Depois
da queda do assim chamado “Regime de Kadaffi” a Líbia de uma nação florescente
se transformou em uma região decadente com mão de obra barata. Desapareceram
todos os apoios sociais da população. Muitos morreram, muitos outros fugiram do
país. O capitalismo americano colocou seu governo naquela região para que fosse
mais fácil fazer lobby dos interesses do mercado naquele país[1].
Foi construído grande quantidade de fábricas de artigos de consumo de massa[2].
A “Coca Cola” dirige o país[3].
Será que foi por isso que o povo líbio lutou? Será que foi por isso que se
levantou diante dos golpes da OTAN? O tempo mostrou que desde 2011, desde o ano
da queda da Džamahirija líbia, no país caiu tudo que podia. Cresceu apenas o
desemprego e mortalidade[4].
Hoje
o novo governo mudou radicalmente o curso. Parecia aos EUA que o governo
fantoche da Líbia iria convir a eles. Mas o novo presidente finca o punhal nas
costas dos EUA. “Nós devemos voltar ao que vocês levaram!”, manifestou o
presidente. O país se dividiu em dois acampamentos
de diferentes medidas. Verificou-se que os partidários da Džamarija são 86% dos
cidadãos. Pelo país logo em seguida ocorreram comícios de apoio ao presidente.
Os experts consideram que as chances de a Džamahirija voltar são bem remotas, a
OTAN não permitiria o retorno à arena política de um grande jogador[5].
Pelo
Povo!
Resultado: Apoio do povo — 75% +0,5%
por dia, Risco de atentado ao chefe do Estado +20%, Guerra Civil — inevitável.
Fontes:
Almeida, José Gil de. A Líbia de
Muammar Kadafi. Edição do Jornal Água Verde: Curitiba, 2017.
Džamahirija: put’ k spaseniju (em
russo). Disponível em: https://vk.com/@realworld_events-dzhamahiriya-put-k-spaseniu
1 - Esse é o mercado “impoluto” e “livre de corrupção” do
qual os liberais tupiniquins (entre eles Jair Bolsonaro e o MBL) tanto falam e
que acham que o país precisa de mais mercado e menos Estado. Em que mundo será
que esses sujeitos vivem, a ponto de achar que não há corrupção no mercado e
sua “mão invisível”? Lembrando que a prática do lobby em um país como os EUA é
legalizada. E é a graças a esse “livre mercado” e suas práticas que o preço da
gasolina tem crescido no Brasil desde que Michel Temer e sua quadrilha
assumiram o poder (e não por causa da tal da “roubalheira do PT” na Petrobrás
de que os manifestoches tanto falam). Isso de que o texto fala trata-se ou não
de um grande esquema de corrupção? Pois para o meu entendimento é e da grossa.
2 - Percebe-se que após a queda de Kadaffi
o que houve na Líbia foi um saque, uma hipoteca do país por países como os
Estados Unidos e a França, similar ao que se verifica no Brasil desde que Dilma
Rousseff foi apeada do poder. Com a diferença que enquanto para o saqueio da
Líbia e do Iraque foi preciso intervenções militares armadas com a mobilização
de grandes e bem armados exércitos, no Brasil foi apenas preciso a ação de uma
quinta-coluna por meio de um processo de guerra híbrida iniciada a partir das
manifestações de junho de 2013. Cabe aqui mencionar a respeito dos negócios da
Odebrecht na Líbia, que incluía a construção do aeroporto de Tripoli e uma
rodovia ao redor de Tripoli, ambos abandonados após os bombardeios da OTAN à
Líbia em 2011. A mesma Odebrecht hoje se encontra sob a mira da Farsa Jato (que
com empresas como a Odebrecht, a OAS e a Petrobrás fez uma tábua rasa que em países
como os EUA que os juízes e procuradores a coordenam tanto admiram não seria
admitido).
3 - José Gil de Almeida conta na página
25 de seu livro a respeito da Líbia de Kadaffi que no tempo de Kadaffi não
tinha Coca Cola no país norte-africano. O editor do site Marcha Verde conta em
seu livro que sempre que brasileiros e estrangeiros pediam a bebida em
restaurantes e bares recebiam no lugar a bebida Kaltar, uma bebida similar à
Coca Cola fabricada na Líbia e que durante o período de 1969 a 2011 foi
proibida a instalação de indústrias da Coca Cola no país por considerar se isso
como ingerência externa e uma dependência alimentar, além do papel da empresa no
financiamento de golpes militares na América Latina e em outros países.
4 - É óbvio que os EUA, a França e a
Inglaterra não fizeram todo o investimento que têm feito na Líbia desde 2011 (e
talvez mesmo antes) para depois entregar de mão beijada o poder para forças
políticas ligadas à velha ordem. Não querem, por exemplo, que venha alguém
ligado ao pensamento político de Kadaffi e resolva fazer o que ele fez em vida,
incluindo a nacionalização do petróleo líbio e outras riquezas da nação
norte-africana e expulsar do território líbio as diversas bases militares de
potências metropolitanas (incluindo a base de Maatinga, na época a maior base
militar norte-americana no exterior). Ou mesmo tirar da gaveta o projeto do
coronel Kadaffi de uma União Africana e de uma moeda africana única baseada no
dinar de ouro, no que colocaria um fim à mamata das velhas metrópoles na África
(assim como tocar no calcanhar de Aquiles da hegemonia norte-americana no
globo, o dólar enquanto moeda de troca internacional). Isso para não falar do
fato de que uma nação como a Líbia, dentro do sistema de poder vigente no mundo
atualmente, entra apenas como fornecedor de matéria prima para as nações
hegemônicas e metropolitanas.
5 - Como nós sabemos, a Líbia sob Kadaffi
chegou a ser país africano com o maior IDH, chegando a superar inclusive
algumas nações da Europa. Essas são as maldades de Kadaffi a seu povo: não
havia conta de luz na Líbia, o preço da gasolina era o equivalente a cerca de
R$ 0,35, recém-casados recebiam do governo o equivalente a US$ 50 mil para
comprar casa e iniciar vida familiar, créditos bancários dos bancos estatais
eram sem juros, o governo fornecia uma casa própria ou apartamento para cada
família, agricultores iniciantes recebiam terra, casa, equipamentos, sementes e
animais de graça, entre outras. Isso para não falar da Construção do Grande Rio
Artificial, que transportava água dos lençóis subterrâneos do rio Nilo para as
cidades e agricultura e assim irrigando parte do deserto. Inaugurado em 14 de
julho de 1991, era chamado de a “oitava maravilha do mundo” pelos líbios e foi
destruído em 2011 por meio de bombardeios ordenados pela OTAN. Hoje, sabe-se que em solo líbio há leilões de escravos negros.
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