quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O caso Santander e o figurino ianque da esquerda e da direita tupiniquim.


Foto – Os verdadeiros promotores da ideologia de gênero mundo afora.
Recentemente, a filial de Porto Alegre do banco Santander sediou a exposição Queermuseu (agosto é o mês da temática GLBT no ramo cultural do banco Santander). Na exposição em questão foram expostas 270 obras que promovem pedofilia e pornografia, entre outras blasfêmias. Havia obras escarnecendo Cristo, crianças vestidas como travestis (na prática prostituição infantil), prática de zoofilia, hóstias com nomes de órgãos sexuais escritos em vermelho, entre outras coisas blasfemas e ofensivas. Tão ou mais horrorosas e de péssimo gosto quanto, por exemplo, as caricaturas de Jesus Cristo e Maomé publicadas pelo pasquim de quinta categoria Charlie Hebdo. E o pior: isso em uma exposição feita em um lugar frequentado por crianças.
Como resultado disso, protestos contra essa exposição tiveram lugar, encabeçados pelo MBL (Movimento Brasil Livre), e por isso a exposição, que deveria estar aberta ao público até o dia oito de outubro, foi cancelada. O encerramento da exposição foi comemorado pelo MBL, que a considerou como uma “vitória da pressão popular”, chamou o banco espanhol de “vergonha dos gaúchos” e pediu para que os correntistas do banco encerram suas contas em protesto. Como resposta ao encerramento da mostra, o grupo Nuances marcou para a tarde do dia 12 de setembro um ato por aquilo que eles chamam de “Liberdade de expressão artística e das liberdades democráticas”.
Tal fato antes de tudo nos mostra que o verdadeiro promotor da ideologia de gênero mundo afora (assim como outras causas que a esquerda liberal advoga como liberação do aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo e das drogas) não é a dita esquerda “comunista” como certos setores da direita raivosa que tem como gurus ideológicos figuras como Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad Ibrahim Isa) pensam, e sim grandes capitalistas, tais como os irmãos Koch[1], os clãs Rockefeller e Rothschild, George Soros e Fundação Ford, os chamados senhores do mundo, aqueles que estão entre as pessoas que concentram em suas mãos a maior parte das riquezas do planeta. E, a julgar por fotos dessa gente, percebe-se que eles todos possuem famílias tradicionais e patriarcais e não toleram dentro de seus círculos familiares o que eles promovem para o resto da sociedade (e não nos surpreenderia nem um pouco se os donos do Banco Santander também façam o mesmo). Ou seja, o traficante não consome a droga que ele mesmo produz. Por que eles fazem isso? Talvez, como uma forma de manter seu status quo privilegiado ad eternum.
O posicionamento do MBL quanto a essa questão, assim como o debate em torno da questão nas redes sociais, na verdade é sintomático a respeito da relação dialética que existe entre a esquerda liberal cirandeira que advoga pautas como a ideologia de gênero e a direita liberal de matiz neocon que advoga pautas como o Escola sem Partido e exige nas escolas “mais Mises e menos Marx”, já citada várias vezes em artigos anteriores no blog, onde um não existe sem o outro e vice-versa, na medida em que um justifica a existência do outro. Tal qual, por exemplo, os personagens Piccolo e Kami Sama de Dragon Ball, as duas faces do deus Janus na mitologia romana e o símbolo do Jin-Jang no taoísmo. Algo do qual Maksim Gorkij percebeu nos anos 1930 em sua obra “Humanismo Proletário” na passagem “Uničtož’te gomoseksualizm – Fašizm isčeznet[2]/уничтожьте гомосексуализм – фашизм исчезнет (Destruam o homossexualismo – o fascismo irá desaparecer)” e do qual ambos os lados não percebem.

Foto – Bolsowyllys: as duas faces de Janus[3] contrapostas entre si.
De um lado, a direita neocon que advoga aquilo que eu, parafraseando Alain Soral, chamo de a direita dos valores sem a esquerda do trabalho. E de outro, a esquerda cirandeira que advoga aquilo que eu, também parafraseando Alain Soral, chamo de a esquerda do bundaço universitário sem a direita dos valores e a esquerda do trabalho. Parafraseando o professor Nildo Ouriques, tanto um quanto o outro vestem um figurino ianque, com a esquerda liberal vestindo o figurino do Partido Democrata (não é a toa que Cristiano Alves, em recente artigo da Página Vermelha, disse que a atual esquerda brasileira está muito mais próxima de Hillary Clinton [a mesma Hillary Clinton que foi a responsável pela guerra na Líbia em 2011 e que se regozijou da morte do coronel Kadaffi] e Barack Obama que de Marx e Engels[4] [os mesmos Marx e Engels que não iam com a cara dos militantes GLBT de sua época, a exemplo de Karl Heinrich Ulrichs]) e a direita neocon vestindo o figurino do Partido Republicano e o pensamento advindo de figuras como Ronald Reagan e Margareth Thatcher (pensamento esse que é difundido no Brasil por meio de think thanks como Instituto Millenium, Atlas Network, Instituto Mises e outros). A mesma direita que da forma mais pretensiosa possível tenta se associar à figura do finado Doutor Enéas, o qual em vida rechaçava tudo o que essa gente hoje defende. Com a diferença que enquanto a esquerda democratóide promove a agenda liberal pela frente cultural, a direita republicanóide promove essa mesma agenda pela frente econômica. E um banco como Santander, por sua vez, fazendo isso pelas duas frentes ao mesmo tempo.
E, como não poderia deixar de ser, figuras da esquerda que veste o figurino do Partido Democrata saíram em defesa dessa exposição, a exemplo de uma postagem de Luciana Genro (a mesma Luciana Genro que anteriormente apoiou as revoluções coloridas na Ucrânia e na Síria e que defende a Operação Lava Jato, sem se dar conta do perigo que corre ao defender tal camarilha politiqueira, que a olha como alguém que deveria estar atrás das grades) no WhatsApp, aonde ela sai em defesa da exposição do Santander Cultural e promete grande ato de defesa em nome da arte e da diversidade.

