República, uma das primeiras coisas que faria seria questionar “aquele
monopólio” (algo similar ao que Hugo Chávez fez na Venezuela em 2007, quando
não renovou a concessão da RCTV, envolvida até o pescoço no malogrado golpe de
2002).
Infelizmente, nos deixou no dia 21 de junho de 2004, aos 82
anos de idade. Depois que Brizola nos deixou, o partido que ele fundou, o PDT,
tornou-se um partido como outro qualquer, repleto de oportunistas e
carreiristas como os irmãos Gomes e a Tábata Amaral que tomaram conta do
partido e o transformaram de um partido de massas para um partido antenado com
as tendências que de esquerda só tem a fraseologia (e, diga-se de passagem, o
PDT que temos hoje é um retrato do que será o PT depois que Lula morrer caso
nada seja feito na direção contrária).
Brizola é sem dúvida alguém que faz muita falta nesse
momento complicado em que o Brasil vive, e que se estivesse vivo nos últimos
anos certamente seria contrário à Operação Lava Jato, ao impeachment de Dilma
(levando em conta a posição dele quanto ao impeachment de Collor) e aos
desgovernos Temer e Bolsonaro (levando em conta os posicionamentos contrários
às privatizações e outras mazelas do governo FHC). O homem se foi, mas suas
ideias ainda estão ai.
LEONEL DE MOURA
BRIZOLA, PRESENTE!
Fora também que, se Brizola vivesse nos dias de hoje, agiria energicamente para impedir o contágio em massa por COVID-19, como está acontecendo, e que já resultou em mais de 620 mil óbitos de irmãos brasileiros nossos. E não deixaria ninguém desamparado em meio à pandemia que atualmente castiga toda a humanidade. Não seria como o Bozo, que nos deixou ao Deus dará, cada um por si, Deus por todos, onde o que ele mais deseja é a morte de muitos de nós, em nome da imunidade de rebanho, que sabemos muito bem ser só uma falácia.
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