Foto – Luluzinha Genro em defesa da exposição do Santander Cultural.
Tal defesa da parte do Santander nos causa grande espanto, ainda mais levando em consideração que a mesma Luciana Genro foi um dos poucos presidenciáveis, ao lado de Levy Fidélix e de Eduardo Jorge, que ousou tocar na questão do Bolsa Banqueiro no pleito de 2014. Quer dizer agora que um banco como o Santander, uma instituição que vive a custa da miséria e do infortúnio do povo de nosso país por meio do pagamento dos juros e amortizações do serviço da dívida pública e que trata o Estado brasileiro como se fosse um balcão de negócios, ao fazer uma exposição com essa temática se torna um santo perante a população?
Tal posicionamento, acima de tudo, é sintomático do fato de que a esquerda brasileira atual veste o figurino do Partido Democrata e que muito mais próxima se encontra de Hillary Clinton e Barack Obama que de figuras como Marx, Engels, Lenin, Stalin, Mao Zedong[5] e Kim il-Sung. Tal fato deveria no mínimo causar a uma pessoa que se diz de esquerda como a Luluzinha Genro questionamentos quanto a real relação entre ideologia de gênero e grandes capitalistas como George Soros e o clã Rockefeller. Como se não bastasse as várias novelas da Rede Globo com temática GLBT e toda a glamourização do estilo de vida GLBT que os grandes meios de comunicação promovem (quer seja através da música, de filmes, de novelas e comerciais, entre outros). Diga-se de passagem, será que essa esquerda cirandeira irá defender a Rede Globo futuramente em um evento similar a esse, sob a alegação de “defesa da liberdade de expressão” e retóricas afins? É por causa de uma esquerda como essa, que está muito mais preocupada em defender exposição queer do Santander e que não faz o devido trabalho de base em lugares como favelas e bairros pobres, que a Bancada Evangélica cresce cada vez mais na política brasileira e que cada vez mais o pobre é de direita, vota em figuras como o Dória, fala em meritocracia, que figuras como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano ganham popularidade (a despeito de seu discurso demagógico), só quer saber de fazer rolezinho em Shopping Center e se encontra sob a alienação dos grandes meios de comunicação. E, além disso, como que de uma esquerda como essa que veste o figurino do Partido Democrata um novo Brizola pode surgir? E como que de uma direita como essa que veste o figurino do Partido Republicano um novo Enéas pode surgir?
Igualmente digno de nota é o artigo publicado no site da Veja a respeito do incidente em questão. Percebe-se na maneira como a Veja cobre o caso que ela não comunga do discurso de figuras como Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, Magno Malta, Olavo de Carvalho e outros expoentes da direita neocon tupiniquim. Em outras palavras, que ela, assim como outros veículos de comunicação como a Rede Globo, é liberal em matéria de costumes, mas politicamente não deixa de ser reacionária.

Foto – Bolsonaro e Jean Wyllys juntos a favor do golpe na Venezuela.
Fontes:
Após protestos, Santander Cultural fecha exposição sobre diversidade. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/rio-grande-do-sul/apos-protesto-do-mbl-santander-fecha-exposicao-sobre-diversidade/
Como os homossexuais enterraram o comunismo no Brasil. Disponível em: http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2017/09/como-os-homossexuais-enterraram-o.html
Hillary Clinton bears responsibility for the Manchester atrocity (em ingles). Disponível em: http://theduran.com/hillary-clinton-bears-responsibility-for-the-manchester-atrocity/
“O atual modelo econômico do Brasil cria o ‘bolsa-banqueiro’”, diz Luciana Genro. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HVJgyqFU5EQ&ab_channel=Estad%C3%A3o
O sistema da dívida em debate – Eleições 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I__hgZdV-cE&ab_channel=AuditoriaCidad%C3%A3daD%C3%ADvida
Santander Cultural promove pedofilia, pornografia e arte profana em Porto Alegre. Disponível em: http://www.locusonline.com.br/2017/09/06/santander-cultural-promove-pedofilia-pornografia-e-arte-profana-em-porto-alegre/
Socialismo e direitos gays. Disponível em:


NOTAS:

[1] Leia-se “Korr”. No alemão, assim como em idiomas como o polonês e o tcheco, a partícula ch tem o mesmo som do j no espanhol, do kh no russo e do h no inglês e no húngaro: r aspirado forte.
[2] As partículas č, š e ž, muito utilizadas nos idiomas da Europa oriental que utilizam a escrita latina, possuem o mesmo som do tch, ch e do j no português e no francês, respectivamente.
[3] Leia-se “Ianus”. No latim, assim como em idiomas como o alemão, o húngaro, o polonês, o holandês, o servo-croata, o eslovaco, o tcheco, os idiomas bálticos e escandinavos, a partícula j tem valor de i.
[4] Leia-se “Enguels”. No alemão, assim como em idiomas como o russo, o polonês, o tcheco, o eslovaco, o servo-croata, o mongol e o japonês, o som do g não muda conforme a vogal seguinte como nos idiomas neolatinos e no inglês.
[5] Leia-se “Tzedon”, pois no mandarim a partícula z tem valor de tz e a consoante final de uma palavra é sempre muda.

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